quinta-feira, 31 de março de 2011

Bolsonaro, crack e o ladrão gago

Frederico Mendonça de Oliveira

Faltou acrescentar ao título que o Português vai pro saco justamente por onde ele é normalmente mais difundido para o grande público: pela imprensa. Veremos adiante. Por agora, resta quedarmos enojados diante da vil hipocrisia de uma sociedade que não é senão um simulacro, e pra lá de grotesco e degenerado, de uma sociedade mesmo. Uma sociedade esfarrapada, desmantelada em sua essência e em todas as suas manifestações, desarticulada e inoperante em sua gênese e em todas as suas manifestações. Pois estamos diante de mais um episódio de grosseria associada a cinismo, de imediatismo estúpido associado a inconsistência social aguda. Enter.
O esparolado deputado Jair Bolsonaro volta, a partir de mais um de seus arroubos verbais, às manchetes dos lixos impressos e eletrônicos de que dispomos para tentar nos inteirar do que se passa na Pindorama Desvairada. Em entrevista ao CQC, programa que prioriza a polêmica e que desafia os limites normais da imprensa amestrada, não deixando de ser, em essência, amestrado também, o deputado atacou de responder na lata a “perguntas-isca”, e o resultado foi muito além do previsível. Indagado pela Preta Gil sobre como se sentiria o nobre parlamentar se o filho dele se apaixonasse por alguém como ela, o mais inábil que insensato deputado acabou se enredando com o que há de mais muquirana em nosso aglomerado social – ou chamaríamos isso de população? – e detonou uma grita dos militantes da imposição de diversidades e de diferenciações presentes em nossa sociedade. Quem grita enfurecido nisso? Claro, a turma dos “bafo no cangote”/”morde a fronha”, como dizem os não diversos, os que vivem no padrão adão/eva, que gostam mesmo é de combinar prazenteiramente os aparelhos dos quais costumam sair nenéns, a turma “falo na vulva e não abro”. Desinteressados de conteúdos que não os ortodoxos, dos quais deriva a macacada hoje deambulando na superfície, subterrâneos e espaço aéreo nesta bola enlouquecida, os “convencionais da coisa com coisa” dão de ombros para a celeuma histérica gerada pelo deputado ex-capitão e em muitos casos até concorda com ele em vários aspectos. Enter.
Bem, Jair Bolsonaro prima pela radicalidade, o que em nada seria condenável senão perante os que praticam o meiocampismo vaselinoso ou o sobremuro cínico nestes dias de opróbrio e escatologia. Os mais chegados a visão científica o consideram até rígido demais, por não transigir com o que os sociólogos como Gilberto Velho classificavam, no fim dos anos 70, como “comportamentos desviantes”. Avesso às assimetrias desse mundo a cada dia mais sodomizado a força (não, não tem crase: o correspondente masculino é “sodomizado a porrete”, por exemplo), o sincero e volta e meia destemperado Bolsonaro chama sem papas na língua os bois pelo nome e não raro expressa sua postura defecando e deambulando para o que seus opositores pensem ou façam. E sempre exibindo um tom emocional, indignado, irado, absolutamente descontente com o quadro enlameado em que todos chafurdamos, uns achando lindo maravilhoso, outros sem ação, outros putos da vida. Bolsonaro se enquadra no terceiro caso, e não mede muito as palavras nem se preocupa com como serão recebidas suas declarações. Enter.
