quinta-feira, 30 de julho de 2009

Manoel, o Senado, a Justiça e a gripe suína

Frederico Mendonça de Oliveira

Comecemos por essa merda de gripe suína aí. Desconfiado de mais uma jogada suja contra os povos, já que, desde que se conhece, nosso herói coleciona safadezas estúpidas que ele presenciou ou veio descobrindo ao longo dos seus mais de 60 anos, Manoel considera a gripe suína como outro golpe pra alugar a macacada e vender uns bilhões de Tamiflu mundo afora, simplesmente para engordar nuns bilhõezinhos a conta do crápula genocida Donald Rumsfeld. E Manoel se pergunta se Ronaldo Peidômeno, Ana Maria Brega, Gisele Sembundchen e outras mentes “privilegiadas” nesta colônia teriam qualquer idéia sobre o que seja Tamiflu ou Donald Rumsfeld. “Essas mentes de cabaça seca devem estar é evitando comer carne de porco pra não pegar essa gripe...”, considera nosso amigo luso, e logo deixa de lado tais reflexões, porque só de pensar nessas criaturas parece que o mundo se converte num circo irremediavelmente a serviço de malabarismos de mau gosto. E considerando o que rola de boçalidade na pracita que um safado criminosamente implantou ao lado de sua casa e que todo o entorno de gente igualmente safada apoiou como se fosse uma redenção, a isso juntando a lembrança da facies imbecil dos “ídalos” do país-lugar transformado em mar de lama, nosso herói resolve mudar de assunto em sua mente lúcida e piedosa. As estatísticas da gripe suína são irrisórias em relação a outros fatores determinantes de mortalidade mundo afora, mas vamos ver que merda vai ser essa. Enter
E, abrindo o blog do Frederico Vasconcelos, na Folha, eis o petardo que atinge em cheio nosso herói: “Neste domingo (26/7), a Folha registra que dez anos depois de o jornal revelar que os patrimônios dos desembargadores Paulo Theotonio Costa e Roberto Haddad, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, contrastavam com o padrão comum dos magistrados, várias ações judiciais foram propostas contra os dois a partir daquela reportagem, mas nenhuma resultou em condenação definitiva”. “Que engraçado!”, pensa Manoel: “Por aqui está até pior: um cidadão honesto denuncia um magistrado que cometeu um ilícito público envolvendo ainda o Executivo, o Legislativo, o Ministério Público, a imprensa local e moradores – estes, as mulas de sempre, com QI comparável ao de frangos de granja –, e acaba processado, perseguido, constrangido, injuriado, agredido e discriminado, enquanto o delinquente que se beneficiou da prevaricação sumiu por aí deixando o aborto urbanístico em plena função de litígio e impacto negativo de vizinhança, crime ambiental e perturbação permanente de sossego. “Já se vão dois anos desde a implantação do ilícito nas barbas de todos e nada aconteceu, senão perseguição judicial, pessoal, de vizinhança e social – o arraial é um grande curral de bestas assumidas e aguerridas em sua estupidez – sofridas pelo cidadão legalista. Pois esses que a Folha denuncia são do barulho: um deles tem 33 carros, dentre eles três Mercedes, dois BMW e uma caminhonete Mitsubichi, mais lancha super luxo. Outro tem bloco de prédios residenciais – parece que nove – e imóveis em várias cidades, e está aí prosa, defecando e deambulando para tudo, absolutamente ciente de que nada lhe acontecerá. Indignado, Manoel quase cospe pro lado, coisa que raras vezes fez na vida, mas o engulho é tal que só uma cusparada metaforiza a ira contra a infâmia que nos acomete. Enter.
