sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Manoel contempla o carnaval moribundo

Frederico Mendonça de Oliveira

Ele até comprou uma Folha do domingo de carnaval, quebrando sua resistência para com o que os comunistas remanescentes do MR8 chamavam de "a cloaca da Barão de Limeira" (rua onde a Folha tem seu prédio). Mas, passando os olhos pelas titicas coloridas expostas na banca de jornais – o ônibus só passaria dali a 25 minutos –, viu, em chamada de capa, que o colunista Jânio de Freitas criticava o carnaval em geral, destoando fortemente do apelo estúpido e estupidificante das manchetes dos outros jornais, um dos quais, em tom mais pra histérico que pra ufanista, perguntava, em garrafais: "Crise? Que crise?", tendo como foto uma tomada aérea do carnaval de rua em Recife. "Patifes cínicos!...", rosnou consigo nosso herói, que já comentara com sua adorada Maria que o carnaval já rola por todo o ano, que não é mais contrapartida para um ano de calendário cristão-católico, que os carnavais temporãos já teriam quebrado o mistério do tríduo momesco atrelado a uma tradição. Hoje o carnaval lembra a "Noite dos Desesperados", magnífico filme do Sydney Pollack em que na Depressão de 1930 casais disputam prêmio em maratona de dança tentando aliviar o miserê em que viviam. Note-se que aqui, neste carnaval fantasma, os que tentam achar um sentido são os que ocupam o poder: o povão só perde e gasta – quando pode. E o arraial então presenciou uma das mais safadas farsas de sua história carnavalesca, já atingido desde a década de 90, quando veio da Bahia a onda da micareta, carnaval temporão, aliás afronta a todos os conteúdos do carnaval como tal. Enter.
Segundo noticiou o site do arraialito responsável pela única tarefa jornalística local – o resto é pura manipulação de fatos, desrespeito pelo jornalismo e pela população –, a prefeitura ignorou o carnaval tradicional, escolas de samba, blocos e tal, e propôs o deslocamento dos "foliões" para uma beira d'água chamada de rampa, onde, segundo os mais radicais críticos da situação, a turma poderia nadar na merda, entre morenos cagalhões flutuantes. É que justamente naquela beira do lago são despejados 40 por cento do esgoto da cidade. Destacaram até ônibus escolares para deslocamento de foliões (fooooliõõõões????), o que já aciona cidadãos contra possível ato de improbidade: uso de veículos escolares, cedidos pelo Ministério da Educação para transporte de alunos, para outra finalidade; e o Ministério Público já está sendo questionado quanto a entrar em ação contra o desvio administrativo. Para alguns, foi o mesmo que literalmente mandar a população à merda no carnaval, e a turma de leitores do citado site caiu de pau na “iniciativa”, liberando a ira contida frente a tanta maluquice praticada nesta gestão. Enter.
No Rio, inventaram o Piscinão de Ramos, aquela coisa meio esdrúxula; aqui nestas montanhas inventaram o “Pinicão das Alterosas” (na verdade, seria "penicão", mas a turma escreve com "i", fica mais obsceno, mais popular), onde todos vão nadar entre cocôs navegantes. É de uma burrice típica de administradores já irrecuperáveis em termos de consciência social, lucidez profissional e tal. Os pobres cidadãos ainda mantêm alguma sintonia com a verdade, e eis que a turma se conflagra e simplesmente rechaça a onda de ir à merda, coisa que até macacos, com ou sem rabo, se negam a admitir – mesmo que só por instinto. "É do outro mundo!", exclama nosso herói, testemunhando a decomposição do Brasil, coisa patética, inacreditável. O panorama na tal rampa onde se realizaria o carnaval popular, a partir das fotos expostas no site, é desolador: meia dúzia de gatos pingados à beira d'água ou mesmo nadando em meio a poluição como se nadassem na piscina do clube burguês do arraial. "Se vierem consequências dessa loucura, quero ver", pensa Manoel, "quem será inculpado!", e assim possivelmente virão desdobramentos dessa atitude oficial, e o Município terá de indenizar doentes em decorrência de banhos ao molho de cocô. Enter.
