Frederico Mendonça de Oliveira
Um grande amigo de Manoel, pessoa de quem ele já era amigo há mais de década mas que só agora ocorreu de se tornar grande amigo, mandou um arquivo da pesada para nosso herói, falando sobre a grande mudança que se operará no ano de 2009 e que deverá deixar os globalizadores comendo o pão que o diabo amassou. Conhecedor de coisas do esoterismo, Manoel bateu os olhos na coisa e viu que não é pouca merda. O amigo Ary, quando de sua última visita ao arraialito, estreitou conhecimento especial com Manoel, incluindo até música refinada, para conhecedores das coisas que os objetos vestidos nem sonham calcular que possa existir. E daí vieram as novas condições de troca, em profudidade. E veio o tal texto, que passo a transcrever, para delícia de meus queridos possíveis leitores neste Brasil iletrado, em que o presidente, um semi-analfa, assina uma revisão ortográfica e que, bebum de carteirinha, baixa lei seca para motoristas em geral, já eu ele não dirige, né? Enter.
“Qual é o maior legado do ano Gregoriano 2008 para o seguinte, 2009? Sem dúvida o colapso do sistema financeiro mundial – isso e a eleição do primeiro presidente afro-americano dos Estados Unidos. São estas as duas forças que darão forma aos eventos mundiais do próximo ano. Ambas auguram 2009 como o ano da Grande Divisão”. Tá. Manoel, em não sendo um ignaro em assuntos esotéricos, já começa verificando que o ano, somados seus algarismos, dá 11, que é considerado número que simboliza transição, excesso e perigo. Manoel sabe que alguns autores lhe atribuem um caréter infernal, já que ele excede o número da perfeição (dez), e está relacionado também com o dois, número da fragmentação. E o texto avança em revelações chocantes mesmo para os ligadôes: “Claro, o que torna a situação tão difícil no plano relativo é que a ficção do dinheiro
dominou muito o ciclo babilônico de 5000 anos da História – isto e o que vem com essa paisagem: o horror dos impostos, guerra e domínio imperialista. De fato, virtualmente toda instituição do mundo moderno é governada e manipulada por dinheiro”. E não fica por aí. Quem tem cu tem medo, e qualquer um de nós ignora o que fez nas outras existências e sabe que, estando vivo, até o último instante de existência pode sofrer duras punições por erros passados. E uma mudança cósmica radical não erra em um mínimo aspecto sequer, e só os merecedores sairão vivos dessa, mesmo que passando por duras provas. Enter.
E o autor do texto prossegue, implacável: “Para a oligarquia reinante, o colapso financeiro-econômico será causa de maior entrincheiramento e endurecimento das artérias do poder. Ao invés de encarar o fato de que o velho jogo acabou, preferirão apegar-se a ele ainda mais. Em vez de tentar o novo, continuarão a tentar escorar instituições em falência, criando uma linha divisória ainda maior entre os que têm e os que não têm – sendo que estes últimos crescerão ainda mais em número conforme a falta de trabalho aumentar”. E os pobres desprovidos, em número já astronômico em relação à realidade anterior de poucas décadas, irão à luta. Isso já ocorre com o êxodo de trabalhadores para o Primeiro Mundo em busca de tarefas inferiores mas melhor remuneradas que abaixo da linha do Equador. E prossegue a cacetada: “Sim, 2009 é o ano da grande divisão. Não só temos as crises do aquecimento global e guerra ao terrorismo, como agora o tumulto financeiro dos mercados mundiais – uma crise tríplice global! A guerra ao terrorismo e o aquecimento global resultam do domínio exercido pelo dinheiro na mente humana e o que isso fez ao nosso caráter, fomentando ganância e indiferença descuidada, senão insensível, à violência e destruição da Natureza. Esta ameaça tripla é a crise terminal da civilização. Mas é a crise financeira que finalmente começou a fazer as pessoas pensarem seriamente – o velho mundo está realmente morrendo. Vamos morrer com ele ou escolheremos o novo?” Precisa dizer mais? Ou podemos tratar de ir aos finalmente? Enter final, então.
“O deslocamento para a noosfera – mutação da biosfera –é a única mudança real. É o único caminho de parar o terrorismo, pois os terroristas hoje nada mais são que a porção de nós mesmos ligados ao mito do progresso e adoração do dinheiro. Sem dinheiro mandando, Bão haverá mais razão para a causa terrorista. Osama Bin Laden nada mais é que um mito sombrio inventado e perpetrado pelo Banco Federal de Reservas, Organização do Comércio Mundial e Fundo Monetário Internacional para criar uma aura de medo para proteção do sistema financeiro”. Semana que vem prosseguiremos, queridos. Manoel está encantado com novas revelações... E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
sexta-feira, 27 de março de 2009
quarta-feira, 18 de março de 2009
“Enquanto o pau vai e vem...