Pois é abrir a versão on-line dos jornalões e lá está a carantonha abjeta do peidante Sarney, escória da história recente da colônia Brasilis, pole position de degradação pessoal e política na Pindorama. Aquelas bochechas flácidas e aquele bigode formam um conjunto que um pobre qualquer gostaria de esbofetear sonoramente, especialmente pela facies sardônica do ignóbil politiqueiro reles e execrável, inimigo real do povo brasileiro. E, diante da explosão do escândalo no Senado, teve um senador desses de quem jamais ouvimos falar que declarou que “Se o Senado for extinto, não fará falta nenhuma ao todo institucional”. “Óbvio que não!!! Descobriste a pólvora, ó pá???”, vocifera Manoel pra dentro do cavername onde bate um coração sofrido: “Que falta poderá fazer a qualquer país um antro de ladroagem e de pouca vergonha cujas despesas faraônicas são pagas pelo suor do cidadão trabalhador???”, e de novo Manoel tem o impulso de escarrar manifestando asco, mas pensa em sua Maria, tão séria, tão bela, tão aguerrida em sua feminilidade e consciência política, esta, aliás, coisa rara em mulheres, e a compostura fala mais alto, e nosso herói engole em seco. E se pergunta:. “Como pode gente da laia desse degenerado Sarney, gente (gente??) como FHC e coisas dessa linha de putrescência permanecer viva por aí como se fossem cidadãos, quando são traidores reles, imundos, descarados, deslavados??”, e um cheiro de tetrametilenodiamina (o tão conhecido cheiro de podre) toma conta do ar, só de Manoel lembrar de FHC a reboque da imagem sórdida e desclassificada de Sarney. Enter final.
E Manoel mais uma vez reflete sobre a “Terra do Nunca”, aquela fantasia que começa em Peter Pan, passa por Michael Jackson – ambos incapazes de virar gente grande, cada um no seu estilo, mas ambos cercados de dúvidas quanto a sexo e idade – e acaba no Brasil. Oh!, o Brasiiiil!, rematada e irreversível Terra do Nunca (nunca se emancipa, nunca vence a corrupção, nunca deixa de ser colônia, nunca evolui, nunca vence problemas cruciais, nunca prende os políticos bandidos responsáveis por nossa desgraça social, e por aí vai) e que acaba sendo também a terra do “existe mas não existe”: “Isto porque, pelo visto, só nesta reflexão fica evidente que as três coisas abordadas no título não existem no Brasil: Senado, Justiça e gripe suína. No caso desta, vale lembrar que a gripe comum mata meio milhão de seres por ano. A gripe aviária matou 250 pessoas em dez anos. A suína vai matando leve pelo mundo, mas, curiosamente, mata muito mais no Terceiro Mundo! Será que existe? E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Manoel e as ventosidades (in)convenientes

Frederico Mendonça de Oliveira

Certa vez o presidente de Portugal – Manoel considera ter sido Craveiro Lopes – foi visitar a Inglaterra. Era lá pra 1955, por aí. Bem, o protocolo manda que qualquer presidente que visite Londres desfile ao lado da rainha de carruagem pelas ruas principais de Londres, e que seja passada em revista a guarda de honra do palácio de Buckingham. Pois iam os dois naquela pantomima ridícula, o presidente acenando para o povo nas ruas e a rainha fazendo seu tipo sempre empetecada com chapéu combinando com aquelas roupas sempre sem qualquer graça, e os belos bretões puxando a carruagem no maior garbo. Um deles, depois de um relincho indicativo de dor nas tripas, emitiu um estrondoso peido, na verdade um prodígio de potência, aliás questão de muita valia em se tratando de gostos de portugueses. Pois falando um português refinado típico de aristocratas, eis que a rainha, constrangida com o estrondoso fato – ou flato, como queiram –, falou para o presidente: “Oh!!!, senhor presidente! Que vergonha! Mas tem certas coisas que não podemos evitar, não é mesmo?” – ao que Craveiro teria respondido: “Oh!, majestade! Não se preocupe! Eu até pensei que tivesse sido o cavalo!’. E prosseguiu o passeio protocolar. Enter.