Pois, desta vez, indagado pela Preta Gil sobre se ele gostaria de ver o filho apaixonado por alguém como ela, deu-se o curto-circuito: ele soltou os cachorros como que indignado, exprimindo que tem asco da conduta de gente como ela, que terá até relatado em público, segundo saiu no Globo de 30/01 passado, ter ido para a cama com um magote de gente. A possibilidade de pessoas de vida sem muitos acidentes se indignar com ver essa permissividade toda comendo solta é grande. E, se o cara se destemperou e gerou uma celeuma de defensores dos direitos dos filhos da diversidade e dos guardiães dos direitos dos fracos e oprimidos, vá lá: todos salvarão a moralidade, o direito de virar tudo pelo avesso e será crucificado o pobre destemperado por ter manifestado sua repulsa por toda essa degenerescência que assola a Pindorama Degenerada. Enter.
Meu Deus, vão procurar o que fazer, criaturas perdidas! Vão ler, estudar, “fazer algo por vocês acima!”, como dizia minha avó. Se a OAB, as entidades de direitos disso ou daquilo e toda essa gente que lucra com o escândalo conseguirem algo, será apenas arranhar de forma inócua a imagem do Bolsonaro, que já goza de desprestígio amplo entre todos os que se adaptam a viver na mentira e na gandaia da inversão total de valores. O Bolsonaro grita contra essa monstruosa inversão baphometiana de valores, só isso. Se ele não gosta de homem, não só é direito legítimo dele como é natural que estranhe quem gosta de homem. Ele é do tipo que professa o amor entre opostos que se atraem, o amor de que vêm frutos. O resto é escarcéu da galera “sensibilizada”, que faz barulho para aparecer na mídia. Enter.
E teve o fortuito caso do gago que assaltou em Limeira, SP, mostrando um papel em que estaria escrito: “É UM ASSALTO”, numa folha de caderno escolar e com letra de forma a mão. Acabou em cana logo, e o assunto correu o país causando hilaridade. Os que assaltam o erário e o dinheiro público em todos os âmbitos fazem diferente: não comunicam o assalto, fazem-no sem alarde, sem barulho, “que barulho nada resolve”, como disse Drummond n’A Morte do Leiteiro... E nosso herói às avessas, que temeu talvez não intimidar de verdade balbuciando que aquilo era um “a –ssa – ssal – to”, teve o cuidado de anunciar o delito por escrito, na verdade comovendo todo o País. E levou apenas R$ 380, segundo a imprensa carioca. E logo depois foi preso, está em cana, e não duvidamos que isso dará ibope no Kibeloco ou alhures, se é que não sai entrevista dele no YouTube e até no Jô... Quanto absurdo!, quanta loucura!... Enter final.
Bem, o Bolsonaro está tentando se safar da sanha dos defensores da moral pública e dos “bons costumes”, da arremetida das milícias da defesa do politicamente correto. Isso esfriará, acabará em audiência sem imprensa numa futura tarde remota alguns dez anos à frente. Nada vai mudar para ele, para a Preta, para ninguém. O advogado de sobrenome de forâneo ganhará uma gorda paga, e outras patacoadas roubarão a cena, e valeu sabermos que a Preta chorou muito, sentida por se sentir discriminada, oh!. Choramos por ela, que exibe um perfil tão duvidoso na mídia, especialmente sem mostrar nada muito além do corpão que lembra a mãe, Sandra, e uma preocupação muito além do normal com manter-se visível, aparecer, aparecer... perfilando-se a nomes como Galisteu, Hickman, Winitz, Carla Peres, Sangalo, por aí. O que ela não sabe é que este que vos escreve praticamente a viu nascer, e socorreu a mãe dela em Itapoã, 1974, quando apareceram dores abdominais a poucas semanas do parto. A mãe da Preta é a Sandra Gadelha, a quem a turma chamava de Sandrão, depois Drão. Beijão, queridas. Muita paz! E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Obama e o mago dos objetos vestidos