Frederico Mendonça de Oliveira
...o lombo descansa”. Assim Manoel vai pensando sobre como aguentar (agora, sem trema) a contradição entre ficar no arraialito entre as montanhas sul-mineiras ou voltar para sua santa terrinha de Portugal, passando seus últimos tempos de vida na tradição em que se conheceu. Pois ocorre que, na faina de organizar coisas, fazer balanços, refletir sobre o tremendo “vai ou fica?” em que hoje se vê metido, eis que recebe a visita de uma portuguesinha que veio a esta colônia com uma brasileira que vive em Lisboa e que tem a família por aqui mesmo. A graça da menina é Luísa, e o nome combina com a belezinha apequenada e roliça dela, e tem aquela coisa do sotaquezinho, aquela falazinha gostosa e rascante como um vinhozinho seco e um bacalhau assado com azeite e muitas cebolas, batatas, pimentão, ovo cozido e tomate – e depois, quem quiser que se aguente (agora, sem trema) com a peidorrada. Enter.
Falava-se sobre as coisas do Brasil e de Portugal no encontro com a menina, todos sentados à mesa da copa-cozinha, Manoel encostado na pia, como sempre, tomando sua cerveja enquanto sua amada Maria ia servindo gostosuras pra menina e para os outros visitantes jovens. Pois deu-se que foi citado um nome de uma pessoa conhecida de todos, um nome escalafobético, e a menina Luísa se abestalhou com aquilo. “Que diabo de nome é iêsse?”, perguntou, cenho levemente franzido pela incredulidade. Começou aí uma discussão sobre os nomes dos brasileiros hoje, em que abundam combinações absolutamente insanas. O nome da tal pessoa era Tahyane, ou Rahiane, uma dessas duas coisas. Logo foi lembrado o nome da atleta brasileirinha Daiane, que até parece nossa portuguesinha depois de dois meses de sol direto e reto. E daí foi: o jogador Ruan; o menino Winterson Panther Cleveland... da Silva, e coisas que tais. Manoel até lembrou o nome da neta, Nastassja Suguie Nakaiama... de Oliveira – nome dado por seu filho e sua nora e que tem razões de ser na cultura japonesa. A estupefação da menina Luísa, com seus dezoito aninhos recém completos, causava encantamento em todos, porque fazia aflorar um espírito sólido da tradição cultural portuguesa, claro. No Brasil, as criaturas apenas olham asininamente para tudo, porque tudo perdeu sentido, nada mais se baseia em nada. E iam sendo lembrados nomes como Deivid, Deivisson, que são nomes de origem inglesa ou americana escritos aqui através de sua pronúncia. E os bugres acham isso bonito. Enter.
Luísa mostrava-se quase indignada, lembrando que em Portugal isso é proibido, porque seria uma ameaça à tradição cultural e mesmo ao idioma. “Nada de k, y ou w! A preocupação com a preservação do idioma proíbe esse desvio nos antropônimos, pois seria uma porta de entrada de maluquices idiomáticas. E Manoel quedava deliciado contemplando a sensatez lusitana diante de tanta loucura brasileira, considerando inclusive que os brasileiros não respeitam nem a si próprios nem a seus filhos, que condenam ao ridículo ao denominá-los de forma abstrusa. Enter.
Foram lembrados outros nomes não tão estúpidos, como Jacinto Leite Aquino Rego, Joana Porreca, Caio Rolando da Rocha, Um Dois Três de Oliveira Quatro, Rolando Escadabaixo de Andrade, Lançaperfume Rodometálica de Andrade, nomes loucos, mas ainda assim menos dementes que os que imitam pronúncia de nomes americanos. O que aliás diferencia estes daqueles é o fato de estes serem eventualidades de cabeças adoidadas, e serem coisa pontual; já aqueles são um modismo asinino, uma perversão como atitude colonizada, uma loucura linear... Enter.
Pior que isso somente ver mulheres malucas aguando passeio abestalhadamente, cometendo com isso um crime contra seus semelhantes e descendentes, porque desperdiçando água tratada de forma estúpida e atroz, porque não só serão elas as mais capazes de assassinar concorrentes quando a disputa pela água for questão de vida ou morte como também elas demonstram estupidez malsã por não pensarem em seus descendentes. São burras ou malucas? Ou as duas coisas? “As duas coisas, claro!”, pensa Manoel com seus botões. Enter final.
