A boiada sonolenta é isso que ainda chamamos de “povo
brasileiro”, essa piada. De mau gosto, aliás. Ver esse gado humano exibindo sua
bovinidade e se multiplicando como insetos e se consolidando como massa de
obstrução a qualquer política de evolução social é como sentir o chão
desaparecer de sob os pés. Ou como ver desaparecerem os horizontes sob espessa
e tenebrosa névoa. Você talvez não entenda essas palavras supostamente cheias
de tristeza, mas há de sentir que existe algo que não combina com algo nessa
vida em que nos debatemos. Quem enxerga para além da vida material e sabe que a
morte é o início do amanhã não teme esse momento dantesco, mas é bastante claro
que o quadro atual é de uma morbidez apavorante para os meio lúcidos. Digo
“meio lúcidos” porque a maioria dos zumbis que deambulam pela superfície da
Banânia têm noção do mundo e da vida, se muito, a partir da matéria. Também
pelo fato de TODOS OS SERES vivos e vestidos – alguns não tanto, e não só por
luxúria... – existentes dentro das ainda imaginariamente demarcadas fronteiras
deste país-quimera, ou país-desastre, serem escravos de TV, twitter (é assim
que se escreve isso?), facebook, games, de porcarias de todo tipo, mas
especialmente trocando assuntos no nível de titicas e caganifâncias por redes
sociais e ovulando de prazer diante das novelas das oito, sempre a mesmíssima
merda grossa. Com pode ser considerada lúcida uma pessoa que termina sua semana
asininamente diante da globo assistindo a Fantástico? Ou assistindo depois ao
filmeco enlatado que fecha a semana dos zumbis? É a vida de gado de que fala o
encarquilhado Zé Ramalho da Paraíba, que disse: “Ê ê ê vida de gado! Povo
marcado, povo feliz”. “Marcado” significa marcado a ferro em brasa, para
identificar o gado, dificultando roubo. Enter.
Se você ainda acha que temos saída adiante, esqueça. Basta
ver o seguinte: esse cachaceiro safado que ocupou a presidência posto lá por
nós – ou poríamos Serra ou Alkmin, dois tucanos incompententes e privatizadores
até, se necessário, da família deles – ainda representava uma esperança de
mudança de alguma coisa, pelo menos algo como rever privatizações e iniciar
reformas essenciais, que ele tanto arrotou serem necesárias quando ainda
caíamos nesse conto petista. Pois foi subir a malfadada rampa e o Çilva I
começar a mostrar que nada fechava com nada em relação aos 25 anos de
bostejação com que nos envolveu a voz roufenha que até pareceu algo firme e
novo. Caiu a máscara desde a posse, com aquela gentuça brega e ignara entupindo
a cerimônia de “diplomação”, quando quem tomava posse era quem já mandava desde
sempre: tirando a era Getúlio, aqui tudo foi completamente dirigido de fora. E
Getúlio acabou dando o rabo à seringa, empunhada por Roosevelt na II Guerra.
Mas vale meter a chave de boca nessa porca. Enter.
Pergunta: por que dona Dilma não convocou o Barbosão e o
“ministro da Justiça”, mais os chefes militares (ou o civil que agora os
“comanda”?) para uma nota à população em cadeia nacional execrando a putaria
petista explodida pelo affair Lula/Rose e prometendo uma tomada radical de
posição contra o câncer da corrupção que ataca a Pindorama desde Cabral? Já
tinha coisas de arrebentar desde 1964 e pareceu chegarmos a uma culminação com
miséria do mensalão, e agora aparece mais essa escatologia nas fuças de todos,
e o cachaceiro safado é sempre protegido?? Pois é: era a hora certíssima para
dona Dilma pegar esse pião na unha... mas parece que não lhe foi permitido, e,
ou ela acata as “ordens de fora” ou cai no dia seguinte. E assume o Temer, olha
só... É mole? Se ela calcasse nessa tecla, os problemas aumentariam muito pro
“governo” dela, essa pasmaceira caótica sem fatos nem atitudes... morô, meu?
Pois é: a Banânia tem de continuar Banânia! Enter.
E morre o Niemeyer, e os babaquaras “lamentam”. Lamentar o
que, porra?? O cara não tinha mais o que viver aqui, estava em plena decadência
biológica, imprestável embora mentalmente ativão, e a zumbizada “lamenta”??
Ora, tinha é que festejar, e muito. Os comunas, que se dizem ateus, deveriam pintar
na TV batendo palmas para tão importante saída, todos alegremente aplaudindo a
passagem para o nada (comunista é estúpido, não enxerga a imortalidade da alma)
deste que foi o “arquiteto do Brasil”. Brasil, aliás, que negaria tanto o cara
quanto a obra dele, a julgar pela irresistível tendência arquitetônica
brasileira pra construir... favelas. Pensando bem, pra que serve toda aquela
Brasília senão para acoitar bandidos e estigmatizar aquelas linhas? De que
serve qualquer construção inteligente neste lugar onde o crime e a miséria são
muito mais visíveis e impositivos? Bem, o cara se dizia “comunista”, coisa pra loucos.
E agora enfrentará Radamanto por outros motivos que não sabemos, embora aquele
palácio da Alvorada mereça um zero em concepção dado pelo arquiteto das
alturas... e quem estará na comissão de recepção do arquiteto maior do Brasil
será Lazló Moholy-Nagy, pedindo “ecad” pela utilização da sua Composição K IV,
de que o Oscar tirou o “Congresso Nacional”, hehe. Tem mais: ON disse que “a
vida é uma merda, nos condena a desaparecer”. Isso é piada? Enter final.
Valeu, ô bem? Então é. Prosseguindo na babaquarice de
lamentar mortes de longevos avançados, veio a notícia ontem da morte aos 91 do
pianista Dave Brubeck, um dos pais do cool jazz. Você com certeza não conhece
nem o nome, que dirá obra dele. Neste país-lixo, a nova geração nem sabe mais o
que é um baião. Merda grossa é isso. Mas ficamos assim: lamentemos titica
nenhuma, festejemos! Os caras viveram pra cacete e mudaram algo por aí, têm
mais o que fazer pra lá, só espero que o Niemeyer não volte fazendo dupla com o
Leandro e que não venha o Brubeck acompanhando os dois ao piano... que desgraça
seria isso! E viva Santo expedito! Oremos. Bye, babes...