Frederico Mendonça de Oliveira

Admira-nos que Paulo Coelho seja conhecido desse presidente meio laranja meio sapoti. E que seja citado por ele, depois que, encantando um Municipal cheio de babosos famosos, falou de nossas prendas femininas. Saudou "cariacas", "palistas", "baianas" e "minerras". E as “gueúchas”, ô distinto? E as “pernimbequenas”? Pois o tipo, mesmo com a cor de nossos índios, é um gringo, de boa. Nasceu no Haway, mas acabou presidente dos EUA sem usar na posse – ou usou? – aqueles colares de flores com que a turma da ilha recebe os caras-pálidas naquelas lonjuras em que o mundo parece que acaba. Pois veio o “homem mais poderoso do mundo” visitar a brazuca estraçalhada e fedorenta e fechou a visita, aliás uma sequência de micos e de cerimônias anódinas, citando Paulo Coelho, lixo lançado na ABI para acabar de desgraçar nossas bases culturais. Marcelo Migliaccio – que as bestas brasilis chamam de Marcelo Miguliácio, pois não sabem que o nome é italiano e que gl na língua de Dante corresponde a lh aqui, e que dois cc correspondem a tch – foi preciso em sua coluna do JBOnline: “No texto logo aí abaixo, uma leitora me chamou de preconceituoso porque critiquei o fato de Obama ter citado o escritor Paulo Coelho num país que tem Machado de Assis, Aloisio Azevedo, Jorge Amado, Monteiro Lobato, Érico Veríssimo, além de poetas como Carlos Drummond, Mario Quintana, João Cabral de Melo Neto...” Eu eliminaria Jorge Amado, que é nada mais que o definido por Oswald de Andrade: “macumba pra turista”. Mas o resto é na mosca. E ele prossegue mostrando seu valor: “Não sou preconceituoso, li três livros de Paulo Coelho. As Walkírias e Diário de um Mago (esses dois com certeza) e Monte Cinco (se não me engano). Achei-os repletos de boas intenções, mas também de erros de português constrangedores. O estilo do escritor, pelo menos nos livros que li, era pobre, sem muitos recursos (aliás, sem nenhum recurso), o que torna a leitura fácil para quem não tem o costume de ler. Há uma diferença entre a escrita simples e direta e a escrita ruim. Ambas podem atingir um grande público, mas só a primeira tem valor relevante para a cultura. Também dizem que ele compila e adapta trechos de livros religiosos, escrituras, muitas vezes sem dar crédito. Enfim, para muitos trata-se de um místico de resultado, um mago fisiológico, um guru sublimado pela ignorância geral planetária”. Ou, diríamos nós daqui, um factóide que se encaixou nesse mundo factóide em que vivemos hoje. Enter.
Depois de matar a cobra e mostrar o pau (êpa!), o colunista retoma em outro round: “E pensar que Paulo Coelho entrou para a Academia Brasileira de Letras, abrindo assim mais um precedente perigoso... Basta ver os candidatos atuais, entre eles, por exemplo, um jornalista medíocre que nunca escreveu nada além daqueles textos intragáveis a serviço da desinformação”. E, perguntamos daqui: o que dizer de José Sarney? E o que dizer de Ivo Pitanguy? E o que dizer de Roberto Marinho? Jô Soares sonha com uma cadeira entre os imortais. Por ser o autor de duas porcarias que nada acrescentam a nossas letras? Quem sabe, na sequência, a Academia ainda admite o palhaço Tiririca? Pois o desassombrado colunista prossegue: “Entrevistei Paulo Coelho uma vez, quando ele ainda estava num estágio entre ilustre desconhecido e revelação do momento. O mago, naquela época, morava num escuro apartamento térreo em Copacabana. Foi ali, com aquele caos urbano do lado de fora, que ele cometeu suas primeiras obras ditas transcendentais. A entrevista que me deu foi boa, ele é um bom papo. A certa altura, parou para atender um telefonema e passou meia hora dando conselhos existenciais a uma leitora que ligava do interior