“Estou cá com os pés no Brasil e a cabeça em Portugal”, pensa Manoel contemplando a exuberância elegante e gentil de sua Maria. As bestas vestidas de gente pululam na pracita criminosamente imposta ao bairro e à gente decente da cidade. Os cães latem estupidamente pra todo lado. Luísa se diverte com piadas de brasileiros contadas em Portugal, e Manoel e Maria se olham com amor. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
...o lombo descansa”. Assim Manoel vai pensando sobre como aguentar (agora, sem trema) a contradição entre ficar no arraialito entre as montanhas sul-mineiras ou voltar para sua santa terrinha de Portugal, passando seus últimos tempos de vida na tradição em que se conheceu. Pois ocorre que, na faina de organizar coisas, fazer balanços, refletir sobre o tremendo “vai ou fica?” em que hoje se vê metido, eis que recebe a visita de uma portuguesinha que veio a esta colônia com uma brasileira que vive em Lisboa e que tem a família por aqui mesmo. A graça da menina é Luísa, e o nome combina com a belezinha apequenada e roliça dela, e tem aquela coisa do sotaquezinho, aquela falazinha gostosa e rascante como um vinhozinho seco e um bacalhau assado com azeite e muitas cebolas, batatas, pimentão, ovo cozido e tomate – e depois, quem quiser que se aguente (agora, sem trema) com a peidorrada. Enter.
Falava-se sobre as coisas do Brasil e de Portugal no encontro com a menina, todos sentados à mesa da copa-cozinha, Manoel encostado na pia, como sempre, tomando sua cerveja enquanto sua amada Maria ia servindo gostosuras pra menina e para os outros visitantes jovens. Pois deu-se que foi citado um nome de uma pessoa conhecida de todos, um nome escalafobético, e a menina Luísa se abestalhou com aquilo. “Que diabo de nome é iêsse?”, perguntou, cenho levemente franzido pela incredulidade. Começou aí uma discussão sobre os nomes dos brasileiros hoje, em que abundam combinações absolutamente insanas. O nome da tal pessoa era Tahyane, ou Rahiane, uma dessas duas coisas. Logo foi lembrado o nome da atleta brasileirinha Daiane, que até parece nossa portuguesinha depois de dois meses de sol direto e reto. E daí foi: o jogador Ruan; o menino Winterson Panther Cleveland... da Silva, e coisas que tais. Manoel até lembrou o nome da neta, Nastassja Suguie Nakaiama... de Oliveira – nome dado por seu filho e sua nora e que tem razões de ser na cultura japonesa. A estupefação da menina Luísa, com seus dezoito aninhos recém completos, causava encantamento em todos, porque fazia aflorar um espírito sólido da tradição cultural portuguesa, claro. No Brasil, as criaturas apenas olham asininamente para tudo, porque tudo perdeu sentido, nada mais se baseia em nada. E iam sendo lembrados nomes como Deivid, Deivisson, que são nomes de origem inglesa ou americana escritos aqui através de sua pronúncia. E os bugres acham isso bonito. Enter.
Luísa mostrava-se quase indignada, lembrando que em Portugal isso é proibido, porque seria uma ameaça à tradição cultural e mesmo ao idioma. “Nada de k, y ou w! A preocupação com a preservação do idioma proíbe esse desvio nos antropônimos, pois seria uma porta de entrada de maluquices idiomáticas. E Manoel quedava deliciado contemplando a sensatez lusitana diante de tanta loucura brasileira, considerando inclusive que os brasileiros não respeitam nem a si próprios nem a seus filhos, que condenam ao ridículo ao denominá-los de forma abstrusa. Enter.
Foram lembrados outros nomes não tão estúpidos, como Jacinto Leite Aquino Rego, Joana Porreca, Caio Rolando da Rocha, Um Dois Três de Oliveira Quatro, Rolando Escadabaixo de Andrade, Lançaperfume Rodometálica de Andrade, nomes loucos, mas ainda assim menos dementes que os que imitam pronúncia de nomes americanos. O que aliás diferencia estes daqueles é o fato de estes serem eventualidades de cabeças adoidadas, e serem coisa pontual; já aqueles são um modismo asinino, uma perversão como atitude colonizada, uma loucura linear... Enter.
