sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Os lobos ferozes e a boiada sonolenta. E Niemeyer


A boiada sonolenta é isso que ainda chamamos de “povo brasileiro”, essa piada. De mau gosto, aliás. Ver esse gado humano exibindo sua bovinidade e se multiplicando como insetos e se consolidando como massa de obstrução a qualquer política de evolução social é como sentir o chão desaparecer de sob os pés. Ou como ver desaparecerem os horizontes sob espessa e tenebrosa névoa. Você talvez não entenda essas palavras supostamente cheias de tristeza, mas há de sentir que existe algo que não combina com algo nessa vida em que nos debatemos. Quem enxerga para além da vida material e sabe que a morte é o início do amanhã não teme esse momento dantesco, mas é bastante claro que o quadro atual é de uma morbidez apavorante para os meio lúcidos. Digo “meio lúcidos” porque a maioria dos zumbis que deambulam pela superfície da Banânia têm noção do mundo e da vida, se muito, a partir da matéria. Também pelo fato de TODOS OS SERES vivos e vestidos – alguns não tanto, e não só por luxúria... – existentes dentro das ainda imaginariamente demarcadas fronteiras deste país-quimera, ou país-desastre, serem escravos de TV, twitter (é assim que se escreve isso?), facebook, games, de porcarias de todo tipo, mas especialmente trocando assuntos no nível de titicas e caganifâncias por redes sociais e ovulando de prazer diante das novelas das oito, sempre a mesmíssima merda grossa. Com pode ser considerada lúcida uma pessoa que termina sua semana asininamente diante da globo assistindo a Fantástico? Ou assistindo depois ao filmeco enlatado que fecha a semana dos zumbis? É a vida de gado de que fala o encarquilhado Zé Ramalho da Paraíba, que disse: “Ê ê ê vida de gado! Povo marcado, povo feliz”. “Marcado” significa marcado a ferro em brasa, para identificar o gado, dificultando roubo. Enter.
Se você ainda acha que temos saída adiante, esqueça. Basta ver o seguinte: esse cachaceiro safado que ocupou a presidência posto lá por nós – ou poríamos Serra ou Alkmin, dois tucanos incompententes e privatizadores até, se necessário, da família deles – ainda representava uma esperança de mudança de alguma coisa, pelo menos algo como rever privatizações e iniciar reformas essenciais, que ele tanto arrotou serem necesárias quando ainda caíamos nesse conto petista. Pois foi subir a malfadada rampa e o Çilva I começar a mostrar que nada fechava com nada em relação aos 25 anos de bostejação com que nos envolveu a voz roufenha que até pareceu algo firme e novo. Caiu a máscara desde a posse, com aquela gentuça brega e ignara entupindo a cerimônia de “diplomação”, quando quem tomava posse era quem já mandava desde sempre: tirando a era Getúlio, aqui tudo foi completamente dirigido de fora. E Getúlio acabou dando o rabo à seringa, empunhada por Roosevelt na II Guerra. Mas vale meter a chave de boca nessa porca. Enter.
Pergunta: por que dona Dilma não convocou o Barbosão e o “ministro da Justiça”, mais os chefes militares (ou o civil que agora os “comanda”?) para uma nota à população em cadeia nacional execrando a putaria petista explodida pelo affair Lula/Rose e prometendo uma tomada radical de posição contra o câncer da corrupção que ataca a Pindorama desde Cabral? Já tinha coisas de arrebentar desde 1964 e pareceu chegarmos a uma culminação com miséria do mensalão, e agora aparece mais essa escatologia nas fuças de todos, e o cachaceiro safado é sempre protegido?? Pois é: era a hora certíssima para dona Dilma pegar esse pião na unha... mas parece que não lhe foi permitido, e, ou ela acata as “ordens de fora” ou cai no dia seguinte. E assume o Temer, olha só... É mole? Se ela calcasse nessa tecla, os problemas aumentariam muito pro “governo” dela, essa pasmaceira caótica sem fatos nem atitudes... morô, meu? Pois é: a Banânia tem de continuar Banânia! Enter.
E morre o Niemeyer, e os babaquaras “lamentam”. Lamentar o que, porra?? O cara não tinha mais o que viver aqui, estava em plena decadência biológica, imprestável embora mentalmente ativão, e a zumbizada “lamenta”?? Ora, tinha é que festejar, e muito. Os comunas, que se dizem ateus, deveriam pintar na TV batendo palmas para tão importante saída, todos alegremente aplaudindo a passagem para o nada (comunista é estúpido, não enxerga a imortalidade da alma) deste que foi o “arquiteto do Brasil”. Brasil, aliás, que negaria tanto o cara quanto a obra dele, a julgar pela irresistível tendência arquitetônica brasileira pra construir... favelas. Pensando bem, pra que serve toda aquela Brasília senão para acoitar bandidos e estigmatizar aquelas linhas? De que serve qualquer construção inteligente neste lugar onde o crime e a miséria são muito mais visíveis e impositivos? Bem, o cara se dizia “comunista”, coisa pra loucos. E agora enfrentará Radamanto por outros motivos que não sabemos, embora aquele palácio da Alvorada mereça um zero em concepção dado pelo arquiteto das alturas... e quem estará na comissão de recepção do arquiteto maior do Brasil será Lazló Moholy-Nagy, pedindo “ecad” pela utilização da sua Composição K IV, de que o Oscar tirou o “Congresso Nacional”, hehe. Tem mais: ON disse que “a vida é uma merda, nos condena a desaparecer”. Isso é piada? Enter final.
Valeu, ô bem? Então é. Prosseguindo na babaquarice de lamentar mortes de longevos avançados, veio a notícia ontem da morte aos 91 do pianista Dave Brubeck, um dos pais do cool jazz. Você com certeza não conhece nem o nome, que dirá obra dele. Neste país-lixo, a nova geração nem sabe mais o que é um baião. Merda grossa é isso. Mas ficamos assim: lamentemos titica nenhuma, festejemos! Os caras viveram pra cacete e mudaram algo por aí, têm mais o que fazer pra lá, só espero que o Niemeyer não volte fazendo dupla com o Leandro e que não venha o Brubeck acompanhando os dois ao piano... que desgraça seria isso! E viva Santo expedito! Oremos. Bye, babes...