de São Paulo. Além de iluminar o caminho da moça, o nosso mago também foi comedidamente galanteador. Sabe das coisas...”, e vemos que o cara pode ser um mago, mas se liga num afago... e esse “mago” hoje tem a seus pés um harém, se quiser. Olhem o que diz Migliaccio: “Hoje, o mago vive num palácio na Europa. O filão que ele descobriu acertou em cheio nos milhares de desorientados que vagam pelo planeta à procura de uma palavra qualquer. Se você não quer ser evangélico, tem a opção de ler Paulo Coelho”. É, o descaminho é o mesmo. Quem não quer Edir, caça com Coelho. Enter.
Corta para a visita de Obama, pois caca pouca é bobagem. O ilustre sucessor de Bush filho, O Imbecil, ordenou daqui o ataque à Líbia. O que significa dizer que nos envolveu nessa. E teve muitas outras besteiras: o mesmo colunista comenta que “A comunidade internacional recrimina os Estados Unidos e seus aliados europeus mais fiéis pelos bombardeios à Líbia. Até o papa Bento 16 admitiu que a população civil está na linha de tiro daqueles que se julgam a Polícia Militar do planeta”. Gozado: por que o Obama veio aqui dizer que o Brasil é exemplo de democracia em relação ao mundo árabe e ordenou o ataque daqui? Para nos cooptar? Bem, se é exemplo de democracia a plutocracia monstruosa encravada no lupanar político torpe que é Brasília, ora, vá se catar, ô gringo! Se é exemplo de democracia a guerra civil monstruosa que torna de forma incontornável o cidadão uma vítima potencial da violência em qualquer lugar, hora ou situação, estamos maravilhados! Na Líbia não tem disso não. E a cancerificação que avança no mundo árabe através da ação de Israel e dos reféns da economia do Império está tentando derrubar o governo líbio depois de perder feio um país a eles submisso, que era o Egito. E prossegue Migliaccio: “Kadafi é um ditador? Ok, mas seu povo é que deve tirá-lo do poder, se quiser. Como fizeram os egípcios com Mubarak. Aliás, nunca vi uma rebelião popular em que os ‘rebeldes’ atacam com tanques de guerra, como ocorreu na Líbia. Agora, os tanques dos sem culote têm a ajuda do Tio Sam. E a bandeira que os revoltosos ostentam é a da extinta monarquia líbia... (submissa a Washington, N.R.) E nem assim Kadafi caiu”. Enter final.
“No Teatro Municipal do Rio, um afável e articulado Barack Obama fez um discurso cuidadosamente elaborado por seus melhores brasilianistas. Começou falando do jogo Vasco e Botafogo, imaginem! Obama nos bajulou até não poder mais. Nos colocou, inclusive, como "parceiro sênior". Logo nós, que tantas vezes tivemos nossas exportações barradas pelo protecionismo norte-americano. Falou também em desenvolvimento sustentável para salvar o planeta. Logo ele, cujo país se recusou a assinar o protocolo de Kioto contra a emissão de gases que geram o efeito estufa. Saudou nossa luta contra a ditadura, que era sustentada pelos Estados Unidos. E enalteceu o fato de um opérário que nasceu pobre em Pernambuco ter chegado à presidência.
Para mim, a fala de Obama só reforçou que o Brasil será o país mais poderoso do mundo em breve, se quiser. Temos petróleo a rodo na camada do pré-sal. E a maior bacia hidrográfica do mundo num tempo em que a água potável já o bem mais precioso. Livres de terremotos, exercendo a democracia, reduzindo a miséria, estamos com a faca e o queijo na mão”. Só que a reforma interna, que seria a retomada da Educação e da Cultura, isso jamais se operará. Aposto minhas guitarras, mais o amp de quebra. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes...
Ah! Vale lembrar: estamos sob censura desde 11/04/08, aliás mantida por Gilmar Mendes, e a restrição vai totalizando 1039 dias. Abraço pra turma do Estadão, há 595 dias também sob mordaça...