Pior que isso somente ver mulheres malucas aguando passeio abestalhadamente, cometendo com isso um crime contra seus semelhantes e descendentes, porque desperdiçando água tratada de forma estúpida e atroz, porque não só serão elas as mais capazes de assassinar concorrentes quando a disputa pela água for questão de vida ou morte como também elas demonstram estupidez malsã por não pensarem em seus descendentes. São burras ou malucas? Ou as duas coisas? “As duas coisas, claro!”, pensa Manoel com seus botões. Enter final.
“Estou cá com os pés no Brasil e a cabeça em Portugal”, pensa Manoel contemplando a exuberância elegante e gentil de sua Maria. As bestas vestidas de gente pululam na pracita criminosamente imposta ao bairro e à gente decente da cidade. Os cães latem estupidamente pra todo lado. Luísa se diverte com piadas de brasileiros contadas em Portugal, e Manoel e Maria se olham com amor. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
quinta-feira, 12 de março de 2009
Manoel e o drama da menina de nove anos
Frederico Mendonça de Oliveira
A história sacudiu o país, todo mundo falou nela, especialmente a galera da mídia. Nesses momentos aflora para todos por onde anda a cuca dos brasileiros. Em relação ao assunto falaram o Arcebispo de Recife e Olinda, o “presidente” Lula, articulistas de pensamento treinado, e a rafaméia que é a classe média brasileira, toda ela entupida de TV a ponto de o pódice fazer bico, palrou suas “convicções” primárias e superficiais entre a novela das oito e o Big Brother, se é que palrou. Segundo ele tem observado no perfil desses objetos vestidos qual micos de circo, trata-se de uma multitudinária legião de cérebros de frango de granja, e ele certificou-se disso ao observar nessa “gente” o cinismo, a obtusidade trêfega e assumida, a irresponsabilidade álacre, os maus instintos manifestados como virtudes, e essa amostragem se deu a partir do episódio da pracita, em que os tão cordiais vizinhos e moradores do mesmo bairro se mostraram estúpidos, boçais, amesquinhados, grosseiros, criminosos, de cariz teratológico ostentado como sendo normalidade. Então Manoel imagina o que ocorre quimicamente nas cachimônias dessas bestas e dá de ombros. Que fazer com alimárias que se “pensam” gente? Enter.
Bem, o caso da menina. Primeiro, ninguém foi fundo, mas isso está assim por agora. Um dia... Sabe-se lá, mas vai uma pergunta: aos nove anos essa menina já poderia engravidar? Isso não foi veiculado. Mas pode, segundo ele apurou. Trata-se de gente com amadurecimento precoce, puberdade antecipada, desnível hormonal. Não é uma coisa comum, mas ocorre. Muito bem. Mas tem outra coisa: quem está certo na questão da realização do aborto? Os que o apoiaram e realizaram ou os que, brandindo os preceitos católicos, como o tal arcebispo, condenaram o aborto, chegando a rolar excomunhão? Manoel considera a lei divina, e vê que a coisa é completamente outra. Ninguém falou no verdadeiro princípio divino, o carma, e nas implicações desse evento, coisa que só acontece de acordo com o plano evolutivo de cada criatura. Enter.
Cansado de vivenciar o triunfo e mesmo o endeusamento da mediocridade, Manoel se compadece do atraso absurdo em que a maioria da população brasileira está mergulhada. Berra de um lado o sistema da mídia aproveitando a aberração que vende jornal e telejornal; de outro lado, berra o estamento católico ainda querendo se arrogar direito de intervir num rebanho de há muito desgarrado de qualquer coisa concreta em termos de religião, que só é vagamente conhecida e seguida de forma vã; de outro lado ainda, berram seres abestalhados pela mídia, os midiotas, brandindo visões “pessoais” quando não passam de minúsculas engrenagens de um sistema prostituidor. E ninguém tem qualquer sombra de razão em nada: os objetos vestidos mugem, relincham, balem, regougam, blateram, silvam, guincham, uivam, ganem, cada um de acordo com o animal que traz dentro de si. E a verdade – pra variar! – passa batida, enquanto os amalucados midiotas se agitam num anti-estético frenesi causado por um fato digamos... inusitado. Enter.
Pois Manoel se refugia em suas águas profundas e considera a realidade. O fato de uma criança sofrer sob a conduta de um psicopata não a faz inocente em relação ao que sofreu. Ou Deus permitiria algo que não tem uma causa justa? “Se queres entender por que sofres, pensa no que andaste fazendo nas outras vidas, ó pá!”. E a paz de Deus logo nos visita... Isso não isenta os culpados de serem punidos. E não isenta a menina de ser socorrida, sendo o aborto admissível pelo fato de livrar a infeliz de carregar uma gravidez aos nove anos e parir gêmeos. O que, para essa “civilização” que integramos, valerá como evitar um desconforto muito grande incluindo risco de vida. Ou de morte, como queiram os que agora adotaram essa variante, que inverte o sinal de uma tradição de séculos. Enter final.
