sexta-feira, 12 de março de 2010

Manoel e o apedeuta falastrão e de ressaca

Frederico Mendonça de Oliveira

“Se a Rede Globo quisesse, o apedeuta falastrão já teria de há muito sido posto na rua por caras pintadas!”, comenta Manoel com sua amada Maria, que meio a contragosto acaba que se diverte elegantemente, discretamente, com um sorriso um tanto ensombrecido pela constatação da miséria política e social que nos assola. Acontece que Manoel, ao passar os olhos pelas primeiras páginas de jornais on-line, topou com um vídeo na Folha mostrando um dos últimos “discursos” do presidente apedeuta, fala da qual saltam pérolas que, batendo em nossas testas, doem como um cálculo renal cheio de arestas e imenso passando pelo ureter. A fala do trêfego “presidente” no vídeo, combinada com as imagens, causa uma espécie de náusea, aliás já costumeira quando ouvimos o timbre roufenho e hoje paradigmático do cinismo fundamental para a prática aberta do jogo do poder pelo poder. “Ele acha que é um filósofo popular, que tudo que fala é digno de ser considerado publicável como considerações de Lao Tsé, Confúcio, Bernard Shaw ou coisas que tais”, considera Manoel, sempre acachapado com ver as aparições do gaiato falastrão e sempre sentindo estranho constrangimento diante das falas do tipo. Enter.
Pois lembremos coisas. Apareceu na internet um vídeo em que o tagarelão fala sobre problema de poluição. Começa dizendo que Freud falou coisas que o mundo não haveria de entender. “Eu já disse várias vezes: Freud dizia que tinha algumas coisas que a humanidade não controlaria. Uma dela eram as intempéries". E daí o cara destampou para uma verborragia a respeito do motivo do encontro de Copenhagen em 2009, algo de pasmar qualquer ser dotado de um mínimo de informação: Disse, entre outros achados, que a poluição nos atinge porque a Terra é redonda. E empreendeu a viagem pela maionese, informando à platéia que “ela gira”... E quando ele falou na redondeza, apareceu no vídeo, já editado por quem acompanha essa deprimente patacoada, um emblema da campanha da Skol – que desce redondo, embora ele prefira o que desce quadrado ou retangular: uma cachaça. E continuou desfiando uma série de conceitos em seu Português de submundo, assistido por uma platéia que, seguramente, deveria estar perplexa por vivenciar o fenômeno que é um indivíduo desses estar na presidência de um país. Se ali estivessem professores de Geografia, de História, de Português, haveria severo constrangimento e espanto por estar ocupada a cadeira da mais alta magistratura “nefe paíf” por tal fanfarrão apedeuta. Os dois links ao fim deste texto exibem duas visões críticas editadas sobre o absurdo das falas sobre Copenhagen, em que até a locutora da Globo exibe um tom de leve comiseração pelo ridículo verificado e vivido naquele evento. E o terceiro é tema do que se segue. Enter.
Pois o vídeo apresentado na Folha de 11/03 último revela algo que parece uma reunião de gente muito estranha, e tudo fica mais estranho ainda sob as “palavras” do presidente palrador. Ele abre a fala chutando feio: “Quando cheguei no aeroporto”, quando a preposição que conecta o verbo chegar ao objeto (destino) é a. Depois veio "o governador não poder convidar a ministra PRA VIM AQUI. Depois fala: "...eu não queria dar EXPRICAÇÃO, queria dizer que é um desvio de comportamento DE não aceitar as coisas boas...". Dando prosseguimento ao vexame, ele conclui a escatologia verbal em todos os sentidos com um sonoro "REPÚBRICA". E, tirando essas cacetadas, proferidas seguramente sob ressaca, basta ver o aspecto amassado da face do discursador e sua verve inadequada para o momento, houve o fato do ato falho. Ato falho, aliás, que apenas dá continuidade a tantos outros, que fazem a alegria de quem quer ver o PT em ruínas, de quem se diverte com um doidivanas que caiu no ridículo depois de bancar o salvador da pátria por 25 anos, de quem gosta de ver um gaiato de verdade se estabacando diariamente diante de todos. Enter.
Useiro e vezeiro em bravatas ridículas – como dizer que “a Marisa, a galega, foi logo engravidando”, que lástima... –, o trêfego primeiro mandatário de repente, meio que surtando, começou a falar de si, aliás sua mais constante atitude desde que assumiu essa droga em 2002. E aí, diante de uma assembléia de autoridades cariocas liderada pelo Cabralzinho governadô, Lula começou a se gabar de ter aprendido a fazer política na adversidade. Disse seu um “casco duro”, o que dá pra ver só pelo linguajar normalmente chulo, e soltou a frase de efeito – só que se embananou no próprio surto e se contradisse. Afirmou que “se dependesse de levar bordoada, eu não teria chegado até aqui”, coisa por aí. Ora, então ele não levou bordoada! Veja só você: “dependeu de muita bordoada eu chegar até aqui” é o que ele quis dizer, ampliando a noção de ser um casco duro e de ter aprendido a fazer política na adversidade. Nota-se que é um trapalhão, que se mete a dizer coisas impressionantes e acaba invertendo o teor da mensagem, em mais um ato falho. Você lembra de ele saudando o povo venezuelano dizendo “Querido povo de Bolívia”? Ou de quando ele falou que “o que mais despenca neste país é o salário, ops!, a inflação”? Ou quando disse que o governo dele “foi até hoje o que mais combateu a ética!”, quando queria dizer a corrupção? Esta última pérola de mancada ocorreu quando do escândalo decorrente da famosa declaração do Wagner Tiso, aquilo: “Não estou nem aí para a ética do PT nem para qualquer tipo de ética! O que importa é o jogo do poder!”, e aí o trapalhão represidenciável, cheio de 51 na caveira, troca as bolas em meio ao tiroteio. A turma se dobra de rir! Enter final.
E Manoel considera: “Com tanto ‘alpiste’ no quengo, não há quem não troque as palavras, as idéias, as decisões e até as pernas! Mas o pior é que estamos todos sob ele!”, e com um gesto de compreensão e perdão, embora sabendo que isso há de piorar a cada dia, Manoel abre o congelador e puxa uma latinha. E pensa consigo: “Uma loura gelada é uma loura gelada, mesmo um tanto delas é de se tolerar. Mas viver atolado na pinga?? Porra, é um doido!”. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!

http://www.youtube.com/watch?v=FHzWORHrKcQ

http://www.youtube.com/watch?v=k0DcY2QNV1E.

http://www.youtube.com/watch?v=Mk4E2RMYaQQ

http://www.youtube.com/watch?v=8iA0I6m6dFk&feature=related