O malucão de Realengo e a cretinice oficial
Frederico Mendonça de Oliveira
Tá bem, foi mais do que horrendo: foi tétrico, inaceitável, inacreditável, jamais esqueceremos, todos choramos, nos afligimos pelo sofrimento dos pais e dos que viveram e testemunharam aqueles momentos etc. Já se vão quase dez dias e o impacto está vivo, o espanto persiste. Mas a indignação vai dando lugar a reflexões mais profundas, passada a dor que abateu a vítimas e circunstantes, espalhando-se a comoção e a solidariedade pelo país e pelo mundo. Deserdado de Deus, um pobre diabo estúpido e solitário, aquele pobre Wellington encontrou seu rumo depois de eliminar doze inocentes, dez deles meninas. Crime digno de estudo, para constar nos manuais sobre a bestialidade que o ser humano traz consigo e que de repente pode aflorar em horror. No que pintou resistência, o cara suicidou, se é que foi isso mesmo. Mas faz sentido ele se eliminar, como “saideira”, depois de saciada sua sanha e fantasia por um banho de sangue contra crianças indefesas. Enter.
Nenhum de nós sabe na verdade quem é. Até o último instante em nossas vidas pode acontecer tragédia, sejamos autores ou vítimas. Então é bom termos nossas barbas de molho, pois o Cristo, que aliás anda pra lá de esquecido, fala sobre “nós e o outro” e sobre “nós e o enigma” de forma muito clara, advertindo sobre nossa cegueira em vida: fala que nos preocupemos com a trave em nosso olho, em vez de apontarmos a do olho alheio; e adverte para que não digamos “deste pão não comerei, desta água não beberei”. O que o Salvador mostra é que na verdade nenhum de nós sabe a fundo quem é, e que somos portadores de brotos que podem aflorar quando menos se espera. A mitologia grega fala sobre o banho a que são submetidos os que vão reencarnar: nos subterrâneos de Plutão, são mergulhados no rio Letes para esquecerem de suas vidas anteriores. Assim, voltam todos inocentes do que fizeram, para que não possam se desviar dos pagamentos por faltas passadas. Conosco também é assim. Quem não vê isso é um cego incurável. Enter.
Pois as hienas imundas que agem depravando essa Pindorama terminal não param de operar contra nós todos: elas querem endoidar ao âmbito do desespero esse lugar de horrores. Lá vem de novo a merda contra a população: volta a pantomima do desarmamento, canalhice conduzida por um poder deformado e anti-social, e até por magistrados da mais alta esfera neste Manicômio Global. Chegamos ao horror de ver o cidadão comum e honesto ser nivelado ao mais baixo grau do crime somente por ter consigo uma arma de defesa. Em outras palavras: as categorias “ataque” e “defesa” foram niveladas como só ataque. Se alguém tem uma arma para se defender vira criminoso, mesmo não cometendo crime nenhum. O cara pode morrer de velho com a arma na gaveta, mas será criminoso por ter consigo uma arma. Os que exercem o poder por trás da cena, manejando os bandidos engravatados postos no palco da cena política, precisam pôr o País de joelhos, realizando o projeto de submeter-nos, sem piedade. Esses cães de rabo e chifres que ameaçam a Humanidade desde sempre sabem muito bem o que querem. São os mesmos que põem bundas na cara do povo na tela da TV, os que estão por trás do tráfico e da prostituição, por trás da corrupção e da inversão de valores. São os mesmos que corrompem os seres desde a infância com programação de TV deletéria, desenhos animados que só mostram monstros e falas monstruosas durante toda a manhã, todo santo – ou diabólico? – dia, os malditos! Enter.
Pois, por mais que seja contundente um fato como o de quinta-feira 7, isso não justifica a mobilização dos “poderosos” – ou “usurpadores”? Ou “sevandijas sugadoras”? – reativando a pantomima sórdida do desarmamento. Claro, eles vivem dentro de esquemas de alta segurança e a salvo dos riscos a que submetem o povo; eles se cagam de medo de tudo, mas vegetam em segurança em gabinetes refrigerados e carros blindados e sem risco de contato com o horror da guerra civil que exploram e que horroriza o homem comum – que carrega nas costas esse País-lupanar e vive sujeito a horror a cada minuto. Vejam a pérola: “O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski, afirmou, ontem, que é favorável à realização do plebiscito sobre a proibição do comércio de armas e munições, e adiantou que votaria a favor da proibição. – ‘A democracia (???) permite que se façam tantas consultas quanto necessárias, desde que haja um fato novo’ – comentou o ministro. – ‘Acredito que o episódio de Realengo tenha gerado fatos novos que não eram até então cogitados’”. Pois bem, excelência: “fatos novos” não faltarão, e já se mostram, basta ver a multiplicação de maluquices nas primeiras páginas dos jornalões desde o dia 7. Isso tudo resulta de uma sociedade em aguda convulsão, composta de dois setores em conflito: o poder isolado, parasitário e enriquecido de um lado; e a massa disforme e desesperada, abandonada à própria sorte, de outro. Pois desarmar a população é mais uma torpeza em meio ao inferno vivo e sem controle – mas é que isso, claro, protege o poder monstruoso que aí está. É no mínimo cinismo canalha e traição: os sudras do Sistema igualam sob a lei ataque e defesa, quando qualquer mente sã distingue o uso de armas, e só quer se defender! Digamos que, com a criminalização das armas de fogo, os delinquentes passem a usar facas de cozinha para cometer assaltos, crimes, lesões, degolas etc. E imaginemos que um louco do tipo desse Wellinton premedite um crime em que degole um monte de crianças. E admitamos que a faca vire o instrumento da hora para crimes. Como, aliás, já foi. NEM POR ISSO AS FACAS SERÃO TIRADAS DO MERCADO, “distintos”! Seria alguma dona de casa presa por ser encontrada uma faca de churrasco ou um facão de mato em sua cozinha ou casa? Ora, admiráveis pongos engravatados, sejam pelo menos UM POUCO decentes! E se passar a vigorar a moda de crimes por envenenamento por butano? Vai ser proibida a venda de gás de cozinha, “cavalheiros”? Enter final.
Pois admitamos que um civil, estando armado – um pai, por exemplo –, deparasse com a ação do Wellinton e o baleasse, detendo-o; mesmo impedindo, como o sargento, maior número de mortes, ele ainda seria preso por porte ilegal de arma? Ora, não forniquem, “senhores” !A canalhice maior é generalizar a bem dos interesses de lobbys ocultos! As armas de fogo sempre serviram para ataque e defesa! Agora, por decreto dessa súcia de poderosos, elas servem só para ataque, unilateralizando a coisa. É SÓRDIDO! O mal não está no instrumento, mas em quem o maneja, “gentis-homens”! E o mais interessante, vejam!, ninguém sabe: proibir a comercialização de qualquer produto no mercado interno implica em automática proibição de sua exportação, ENTENDERAM? E o narcotráfico, a mil, armado até os dentes, manda "aquele abraço, Realengo!".. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!