Frederico Mendonça de Oliveira
É a divindade de TODOS vocês, crianças! Sinto muito, mas seria simplesmente cínico se vocês negassem a completa submissão que exibem sem qualquer preocupação com causar espanto ou admiração a quem quer que seja. Até porque a submissão é unânime; espantar ou admirar quem, portanto? A submissão total é pública e assumida, e NINGUÉM senão uns poucos amalucados como eu se dá o direito de virar de forma radical as costas para esse aparelho mais mortífero que um gigantesco exército de dominação armado até os dentes! Não adianta chorar na rampa, se é que alguém hoje enxerga, neste agonizante brizêu, qualquer coisa além de desejos de consumo desde o mais reles R$ 1,99 até carrões importados para desfilar entre cavalgaduras vestidas do sistema perdidas pelas ruas e casas – com TV ligada, claro. Enter.
Semana passada, participei de um debate na Universidade de Alfenas sobre TV. A faixa exposta na entrada do auditório tinha os dizeres “TV e poder - o que há por trás do plimplim”. Compunham a mesa quatro debatedores/expositores: um professor de Ética da Universidade de Varginha; um professor secundário de Alfenas militante em partido de esquerda; um dono de jornaleco dado a denúncias e afagos, mas que apresenta mais erros de Portugês que denúncias ou afagos; e este que vos fustiga aos sábados dizendo o que ninguém gosta de ouvir. Na platéia, uma meia dúzia de universitários e uma legião de “manos” secundaristas naqueles trajes do tipo amontoado de panos em desordem e superpostos aleatoriamente – e quase todos envergando bonés, CLARO. Tudo arrumado, apresentados entrre si os debatedores, cordialidades já concluídas, houve subirmos ao palco do confortável auditório para começar a inana. Enter.
O primeiro a falar foi o professor de Ética, o cordialíssimo Ribas. Figuraça, corpulento, olhos claros, rabo-de-cavalo combinado meio que inusitadamente a um terno-e-gravata, carismático, Ribas fez uma exposição simpática e densa, estourando seus 25 minutos. O teor da fala, contudo, não estava lá muito dentro do tema em foco, TV e Poder. Muito aplaudido, Ribas passou a bola para o segundo orador, o professor militante Messias Telecesk. Ocorreu algo parecido com a fala anterior: falou de muita coisa importante, mas não abordou a fundo o binômio TV e poder. Aplaudido também, passou a palavra para o dono do jornaleco, que atende por Ilson, o que causa sempre problemas, porque o uso de um artigo antes o faz Wilson; então eu sempre sugiro que se diga “o – pausa – Ilson”, para não dar confusão nas pobres cabeças dos zumbis modernos. O – pausa – Ilson falou de si, para si e consigo, especialmente se louvando como jornalista, exibindo sua fantasia infantilóide de ser personagem da imprensa. Falou de seus amigos, entre os quais Pelé, faloude si, para si e sobre si; falou, mas deixou a todos com um belo ponto de interrogação sobre a cabeça: a que veio sua fala e mesmo sua presença naquele debate? Pois alegando outros “compromissos com órgãos de imprensa” (numa terça pelas 22h e em Alfenas??), ele deixou a mesa, e me foi passado o microfone. Enter.
Assestei a metralhadora giratória e abri fogo. Falei da TV devastadora como não o seria um exército de invasão e colonização, basta ver que os esbirros do abissal Bush no Oriente Médio NÃO DOBRAM DE JEITO NENHUM nem iraquianos nem afegãos – como a Globo dobra isso que ainda chamamos, talvez por falta de opções, de brasileiros. Somos, na verdade, por conta de estarmos sob a TV de forma irreversível, midiotas globotomizados – fala, Domingos Passos! –, legião de mentecaptos televisivos, batatas-de-sofá – termo que os “manos” adoraram, dando ampla e coletiva risada ao ouvi-lo –, os “da poltrona”, e NADA MAIS! Fora isso, os descamisados, os miseráveis, os massacrados, ou, em contrapartida, as elites e todos os funcionários aloprados servindo aos globalizadores. Falei da mídia como o mal, citando toda a canalhice envolvendo a verdade sobre a P-36. o vôo 402, Alcântara, o vôo 1907 – em que a mídia avalizou a versão dos globalizadores como tendo havido colisão, hipótese simplesmente impossível – e finalmente o horror do vôo 3054, escandalosamente um episódio de sabotagem. Enter final.
Falei que ninguém ali se atreveria a desligar um aparelho de TV durante a novela das oito, mesmo que ninguém estivesse prestando atenção. Que não se pode mais ir a restaurantes sem lá estar ligada a maligna e putrescente TV; que não podemos mais nem pensar na vida numa sala de espera de qualquer tipo: lá estará a sórdida TV despejando lixo nas mentes, espíritos e vidas. E falo isso aqui para não perder o costume: o que você quer? A TV ou sua vida? Quer que a TV mande em você? Acorda, cara! Você está dopado e até morto! E viva Santo Expedito! Oremos. Bye!