sexta-feira, 18 de março de 2011

A poesia "está salva" no Brasil. Viva Bethânia!

Frederico Mendonça de Oliveira

Os seres sob a dominação selvagem do Império não são desprezíveis ou miseráveis: eles ESTÃO desprezíveis e miseráveis – e isso é desgraçadamente universal e irreversível – porque entregam o pescoço ao machado sem pestanejar, e o resultado disso é, além do horror que se agiganta, o que dele vem como sua estética: o “seje”, o “esteje”, o “pode vim”, o “antes de ontem”, o “cala boca Galvão”, o “daqui dez dias”, o “de vez em quanto”, o “gratuíto” e outras excreções e escatologias verbais que vão virando o “idioma” dos macacos sem rabo. Eis aí o idioma dos pongos (seres dos pongídeos: são os chimpanzés, gorilas e orangotangos) gradualmente substituindo o idioma de José de Alencar, de Machado de Assis e de Guimarães Rosa – só pra citar três dos bons nomes de nossas letras do tempo em que essa cloaca entre o Oiapoque e o Chuí ainda era país e referenciada através de nomes indígenas como esses dois aí. Enter.
Hoje é Chevrolet Hall, é Credicar Hall, é inglês até em bunda de cachorro e em rabo de gato, e os que ainda não voltaram às árvores – por uma ironia da “evolução”, perderam o rabo... – vão se deliciando com a diluição de nossos valores histórico-idiomáticos perpetrada concomitantemente à introdução cancerígena do Inglês, aliás ingrêis, perante o qual babam como se ele fosse o bilhete de entrada no Paraíso. Mas a “cultura” vai bem, obrigados, porque, acreditem, a deusa da máfia do dendê Maria Betânia desceu do Monte Olimpo Abaeté Resort, onde deve viver entre ninfas atendentes e provavelmente de eunucos solícitos e nervosamente servis, e veio salvar nossa poesia. Em divina e celestial compaixão para com todos nós, e só uma deusa nos daria isso, ela brindará TODOS OS BRASILEIROS que não estão fuçando em lixo pelas ruas nem dormindo sob marquises ou morando em carros abandonados; TODOS OS BRASILEIROS que não vivem sem TV; TODOS OS BRASILEIROS que não fazem da matéria a redenção de suas vidas; TODOS OS BRASILEIROS que não estão nem aí pra futebol; TODOS OS BRASILEIROS que todo dia abrem um livro; portanto: presenteará TODA A POPULAÇÃO BRASILEIRA COM AQUILO QUE MAIS A ANGUSTIA, TANTO QUANTO A NÓS: O FIM DE NOSSA CULTURA E DE NOSSA IDENTIDADE NACIONAL E HISTÓRICA. Né não? Enter.
A partir da notícia desse “resgate divino”, transcrevemos pra nossos leitores uma notícia digna de fazer enrubescer um anão do orçamento ou um mensaleiro: “SÃO PAULO - A cantora Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão para criar um blog, que será chamado 'O Mundo Precisa de Poesia'. Segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha, o site será dedicado inteiramente aos versos e trará diariamente um vídeo da cantora interpretando grandes obras. A direção dos 365 vídeos seria de Andrucha Waddington.”. “Ora, ora! Estamos salvos, a poesia agora vai ser coisa pra todos!”, diria o babão admirador do “homem de Santo Amaro da Purificação”, que é como chamam Bethânia em sua cidade natal. E continuaria o babão: “Maria Bethânia nos dará o prazer de vê-la falando aquelas poesias tão chatas de ler, naqueles livros chatérrimos, chatééééééééééérrimos, aquela falação que a gente não entendia direito. Agora, mesmo que a gente não entenda nada de porcaria, ops!, poesia, a gente pode mooooooooorrer só de ver a deusa no vídeo todos os dias do ano!...” Enter.
