Frederico Mendonça de Oliveira
Você pode até achar que não, mas o fato é que chegamos ao fundo do poço. O Wando esperava ser salvo por uma enxurrada de calcinhas mandadas por fãs, mas não deu. Pois o Brasil está em colapso, e não há mais o que salve também. Você vê: em Salvador a coisa pegou, e isso é só um comecinho. A turma até já brinca: o abadá do carnaval de 2012 será colete à prova de balas. Danou-se tudo. Pois não há iniciativa nem projeto que mude a degringolada que está aí. A podridão é um fato. Você já viu carne em decomposição regenerar? Pois é isso: o Brasil está em decomposição. Os poderes são uma imensa pústula, os vermes chafurdam, o pus escorre, o povo nada pode, Deus olha, e assim vamos juntos para o beleléu. Enter.
Não há o que dê jeito no festival de favorecimentos que rola no Judiciário. Veja só: “Ao todo, 29 magistrados são alvos de averiguação pelo TJ-SP. Cinco deles são considerados “casos mais graves”. Um desembargador, Roberto Vallim Bellocche, ex-presidente do TJ-SP, recebeu R$ 1,6 milhão. O atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, desembargador Alceu Penteado Navarro, recebeu R$ 420 mil. O TJ-SP procura os motivos que levaram a esses pagamentos antecipados. A cúpula do maior tribunal estadual do País, com 360 desembargadores, afirma que os pagamentos eram devidos, por causa de férias e licenças-prêmios não cumpridas”. A marchinha “Ei, você aí, me dá um dinheiro aí” deve ser o hino de suas excelências.. E de onde vem essa grana toda??? Eles falam em férias não recebidas e licenças-prêmios não cumpridas, e a gente daqui de baixo pergunta: “será que também temos isso aí pra receber e não sabemos?”. Pois a vaca embicou pro brejo: “Tribunal de Contas mandou parar a farra salarial em Brasília, mas os desembargadores inventaram uma desculpa e seguiram adiante”. O resultado não poderia ser outro: nesta quarta-feira, 08 de fevereiro de 2012, às 10h27, saiu a notícia: “Prestígio do Judiciário junto à opinião pública segue caindo, e não faltam razões para isso”. Veja o texto: “Duas em cada três pessoas já consideram o Judiciário pouco ou nada honesto e sem independência, segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo”. A FGV não erraria na pesquisa, mas você, pessoalmente, já sabia. Todos já sabíamos. E suas excelências estão carecas de saber também, mesmo apresentando jubas exuberantes como as do Peluzo, do Marco Aurélio Mello e do Lavandowsky. Mas a verdade é que “quando o ouro fala, tudo cala”. E isso parece calar fundo nas vidonas de suas excelências. Pelo que vemos, “só pensam naquilo”... ou seja: muuuuuuuuuuuuuuita grana! Para que o prestígio chegue ao âmbito da execração total, é só suas excelências do STF inocentarem os mensaleiros. Será uma “grória” nesse país em que o idioma involui para os grunhidos – que já andamos ouvindo pelas vozes das maravilhosas duplas breganejas, pela fala do Tiririca, pela voz estúpida do deformado Michel Teló. Enter.
E chega um togado em meio ao caos propondo uma solução, ou uma medida, como você quiser: “Marcus Faver, o desembargador que defende pena de morte para juiz corrupto, é um exemplo para toda a Justiça”. Você há de convir que ficou meio pra Bolsonaro pela radicalidade da proposta, mas faz algum sentido... “O presidente do Conselho Permanente dos Tribunais de Justiça do Brasil, desembargador aposentado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Marcus Faver, defende a tese de que juiz que vende sentenças ‘deve ser enforcado em praça pública’”. Mirabolante, porque não seria nunca por aí. O que vai acontecendo é execução de togados aqui e ali: “Há uma identificação muito grande da situação da Itália com a situação do Brasil. Na Itália, a máfia toma certos setores do governo e, no Brasil, o crime organizado toma certos setores do governo. Então, essa similitude política e social é muito relevante. Há outro fato: da mesma forma como aconteceu na máfia, juízes foram assassinados ao combatê-la. No Brasil, está acontecendo a mesma coisa. Essa similitude faz com que a gente tenha Falcone (juiz que combateu a máfia siciliana) como uma referência muito grande”. Enter.
E chegamos ao óbvio: está tudo perdido. A cruzada moralizadora da ministra Eliana Calmon serve apenas para exibir o câncer no Judiciário, mas não há cirurgia nem quimioterapia que resolva. Veja por quê: “08/02/12, 20h: TJ de SP recusa suspender pagamentos a juízes privilegiados”. Quer mais? Lá vai: 7/02/12 – “A Justiça não se manca, mesmo. É um nunca-acabar de favorecimentos”, e tome lá: “Apesar da saraivada de denúncias sobre favorecimentos a magistrados, o Tribunal de Justiça de São Paulo não fez por menos e criou em janeiro um auxílio para seus desembargadores e juízes no valor de R$ 2.500 para a compra de notebooks, netbooks ou tablets, segundo reportagem de Flávio Ferreira, publicada na Folha de sábado. O mais incrível é que o benefício tem caráter permanente e pode ser usado a cada três anos. Se os mais de 2.500 magistrados do Estado pedirem o auxílio, que será dado na forma de reembolso, o custo para o tribunal será de cerca de R$ 6,2 milhões. De acordo com a direção do tribunal paulista, a criação do auxílio ‘implica medida de economia de recursos financeiros e administrativos’. Medida de economia? Esses desembargadores devem estar de porre. Lei Seca neles!”. Enter final.
“Corte mais cara do País, o TJ-DF gasta com pessoal cinco vezes mais que Supremo – folha de pagamento será de R$ 1,4 bi este ano; contracheque chega a superar R$ 400 mil, no caso de um desembargador”. E, pra ler tomando uma gelada, vai uma “mensagi”, de um certo Ayn Raud: "Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos mais pelo suborno e influência do que pelo trabalho e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que ficam protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada !" E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, brasil!