“Essa mania de mostrar os portugueses como sendo burros tem uma grande vantagem”, reflete Manoel: “Mostra que a suposta burrice não passa de um senso de humor que povos como os brasileiros não sonham ter!” E Manoel tem grandes chances de estar com a razão. Ou você não riu de imaginar, primeiro, a sinuca em que ficou a rainha frente ao equívoco?; segundo, ela imaginar que o presidente acreditasse que ela fosse capaz de emitir tamanho estrondo com seu esfíncter real; terceiro, o presidente estar mesmo falando sério, como certo de que sua majestade pudesse peidar tão poderosamente. Assim, uma gafe inevitável se transforma em uma situação hilariante, o que mostra que o senso de humor dos portugueses é imbatível. Pois não ficamos por aí: outro portuga entra num elevador onde já se encontra, descendo, um casal. Tão logo entra, o portuga emite um sonoro flato. O homem, indignado, esbraveja com o peidão: “Como é que o senhor faz isso na frente da minha mulher???”, ao que o portuga responde, sereno e educado: “Oh!, me desculpe! Eu não sabia que era a vez dela!”. Como podem ver, haja presença de espírito, criatividade, senão malícia pronta combinada a grande senso de humor. Enter.
E quem não libera suas ventosidades, sejam traquitos inodoros de donzela virgem, sejam bombas de cinquentões pançudos, sejam apitinhos assoviados fininho de noiva no altar no momento de benzer as alianças? Se não soltarmos os puns, eles retornam para dentro do tubo intestinal e complicam o fluxo peristáltico, disso podendo advir prisão de ventre! Mas que é sempre uma situação inusitada a emissão de peidos, lá isso é verdade. De uma feita, Manoel caminhava subindo a ladeira que leva a seu bairro. Como bom cervejeiro, costuma ter turbulências intestinais, que podem ocorrer na condição de diarréia ou de forte flatulência. “Vou peidar”, pensou Manoel, que julgava ser o único a caminhar por aquela lombada acima. Mas seu anjo da guarda fez que ele por precaução olhasse para trás, e eis que a meio metro dele vinha uma donzela com seu caminhar silenciado pelo solado de borracha do tênis. A bomba, que já estava na boca do canhão, teve de ser reprimida, e Manoel se livrou de um tremendo vexame, pois não é dado a aliviar com estampido seus intestinos diante de moças. Mesmo que seja muito diferente de uma moça educada, não importa. Importa é ELE ser educado e cavalheiro. Suando frio de ter detido um fluxo gasoso do tamanho de um pet de 600 ml, Manoel ganhou distância da sirigaita até poder se livrar da pressão, que ficou em ponto de dinamite bem no portal do fiofó contraído. Enter.
E não é raro o negócio de ele ter de se levantar do leito conjugal pela manhã já saída para ir liberar suas flatulências longe da câmara conjugal. O diabo é que quase sempre, apertado pela pressão de saída desesperada dos gases, tem de andar vários passos até sair do quarto, fechar a porta e ganhar uma distância segura para soltar os cachorros. Pois no que percorre tal estirão, eis que o flato volta às entranhas do cólon descendente, e eis Manoel perdido na casa com o vento acochado de novo nas tripas. E no que volta ao quarto e se deita, lá vem o sacana de novo pra boca do roscofe, e lá sai ele de novo. O que ele ignora é o quanto sua amada Maria se diverte de vê-lo evadir-se do leito em respeito a ela, e como se diverte ela mais ainda quando ouve os tiros de artilharia pesada que ressoam pela casa, e Manoel pensando que está a salvo de ser ouvido. Cruel, isso, muito cruel. Mas que seja. Fazer o quê? Enter.
Pois Manoel ficou intrigado com saber de um cirurgião seu amicíssimo que peida-se muito em salas de cirurgia. Pobre do paciente! Mal saberá ele que, sedado, andou aspirando gases mefíticos sulfídricos enquanto lhe metiam o bisturi! “Covardia!”, pensa Manoel acabrunhado. E mais ainda ficam esquisitas as coisas quando ele imagina a quantidade de puns que os congressistas emitem em plenário, especialmente porque vivem em banquetes e bocas livres, em farras em motéis que produzem fermentações obrigatórias, e tal consideração leva Manoel a indagar sobre o porquê de o peido ser tão mágico. O anúncio da Luftal é admirável...O pum também. Já os políticos... Enter final.
