terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Manoel e o Natal entre os degenerados

Frederico Mendonça de Oliveira

Dia 22 de dezembro de 2009. O Arraial das Bagas recebe um Papai Noel triste, sem o nascimento do Cristo, mas sob a avidez doentia e psicopatológica dos vendilhões do templo. O Natal de hoje, parta os filhos da Rede Globo, é o Natal do ágio, do lucro, do comércio, da avareza, da matéria. Nas lojas, zumbis atendem outros zumbis, cada um pensando em seus interesses. O Cristo, pendurado ironicamente nos crucifixos que esses objetos vestidos trazem nos pescoços ou que estão nas paredes, repete a frase que proferiu antes de subir aos céus: “Perdoai-os, Pai, eles não sabem o que fazem”. Sim, isso vem de muito longe, e o Natal, antes a festa da confraternização cristã, hoje é o dia de raspar os cordeiros cristãos e católicos de seus poucos recursos, esses cordeiros que já não são gente por se terem curvado à TV como religião muito mais forte que qualquer filosofia. Enter.
Fora o Natal dos zumbis e das múmias do Sistema, a bestialidade anda à solta. O amigo de Manoel, que há três anos sofre perseguição de seres deformados e carregados de um ódio que eles não sabem de onde vem, não cede. Conseguiu gravações especiais de ruídos, de recreio em escola infantil, de ultrassons, ele mesmo gravou sons super loucos na guitarra. Quando os demônios infantis orquestrados pelos autores do crime aparecem, ele revida com som à altura. Os animais vestidos se vêem frustrados, brocham com ver que são superados em incômodo pelos ruídos do amigo. Claro, esse cara é super preparado, super culto, cheio de criatividade, não vai se curvar a um bando de psicopatas ignaros e estúpidos – tão estúpidos que não só usam seus próprios filhos para coonestar a praça criminosa como ainda não se dão conta de que educam seus rebentos para o desrespeito à ordem, aos princípios mínimos do respeito à moral. “Estúpidos ao quadrado, essas bestas feras, senão ao cubo!”, considera Manoel, enojado com o baixo nível que toma conta do enfrentamento. Enter.
E vai morrendo dezembro, vai morrendo mais um ano de opróbrio, de degradação social, de ignomínia. de vergonha, de vexame. A degenerescência é tal que só falta lesão corporal e homicídio nesse tango escroto e desafinado. E os humanóides responsáveis por essa perseguição atroz e covarde, coitados, ainda decoram suas casas com lampadinhas natalinas, tentando fazer de seus antros dominados pela Globo pareçam humanizados e, pior, cristianizados!... Cínicos estúpidos! Como disse o Eça, “só uma obtusidade córnea ou uma má fé cínica” poderiam engendrar enredo tão imbecil. É que o que realmente conduz essas mentes é Mefistófeles, o demônio da trapaça, do engano, da mentira. Sobre ele dizem os magos: “De fato, ele é o selvagem da Filosofia, ou pior ainda: seu Inimigo. Ele é o Pai de todas as Mentiras, o espírito pérfido de negação sistemática e da recusa em admitir que sequer exista qualquer Verdade a ser buscada. Por isso é tão especial nas fileiras do Mal: porque representa e inspira um dos piores tipos de ofensa a Deus, que é o de negar a Verdade e o de rejeitar a Sabedoria”. Pois aí está: os perseguidores do legalista são claramente dedicados a enganar a todos, até a si mesmos, porque são maus e querem parecer bons até para eles próprios, que não passam de bonecos do sistema de ódio que vigora direto e reto por esse mundo afora Enter.
E os vizinhos que perseguem o amigo músico de Manoel são apóstolos do ódio, ainda por cima, lembrando com isso outro demônio, Astaroth, a quem deveriam reverenciar em altares em suas “casas”. Sobre Astaroth, líder desses imbecis, Manoel tem definições: “Sua especialização é justificar a agressão por meio de sofismas baratos e pela mais descarada manipulação dos fatos. Como se sabe, ‘Em toda guerra, a primeira vítima é a Verdade’. Por isso ele não se distingue por suas idéias, mas pelos atos cruéis que impulsiona”. “Preciso dizer mais alguma coisa?”, eructa surdamente Manoel considerando a mediocridade do ódio em si e a superlativização disso através da ignorância como peso multiplicador. “Macacos! Moleques sujos!”, conclui. Enter.
“Pobres crianças, tão cedo conduzidas ao ódio insano, à delinquência, à pratica de delitos pelos próprios pais!”; Mas como a Lei não falha, um dia isso terá uma volta. E os pais anormais, que babaram de ódio cego e necessidade de descarregar suas deformidades e frustrações sobre um homem honrado e feliz, cuja postura de honestidade para com eles foi uma cusparada nos cornos cínicos, um dia receberão a ação em sentido contrário através dos filhos, que deformaram para satisfazer seus instintos de ódio. E o amigo de Manoel dirá apenas: “Deus sabe o que faz”, sem qualquer sentimento de revanche. Apenas contempla a perfeição divina operando livre. E na verdade nem lhe será dado saber do que ocorrerá com esses infelizes que cavam sua própria desgraça: “Isso não é comigo, é com Deus”, comenta o amigo com Manoel, os dois vivendo momentos de grande paz, da paz dos perseguidos que sabem de sua verdade e da razão da perseguição. E o amigo ainda lembra Mateus 5: “Bem aventurados os que são perseguidos por sede de Justiça, porque eles serão fartos”. E a lembrança das Bem Aventuranças deixa os dois grandes amigos em silêncio de êxtase místico por alguns momentos. Enter final.
Depois de uma reação santa sobre os arruaceiros mirins conduzidos por seus “pais”, frustrando a intenção delituosa de perturbar a paz e o sossego de um artista feliz, a calma e o bem voltam a reinar, e o amigo volta a seus trabalhos fecundos e felizes, enquanto os baderneiros somem em meio ao crepúsculo não só desse dia em que agiram como estúpidos delinquentes, mas de sua própria consciência. Não desce sobre esses imbecis infelizes só a noite corriqueira: desce também a treva, o espírito obscurantista e desagregador que os assemelha ao mal em si, que eles aninham em suas almas já a caminho da perdição. Mas Deus é grande: um dia eles inverterão isso, em alguma vida isso virará uma tarefa pelo bem E viva Santo Expedito! Oremos. Feliz Natal, babes.