Mandaram carta de protesto: “Esta é mais uma vez que a Maria Bethânia capta recursos do governo federal para projetos pessoais. Ano passado, ela, Caetano Veloso e Ivete Sangalo, todos milionários, captaram recursos da lei Rouanet para seus projetos culturais. Poucos artistas conseguem isso, por mais que tentem. Os artistas pobres, então, nem pensar. É claro que os ricos têm mais lobby, poder de barganha, padrinhos e advogados especializados nisso. Um blog por 1,3 mi tem que ser investigado pelo Ministério Público. Fora, artistas gananciosos !!!!!Vocês não têm um pingo de solidariedade (para, N.R.) com os demais. Tenham vergonha na cara !!!!”, o que prova que não só de babões otarizados deslumbrados é feita a fina, magérrima, milimétrica, aliás micrométrica fatia de seres ainda pensantes “nefte paíf”... Enter.
O colunista Marcelo Migliaccio nos brindou com brilhante artigo, no JB, que transcrevemos enxugado. Ele quebra o silêncio sujo dos que lucram com fatos como isso: “Obama vem aí – Mais uma vez, o Rio vai passar por uma cuidadosa maquiagem para que o chefe de estado norte-americano tenha uma boa impressão sobre nosso talento de maquiador (es – N.R.). Sim, porque Obama deve saber pouco mais que um americano médio sobre o Brasil. Sabe, por exemplo, ao contrário da ‘sua gente’, que aqui não tem elefante na rua. E que a capital não é Buenos Aires. Montevidéu, talvez... Tem é muito mendigo, e o presidente dos EUA sabe muito bem disso. Mas Obama não verá centenas, milhares dormindo sob as marquises da zona sul. A prefeitura e a PM empurrarão para bem longe cachaceiros, menores viciados em solvente ou crack, trabalhadores que não têm grana pra voltar para casa, desempregados, famlias expulsas de favelas por traficantes ou milicianos. Serão enxotados a pau pra longe das vistas do ‘homem’. O choque de ordem no Rio já era. Não há mais vagas nos abrigos: a prefeitura desconhecia o número real de excluídos do Rio de Janeiro. Passe por Copacabana pelas 6h: verá todos lá, dormindo ao relento, nas calçadas imundas, ratos e baratas sobre seus corpos. Pararam de recolher os mendigos, e eles se multiplicaram. De dia, a guarda municipal os afugenta da orla, pra proteger turistas. Então, o lumpem se infiltra no bairro, dormindo em velhos sofás manchados de urina na rua – e à espreita de um gringo curioso. Mas o efeito da limpeza acaba na segunda-feira, quando Obama volta para o Olimpo, e, nós, à nossa realidade cotidiana”. Enter final.
Mas agora “estamos salvos”: Maria Bethânia nos devolverá “a poesia perdida” ou, melhor, fará dela “uma coisa viável, porque personificará uma porcaria, ops!, poesia que estava fechada em livros cheirando a mofo e que matam de canseira se tivermos que ler”. A verdade é outra: a única mudança concreta nisso é que ficamos muito mais otários, e Bethânia, certamente, mais milionária um pouco. Só fico pensando na tortura que seria ver diariamente, por um ano, Bethânia declamando poesia... coisa que combina com ela como combinam o Cristo e Judas. Oh, Deus!, isso é sintoma de chegada de tsunami?? E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!

sexta-feira, 11 de março de 2011

E lá se foi mais um Carnaval...