Tão encafifado ficou nosso herói com tais reflexões que resolveu ir ao dicionário consultar sobre a etimologia da palavra peido, e qual não foi sua surpresa ao verificar, no Houaiss, que não se trata de palavra onomatopéica, mas de verbete proveniente do latim, peditum, significando “traque, ventosidade”. E Manoel queda conjeturando sobre se o papa, em missa solene no Vaticano, não libera seus gases por baixo enquanto seus latinórios saem pelo orifício oposto em louvação a Deus. E se não seria admirável espargir um gás pelo recinto religioso que produzisse um azul no ar em reação com o gás sulfídrico. “Puta merda! A atmosfera interior da ingreja ficaria cheia de nuvens azuis, inclusive lá pro altar!” E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Manoel e a Terra do Nunca

Frederico Mendonça de Oliveira

Em sessão de recordação de sua infância, Manoel reconsidera coisas sobre o que não havia parado para pensar. E repensa muitos detalhes que ficaram intocados em seu subconsciente mesmo sob a grande pressão da entrada da adolescência e o ingresso na idade adulta. Soterrados por injunções e novas conjunturas que exigiram tomada de posição em plano crítico, eis que os símbolos e conteúdos assimilados na infância agora afloram em chafariz, e Manoel se vê às voltas com referências que na verdade o desviam da realidade – e ele nem tinha consciência disso... até que uma olhada no Kibeloco lhe sacudiu as referências. Enter.
Começou essa onda quando uma bela criatura ainda teen lhe chamou a atenção para um tombo do Caetano. O vate baiano fazia um show para otários não se sabe onde, e esse show foi filmado de alguma forma, até cair no divertido blog de curtição com a cara dos famosos. Manoel, que foi muito amigo de Cae em meados da década de 70 e que até esteve com o cantor em 1997 para lhe entregar o livro que escrevera sobre o pianista Tenório Jr., amigo querido de ambos, não pôde conter as gargalhadas quando viu o estabaco do velho amigo. Não é aquela coisa do Voltaire, que avaliou a condição humana através de observar que, ao ver uma pessoa levando um tombo, o diabinho que mora em nós se diverte logo, ao passo que o anjinho também nosso hóspede se demora algum tempo para socorrer o acidentado. Mas até vale encartar isso, uma vez que pode ser genérico, e Voltaire não era um pensador que emitisse conceitos pelo rabo. Acaba é que todos, mal ou bem, nos reconhecemos no exemplo acima... e que a perda de equilíbrio tem sempre seu conteúdo ridículo. Pois o que levou nosso herói ao solo não foi nada além da enorme léria que prossegue ocorrendo sob a influência dos globalizadores, e isso pede parágrafo especial. Enter.
