Sinais do governo de satanás
Frederico Mendonça de Oliveira
Assisto ao discurso proferido por Sevem Suzuki, menina canadense de 13 anos, diante do plenário da ONU quando da ECO 92, reunião de ambientalismo internacional realizada no Rio de Janeiro, e saio arrasado. Andei uns dez quarteirões até meu seguinte compromisso e vivi a sensação de conhecer como será o fim de tudo. Não fosse um espiritualista provecto, daqueles que olham para os lados com profunda piedade diante do que se nos apresenta, e não teria outra coisa a fazer senão chorar. Mas não vou me permitir dar essa pala pra capivaras vestidas. Pobre mundo e pobre país de seres desgraçados! Pobre humanidade de bovinos mugentes e ovinos balantes vivendo ao som da prostituição sonora e prostituição, corrupção e estelionato moral encaminhados em todas as direções! Que fim terá essa triste encenação de uma coisa tão aquém do que chamaríamos de civilização e de vida?? Enter.
No discurso, proferido com um equilíbrio emocional de quem fala em nome de Deus sem qualquer afetação, a dor da denúncia era vista estampada nas fuças dos congressistas, todos vivendo um duro momento de autocrítica. É impressionante uma simples menina de 13 anos passar um esporro tão apocalíptico num congresso de autoridades em assuntos ecológicos do mundo inteiro. E, pior, em plenário da ONU, essa porca miséria que só faz acatar o que os banqueiros internacionais determinam e fica de cara de bunda diante de mais de 50 (por aí, sei lá!) descumprimentos de determinações dela praticados, por exemplo, por Israel. Essa mesma caca de ONU que verga a que o Império afaste de um cargo inamovível nosso embaixador para proscrição de armas químicas, Alexandre Bustani, afastamento imposto pelos departamentos ativos dos mesmos que financiam os ataques ao Afeganistão e ao Iraque. O nome dessa pocilga de organização deveria ser OBINU, mostrando que os banqueiros internacionalistas é que mandam nela. Enter.
O teor do discurso? Bem, deixo que vocês mesmos tentem ver isso. Com isso talvez permitindo que eu roube uns quinze minutos dedicados por vocês à Globo. Estará no You Tube, óbvio. De qualquer forma, vale sintetizar: ela pergunta a todos por que diabos estamos na mão de satanás devastando tudo e todos, e ninguém faz pô nenhuma contra. E depois de falar de excelentes condições de vida no Canadá, onde mora, fala de uma conversa que teve com meninos de rua no Rio, onde se realizou o congresso, e revela que um menino a surpreendeu. Simplesmente porque, ao ser indagado por ela sobre o que faria se fosse rico, o menino de rua respondeu que “compraria comida pra todos os meninos pobres como ele”. E por aí foi, “mijando”, como se diz no Rio quando alguém esculhamba alguém, em tudo e todos. E na mesma ECO 92 o Bush pai, aquele degenerado espiritualmente, demônio da mesma laia de FHC e de quase toda a classe política brasileira, disse não estar nem aí para aquecimento global e problemas decorrentes da já bem próxima extinção da água potável. Uma delícia. Enter.
Mas é tarde, babes. O negócio hoje é sentar o buta na poltrona e se transformar em batata, que a TV faz o resto. O negócio hoje é viver tentando seguir os modismos à risca e deixar o cérebro, essa caca inútil, em ponto morto. O negócio hoje é, na pior das hipóteses, ter um carro do ano, um home theater, um plano de saúde gordo, uma casa (melhor se com piscina), um sítio em área de pouca habitação, empregadas uniformizadas, assinar a Folha, viajar todo ano ao exterior – ou a Porto Seguro mesmo, aquele lixo sonorizado a axé – e aparecer na festa de destaques de sua cidade como empresário do ano e coisas que tais, com direito a posar ao lado de bem aparentados bucéfalos de sucesso em novelas da Globo. O resto, é problema de Deus! Então o negócio é viver como capivaras (pobres animais! Perdoem-me compará-los com esses objetos vestidos que se passam por seres humanos!), pastando e olhando pra TV como quem olha pra ontem, procriando e botando mais e mais e mais capivaras no mundo para que satanás possa levar vantagem sobre o Cristo nos corações daqueles por quem Ele se imolou. Enter.
Mas a diarréia feia está a caminho. A água vai acabar, babes, e todos no mínimo vão feder de alguma forma. E não haverá perfume para todos. Como disse Cazuza, o filósofo aidético, em sua A Burguesia Fede, “enquanto houver burguesia/ não haverá poesia”. É por aí, sim. E agora a burguesia vai feder de verdade, não apenas metaforicamente. Uma estatística de Primeiro Mundo revela que o que se gasta anualmente em perfume nos EUA e Europa daria para saciar a fome no planeta. Um amigo comentou que é porque na Europa, especialmente, não se toma banho regularmente, então a turma já fede mesmo. Lá a água já é severamente controlada, e é óbvio que será muito mais ainda, até que comece a ser enviada do Brasil pra lá por duto ou transatlânticos que transportarão o que temos em nossos aqüíferos. O bobo da corte do Império desde 2003 aboletado no Planalto – não sei como ele não pronuncia “Pranalto” – possivelmente entrará para a História como o doador de nossas águas para seus amos do Norte. Ele não seria capaz de nada acima disso, basta ver que está no topo da maior cadeia de corrupção já vista e tem como porta-vozes gente como o factóide musical Wagner Tiso, apedeuta como ele e assumidamente envolvido unicamente com o jogo do poder tanto quanto assumido publicamente como alheio a qualquer tipo de ética. Sem falar no Zé Diceu, outro apedeuta obtuso. Enter final.
É o fim, gente. A serpente envolve o planeta, e veremos o diabo pulando sobre nossas cabeças, ai de nossos descendentes. Hoje o vemos apenas de perto, o que já não é pouco. O jeito é seguir a filosofia zen: “O que fazer quando se está entre o tigre e o abismo e há um pé de morango a nosso lado? Comer o morango”. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té a hora de a cobra fumar, gente!