quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ditadores, democracias, Justiça e parada gay

Frederico Mendonça de Oliveira

A imprensa dos jornalões neste território desfigurado chamado Brasil não poderia deixar de ser um reflexo safado e cínico do poder que a sustenta. Enquanto o brasileiro comum rala e se esfola, quando não se destrói na busca da simples sobrevivência, lutando contra o mais vil estado de corrupção no qual chafurdam no dinheiro público os beneficiários dos “três poderes”, a imprensa, chamada de “quarto poder” por algum maluco ignorante do que ela realmente é, expõe primeiras páginas dignas de virar papel mesmo, para uso em banheiros como papel “higiênico” – as aspas indicam que só farão aumentar o grau escatológico no momento da passagem do papel impresso pelo material que sobra no esfíncter depois de expelidos os “croquetes”. Explico: que tem o Brasil com Madonna, essa estúpida que se arroga o direito de se chamar assim? Quem a pariu? Ou, mais: que temos nós com o “fato” de Angelina Jolie e Brad Pitt irem à Casa Branca “falar” com Obama? Por outra: Amy Lee e Britney Spears recebem homenagem de não se sabe quem etc. Que temos nós com isso? Aliás, por que cantoras brasileiras admiráveis como Monica Salmaso, Rosa Passos e Simone Guimarães, anos luz à frente dessas barbies de além-mar, não são NUNCA sequer citadas nos jornalões? E por que tem que haver cobertura diária do flagelo BBB? Que nos interessa “espiar” aqueles iletrados estúpidos e de critérios morais tão flexíveis – rola até trepada naquela casa porca pra você “espiar”, né ô? – vivendo uma temporada de boçalidade explicitada e depois sendo considerados “heróis” por aquela maratona de rebaixamento humano? E por que a imprensa dá apoio logístico a novelas, especialmente da Globo, saindo titicas em primeira página para esquentar audiência dessa miséria de novelas televisivas? Você poderá parar pra pensar: ISSO NÃO É UMA DITADURA, meu? E não será por essas e outras que a TV Cultura, melhor emissora da TV aberta do Brasil, perdeu uma quarta parte de seu – já tão reduzido – público em um ano? Enter.
A merda é que os energúmenos aos milhões nesta terra infeliz se perdem “espiando” esse horror enquanto os tubarões abocanham grosso montanhas de dinheiro em Brasília e enquanto as instituições são massacradas pelos bandidos de todos os tipos aboletados no poder hoje amaldiçoado. Estamos numa democracia? Você acha que viver entre balas perdidas, ser governado por bandidos engravatados e com outras vestes, ser achacado por impostos de volume insuportável, não dispor de meio algum de defesa contra uma quadrilha que desmantela o País e faz de você uma besta de carga para manter nababos canalhas é “democracia”? E você acha que qualquer país que negue aceitar os ditames dos Conquistadores – leia-se EUA, Israel, Inglaterra, França, ou melhor: os que mandam nessa turma – é uma ditadura? Por que você acha que Chávez, Ahmadinejad, o cara da Coréia do Norte e outros líderes legítimos são, para essa imprensa imunda, prostituída, responsável até por grande parte da destruição do País, são ditadores? E o que você acha que se pode fazer num país onde bandidos como Sarney, Jáder, Renan e outros tantos algemáveis “são assim” com os juízes – ou a maioria deles – do Supremo, que simplesmente agora trabalham pra fazer prescrever os processos do mensalão? E outras casas do Judiciário, junto com o STF, agem a contrapelo da Justiça, a ponto de um desembargador, Dácio Vieira, censurar o jornal Estado de São Paulo para que este não prosseguisse denunciando as ações do delinqüente Fernando Sarney, bandido de carteirinha, que chega a não poder sair de casa sem um habeas corpus sob o sovaco... Pra não deixar dúvidas em sua cachimônia, contemple isso: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/o-doutor-em-censura-esqueceu-de-mandar-prender-a-foto/ , e durma tranqüilo se puder... porque eles não estão nem aí pra você ou para quem quer que seja. Enter.
E a Justiça vai mal, muito mal, obrigado. Agora se desenha a prescrição para os bandidos mensaleiros, que já festejam às gargalhadas sua alforria dessa encrenca. Um dos advogados desses patifes imundos é simplesmente o ex-ministro Márcio Tomás Bastos, um homem sem qualquer caráter e, como os que ele defende, sem pátria e sem qualquer escrúpulo. Digo isso porque entendo, segundo a ética ensinada por meus pais, que transformar a verdade em mentira e vice-versa é trabalho do demônio que inverte valores. “Solve” e “Coagula” são palavras que designam essa inversão maligna. Um homem de caráter não defende bandidos flagrados com a boca na botija. E agora vem o ministro Joaquim Barbosa e entrega a sujeira toda: a maioria de suas excelências do Supremo trabalha para liberar os mensaleiros. Criminosos! Não é à toa que a ministra Eliana Calmon chutou o balde dessa camarilha de inimigos dos brasileiros, inclusive gente que se locupleta de dinheiro e nada em benesses defecando e deambulando para o que se passa com os que suam para viver e, ignomínia maior em nossa história, sustentar canalhas de todos os matizes! Enter.
E, voltando aos jornalões, um cara com quem trabalhei e cujo trabalho vocal foi influenciado por alguém que você até conhece, declarou, sendo homossexual assumido, que as paradas gay são um escândalo e um espetáculo de pouco teor de consciência. Trata-se do Ney Matogrosso. “Eu acho que os gays no Brasil tinham que ter um pouquinho mais de consciência do seu significado como grupo e não ficar subindo em caminhões nas paradas gays e ficar se beijando. Quatro milhões se juntando podem eleger o presidente da República", afirmou o já ancião Ney de Souza Pereira. O que você acha? Enter final.
Bem, cansei. Isso de sentar o rabo e soltar um artigo de quase seis mil caracteres não é mole. Mas a gente tem que viver de verdade, e tenho um compromisso com você, que é dos meus e abomina os fariseus. E viva Santo Expedito! Oremos. Inté, rapeize!
E, pra variar, prosseguimos censurados desde 11/04/08. São 2239 dias sob abjeta, covarde e suja mordaça. E o ministro Carlos Ayres de Brito falou no deserto ao dizer que “NÃO HÁ NO BRASIL NORMA OU LEI QUE CHANCELE PODER DE CENSURA À MAGISTRATURA”.