Que diabo foi o “fenômeno” Michael Jackson? Um produto bem trabalhado pelos venenos do marketing? Uma ocorrência cármica igual a tantas outras, em que um ser humano é deificado a ponto de gerar romarias de adoradores e de “fiéis”? E que diabo de Neverland é aquilo, um lugar como outros tantos mas que vira um local sagrado para.... otários? Pois a partir dessas digressões Manoel volta a outra Terra do Nunca, a do Peter Pan, e reconsidera que suas práticas no território de Onã muitas vezes teriam sido inspiradas pelas lindas pernoquinhas nuas – ah, aquelas coxinhas rolicinhas!...- da fadinha Sininho, que era apaixonada pelo valente e estúpido Peter Pan, assexuado e fantasioso, na verdade um veneno para crianças. Pois Peter Pan e Michael Jackson têm muito em comum: nenhum dos dois queria saber de crescer (Jackson morreu infantil aos 50 anos...), não se interessavam realmente por fêmeas e eram cheios de truques. E, na esteira dessa associação de Jackson & Pan, Manoel topa com o universo Disney (José Guinao de batismo), que tanta merda rala lhe enfiou na cabeça e na alma. Personagens como Pato Donald e Mickey – que não se uniam devidamente a Margarida e Minie, ficando a relação sempre no ar –; Tio Patinhas, um Rockfeller desprovido de qualquer sombra de afetividade ou libido; e mais o Pateta, homem-cachorro aludindo aos negros, ops!, afrodescendentes americanos, lhe vêm á mente como ícones de referência intangível, como parâmetros, e de tudo aflora uma incrível perplexidade. Como se pôde enfiar tanta titica em tantas mentes e tantas searas culturais de tantos povos, e isso não ter sido até hoje sequer questionado? Realmente, uma terrível minoria maligna, um câncer que assola a vida dos povos, responde por quê. É que o projeto era transformar, através do cinema, das revistinhas em quadrinhos, do rádio e depois através da TV – este o instrumento de maior poder de devastação já conhecido – o mundo em uma Terra do Nunca, ficando para eles, os conquistadores, depois de subjugada a Humanidade, a Terra do Sempre. “Eis o que se pode chamar de verdadeiro “ardente nacionalismo tribal”, conjetura Manoel a respeito dos filhos de Mefistófeles e de Babalon, entrando nisso, em participação especial, Baphomet, enquanto Maria chega toda feminina, cheirosa e linda trazendo-lhe um segundo cafezinho para esquentar o dia de inverno. “Que porra de Sininho cacete nenhum!”, decide Manoel, que cresceu de verdade e se dirige para uma velhice lúcida e digna ao lado de sua verdadeira fada, Maria, em comparação com quem qualquer criação da Disney não passa de safada qualquer. “E pensar que engoli tanta porcaria vida afora!”, considera. Enter.
Reavaliando tudo isso, Manoel retira como que cirurgicamente de sua mente esses resquícios de valores não cozidos, não digeridos, apenas introjetados por força da máquina de burrificação que envolve o planeta desde tempos imemoriais e que é manejada pela já citada minoria demoníaca obcecada por dominar a Humanidade e submetê-la a seus pés. E a Terra do Nunca se desfaz em fumaça, levando para a lixeira os Disneys de ontem – os de hoje são inaceitáveis, e só servem para literalmente foder com a cabeça da criançada, como Xuxas e que tais – e os Michael Jackson de hoje, debelando a ação bacteriana e viral dessas fantasias estúpidas. Enter final.
Pois tem Caetano de volta: quem quiser ver a cena, basta buscar no Kibeloco “o tombo de Caetano’, ou “o estabaco de Caetano”. Ele cantava para um bando de estúpidos sua chatérrima composição Força Estranha, e os babaquaras babavam diante disso como se assistissem à aparição de Santo Expedito, e essa sessão de oligofrenia acabou virando tombo. “Metafórico, isso!”, pensa Manoel, por sinal experimentando alívio ao verificar que o amigo nada sofreu. “Muito bem, muito bem: a força estranha se manifestou jogando o cara embaixo, pois aquilo tudo era um episódio sobre o que outro baiano, Gregório de Mattos, consideraria como “Tudo somado é nada!”. “E o Brasil, este lugar malfadado, é a verdadeira Terra do Nunca!”, pensa Manoel: “nunca melhora, nunca vence a pobreza, o analfabetismo, a fome, o tráfico e a guerra civil, nunca se livra da corrupção, nunca alcança a maioridade como nação, nunca vira país!”. E assim Manoel queda, consolado por sua Maria, anjo. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Manoel e as cobras do arraial e do Brasil

Frederico Mendonça de Oliveira

Maria, no que realiza suas tarefas paralelas às de Manoel, envolvida afetiva e profissionalmente com ele, descobriu um barato a respeito de um jornalista que denunciou falcatruas no Pará e passou a ser perseguido por juiz e coisas nesse nível. Chapada com a semelhança da perseguição em relação ao que ocorre no arraialito, onde um morador que denunciou crime de prevaricação envolvendo os três poderes municipais e mais o Ministério Público, sem esquecer que a canalhice contou com a participação do pasquim local, uma “publicação” safada que os ligados no arraial chamam de “nada consta” ou de “nada a declarar” (só falta esses invertebrados publicarem receita de bolo de fubá na página de capa), Maria enviou de seu reduto de trabalho o link para Manoel. E Manoel resolveu dar notícia disso a quem interessar possa. Abaixo, detalhes dos fatos sórdidos. Enter.