Frederico Mendonça de Oliveira

E já foi tarde! Uma das alegrias que vivi nos quatro dias do “reinado de Momo”, alegria diferente da dos foliões envolvidos com os folguedos, foi ver a chuva caindo direto e reto, e considerar que no Arraial das Bagas, onde a mediocridade, a ignorância, a maledicência e a felonia são os predicados mais explicitados e praticamente obrigatórios, a alegria carnavalesca, aliás coisa que jamais existiu, foi posta de molho por São Pedro. Pretensa alegria, aliás. Não pode haver alegria onde não há um mínimo de inteligência coletivizada... Se houve mais uma vez a anual disposição de... de... de espírito (vá lá; valeria colocar aspas...) para cair na folia, isso foi devidamente frustrado, devolvendo ao arraial seu estado natural de dispepsia crônica, de arroto atravessado e encruado, incubado, coisa que se estampa nas fuças dos pobres imbecis que formigam a esmo pelos logradouros providos de calçadas mais apropriadas para quadrúpedes. E assim chegou a quarta das cinzas, por sinal mostrando bons momentos de um belíssimo céu azul... Enter.
E o País passou os quatro dias em estado de letargia ativa ou passiva. Ativa através dos letárgicos envolvidos com o tríduo momesco, gente que se entrega à convenção da alegria intransitiva, gente normalmente desprovida de senso crítico ou de inteligência ativa. São normalmente movidos a cerveja, ingerem e mijam em estado assemelhado a quadro maníaco. E disso promanou um novo problema ético filosófico shakespeariano: “mijar ou não mijar, eis a questão”. Ora, se esses letárgicos ativos ingerem um combustível líquido para gerar o quadro maníaco, eles obrigatoriamente terão de mijar, pois a cerveja tem ação diurética. E como farão centenas de milhares desses letárgicos para eliminar os líquidos que se armazenam na bexiga e começam a provocar dor pela plenitude do órgão? Pois houve no carnaval de 2011 essa discussão durante o tríduo, mas as toneladas de litros de mijo correram, lembrando a marchinha dos anos 50: “As águas vão rolar/garrafa cheia eu não quero ver sobrar...”, só que em 2011 essas águas foram dobradas, até triplicadas, porque “nunca antes nefte paíf” se mijou tanto. Enter.
E os letárgicos passivos trataram de encher o rabo de comida e calorias diante da TV, abestalhados diante da movimentação carnavalesca, frustrados como um certo bugre que vi se lamentando diante do aparelho de TV numa pizzaria em que eram mostradas imagens dos “famosos” chegando para o baile do sábado. Ele quase chorava por não estar lá, e explicitava isso. Um animal vestido, claro, porque seres conscientes não se lamentam por se sentirem inferiorizados a outros animais que estão na festa... Se ele fosse gente, trabalharia o ano inteiro por esse “momento de sonho” e estaria lá, pagaria para isso, se mexeria... Mas é que se queixar publicamente dá menos trabalho – e ainda comove outras bestas como ele. Então os letárgicos passivos se deixam quedar estupidamente diante da movimentação dos ativos, e nisso acaba o chamado carnaval. E como assumir estado letárgico hoje é obrigatório, já se inventam carnavais temporões, as horrendas micaretas, “festas” sem objetivo outro que não festejar pela falta de motivo concreto para festejar o que quer que seja. Os gays festejam sua condição, por exemplo, embora não se veja nada digno de festejo nisso de ser diverso, mas pelo menos eles apresentam uma razão para se reunirem anualmente e promover o deslumbramento para com sua condição. As micaretas não: reúnem por reunir, para congregar a estupidez sem perspectiva qualquer, para esfregar os objetos vestidos uns nos outros, para estabelecer a boçalidade orgíaca, para tentar materializar de alguma forma a vacuidade existencial do macaco sem rabo coisificado e reduzido à miséria do consumismo. Enter.
E aí os sites de esculhambação dos objetos vestidos mostram a miséria em seu lado risível, grotesco. O Kibeloco, por exemplo, faz uma piada com o “rei” Robertão (Carlos), piada pra lá de dura. Basta acessar e usar por um segundo o cérebro. Alguns entenderão a piada, que envolve até o Google. Mas quem sabe da condição física do “rei” entenderá por que eles corrigem de “pés” para “pé”. Tem até uma menção lateral, em que é lembrado que a Beija-Flor ganhou com um pé nas costas... e eis aí um momento em que o carnaval serviu para alguma coisa, isto é, para acionar o espírito crítico de alguém menos estúpido embora diluído num aglomerado amorfo de seres acéfalos. O macaco Simão deve estar deitando e rolando também, era o caso de comprar a Folha só pra ver a esculhambação caindo sobre os amebóides famosos acontecendo na Sapucaí e alhures, espaços da consagração da estupidez que congrega os digestores vestidos, seminus, nus ou fantasiados. E de tudo neste período de alegria falseada restaram cinzas, o que prenuncia outras cinzas que virão, as cinzas da civilização, que só fez trazer a imbecilização e a paralisia dos cérebros e dos espíritos. A convulsão já começa a se espalhar mundo afora, e em breve estaremos em estado de Babel, considerando que hoje isso já é algo concreto... Enter.
E agora chega o Bentão com seu novo livro dizendo o óbvio: que não foi o povo judeu o responsável pela crucificação do Cristo. É tão óbvio quanto dizer que não foi o povo romano o responsável também, embora tenham sido os soldados romanos que penduraram o Salvador no lenho. O povo não tem nada a ver com nada na história da Humanidade. Quem tem a responsabilidade pelos fatos da História são os detentores do poder, e povo nenhum jamais deteve poder momento nenhum desde que o mundo é mundo. Então o Bentão chove no molhado e mexe pauzinhos no sentido de minimizar o abismo que existe entre judeus e católicos/cristãos. Se os próprios judeus assumem não aceitar o Cristo como o Messias, não há mais o que discutir. E povo nenhum crucificou o Cristo. Enter final.
Demos de cara com essa notícia do Bentão lançando seu livro no que buscávamos notícias sobre coisas com que temos de nos preocupar. Por exemplo: a imagem do Robertão (Carlos) na avenida tem de fundo uma alegoria imensa, que parece o Cristo. Será que é menção estúpida àquela titica de funk “Jesus Cristo, eu estou aqui”, excretada pelo “rei” lá pelos anos 70? E será que o João Paulo II gostou de ouvir isso quando se arriscou nessas paragens em sua última vinda ao Brasil? E será que gostou de ouvir a “Ave Maria” cantada pela Fafá e do beijo que recebeu – talvez o único desferido por uma fiel em sua “santa face” em toda a sua vida apostólica? Bem, um beijo da Fafá é uma dádiva, mas na face de Sua Santidade... isso mostra que o carnaval está no sangue dos brasileiros até quando diante do papa. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah! Vale lembrar: estamos sob censura desde 11/04/08, aliás mantida por Gilmar Mendes, e a restrição vai totalizando 1032 dias. Abraço pra turma do Estadão, há 588 dias também sob mordaça...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Manoel testemunha: “Vamos acabar com esse cara!!”