Pois os leitores do site, que dispõem de espaço cedido pelo informativo para externar sua opinião sobre qualquer notícia, caíram de pau firme em prefeitura, organizadores e/ou idealizadores do "mergulho no pinicão", negaram-se a engolir empulhação, e quase tudo envolvendo a patacoada oficial recebeu reação irada. Um ou outro escreveu formalmente, tendo ainda um ou dois, numa enfiada de mais de cem manifestações, ousado apoiar a idéia do "governo". Na verdade, uma "entregação" geral, uma furiosa carga de cavalaria pesada contra os que mandaram o povo à merda. E registre-se a participação de um ambientalista no site. Ele vem de uma longa experiência como piloto de limusine em Nova York, já escreveu um livro sobre a imigração ilegal nos EUA, inclusive revelando as feias baixas de brasileiros. Preocupado com a degenerescência visível e alarmante que atinge as instituições, esse rapaz, combativo e lúcido, tem dado canseira nos poderes do arraial, especialmente no Judiciário, teve até a coragem de se plantar à porta do Fórum dias a fio portando um cartaz em que, além de pedido de socorro, se denuncia que o arraial não tem lei eleitoral. Enter final.
É, gente, Manoel acha que devemos todos nos negar a ir à merda, mesmo se de barquinho. Que devemos assumir postura radical de enfrentamento dessa putaria que avança contra a população indefesa pelos quatro cantos do País. Mesmo cético para com qualquer possibilidade de reversão desse quadro social apavorante e dessa desgraça explícita que nos assola severamente, e sem como sair dela, Manoel admira o valente ambientalista que não dá descanso aos que se locupletam com dinheiro público e desprezam a população que os elegeu. Contemplando a retidão da posição do jovem combatente, Manoel se recorda de seus ídolos de Portugal e mesmo do Brasil, e uma nesga de esperança o acomete durante as últimas horas deste carnaval 2009, em que Momo não deu as caras nem pra constar: Momo é o passado, e adeus. E viva Santo Expedito! Oremos. 'Té a próxima, queridos!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O carnaval das bestas sem rumo

Frederico Mendonça de Oliveira

Manoel já começa a pensar em ir desmontando sua casa para a mudança definitiva em sua vida. Contempla a casa com alguma comiseração, observa os gatos inocentes, na quietude majestática que ele tanto admira nesses lindos animais a que Leonardo da Vinci se referiu dizendo que "O menor dos felinos é uma obra-prima". "Concordo com o mestre, quem haveria de discordar?, a menos que seja uma cavalgadura ou um insensível que só vê importância no animal subserviente, obediente, como o cão, essa mistificação besta, esse animal cheio de senões, bicho deselegante, que mata por ódio, persegue por mau instinto, esse bicho que até consegue ser útil, mas que depende do dono até pra limpar seu cocô e precisa que lhe dêem banho!". Absorto em seu gato por sua vez absorto em cuidar, em paz total, do próprio pelo, Manoel até se esquece da perspectiva sombria da mudança que começa a aparecer ameaçadora no horizonte visual. Bem, para onde for há de ter gatos, bichanos, isso é de lei. E enquanto a vizinhança ralé ocupa seu dela novo espaço urbanisticamente espúrio e excitando as crianças que descarregam seu já tão precoce envolvimento em crime fazendo algazarra, Manoel cofia bigodes imaginários cantando Lisboa Antiga, e considera a possibilidade de cruzar o Atlântico definitivamente, deixando esse país em decomposição ocupando apenas sua memória. "Foi um rio que passou em minha vida"... Ah!, aqueles tempos de ditadura, todos resistindo àquela pinóia, mas eram tempos de esperança. A globalização já avançava, mas ninguém, senão profetas e estudiosos muito provectos, imaginava a degringolação que viria, a ponto de o sistema transformar os cidadãos em bestas ou objetos vestidos. Macacos sem rabo, aliás, que só não voltam às árvores porque desprovidos do apêndice caudal, que lhes daria o equilíbrio de antanho. Enter.