“Lúcio Flávio Pinto talvez seja hoje o jornalista mais respeitado e destemido da Região Norte. Ele é o solitário redator do Jornal Pessoal, empreitada independente, que não aceita anúncios, tem tiragem quinzenal de 2 mil exemplares. Há 17 anos, os representantes da família Marinho no Pará (O Liberal) perseguem-no de forma implacável. Ronaldo Maiorana, um dos donos do Grupo Liberal já emboscou Lúcio por trás, num restaurante, e espancou-o com a ajuda de dois capangas da Polícia Militar. Agora, um juiz do Pará condenou Lúcio Flávio a pagar 30 mil reais aos irmãos Maiorana.”. “Puta que pariu!”, considera Manoel: “O jornalista leva pau do sujeito e de mais dois PMs e é obrigado a pagar por ter apanhado??”, e prossegue estudando a coisa, que é avaliada por outro jornalista: “Há 17 anos, os representantes paraenses da corja comandada pela família Marinho perseguem-no de forma implacável. Ronaldo Maiorana, dono (junto com seu irmão, Romulo Maiorana Jr.) do Grupo Liberal, afiliado à Rede Globo de Televisão, emboscou Lúcio por trás, num restaurante, e espancou-o com a ajuda de dois capangas da Polícia Militar, contratados nas suas horas vagas e depois promovidos na corporação. O espancamento, crime de covardia inominável, só rendeu a Maiorana a condenação a doar algumas cestas básicas”. “Caraça!,”, exclama nosso herói, “aqui neste arraialito no Sul de Minas acontece algo muito similar com o cara que peitou a prevaricação praticada pelos poderes locais! Se o denunciante, que cumpriu seu papel de cidadão, tivesse aberto seu portão num belo sábado de março, teria sido preso e espancado por um delegado que foi provocá-lo em sua porta! A sorte é que o cara foi precavido, não abrindo o portão!”, e eis que se redesenha no Arraial das Bagas um desenrolar de fatos em quase todos os detalhes congruente com a saga de Lúcio Flávio Pinto: ambos são jornalistas, denunciam crimes de poderosos, têm jornal sem comerciais, praticamente pagam para publicar suas tarefas jornalísticas, são perseguidos por juízes inescrupulosos e vitimados pela máquina da Justiça por não concordarem com corrupção; e ambos, de vítimas, passam a réus, mostrando que “nefte paíf”, como diz o refocilante primeiro mandatário algo suídeo algo histriônico desta desgraçada terra de ninguém, o mal triunfa como que pavimentando o caminho para o despedaçamento final, para o armagedon, para o combate entre as montanhas, para o apocalipse. Basta contemplar as carantonhas dos que detêm o poder atualmente para nelas entrever os seres malignos encarregados de levar a cabo o cataclismo final. E basta ouvir um nome como Sarney ou ver a hedionda imagem deste arquiprofissional da corrupção para sentir na alma a frequência, a vibração das regiões inferiores e tenebrosas que nos ameaçam a paz e a correção. Enter.