Frederico Mendonça de Oliveira

Examinando os fatos ocorridos no arraialito desde uns três anos pra cá, Manoel se deu conta de um admirável processo de “evolução social”, algo que rima admiravelmente com o que se passa no Congresso, a que nosso ex-presidenti se referiu, quando ainda metalúrgico, como sendo um antro de centenas de picaretas. Eleito chefe da “nação”, inaugurando uma era absolutamente surrealista em nossa História, o “presidente-operário” logo inverteu sua postura em 180 graus e passou a operar em comunhão com os tais picaretas, do que aflorou o escrotérrimo episódio do mensalão. Pois no arraialito as coisas andam a mil, especialmente no que diz respeito a perseguir odiosamente quem ousar não apoiar corrupção. E um amigo de Manoel sofre isso, e nosso herói captou, com câmeras e gravadores ocultos, trabalhando com ajuda de diversos amigos considerados neutros pelos que comandam a perseguição, falas e manifestações dessa turma. É o que se pode verificar adiante, falas, fatos e cenas que nos deixam confiantes no futuro desse lugar chamado Brasil. Enter.
“Temos que acabar com esse cara! Ele é muito perigoso! Não quis participar da jogada de transformação do pedaço, veio com papo de que é ilegal... Ora, tem gente do ramo na obra, quem é que vai discutir com padre o que vai ser dito na missa? O cara é metido a superior, o nome dele sai na TV e nos jornais volta e meia, ele tem amigos na imprensa, ele é compretamente diferente de todo mundo, é um perigo um cara desses solto aqui, no meio da gente!”, essa foi uma fala ouvida num botequim-armazém em que se reúnem tipos do bairro pra jogar sinuquinha antes da hora da janta. O outro fala: “É, ele é metido até! Não tem carro, não tem cachorro, a casa dele não tem parabólica como todo mundo, tá sempre com gatos no jardim e na frente da casa, parece que não é normal... e a gente não sabe se é casado, a vida dele é um mistério, não é como a gente, que tem patroa velha que todo mundo conhece...”. E nosso herói até foi instado a dar notícias sobre o sujeito, mas fingiu receber uma ligação no celular e saiu pra fora, para atender e fingir que estava com dificuldade de ouvir. E saiu de fininho, deixando os tipos lá, conluiados na conspiração. Enter.
Em outra ocasião, no supermercado, Manoel e um amigo portando câmara na caneta clipada no bolso da camisa surpreenderam dois sujeitos falando sobre o assunto: “O negócio é pegar ele! Botar as crianças no lugar todo dia, fazer gritaria na porta do cara sem parar, pra ele aprender a se comportar como gente! E a gente podia também arranjar quem dê um pau nele... mas por enquanto a gente vai jogando sacos com porcaria e pets com mijo no jardim dele, chama os vagabundos da praça pra ir fazer baderna lá, espalha que o cara é louco, que não gosta de criança, diz pras crianças que a casa dele é mal assombrada, o lance é acabar com a paz desse filho da puta, que acha que pode falar em lei se não é nem advogado! Tem um vizinho dele que é de arte marcial e que tá arrumando um jeito de provocar pra ele reagir, e aí, já viu, né... Esse cara a gente nem sabe de onde vem, mas é sujo pra cacete! Já chamou o cara de vagabundo, já disse aos gritos que ele não é homem, e o cara nem reagiu, sabe que não pode, talvez porque esteja sob processo...”, e ficou tudo registrado no gravador do celular e na câmara da caneta do amigo de Manoel. Mas não pára por aí a loucura que vem trazendo uma alegria diferente para os moradores que perseguem um homem que hoje só falta ser assassinado... Enter.
Maria vai uma ou duas vezes por ano ao cabeleireiro, e vai em estabelecimento sem maior glamour. Mas um dia não encontrou como cortar seu cabelo e teve de ir a um salão mais badalado, e eis que lá, sentada entre dondocas, entre elas a mulher de um maioral do arraialito, ouviu as conversas entre as figuras e voltou pra casa horrorizada. As mulheres se referiam ao cara pelo nome, diziam que estão infernizando as manhãs dele usando os próprios filhos, que falam pros filhos gritarem o mais que possam, que aquele lugar tem que virar um inferno pra ver se tiram o cara de lá. Uma delas contou que um dia botou o filho, que ainda engatinha, bem no portão do cara, e ficou em pé olhando pra dentro da casa, provocando e dando risada. Outra falou que inventou musiquinha de deboche e que a ensinou às crianças, para cantarem quando o cara ou gente dele entrarem e saírem da casa. Falavam isso entre risadas de delícia, como se para elas perseguir um idoso e causar-lhe mal estar e constrangimento seja uma adorável atividade de recreio. Maria ouviu tudo tendo engulhos, pensou até em se retirar, mas ficou, por dois motivos: um pra saber mais e mais sobre essa atividade monstruosa dessas mães; outro, porque poderia chamar a atenção desse tipo de criaturas, o que não ajudaria a vítima em nada. A fala mais imunda ela ouviu de uma jovem mamãe que deve ser mulher de outro maioral no arraialito: ela disse com alegria que, um dia, cruzando com o cara quando ela e outras mães, mais babás e crianças, fugiam do temporal que se aproximava, ela virou pro filho, que tem perto de um ano, e ficou dizendo pra ele: “Gritaaaa! Faz barulhoooo!! Gritaaa!! Faz barulhoooo!!!!”, e Maria ficou enojada com a alegria com que a mulher contava o fato, mãe irresponsável, instigando filho inocente contra quem não fez mal a ninguém! E consigo pensava: “Quando o crack pegar esse infeliz talvez ainda na infância, ela vai se horrorizar, achar que é uma injustiça de Deus para com ela...”, e voltou para casa com o coração amassado e a tristeza doendo, pensando na paz que vive com seu Manoel e no absurdo que é a mente dessa gente que vive um câncer na alma, seres carregados do pior dos instintos: o ódio intransitivo! Enter final.
Pois um amigo de Manoel se postou no local maldito munido de câmera e gravador, e ouviu as falas de dois idosos e mais um jovem que relaxavam numa manhã de domingo: “Tem que pegar esse cara de jeito. Ele quer que a gente deixe de desfrutar dessa mudança, e não importa se é ilegal. Teve um que bombardeou a casa dele com tijoladas, foi um bafafá e tanto, não sei como não saiu morte. Era pra dar merda grossa, mas o cara é safo, não caiu no horror! Foi até ameaçado de morte e não reagiu! Até falou com o agressor com bondade, chamando o cara pelo nome, e o agressor tava com craque até a alma, e ainda veio aquele tipo estranho tentar fazer a situação encardir, mas não deu! Mas uma hora a coisa rebenta, e a gente pega o cara... É questão de tempo. O cerco vai se apertando cada vez mais...”. Pois tudo isso, gravações, CDs com filmes, fotos, documentos vários, cópias dos processos injustos, tudo está devidamente registrado e distribuído por corregedorias, Polícia Federal, CNJ, redações e em setores de polícia de capitais. Resta Deus entrar em ação para fazer tudo isso explodir. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té pra semana, babes!