À noite, ao chegar janeiro, durante anos rolou o som do ensaio das escolas de samba do arraial, aquela batucada que era ouvida vindo lá das periferias, onde os negros, ops!, afrodescendentes se amontoam como manda o espírito escravista ainda enraizado nas mentes do Sul de Minas. Agora a prefeitura do arraial declarou que não dá mais dinheiro pra porra de carnaval nenhum, então o couro não come como nos anos antecedentes. A macacada (como se dizia no Rio desde sempre, por influência de portugueses, e sem medo dessa frescura cínica de "racismo") anda sorumbática, perdeu sua festa maior, não pode mais se vestir de "rei, pirata ou jardineira/ pra tudo se acabar na quarta-feira". Mais uma dos gringos globalizadores. Mas que fazer, se a macacada obedece numa de cordeiros a tudo que os donos do mundo determinam que seja feito? Que fazer se o "créu" vira coqueluche nacional, se a tão medíocre Ivete Sangalo, que, se muito, fala entoado (cantar é outra coisa!) aquelas canções de merda, é musa neste imenso arraial tupiniquim? Pois é: os brasileiros entregam o ouro sem qualquer resistência... e o pior é que isso é feito com plena convicção. Pois não foi isso que estragou a vida no bairro antes tão aprazível no arraialito? A pracita, solicitada irregularmente por uma autoridade que não tem autoridade nenhuma pra solicitar qualquer coisa na área administrativa, se tornou fato no que o seu idealizador levantou o dedo dizendo que ia fazer a obra, e teve logo a seu favor, em curvatura obscena - "quem se curva aos opressores mostra a bunda aos oprimidos", este é um ditado que encaixa como luva nesse espetáculo de subserviência pornográfica ao maioral -, o apoio de estúpidos vestidos que infestam o bairro, chusma de ignorantes arrogantes, batatas de sofá que vivem como vegetais, alguns até envolvidos em crimes e maracutaias. E com essa de apoiar ilícito viram cúmplices de crime de prevaricação e de responsabilidade. E gostam, e se empenham em perseguir covarde e estupidamente quem tomar qualquer posição diversa da subserviência cretina que exibem com orgulho de malucos abestalhados ou bestas amalucadas. Enter.
Pois chega o carnaval mesmo, aquele do passado, aquele do calendário cristão, aquele de saudosa memória, aquele que suscitou tanta cultura e felicidade até que um certo João Roberto Kelly, com cara de bácoro álacre, começou a fazer marchinhas tipo empulhação, levando para o rés do chão uma tradição de pérolas de nosso cancioneiro. Nosso?? Puxa, onde Manoel ainda se mete nisso? "Nosso", para Manoel, é o fado, é o vira, são as valsas que ele criou com tanto encantamento!... Toda a poesia do passado desabou em oceano de merda, exemplo disso é o abjetíssimo Sílvio Santos compondo marchinhas torpes como aquela miserável "A pipa do vovô não sobe mais", pura molecagem reles, a cara do tipo. Enter final.
E o surrealismo toma conta da vida geral nesses dias que antecedem o historicamente finado tríduo momesco, os apetrechos carnavalescos pendurados sem qualquer sentido nas lojas de R$ 1,99, o paraíso dos proletas. Máscaras, confete, serpentina, fantasia, tudo parece irreal, deslocado, e a macacada perambulando a esmo por entre lojas tocando lixo sonoro em amplificadores nas portas. “Adeus, Brasil!”, pensa Manoel olhando um cenário humano desolado e semimorto. E viva Santo Expedito! Oremos. Caminhemos! ’Té mais, babes!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Manoel começa a se despedir do Brasil

Frederico Mendonça de Oliveira

Esmagado sob a insensatez e a grosseria que avançam sobre o Brasil e que não deixam de atingir o arraialito, Manoel começa a sofrer de um desânimo crescente, que lhe tolda a visão positiva das coisas e faz de todo o contexto uma estrutura que se desmascara a cada detalhe ou fato. Até carrinhos com crianças andam causando derrame de adrenalina no coração do pobre lusitano, desde que, na pracita absurda e surrealista, tanto quanto ilegal e a favor da qual aderiram diversos moradores estúpidos tanto quanto inescrupulosos, reúnem-se babás com os ruidosos putinhos de suas patroas – às vezes vêm também as dondocas mesmo, com sua empáfia compensando uma ignorância abissal, global, irremediável; ou essas mentiras vestidas como espantalhos de si mesmas já leram, por exemplo, Saramago, Camões, Camilo, Alencar, Rosa? – infernizando manhãs e tardes na pracita que já foi a paz materializada em espaço urbano. O BBB é a concretização da ignorância e do voyeurismo (por que não mixoscopia, né puristas?), e essa gentuça não perde a oportunidade estúpida e degenerativa de “espiar”. Quanta boçalidade, quanta pobreza de espírito nessas intelijumências!... Enter.