E Manoel prossegue aprofundando o material enviado por sua amada Maria (e pensa nela com ternura, evocando suas formas roliças e generosas): “Alguns meses depois da agressão, Lúcio foi convidado pelo jornalista Maurizio Chierici a escrever um artigo para um livro a ser publicado na Itália. O texto, eminentemente jornalístico, relatava as origens do grupo Liberal. Em determinado momento, dentro de um contexto bem mais amplo, ele fez referência às atividades de Maiorana pai no contrabando, prática bem comum, aliás, na Região Norte na época. Como se pode depreender da leitura do artigo, nada ali tinha cunho calunioso, posto que – uma vez processado, Lúcio anexou aos autos toda a documentação que provava a veracidade do que afirmava”. Manoel se ajeita na cadeira, abestalhado com a semelhança dos dois casos: “Porra!, o cara aqui também foi processado por calúnia, e a defesa dele reduziu a merda a ação movida pelo juiz, e este se esquiva das devastadoras defesas que o desmascaram escandalosamente manipulando seus colegas e manobrando no sentido de engavetar o processo para evitar uma prescrição! É monstruoso!”, Manoel quase cai com cadeira e tudo quando verifica a semelhança das censuras impostas a ambos, a Lúcio Flávio no Pará e ao morador perseguido no Arraial das Bagas “O juiz também me proibiu”, comenta Lúcio Flávio, “de utilizar em meu jornal ‘qualquer expressão agressiva, injuriosa, difamatória e caluniosa contra a memória do extinto pai dos requerentes e contra a pessoa destes’. Também terei que publicar a carta que os irmãos Maiorana me enviarem, no exercício do direito de resposta. Se não cumprir a determinação, pagarei multa de R$ 30 mil e incorrerei em crime de desobediência”. Enter final.
“Prosseguiremos nessa avaliação, mesmo que isso me custe uma fermentação sulfídrica das boas, com direito a copiosas caganeiras!”, decide Manoel, considerando a necessidade imperiosa de passar adiante a denúncia da cancerificação dos poderes nesse país reduzido a porca miséria. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Manoel e a náusea incontida

Frederico Mendonça de Oliveira

Morador no arraial sul-mineiro tido outrora como pólo (com ou sem acento agora, porra??) cultural desde os bons tempos em que no Brasil se amarrava cachorro com linguiça (agora sem trema, que merda!), Manoel assiste a uma degenerescência visível atingindo a comunidade e as instituições, considerando até que se institui uma assustadora babel entre os munícipes. De dois anos para cá, a corrupção praticada abertamente por autoridades dos três poderes revela coisas estarrecedoras, como perseguição a um cidadão digno que denunciou crimes de prevaricação, crime de responsabilidade e improbidade administrativa envolvendo todas as instâncias de poder por conta de uma obra criminosa no bairro em que mora. O tal cidadão está, vejam só, sob censura por liminar, PROIBIDO DE MENCIONAR O NOME DO AUTOR DE UMA IRREGULARIDADE CRIMINOSA de que discordou e que denunciou. Manoel sente engulhos quando contempla a carantonha do responsável por uma das mais escandalosas atitudes de corrupção e abuso de autoridade já verificadas no arraial, que ainda é comparado a cidade da Grécia antiga por ter muito movimento intelectual décadas atrás. Piração à parte, houve mesmo cultura e arte no arraial no passado, mas hoje só se vê decadência, retrocesso e ruína aflorando pelas ruas, através da ação dos munícipes, quase todos corrompidos e deformados, e das autoridades, todas elas envolvidas com o mais deslavado e sórdido pragmatismo. Enter.
