sexta-feira, 2 de março de 2012

Tiririca, minhoca e prescrição: ai de nós!

Frederico Mendonça de Oliveira

Você deve ter visto por aí, nos jornalões ou na TV: Tiririca parece que sai candidato a prefeito de São Paulo. Alá: “O Partido Republicano confirmou ontem a chantagem explícita desenvolvida contra a presidente Dilma Rousseff: ou ela aceita a indicação de um de seus parlamentares para ministro dos Transportes ou lançarão o Tiririca como candidato à prefeitura de São Paulo”. Na verdade, isso não muda senão a disposição de peças no tabuleiro da sucessão paulista. E roça no quesito autenticidade, porque na verdade os prefeitos que têm ocupado a cadeira do Executivo paulistano são palhaços no armário. Uns farsantes, no mínimo: só pensam em suas trajetórias políticas e em se manter sob holofotes, como se fossem criaturas dignas de serem contempladas pela gentinha que paga impostos e trabalha duro para mantê-los bostejando blablablás para microfones e câmeras da mídia. Tudo se transformou num gigantesco circo onde se desenrola uma nefasta farsa. Pois Tiririca vem dando lições de autenticidade uma atrás da outra. Primeiro, seu lema de campanha foi de uma precisão inquestionável, embora encartando certo otimismo: pode ficar pior, sim. Segundo, disse nada saber o que um deputado faz; os congêneres dele nessa aventura calam cinicamente quanto a nada saberem, apenas sabem que estarão usufruindo de direitos e benesses absolutamente imerecidos. Terceiro, e muito engraçado: ele se empenha no trabalho. O Romário denuncia: ninguém naquela espelunca de luxo trabalha: só fazem desfilar suas canalhices embrulhados em panos caros e articular golpes em benefício próprio e de suas carreiras de ladravazes. Então, só com essas pequenas avaliações, cremos que Tiririca vá poder sim ocupar o Executivo paulistano. Fosse eu eleitor, quem escolheria entre ele e o Vampiro Anêmico, o abissal e patético Serra? Palhaço por palhaço... Enter.
Bem, você deve saber que o apóstolo-sobrinho do Edir Macedo acaba de ganhar o Ministério da Pesca. Este é realmente o país da desgraça das instituições e dos valores. A Tribuna da Internet disse ontem algo por aí: “Enfim, o homem certo no lugar certo. Crivella passou a vida inteira pescando fiéis para encher as redes da Igreja Universal do Reino de Deus, criada por seu tio Edir Macedo. Certamente saberá pescar também bagres, sardinhas e cocorocas”. Pois o “bispo” já deu sua tirada inicial ao abocanhar a pasta: “Não sei nem botar minhoca no anzol”, declarou, com a cara mais abundeada possível. Se já tivemos por oito anos um cachaceiro safado chefiando a quadrilha que mais abocanhou em toda a história dessa malfadada “república”, nada mais natural que termos agora um ministro da Pesca e da Aquicultura que jamais pescou um simples lambari. O cinismo impera: chegamos às trevas totais, algo que nos faz realmente esperar por algum cataclismo de que não restará pedra sobre pedra. Marcelo Crivela na “pesca”... bem, quem são mesmo os palhaços? Tem hora que me sinto parecido com um certo Bozo... Enter.
Por falar em desgraça institucional, e suas excelências do Supremo, como vão? Temos novidade, veja só: “Depois da denúncia do jornal, Supremo decide tocar processos parados contra políticos. Foi só coincidência?”. O artigo desvenda brechas inaceitáveis para a mais bem paga instância do Judiciário, revelou o entojado Marco Aurélio Mello: “‘Nesse processo houve um problema, porque remeteram para mim apenas o último volume. Aí custou à assessoria seis meses para informar, e eu levei mais seis meses para dar o voto’, alegou o ministro.” Tá bom: quanto ganham os integrantes da “assessoria” para cometerem enganos que duram seis meses? Conte outra, ministro... e ele consome seis meses para dar um parecer sobre um crime mais evidente que a estupidez e a ignorância cavernal de todos os engravatados somados??? Problemas econômicos o estariam impedindo de trabalhar normalmente? Será que não precisa de um aumento de salário pra agilizar prazos? Mas o fantasma da prescrição para os crimes dos mensaleiros, a julgar pelo olhar enigmático do ministro Lewandovsky, prossegue assombrando o Supremo. Quer ver?: pergunte pelo Marcos Valério. E saiba: os outros mensaleiros estão esperando o tempo - ou o STF? - ajudar. José Dirceu continua zanzando pelo poder, quando deveria estar a ferros, como Delúbio, Silvinho e outros bandidos safados. Mas o Supremo não se mexe, esses pulhas NÃO VÃO SER INCOMODADOS mais do que já foram! Quer ver? Alá: “O publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, já está condenado a 15 anos de reclusão, mas continua em liberdade. De olho no lance, os quase 40 réus do mensalão seguem na mesma balada e apostam na prescrição de seus crimes”. Isso é Brasil, queridos! É o picolé de cocô! Orgulhe-se: “O crime de formação de quadrilha, uma das acusações contra José Dirceu, se ele for condenado à pena mínima, já prescreveu em agosto de 2010”. O bandido anda por aí defecando seu Português de lupanar: ele sabe que faltam homens em todas as instâncias de poder... e só uma mulher, Eliana Calmon, foi capaz de dar uma sacudida na farra boçal dos canalhas... Enter final.
Tá na Tribuna da Internet “Movimentações financeiras ‘atípicas’ de magistrados ficam fora de investigação (por enquanto)”. Mais: “Exemplo de Eliana Calmon já se faz sentir e Gilmar Mendes denuncia que primeira instância não funciona” E, na Folha: “TJ-SP reconhece ter pago juros em dobro a desembargadores”. Lindo! Falta de vergonha nas fuças não escolhe quem nem onde. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!