Bem, a menina está aí. Viveu até hoje um pesadelo, e isso não terá sido em vão para seu processo de aperfeiçoamento e não teria ocorrido se não houvesse dívida passada, e nessa mesma dimensão. E o algoz estará a ferros, correndo o risco de ser “justiçado” na prisão pelos companheiros de cárcere. Porque, fora isso, dificilmente haverá qualquer sentido no que correr judicialmente, porque a instituição Justiça está desgraçadamente em ruínas. “Nihil humanum a me alienum puto”, considera intimamente Manoel, e ele traduz o latinório: nada do que é humano me é estranho. E vamos a uma gelada, ao lado da amada Maria, ouvindo... Think of One, com o Marsalis Quintet, E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
A história sacudiu o país, todo mundo falou nela, especialmente a galera da mídia. Nesses momentos aflora para todos por onde anda a cuca dos brasileiros. Em relação ao assunto falaram o Arcebispo de Recife e Olinda, o “presidente” Lula, articulistas de pensamento treinado, e a rafaméia que é a classe média brasileira, toda ela entupida de TV a ponto de o pódice fazer bico, palrou suas “convicções” primárias e superficiais entre a novela das oito e o Big Brother, se é que palrou. Segundo ele tem observado no perfil desses objetos vestidos qual micos de circo, trata-se de uma multitudinária legião de cérebros de frango de granja, e ele certificou-se disso ao observar nessa “gente” o cinismo, a obtusidade trêfega e assumida, a irresponsabilidade álacre, os maus instintos manifestados como virtudes, e essa amostragem se deu a partir do episódio da pracita, em que os tão cordiais vizinhos e moradores do mesmo bairro se mostraram estúpidos, boçais, amesquinhados, grosseiros, criminosos, de cariz teratológico ostentado como sendo normalidade. Então Manoel imagina o que ocorre quimicamente nas cachimônias dessas bestas e dá de ombros. Que fazer com alimárias que se “pensam” gente? Enter.
Bem, o caso da menina. Primeiro, ninguém foi fundo, mas isso está assim por agora. Um dia... Sabe-se lá, mas vai uma pergunta: aos nove anos essa menina já poderia engravidar? Isso não foi veiculado. Mas pode, segundo ele apurou. Trata-se de gente com amadurecimento precoce, puberdade antecipada, desnível hormonal. Não é uma coisa comum, mas ocorre. Muito bem. Mas tem outra coisa: quem está certo na questão da realização do aborto? Os que o apoiaram e realizaram ou os que, brandindo os preceitos católicos, como o tal arcebispo, condenaram o aborto, chegando a rolar excomunhão? Manoel considera a lei divina, e vê que a coisa é completamente outra. Ninguém falou no verdadeiro princípio divino, o carma, e nas implicações desse evento, coisa que só acontece de acordo com o plano evolutivo de cada criatura. Enter.
Cansado de vivenciar o triunfo e mesmo o endeusamento da mediocridade, Manoel se compadece do atraso absurdo em que a maioria da população brasileira está mergulhada. Berra de um lado o sistema da mídia aproveitando a aberração que vende jornal e telejornal; de outro lado, berra o estamento católico ainda querendo se arrogar direito de intervir num rebanho de há muito desgarrado de qualquer coisa concreta em termos de religião, que só é vagamente conhecida e seguida de forma vã; de outro lado ainda, berram seres abestalhados pela mídia, os midiotas, brandindo visões “pessoais” quando não passam de minúsculas engrenagens de um sistema prostituidor. E ninguém tem qualquer sombra de razão em nada: os objetos vestidos mugem, relincham, balem, regougam, blateram, silvam, guincham, uivam, ganem, cada um de acordo com o animal que traz dentro de si. E a verdade – pra variar! – passa batida, enquanto os amalucados midiotas se agitam num anti-estético frenesi causado por um fato digamos... inusitado. Enter.
