sexta-feira, 20 de maio de 2011

Inacreditável, tudo isso!

Frederico Mendonça de Oliveira

Uma das maiores dificuldades que enfrento nesta vida, e já se vão mais de 50 anos nisso, é ter de assistir à consagração de nulidades ou de negações e inversão de valores, o que é ainda pior. É difícil entender como uma Ivete Sangalo é consagrada ao plano de uma deusa; ou ver que Maria Betânia reina tão grosseiramente no panteão das cantoras nacionais entre as quais se destaca pela feiúra de timbre e pela completa falta de engenho vocal; é inacreditável que Luciano Hulk e Adriane Galisteu ocupem o imenso espaço que ocupam sendo os vazios falantes e deambulantes que são, desprovidos de qualquer atrativo ou valor. É inacreditável! E, ainda por cima, é chocante o fato de vivermos, sempre, sempre!, uma farsa durante quase 24 horas por dia! Além da legião de centenas de milhões se apatetando diante de TVs, jogando suas vidas no lixo, todos nos vemos vestidos, trabalhando, andando pelas ruas, todos falamos apenas o que é considerado “lícito” – mas que somos nós mesmos, na verdade, quando saímos desse teatro do absurdo, do surrealismo. Como disse Carlos Heitor Cony: “Quando passo pelas ruas e vejo homens, mulheres, velhos e crianças caminhando, indo às compras, aos escritórios e aos lares, imagino toda a sacanagem subjacente de que são capazes e só assim consigo amar o meu próximo. Como a mim mesmo”. Pois é: existe o teatro da normalidade na superfície da vida, a encenação de uma realidade em que nossos instintos mais decisivos – ou não é decisivo o instinto sexual, que trouxe nós todos a esta vida? – estão reprimidos, adormecidos, desativados... mas tudo não passa de intervalo entre os poucos mas indispensáveis momentos essenciais: aqueles em que todos estarão nus, praticando o diabólico e pecaminoso prazer da bolinação, da amassação, da fornicação, do desvendamento das carnes, do consumo paroxístico do prazer. Até seria possível dizer que fingimos 99 % do tempo e somos verdadeiros no unzinho que dedicamos a sermos nós em plenitude, sem máscaras. Enter.
Contemplemos o palco das ruas: as mulheres, em sua maioria, desde que capazes de pegar fogo, vivem mostrando o que podem e até o que não podem. Vivem exibindo suas formas esculturais (ou não), calças compridas atochadas em coxas e nádegas e ainda revelando generosamente contornos das partes; seios que sugerem nádegas pródigas expostas como regos luxuriantes a olhos sedentos; às vezes, as mais descompostas pelo excesso de banhas mostram até o começo ou até metade de imensos regos intergluteanos quando se curvam para pegar algo, para afagar a criança ou o totó. E os homens só de olho, alguns bufando, farejando os materiais em exibição mas ali intocáveis. Curiosa e até muito neurótica pantomima... que, admitamos, excita para no fim das contas dar em nada senão excitar: se tudo isso preparasse resultados concretos e quase imediatos, o mundo viveria dividido entre demonstrações de sensualidade e suas consequências, um tremendo meio a meio. Mas não é assim: toda essa exibição excita muito mais do que prepara ou preliba, ou seja: muito mais frustra do que realiza. Pensando bem, coisa de malucos, de psicopatas... Enter.
As mulheres reclamam, desde que me conheço, dos homens que as “comem com os olhos”. Sempre calei diante dessas falas, porque sempre me pareceu que as mulheres vivem se exibindo como se vivessem para justamente isso: serem comidas com os olhos. Sempre me pareceu que provocam até onde o pudor público limita. Se alguns entendem isso como uma promessa ou proposta velada ou explícita, é natural ou compreensível que respondam manifestando sua ânsia de realizar o que fica acionado no ar, o que elas provocam. É impressionante, até incrível: jogos de excitação que não dão em nada senão em frustração garantida!... Quanta imbecilidade! Ou seria apenas acionamento para masturbações, para descarga fisiológica dos pobres que sofrem de carência de fatos sexuais? Enter.
Bem, esse mundo é uma piada. Nem se realmente mataram o Bin Laden sabemos. Se mataram, que grande titica! Depois de uma mentira monumental como associar a Al Qaeda à derrubada das Torres Gêmeas – está mais do que comprovado que os ataques foram ação do próprio Império , que elas depois foram implodidas e que tudo foi preparado com requintes para convencer o mundo otário de que o terrorismo ganhava proporções de ameaça planetária –, Bin Laden se torna uma figura intangível, lendária e até mística, símbolo ridículo de uma ameaça inexistente... e morre assim? Chega uma meia dúzia de yankees assassinos e elimina o cara nas buchas do mundo inteiro, e fica tudo certo? Quer dizer que um grupo de assassinos invade um país, mata um cara lá dentro, e isso é normal, se não virar algo glorioso??? Ou isso é mais uma farsa ou trata-se de outro esquema para desembocar em outro ainda... E nós, otários, olhando para as animações que a imprensa divulga, as primeiras páginas dos jornalões e os telejornais apresentando profusão de fotos e esquemas de como os assassinos agiram, os rambos que a grande macacada vestida que entope esses dias considera os heróis que livram o mundo do mal, tudo isso em meio a formas exibidas pelas malucas que teimam em pôr à prova a resistência das costuras de suas roupas justíssimas e mostram os regos dos seios talvez por não poderem ainda mostrar as bundas logo de uma vez... Enter final.
Bem, vamos mal. O que se nos apresenta é uma incógnita crescente, um enigma que se agiganta a cada instante, e isso faz de nós uns bonecos titicas, e o mundo gira no sentido de um futuro apavorante – pelo menos para os que sabem distinguir as coisas umas das outras. Madame Du Barry disse que “numa sociedade de lobos é preciso aprender a uivar”. E numa sociedade de corruptos e criminosos? É preciso aprender a roubar e a matar? Tô fora, madame! E o destino dos que se negam a se integrar ao meio é o mesmo que impuseram ao Cristo... E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah! Vale lembrar: estamos sob censura desde 11/04/08, aliás mantida por Gilmar Mendes, e a restrição vai totalizando 2002 dias. Abraço pra turma do Estadão, há 654 dias também sob mordaça.