Revelando essa monstruosidade a amigos de outras cidades, eis Manoel informado de que TUDO ESTÁ ASSIM PRA TODO LADO. Perplexo com tomar conhecimento dessa pandemização da corrupção, Manoel se pergunta por que não volta para sua Lisboa, para romper de vez o elo com a nação que ele conheceu em dias luminosos de antanho e que agora mergulha nas trevas da corrupção e do retrocesso político, social, histórico e humano. “Sim, temos feijoada, temos tutu á mineira, temos vatapá e caruru, temos frango ao molho pardo, bebe-se uma cerveja boa como o diabo... mas de que vale toda essa curtição quando vemos que tudo se deteriora de forma galopante no arraial e no país? Por exemplo: como pode a maioria dos moradores da área onde se realizou a obra escandalosamente ilegal apoiar a obra e ainda por cima promover uma perseguição covarde e asquerosa contra o único cidadão digno que brandiu o respeito á lei e às instituições que protegem justamente esse monte de estúpidos deformados? E ampliando o foco dessa teratologia estúpida que se desenrola no arraial, como pode um presidente trêfego e álacre, desprovido de qualquer vínculo com moralidade e probidade – temos visto que a corrupção explodiu em seu governo envolvendo membros de seu partido e até seus familiares – e ainda por cima enchendo o caveirão de pinga direto e reto além de bostejar cretinices a respeito de tudo sobre o que ousa opinar, apoia (agora sem acento, essa porra, e agora isso faz lembrar outra palavra, poia, que os cariocas usam para representar monte de merda; na acepção original significa broa grande de trigo) o hoje completamente repudiado “José Sarney” – as aspas se devem ao fato de esse homem ainda se atrever a expor sua carantonha sardônica e imoral e sua história repulsiva como homem “publico”, e neste último caso as aspas registram o fato de que ele jamais foi algo parecido com gente que se dá conta de poder existir povo –, símbolo cabal da desgraça e da miséria em que a política desse país mergulhou de cabeça. É merda pra ninguém botar defeito! Enter.
E de Brasília, a bocada mais depravada desse país terminal, vêm as imagens do que fizeram com o repórter do CQC Danilo Gentili, reprimido por seguranças desse “homem” que hoje se vê alvo da repulsa de toda a população decente desse grande arraial em retrocessão. O repórter apenas perguntava, sem importunar verdadeiramente ninguém, se “Com a sua saída (de Sarney) vai mudar alguma coisa ou os escândalos vão continuar?” e “Como é não ser mais tão poderoso assim?”. O asqueroso objeto de execração popular prosseguia em seu percurso hoje sem qualquer conteúdo que não o da abjeção explicitada por sua conduta corrompida, símbolo dos mais visíveis de uma era sodômica na história do País. Enter final.
E, enquanto essas considerações visitam a cachimônia de Manoel, da cidade lá no outro morro vêm os eflúvios nada sutis da parada gay a que agora os arraialeiros são submetidos, com direito a contemplar com asco homens se bolinando e se amassando publicamente, mandando pro inferno qualquer preocupação com ética ou estética. Que esses seres se sintam bem fazendo isso, problema deles; mas submeter os não “iniciados” a essa visão de libidinagem agressiva, isso Manoel se nega a aceitar. “Que façam o que bem entenderem onde quiserem, mas me poupem de ver essas cenas! Primeiro não nasci para ser voyeur; segundo, meu negócio é uma linda mulher com curvas, fluidos e aromas feminis, tendo aquela máquina magnífica que endoida os machos e um par de seios para encantar os que neles puderem encostar o quengo sedento de paz. Maria é meu ideal nisso, minha linda bem servida, e quero homens cabeludos e suarentos bem longe de mim!’ Verificando que a sodomia não só se multiplica e se promove mas que também parece querer se impor, Manoel já começa a considerar o risco de, assim como fizeram com tantas outras loucuras, baixarem lei impondo que qualquer cidadão tem também que praticar relação homossexual, o que o leva a aumentar sua já pesada sensação de náusea. “Puta merda, será que uma geladézima cura esses engulhos que me assaltam??”, se pergunta nosso herói, que se define em nada homofóbico, mas heterofílico, considerando ser legítimo seu direito de ser o que é e ignorar essa coisa que jamais teve qualquer importância em sua vida. E,sem demora, contemplando as belas curvas de sua Maria, abraça-a com ternura, abre a geladeira e lava o gorgomilo com um fluxo de sacaromices cerevisae, lavando também sua alma de tanta náusea imposta. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!