Pois Manoel se refugia em suas águas profundas e considera a realidade. O fato de uma criança sofrer sob a conduta de um psicopata não a faz inocente em relação ao que sofreu. Ou Deus permitiria algo que não tem uma causa justa? “Se queres entender por que sofres, pensa no que andaste fazendo nas outras vidas, ó pá!”. E a paz de Deus logo nos visita... Isso não isenta os culpados de serem punidos. E não isenta a menina de ser socorrida, sendo o aborto admissível pelo fato de livrar a infeliz de carregar uma gravidez aos nove anos e parir gêmeos. O que, para essa “civilização” que integramos, valerá como evitar um desconforto muito grande incluindo risco de vida. Ou de morte, como queiram os que agora adotaram essa variante, que inverte o sinal de uma tradição de séculos. Enter final.
Bem, a menina está aí. Viveu até hoje um pesadelo, e isso não terá sido em vão para seu processo de aperfeiçoamento e não teria ocorrido se não houvesse dívida passada, e nessa mesma dimensão. E o algoz estará a ferros, correndo o risco de ser “justiçado” na prisão pelos companheiros de cárcere. Porque, fora isso, dificilmente haverá qualquer sentido no que correr judicialmente, porque a instituição Justiça está desgraçadamente em ruínas. “Nihil humanum a me alienum puto”, considera intimamente Manoel, e ele traduz o latinório: nada do que é humano me é estranho. E vamos a uma gelada, ao lado da amada Maria, ouvindo... Think of One, com o Marsalis Quintet, E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
sexta-feira, 6 de março de 2009
Manoel já se mobiliza para a mudança
Frederico Mendonça de Oliveira
“Bem, a situação no Brasil cheira, no mínimo, a carniça”, pensa Manoel, considerando a possibilidade de, depois de duas gestões dessa patacoada de petezada no poder, com esse boneco abstrato como presidente da República, ascender ao poder um tipo de vampiro meleca e desprezível como esse José Serra. Significaria apenas ver diariamente aquela figura patibular e desprezível mamando a presidência dessa aldeia desvairada em que o Brasil foi transformado através da ação maligna e impiedosa dos globalizadores e com a participação direta de milhares de burocratas abjetos, traidores imundos da pátria que os pariu, e com o apoio da maioria da legião de milhões de desgraçados zumbis que vagam a esmo e sem rumo pela superfície desta geografia malignizada e apodrecida ainda chamada de Brasil. “Fazer o quê, se o País foi transformado nisso, e a macacada brasilis ainda ajuda na destruição??”, e mesmo assim o coração lusitano de nosso herói ainda se contrai por ter de tomar um rumo novo para Manoel não ser tragado pela degenerescência galopante que assola a Pindorama. Enter.
Uma ida a Belo Horizonte para alinhavar coisas, e eis nosso irmão aturando rodoviária, ônibus, táxi, toda a merda pesada que envolve qualquer deslocamento nessas Minas que um dia dizem que fora de Deus. Na ida, uma carona com o amigo do morador perseguido porque questionou a obra ilegal. Tudo bem, três seres maduros dentro de um carro confortável, uma viagem até muito agradável. Conversas relevantes, um som de jazz muito instrutivo, NY Voices e outras mumunhas, inclusive Os Gatos, aquela maravilha de gravação do Eumir Deodato junto com o Durval Ferreira, temas como Pacific Sunset, A Chuva, Estamos Aí, a obra prima Dois Peixinhos, de Durval e Lula Freire. Parecia outro mundo, não esse Brasil fecal de axés, pagode e breganejos, essa pornografia sonora que nos assola por todos os lados. Enter.
Foi pôr os pés em BH e começar o massacre. Tudo caro, um movimento caótico de fim de mundo, para não dizer inferno. Um ir e vir frenético, uma gentuça em multidão zanzando pela rua, um tráfego de veículos de volume assustador, tudo isso levando Manoel a se perguntar se tamanha movimentação tem mesmo significado e objetivo. Porque, pelo que nosso herói considerou, pelo menos 90% daquilo ou é induzido por forças degeneradoras ou decorre de sair “pra fazer não sei o quê”, como diz a música “Ê Paciência, ê Tentação”, de um maluquete chamado Fredera, mas que revela cabalmente isso: “Marias vão co’as outras pra fazer não sei o quê/ cascata e carochinhas nas novelas de TV”, e, olhando a chapante quantidade de espigões por todos os lado, Manoel lembra do último verso da canção: “Estranhos edifícios nos terrenos onde eu brinquei/ rasgaram a história que eu ainda não contei”. É... Pois pra onde Manoel se virava, lá estava uma TV dos infernos: na lanchonete, no restaurante, na sala de espera do consultório, em ônibus, no metrô, em lugares em que as pessoas não ficam mais que dez minutos – “Mas é bom não vacilar: porque uma pessoa pode acordar para a vida numa dessas, então é bom não permitir que elas tenham essa possibilidade”, dizem entre si os globalizadores. E ele se lembrou daquela piada: um presidente de empresa estava de viagem pela Europa com a mulher, e o vice-presidente, daqui do Brasil, ligou pra ele informando a morte da sogra. E perguntou: ‘O que fazemos? Enterramos ou cremamos?’, ao que o presidente respondeu de pronto: ‘As duas coisas! Não devemos facilitar!!’”. Pois é: é inacreditável, mas só falta colocar telões pelas ruas para cortar definitivamente a possibilidade de alguém olhar para dentro de si e pensar por cinco segundos que seja! Enter.
