Frederico Mendonça de Oliveira
Conheci pessoalmente o tal do Lula em Fortaleza, circa 1981. Estávamos no bar do Deó, também conhecido como Bar da Sereia, Francis Vale, Gonzaguinha e eu. Nisso chegaram Lula e uns dois ou três tipos com ele. Os dois grupos se toparam, as duas estrelas se reconheceram e se festejaram, os cumprimentos e falas se fizeram entre as duas comitivas. No papinho que troquei com o já manjado líder petista, mencionei ser sobrinho de dom Jorge Marcos, o Bispo Operário, ao que ele declarou com entusiasmo: “Ah!, dom Jorge! O bispo dos bons tempos!”. Abraços e despedidas, cada grupo foi atrás de seu rumo. E me ficou balançando na cabeça o que o cara disse. Gozado: parecia não fazer sentido... Que “bons tempos”? Por acaso tivéramos alguma era socialista no passado? Ou alguma era de justiça social? Ou ele se referia ao grande movimento político acionado tão logo a ditadura militar se apossou do País? Bem, seja o que for, ficou um buraco nisso. Meu tio era um homem de grande talento e grande instrução, chegando também a uma razoável cultura. Foi professor de gente como Carlos Heitor Cony, que depois se dizia ateu na TV, quando esses assuntos rolavam no ar. Mas algo me pareceu não bater com algo naquele encontro. Senti um cheiro de farsa nas palavras do cara... mas fiquei na minha. Enter.
Hoje tudo se esclareceu. A farsa era um fato. O PT foi um partido criado por forças ocultas e levado ao abismo para com isso, certamente, levar ao abismo a esperança social e política do pobre povo brasileiro que embarcou nessa. Comecei a ver isso quando o cara virou deputado federal e nada fez de concreto em sua “deputança”. Como deputado ele mostrou ser vago do mesmo jeito que falou de meu tio, e a coisa se mostrou, soprada por algum guia, um anjo, sei lá. Jamais o tipo subiu à tribuna e soltou a cachorrada naqueles sevandijas que rastejam e se esfregam entre si naquele antro. Não deu qualquer ibope, passou a legislatura in albis, ganhando, claro, seu rico dinheirinho, que ninguém é de ferro. Ali se revelou a “flexibilidade”, a “moldabilidade” que não se vislumbrara antes na radicalidade expressada e representada – se não teatralizada – em todas as posições do cara e do PT. E em que caímos como patinhos, como nunca antes ocorrera neste país. Enter.
Mas é que não poderíamos imaginar, educados que fomos por nossos pais, dentro de preceitos anteriores aos da babá eletrônica instalada e operante desde que a Globo entrou no ar, que pudesse ocorrer tamanha falcatrua engendrada por um grupo supostamente renovador e progressista, e isso dar no que hoje vemos e vivenciamos: a derrocada TOTAL da estrutura social e de poder na Pindorama. Vai nessa enxurrada a esperança e a possibilidade de crer em qualquer reversão dessa conjuntura. É o mesmo que Deus se revelar diabólico. É o mesmo que levar a punhalada de Brutus... parece impossível. E deu no que deu: o farsante cínico representou o irado opositor dos bandidos aboletados no poder para, décadas depois, mergulhar de cabeça no lamaçal que em que tanto cuspiu. Não só mergulhar: vimos o cara se lambuzar na podridão com explicitado prazer, ficando todos nós abestalhados e sem ação diante de tal inversão de sinal. Você deve ter sentido o mesmo, por mais que fosse alienado ou abestalhado. E agora vêm os comentários dos que preferem exibir palavrório jornalístico a enxergar os fatos que estão diante de seus narizes. Xingam Ahmadinejad com a mesma irresponsabilidade com que se referem a Lula como ex-presidente. Isto porque Lula não foi presidente, apenas ocupou a presidência. Quem governou nesses oito anos foi uma outra força, que está incrustada no poder no Brasil desde sempre, mas que agora está pegando pesadíssimo!... Vamos a textos. Enter.
“Realmente, o estado de saúde psicológica de Lula inspira cuidados. Tinha uma biografia que o transformara num dos mais importantes políticos da História. Se ficasse quieto, sua imagem se fortaleceria cada vez mais, o mito só tenderia a crescer. Porém, está claro que o poder lhe subiu à cabeça. A egolatria o dominou inteiramente, julga-se dono de tudo, faz o que bem entende e acha que tudo ficará por isso mesmo”. Vejamos: “num dos mais importantes políticos da História”. Que “história”? E que político é ou foi esse cara? Pelo que sabemos, jamais fez coisa nenhuma! Quando acomodou o traseiro na Presidência, voltou as costas para o que pregara por duas décadas e tal, e é sabido que só falou; fazer, fez coisa nenhuma! Na Presidência, somente eructou asneiras de alcoólatra aos quatro ventos! E tem mais: “Com isso, está desmoralizando e destruindo o PT, ao mesmo tempo em que se dedica a demolir a própria biografia. Tornou-se uma espécie de Il Duce de Garanhuns, um Napoleão de hospício, um Luís XIV em versão petista, a se olhar no espelho e proclamar ‘L’Etat c’est moi’, como se alguém pudesse ser dono do Estado”. Ato falho dele, amigo Carlos Newton! Ele inconscientemente está denunciando tudo, inclusive a si próprio, porque o peso do pecado na “consciência” está doendo demais! Trata-se de uma reação espontânea que acomete o tipo: sonhando com ganhar o céu, inconscientemente desfaz e demole tudo, tanto ele próprio como o PT dos mensaleiros... Enter final.
O que você acha dessa merda toda? Uma gracinha? Pois bem, agora é vida ou morte. Agora é o salve-se quem puder. Agora a putaria está explicitada, só existirá saída através da reformulação de tudo, inclusive da sociedade civil, transformada numa legião de cabeças ocas, zumbis, andróides, selvagens, bestas, macacos sem rabo, voyeuristas de tudo! Agora é um “ouvaiourracha”. Só que nossas esperanças se foram. Então, parece-me, e a muitos, que o que nos espera é a barbárie... e viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Em tempo: o julgamento do Mensalão parece que sai. Aquele ministro de olhar abissal parece que se coça até segunda. Prepare a cerveja, irmão, vamos ver loucuras... como, por exemplo, tudo isso dar em nada. Afinal, nascemos para ser hienas, rindo da própria feiúra.