O presidente do Brasil, além de Jeca, não passa de um impostor álacre, calhorda. Por exemplo: depois da tragédia de Alcântara, em que inexplicavelmente foi reunida na Base toda a comunidade científica aeroespacial brasileira e tudo foi pelos ares, o apedeuta mandou essa pérola digna de mentecaptos de carteirinha: “Há males que vêm pra bem!”. Quantas pingas o beldroegas empacotado não teria mandado já pra caveira a ponto de dizer uma impropriedade de tal dimensão? É louquete, o jeca? Pois em outra, quando os “artistas pró-PT se reuniram na casa do ministro Gilberto Gil para “hipotecar apoio” à reeleição do malaco, ocasião em que Wagner Tiso, José de Abreu e Paulo Betti deixaram claro quem são, o asinino barbudo mandou, já ébrio, a seguinte pérola: “O meu governo foi o que mais combateu a ética!” Bem: não sabemos de que governo ele fala, ou se ele sabe o que vem a ser ética, se ele cometeu ato falho (o que nos faria pensar ser ele uma pessoa lúcida, e disso duvidamos) ou se apenas tomou de empréstimo as palavras do outro apedeuta espiritual, Wagner Tiso, que, aliás, não faz qualquer jus a seu nome que tanto se agigantou de forma inexplicável – porque a música apresentada por ele é simplesmente de nível circense. Enter.
Manoel é conhecedor de política internacional, e sabe que articulação sinistra e nociva levou Lula à presidência do Brasil. Que fosse metalúrgico e que galgasse posições através de capacidade de liderança, de grande crescimento mental e intelectual, de muito estudo, certo; mas Lula foi um carreirista pífio, que nunca leu coisa nenhuma, que não passa de um politiqueiro de cabresto, seguramente a serviço de forças ocultas obscurantistas que muito bem conhecemos, e todos ficamos certos disso vendo sua inépcia e inoperância como deputado federal, em que não cheirou nem fedeu, mas mostrou apenas que teve ali sua iniciação nas lides e desfrutes da vida palaciana. "Abissal, ó pá! Sesquipedal!", considera Manoel contemplando a grossa palhaçada que é a vida política no Brasil, uma comédia pespontada de torpeza e desfaçatez! Aliás, o Brasil virou a própria torpeza, completamente manietado como país, completamente à mercê do Império, que dentro desse território desgraçado e contra esse povo pisoteado e sem defesa faz o que quer e o que não quer. Basta ver o que fizeram contra nossa aviação comercial nos episódios da TAM em 1996, da Gol naquela impossível colisão aérea e, depois, da TAM de novo, em Congonhas, naquele pouso fantasmagórico. Só para ilustrar, havia, tão logo ocorreu o "desastre" no pouso em Congonhas, um comando anti terror israelense no local. Que faziam esses sujeitos ali, justo quando ocorre o acidente? Mais: comandos anti terror israelenses operam no Brasil a seu bel prazer? Três: comandos anti terror brasileiros operam em Israel na maior sem-cerimônia? Israel permitiria isso? Enter final.
Bem, Brasil e hospício já estão virando sinônimos. Nada mais salva essa terra malfadada! O povo se corrompeu, ou se deixou corromper sem qualquer reflexão ou resistência. Bastou uma rede Globo e uma ditadura de 20 anos para que tudo se convertesse em merda viva. Assim Manoel considera o triste espetáculo de ver um país lindo em estado terminal abominável - porque jamais se viu um povo participar tão ativamente da própria destruição. É simplesmente inacreditável! E ainda dizem que Deus é brasileiro... E viva Santo Expedito! Oremos. 'Té a próxima, babes!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Manoel se despede do arraial e do Brasil

Frederico Mendonça de Oliveira

“Raios partam essa gente sem caráter, sem cultura e sem senso de civilização! Jumentos! Autoridades todas envolvidas com maracutaias! Povo sem o mínimo juízo e sem qualquer responsabilidade! Todos de rabo na poltrona assistindo novela e BBB! Isso não é gente! Isso é gado tangido pela mídia do Império! Raios os partam, autoridades e zé povinho sem qualquer essência!”: assim Manoel considera a possibilidade, já quase transformada em decisão, de deixar o arraialito, o Brasil “e seu povinho sem qualquer possibilidade de praticar a cidadania e a civilização. Gente não é isso! Não passam de réplicas de seres humanos, são bonecos se conduzindo como caititus, bonecos já a essa altura sem cérebro, sem espírito, apenas cobertos de panos ridículos, parecem espantalhos se movendo como andróides, uma lástima!”. Percorrendo a casa em que teve a felicidade imensa de considerar ser seu lar para sempre, até sua morte, Manoel se vê derramando uma furtiva lágrima, quando contempla sua linda sala tão simples e tão artística, à meia-luz, com aquele clima tão suave, espaço onde seus gatos descansam dormindo durante o dia nos sofás e as plantas vicejam sem demandarem muito cuidado, simplesmente porque gostam do lugar. Enter.
