sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Notas sobre o Brasil terminal

Frederico Mendonça de Oliveira

Você já deve ter recebido ou deve ter ouvido falarem a respeito. Rola na rede uma denúncia, não sabíamos se procedente, sobre o médico José Guilherme Vartanian, que estaria participando do tratamento do câncer que hoje Luís Inácio Lula da Silva, o Çilva I, que ocupou a cadeira presidencial durante oito anos, enfrenta. Esse médico teria matado a socos e pontapés, segundo a denúncia, um japa de nome Marcos Takashi Kawamoto, 20 anos, em dezembro de 1992 no bar Opera, em Londrina. E o médico, ainda segundo o que rola na rede, está aí todo tchan, dando entrevista à Globo News sobre como anda o tratamento a que se submete o patético Çilva I. O texto, que circula com grande intensidade e impacto na rede, termina falando que os semelhantes se atraem, sugerindo ser Lula um bandido envolvido com assassinatos – revolvendo coisas como as mortes de Toninho do PT e Celso Daniel, ambos mortos nos tempos de vertente ascencional da campanha de Çilva I. No caso Celso Daniel, foram eliminadas também várias testemunhas, mas ficou assim: normal. Olavo de Carvalho se refere a esse bizarro “filho do Brasil” como “a deformidade mental e moral encarnada”. Dê uma olhada no link em que o filósofo desanca o Çilva: (http://www.youtube.com/watch?v=rQpRgwETgPE). Bem, seria tudo isso procedente? Sim ou não, e fomos checar. É que a macacada brasilis anda tão emburrecida e abestalhada que para todos tudo parece normal. Quando um casal mata uma menina de cinco anos; quando uma moça mata a golpes de barra de ferro seus pais com a ajuda do namorado e do irmão deste, até parece que rola alguma comoção pública. Pois basta uma olhada um pouco mais atenta para verificar tratar-se de “comoção noticiosa”: o que ocorre é a notícia virar sucesso, não o fato em si causar horror. Então: o tal médico assassino é hoje conceituado oncologista e pontifica sobre o câncer de Çilva I pela tevê, desfrutando de posição privilegiada em sua vida profissional e pessoal. Um assassino frio e cruel que escapou de uma condenação por interferências de poderosos. Enter.
Não sei se você se lembra, se é que chegou a saber quem são Tomás Oliveira de Almeida, Max Rogério Alves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Cardoso Vilanova. Não precisa de Memoriol: são os assassinos do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos. Estariam presos? Então verifique. E não se surpreenda: são filhos de classe média alta brasiliense, e conseguiram todos os benefícios imagináveis quando da tramitação do processo e depois de lavrada a sentença. Quer ver? Pois tome: “Em agosto de 2004, foi concedido o livramento condicional aos quatro condenados. Esse benefício foi recepcionado pela opinião pública como um atestado do "caráter volúvel do Poder Judiciário frente à força político-econômica" e revoltou os familiares do índio assassinado. A mídia também noticiou a concessão do benefício, apesar de previsto em lei, como ‘certeza da impunidade’ para um crime considerado hediondo pela legislação brasileira“. E, pasme: já rolou na rede que os caras estão muito bem empregados em funções públicas, ganham muito bem – obrigado. E então? Que credibilidade pode ter a Justiça nesse território-puteiro se TODOS OS CASOS DIGNOS DE AÇÃO RIGOROSA DA MÁQUINA JUDICIAL CAEM NO VAZIO? Enter.
Sim, nosso descontentamento não é mais apenas sentimento, já independe de nós. Os advogados honestos dizem que a Justiça vive bem melhor quanto maior a criminalidade. Não se estranhe, portanto, que juízes pratiquem ilícitos a céu aberto e punam quem os denuncia. Estamos vivendo o tempo em que o crime compensa. Lembra do mensalão? O ministro Ricardo Levandowsky, do Supremo, já encarta prescrição para os envolvidos. E Folha/UOL pergunta: “O sr. acha que se corre o risco, inclusive com o passar do tempo, e depois eles podem recorrer, que essas penas para muitos ali sejam inclusive prescritas?”, e responde o ministro: “Sem dúvida nenhuma. Com relação a alguns crimes não há dúvida nenhuma que poderá ocorrer a prescrição”. Uma belezura, não? Tem mais delícia pr’ocê: “Folha/UOL: O sr. acha que corre o risco, inclusive com o passar do tempo, e depois eles podem recorrer, que essas penas para muitos ali sejam inclusive prescritas?”, e o ministro dispara: “Sem dúvida nenhuma. Com relação a alguns crimes não há dúvida nenhuma que poderá ocorrer a prescrição”. Bem, podemos dormir em paz: os lindos criminosos serão inocentados. Você pode cometer o crime que quiser: se tiver grana e posição, “esteje” tranquilo. E tem mais! Enter.
Nas montanhas do sul de Minas ocorreu um atropelamento de que foi vítima fatal uma mulher, mãe de dois filhos, que ia à casa da sogra resolver coisas de fim de semana num sábado pela manhã. O atropelador estava embriagado e não era habilitado. A vítima morreu na hora. Todo o bairro viu. Pois o matador foi levado ao hospital com fratura num braço, recebeu atendimento e saiu depois sem qualquer problema, como se nada tivesse acontecido. A polícia disse ao viúvo, em posterior encontro para resolver o caso, que “não pôde prender o sujeito porque não houve flagrante”. E nada foi feito. Nem vai ser, você sabe... Enfim, nem rico é preciso ser... Tá tudo calmo, devagar, quase parando... inclusive o curso e os prazos da Justiça. Tudo calmo, devagar, quase parando... Enter final.
A já prevista prescrição para os bandidos do mensalão foi manchete/bomba na Folha. E o ficha suja Jader Barbalho, aquele moleque profissional consagrado, volta, por decisão do mesmo STF, a ocupar cadeira no Senado. Junto com o senador que pediu sua prisão tempos atrás. É a consagração da orgia da corrupção e da falência do Judiciário. E Carlos Chagas confirma isso. Leia: http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=27859 E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah!, você sabe: estamos censurados desde 11/04/08. São 2211 dias sob abjeta mordaça. E repetimos as palavras do ministro Carlos Aires de Brito: “NÃO HÁ NO BRASIL NORMA OU LEI QUE CHANCELE PODER DE CENSURA À MAGISTRATURA”.