Frederico Mendonça de Oliveira
...cocô. Sim, é isso mesmo que você leu: picolé de cocô. Estava assim discriminado iniciando a lista de preços dos sorvetes que uma empresa vende colocando suas sorveteiras em tudo quanto é loja em que caibam, e nessa loja de presentes – tem também em farmácia, em sapataria – coube, pertinho da porta. Pois estava lá a lista de preços encimada pelo picolé de cocô. De sacanagem, aposentado e de férias que estou, perguntei à pobre menina atendente pobre em todos os sentidos se os picolés estavam tendo saída. Diante de um “Hã?” típico de apedeuta de balcão, esses pobres seres corrompidos pelo social corruptor, acabou que deixei pra lá e me escafedi do local. Claro, com uma jaca presa na garganta, ou seja, uma bomba pronta a explodir em forma de gargalhadas. E isso logo aconteceu quando topei com um casal amigo e relatei o fato. Depois, em contatos por telefone e distribuindo mensagem sobre a preciosidade gramatical, passei o dia tendo acessos de riso que me valeram uma boa dor de musculatura nos retos abdominais. E fiquei sabendo de outras, que potencializaram a hilaridade do fato inusitado do “picolé de cocô”. Enter.
Um amigo retornou com uma mensagem em que perguntava se o picolé em questão está tendo boa procura. Respondi que não sabia, mas que estava quase passando mal de rir ao considerar como seria o “aroma” do cocô gelado quando retirado o papel da embalagem. E assim foi se desdobrando a coisa do picolé de cocô, um presente em 4/01/12 que sacudiu com gargalhadas o Arraial das Bagas de fora a fora e ainda alcançou região e alhures. Pois um amigo que hoje estuda em Santa Rita do Sapucaí, que os mordazes chamam de Santa Rita do Seupaucaiu, revelou que lá existe uma padaria que vende uma “rosca com doce de leite e cocô ralado”. E ainda lembrou que perto da casa dele aqui no Arraial tinha uma carrocinha na rua do cemitério que vendia “água de cocô”. E que na Praça da Matriz existiu por muito tempo um vendedor de água de coco em cuja carrocinha se lia “Zé do Cocô”. A turma anda meio abestalhada, claro, e foi preciso o velho aqui levantar essa lebre pra conflagrar o arraial e outras plagas sob revelação tão bizarra. Bem, o humor é algo que se manifesta de forma especial: é preciso pensar para alcançar o estado de humor. E a turma está com o cérebro em ponto morto, desengrenado direto. A TV trabalha em lugar dos cérebros, é mais fácil. Mas é aquilo: em se plantando... acaba um dia dando. E o cocô virou tema de conversas várias nessas montanhas, desopilando fígados oprimidos por bebedeiras de fim de ano, massageando órgãos de há muito postos em sossego por falta de atenção de seus donos, que acham que eles têm que ficar é quietos no bucho. Melhorou, pois. Enter.
Poderíamos aconselhar a tal empresa de sorvetes a botar esse produto lá no Planalto... pois é isso que os bandidos de gravata e outras vestes na verdade ridículas – se considerarmos as zebras e os presumidos que as envergam – deveriam ser obrigados a ingerir antes e depois de cada sessão de sórdida inépcia profissional e de ação ininterrupta de assalto aos cofres públicos e de desaforo escandaloso para com o público que carrega esse puteiro nas costas com seu suor e sua dignidade. Você já imaginou o arquibandido Sarney saboreando um, com aquela cara de bolacha de sarcófago e aquele bigode obsceno aromatizado pela fragrância do produto? E que tal Jáder, Tiririca, Popó, mais toda aquela corja do Congresso, especialmente aquela Angela Guadagnin, a gordalhufa que dançou festejando o não enquadramento de não sei que suídeo engravatado lá, um bandido inocentado pela camarilha de seus pares e iguais. Picolé de cocô neles, você não acha? Aliás, você poderia muito bem parar pra pensar: Brasília toda não passa de um grande picolé de cocô! Mostro até a maravilha que é aquilo: http://www.allejo.com.br/fotos-romario-sarney-tiririca-popo-senado/ , e você há de convir comigo em que um picolé para cada um seria uma grande escolha... até para lavar o coração dos aflitos brasileiros traídos por essa corja que hoje se instala no poder praticamente sem exceções. Enter.
E picolé de cocô para os que se enquadram nas palavras do ministro Carlos Ayres de Brito – não merecedor de um picolé: “O ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, declarou nesta sexta-feira, 26/08/11, que o Poder Judiciário é, hoje, a maior ameaça à liberdade de imprensa em nosso País. O ministro participou na tarde desta sexta do Seminário Cultura de Liberdade de Imprensa, promovido pela TV Cultura. Também participaram do evento o ministro Franklin Martins e o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso”. Tirando esses dois crápulas já mais que carimbados, o seminário mostrou mais uma chaga purulenta em nossa vida de gente honesta e simples e que vive somente do suor de seu trabalho digno. E o ministro já vem dando bordoadas contundentes no Judiciário, chamando a atenção para a inércia mental e da flexibilidade moral de suas excelências, no que se equiparam aos torpes congressistas em suas mamatas e privilégios, e no que mostraram estar, em sua grande maioria, a serviço do Executivo. Afinal, quem reconduz um ex-algemado ao cargo de senador, com direito a caretas do filhinho na entrevista coletiva depois da posse, merece o quê? Um fragrante buquê de rosas? O que você daria? Diga, irmão, você não será censurado! Nós estamos, para servirmos de exemplo ao que declarou o ministro Ayres de Brito: nosso blog está censurado desde 11/04/08, totalizando hoje 2232 dias sob mordaça covarde. E o próprio ministro declarou que “NÃO HÁ NO BRASIL NORMA OU LEI QUE CHANCELE PODER DE CENSURA À MAGISTRATURA”. O picolé de cocô do Arraial das Bagas virou o troféu dos inimigos do Brasil. Você nem de longe vai se candidatar a um... mas agora não há como impedir o picolé de existir! E viva Santo Expedito! Oremos. Feliz 2012, rapeize!