Pois um dia aparece uma autoridade com feição de esplancnocrânio, uma queixada obscena, um andar meio capenga, e destrói o espaço que jamais dera aborrecimento nenhum a ninguém, apenas trabalho gostoso de cuidar do espaço... “Demônio!” A partir disso, a xavantada ansiosa por bajular poderosos se instalou no espaço para passear sua obtusidade córnea e sua má fé cínica, os intelijumentos de cérebro de frango de granja! E lá se foi o sossego do bairro, mas não só o sossego em termos de barulho praticado pelos bugres vestidos de gente e seus rebentos estúpidos e ruidosos como bestinhas histéricas: lá se foi também o sossego de se saber que está funcionando a lei e a ordem, que todos podem confiar nas instituições! Agora temos de dormir com o barulho da transgressão em si, o desaforo, o crime de prevaricação, o completo desrespeito pelos preceitos legais! “Será que o cérebro dos brasileiros está se transformando em merda?”, pergunta-se Manoel acabrunhado e puto da vida por ter de lidar com um barulho desses! “Que promiscuidade porca, puta merda! Como se pode viver entre seres animalescos, bestiais, cínicos, falsos, corruptos todos??”, e lá vai Manoel pegar uma loura pra desatar os nós que lhe envolvem e apertam o coração lusitano como abraço mortal de cobra constritora! Enter.
Mesmo que alguma coisa seja feita no arraial, o que ninguém mais em sã consciência divisa, será apenas um remédio que na verdade não passará de remérdio.Porque o estrago já está feito! A vítima da obra criminosa que tomou providências em busca de seus direitos verificou que o câncer domina TODA A ESTRUTURA DE PODER, e que os criminosos se protegem uns aos outros, acobertando as canalhices uns dos outros, e as instâncias de poder que deveriam regular a atividade dos profissionais de menor escalão estão também tomadas por criminosos, são apenas categorias mais elevadas em termos de poder e de salário, mas não executam a fiscalização e a punição de transgressores como esse monstro que criou a deformidade. O Brasil virou um penico cheio até a borda, e a macacada brasilis chafurda nele de braçada, achando lindo isso. “Raios os partam! Vão para o diabo!!” Enter final.
“Se gritar ‘pega ladrão!’/ não fica um, meu irmão!”, eis o samba do início da década de 70 que sacudiu o Brasil logo quando Manoel assentava seus alicerces nesta terra hoje transformada em hospício e penitenciária, terra sacudida pela mais horrenda e bestial guerra civil, ganhando em termos de até de Israel massacrando na Palestina. Os requintes do crime no Rio de Janeiro são de fazer pensar em Castro Alves: “Senhor Deus dos desgraçados/ dizei a nós, senhor Deus/ se é verdade ou é mentira/ tanto horror perante os céus!”, poetava o baiano das arábias em relação ao que se fazia com os negros naqueles tempos de escravatura. Pois hoje o cenário é de fazer as indignadas palavras deste poema parecerem canção de ninar! Então Manoel sente que se partiu dentro dele um encanto, que não será mais suportável essa realidade canalha que avança em quantidade e gravidade no Brasil. “Terá sido para isso que Cabral e sua turma enfrentaram o Oceano Atlântico em 1500??”, pensa Manoel com o espírito sombrio. “É, parece que tudo se acabou!...”, e uma espécie de peso se abate sobre nosso herói. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!