A cultura do ruído e da bugiganga. As pessoas estão vivendo sob ruído e para as bugigangas, sejam elas TV, DVD, celular com mil funções, MP4, câmera digital, carro, relógios malucos, skate, carro, moto, bike, casa, revistinhas, pornografia em vídeo, tênis, boné, tatuagem, tudo virou um verdadeiro fuzuê. Já tudo resolvido em BH, Manoel vai pra rodoviária pegar ônibus, porque a turma da carona quando da ida ia ficar mais tempo na capital mineira. E lá está Manoel na rodoviária e tome TV, bugigangas, bagulhos pra todo lado, tudo igual a tudo em todos os lugares. No arraialito e em BH é tudo igual, só mudando a quantidade de movimento besta. E Manoel se lembrou de seu tempo de menino, quando fez a primeira viagem. A rodoviària só tinha ônibus e pessoas, tinha até um cheiro diferente, “a gente já estava entrando em outra dimensão, já não estávamos mais no espaço de antes: lindos ônibus, pessoas se despedindo, aquela coisa diferente já acontecendo”. Naquele tempo não havia TV... Enter final.
Acaba que Manoel pensa na maior loucura possível: voltar pra Portugal e ver justamente isso acontecendo por lá também... e não seria novidade, pois sua sogra, uma descendente de portugueses radicais também, esteve recentemente na Europa e chegou com cara mais desanimada que aquela que tinha ao sair de viagem. Manoel perguntou sobre a Europa, se ela gostara, e ela respondeu com serena cara de descaso: “É, é outra coisa a arquitetura, a gente vê que aquilo FOI outra coisa. Mas a maior parte do tempo que vivi lá, quase um mês, perdi em engarrafamentos”. É mole? Pois Manoel pediu a ela que, passando por Portugal, comprasse um livro de obras completas de Fernando Pessoa, que ele emprestara a amigos no Brasil e o livro se perdera. E a nobre mulher voltou com um livro muito bonito de cartas do grande poeta, e foi o único – O ÚNICO! – que ela viu em todas as livrarias por onde passou em solo lusitano. E Manoel considerou pela segunda vez o dilema filosófico de Dummond: “Quer voltar pra Minas/ Minas não há mais”. Haverá ainda Lisboa? E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
“Bem, a situação no Brasil cheira, no mínimo, a carniça”, pensa Manoel, considerando a possibilidade de, depois de duas gestões dessa patacoada de petezada no poder, com esse boneco abstrato como presidente da República, ascender ao poder um tipo de vampiro meleca e desprezível como esse José Serra. Significaria apenas ver diariamente aquela figura patibular e desprezível mamando a presidência dessa aldeia desvairada em que o Brasil foi transformado através da ação maligna e impiedosa dos globalizadores e com a participação direta de milhares de burocratas abjetos, traidores imundos da pátria que os pariu, e com o apoio da maioria da legião de milhões de desgraçados zumbis que vagam a esmo e sem rumo pela superfície desta geografia malignizada e apodrecida ainda chamada de Brasil. “Fazer o quê, se o País foi transformado nisso, e a macacada brasilis ainda ajuda na destruição??”, e mesmo assim o coração lusitano de nosso herói ainda se contrai por ter de tomar um rumo novo para Manoel não ser tragado pela degenerescência galopante que assola a Pindorama. Enter.
Uma ida a Belo Horizonte para alinhavar coisas, e eis nosso irmão aturando rodoviária, ônibus, táxi, toda a merda pesada que envolve qualquer deslocamento nessas Minas que um dia dizem que fora de Deus. Na ida, uma carona com o amigo do morador perseguido porque questionou a obra ilegal. Tudo bem, três seres maduros dentro de um carro confortável, uma viagem até muito agradável. Conversas relevantes, um som de jazz muito instrutivo, NY Voices e outras mumunhas, inclusive Os Gatos, aquela maravilha de gravação do Eumir Deodato junto com o Durval Ferreira, temas como Pacific Sunset, A Chuva, Estamos Aí, a obra prima Dois Peixinhos, de Durval e Lula Freire. Parecia outro mundo, não esse Brasil fecal de axés, pagode e breganejos, essa pornografia sonora que nos assola por todos os lados. Enter.
