Frederico Mendonça de Oliveira, Fredera
Pois é; se pensa, fique sabendo: “cachaça não é água, não!”. Assim a turma da década de 1950, ainda esperançosa no futuro dessa joça que hoje habitamos no mínimo desolados, cantava nos bailes de carnaval; e ainda tinha mais: "Cachaça vem do alambique/ e água vem do Ribeirão” – alusão ao curso d’água que abastecia o Rio de Janeiro, Ribeirão das Lajes. A marchinha ainda serviu e serve para chamar a atenção de quem vai com muita sede ao pote de birita: seria como dizer ao irmão que vá de leve. Pois o panorama nacional e internacional é de tal forma assustador que a turma vai na onda pensando que bebe água, quando na verdade bebe é uma cachaça perversa. A programação da TV aberta, especialmente a da Globo, é cachaça letal. Mas não há o que temer: morreremos todos mesmo, e isso é questão de tempo. O que assusta é que todos buscam o bem estar, a serenidade, o repouso, a glória, enquanto a ditadura mundial aperta as tenazes para que não consigamos nada disso. É um absurdo, mas vale considerar o que temos de maluquíssimo pela frente. Enter.
A ditadura é total, tanto quanto completamente disfarçada para o grande e ignaro povão bobo e catatonizado. Ninguém percebeu, quando Roberto Carlos virou o “rei”, quem urdiu e realizou isso – e hoje a macacada brasilis nem tem mais idéia do que seja Roberto Carlos, esse fóssil de si mesmo, esse criador da canção regressiva e burrificante justo quando o povo brasileiro sofria outro golpe, o da instituição do mercado da canção. Era fantástico: tínhamos virado a página da música popular no mundo com a Bossa Nova, éramos o país mais vibrante cultural, artística, científica e esportivamente falando. O que somos hoje? Um país apenas lugar onde a canção foi limitada ou rebaixada a coisas como duplas emitindo miséria sonora em guais lancinantes diante de legiões de macacas de auditório guinchando como imensas cobras diante de pacóvios de chapéus, fivelão e botinaços, legiões de seres imbecilizados pela máquina da ilusão sonífera e mortífera sacudindo o rabo e cancerificando seus miolos e suas vidas com desgraça sonora produzida por bandidos de diversos matizes e carizes. O que a mídia dispara contra a população é unicamente material daninho e maligno da pior espécie, e a máquina de burrificar transformou a população quase toda, à exceção de um guetinho de resistência, em gado, em gentios mugentes, em objetos vestidos, e a perspectiva de reversão disso é mínima, irrisória, senão nenhuma. Enter.
A ditadura da beleza mostra Giseles Bundchens e os Di Caprios tupiniquins como paradigmas da beleza que todos almejam e sonham; a mídia esfrega na cara de uma gente coisificada uma galeria de “lindezas” produzidas em laboratório; os anúncios só mostram jovens ninfas e lindos moçoilos que ocupam páginas inteiras de jornais manipulados e manipuladores, e não há qualquer esboço de posicionamento do agonizante Estado, cuja estrutura operacional se transformou num covil em que a corrupção grassa desenfreada e explícita. O poviléu apenas contempla o cenário corrompido e tenta realizar desejos, embriagado pela cachaça mortífera servida em generosas doses pelo discricionário poder constituído. A ignorância é o suporte para essa horrenda “obra de arte” em que está inserido o povo brasileiro, que aceita sem qualquer questionamento tudo que se lhe enfia goela abaixo. Enter.
Meu filho afetivo – não o adotei oficialmente, mas sempre tivemos o vínculo pai-filho – está na batalha em Poços de Caldas, cidade sul-mineira quase metrópole. Estuda na PUC, batalha na captura de um emprego para pagar as despesas apertadas, já que voltou das férias cortado do estágio que fazia e lhe rendia um troquinho. Para circular pela city, cobrindo grandes percursos, tinha sua moto 125 ajeitada, e com ela conseguia dar conta dos trampos e do estudo. Desempregado, cogitava até de trabalhar de motoboy, pra segurar as despesas. Pois no que fazia um atalho no percurso PUC-Centro para economizar uns mililitros de gasola, eis que dois bandidos o abordam também de moto, metem-lhe um 38 na costela e, generosissimamente tomam-lhe a moto e o deixam largado na rua erma. Podemos até dizer que foram piedosíssimos: deixaram meu valoroso garoto com documentos, celular, relógio, dinheirinho e a vida: queriam e levaram só a moto. A notícia caiu como se um cofre pesadão nos atingisse a cabeça vindo do 13º andar. O consolo de ele ter sido deixado ileso é um fato, embora imoralíssimo: a atual prática de roubar pobres é um fato asqueroso, mostrando uma sociedade em estado terminal, com seu tecido social irreversivelmente cancerificado. Consola não ter sido pior, mas nos vemos meio cúmplices, pelo conformismo cínico e no mínimo subserviente. O que temos de fazer, seguros de que o país de Lula e Globo só vai piorar, é rezar para que a desgraça atinja o outro, e agradecer se ela nos pega menos pesado: é sujo, isso. Parabéns a nossos políticos e dirigentes, parabéns à nossa estrutura de defesa social, parabéns ao nosso digníssimo fantoche dos Conquistadores do Mundo aboletado na presidência depois de ganhá-la clamando por mais de 20 anos pelos direitos do povo e pautando seu “discurso” na denúncia da corrupção e do entreguismo. Jamais sofremos com cinismo tão escroto!, mesmo depois de aturar o cão FHC por oito anos!! Lembranças ao (ou à?) seu filhinho (a) “Lurian”, presidentezinho safado e curvado aos donos do mundo! Ele (a) não será vítima dos desgraçados filhos/dejetos do sistema odioso e maligno em que o senhor e sua primeiradama ex-Dulcora deitam e rolam como dois descarados novos ricos ignaros. Vocês não têm alguma classe mínima suficiente sequer para ter um gato... Enter final.
Valeu, minha gente. Viva a horda de babacas sempre sorridentes e de dentaduras alvíssimas que desfilam na mídia como vetores da ditadura imunda que nos desgraça. Só nos resta levantar os olhos para o céu e pedir pelos infelizes que não têm escolha senão o crime. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té pra semana, crianças!