Foi pôr os pés em BH e começar o massacre. Tudo caro, um movimento caótico de fim de mundo, para não dizer inferno. Um ir e vir frenético, uma gentuça em multidão zanzando pela rua, um tráfego de veículos de volume assustador, tudo isso levando Manoel a se perguntar se tamanha movimentação tem mesmo significado e objetivo. Porque, pelo que nosso herói considerou, pelo menos 90% daquilo ou é induzido por forças degeneradoras ou decorre de sair “pra fazer não sei o quê”, como diz a música “Ê Paciência, ê Tentação”, de um maluquete chamado Fredera, mas que revela cabalmente isso: “Marias vão co’as outras pra fazer não sei o quê/ cascata e carochinhas nas novelas de TV”, e, olhando a chapante quantidade de espigões por todos os lado, Manoel lembra do último verso da canção: “Estranhos edifícios nos terrenos onde eu brinquei/ rasgaram a história que eu ainda não contei”. É... Pois pra onde Manoel se virava, lá estava uma TV dos infernos: na lanchonete, no restaurante, na sala de espera do consultório, em ônibus, no metrô, em lugares em que as pessoas não ficam mais que dez minutos – “Mas é bom não vacilar: porque uma pessoa pode acordar para a vida numa dessas, então é bom não permitir que elas tenham essa possibilidade”, dizem entre si os globalizadores. E ele se lembrou daquela piada: um presidente de empresa estava de viagem pela Europa com a mulher, e o vice-presidente, daqui do Brasil, ligou pra ele informando a morte da sogra. E perguntou: ‘O que fazemos? Enterramos ou cremamos?’, ao que o presidente respondeu de pronto: ‘As duas coisas! Não devemos facilitar!!’”. Pois é: é inacreditável, mas só falta colocar telões pelas ruas para cortar definitivamente a possibilidade de alguém olhar para dentro de si e pensar por cinco segundos que seja! Enter.
A cultura do ruído e da bugiganga. As pessoas estão vivendo sob ruído e para as bugigangas, sejam elas TV, DVD, celular com mil funções, MP4, câmera digital, carro, relógios malucos, skate, carro, moto, bike, casa, revistinhas, pornografia em vídeo, tênis, boné, tatuagem, tudo virou um verdadeiro fuzuê. Já tudo resolvido em BH, Manoel vai pra rodoviária pegar ônibus, porque a turma da carona quando da ida ia ficar mais tempo na capital mineira. E lá está Manoel na rodoviária e tome TV, bugigangas, bagulhos pra todo lado, tudo igual a tudo em todos os lugares. No arraialito e em BH é tudo igual, só mudando a quantidade de movimento besta. E Manoel se lembrou de seu tempo de menino, quando fez a primeira viagem. A rodoviària só tinha ônibus e pessoas, tinha até um cheiro diferente, “a gente já estava entrando em outra dimensão, já não estávamos mais no espaço de antes: lindos ônibus, pessoas se despedindo, aquela coisa diferente já acontecendo”. Naquele tempo não havia TV... Enter final.
Acaba que Manoel pensa na maior loucura possível: voltar pra Portugal e ver justamente isso acontecendo por lá também... e não seria novidade, pois sua sogra, uma descendente de portugueses radicais também, esteve recentemente na Europa e chegou com cara mais desanimada que aquela que tinha ao sair de viagem. Manoel perguntou sobre a Europa, se ela gostara, e ela respondeu com serena cara de descaso: “É, é outra coisa a arquitetura, a gente vê que aquilo FOI outra coisa. Mas a maior parte do tempo que vivi lá, quase um mês, perdi em engarrafamentos”. É mole? Pois Manoel pediu a ela que, passando por Portugal, comprasse um livro de obras completas de Fernando Pessoa, que ele emprestara a amigos no Brasil e o livro se perdera. E a nobre mulher voltou com um livro muito bonito de cartas do grande poeta, e foi o único – O ÚNICO! – que ela viu em todas as livrarias por onde passou em solo lusitano. E Manoel considerou pela segunda vez o dilema filosófico de Dummond: “Quer voltar pra Minas/ Minas não há mais”. Haverá ainda Lisboa? E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
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