segunda-feira, 29 de julho de 2013

Poucas e boas na Terra das Palmeiras

 Em socorro do idioma, mesmo que inutilmente - e indignados com a violência de um ministro e com o corporativismo inaceitável que isso envolve
 
 Acima, o estagiário Marco Paulo dos Santos e sua santidade jurídica Ari Pargendler; abaixo, o procurador Roberto Gurgel
Uma história escabrosa à brasiliense, à moda da Justiça brasileira, escrita à moda facebook ou à maneira dos tempos da petralhada da no poder
"Um jovem rapaz aguarda sua vez, para utilizar o serviço de um caixa eletrônico dentro de uma agência bancária. Enquanto espera um senhor fazer sua transação bancária no caixa logo a sua frente. Mesmo com o jovem rapaz na faixa de espera, dentro da distância limite. O senhor se incomoda com a presença do rapaz logo atrás dele, pedindo para ele se dirigir para um outro caixa eletrônico. O rapaz relembra ao senhor que está dentro da distância permitida. E que sua transação bancária só poderia ser feita no mesmo caixa que ele estava utilizando. Mesmo dando ordens repetidas para o jovem sair da área onde estava, ele permaneceu dentro do seu DIREITO em aguardar sua vez. O senhor irritado com o rapaz pergunta onde ele trabalha, para logo em seguida falar que em ele era: Ari Pargendler, presidente do STJ, para logo em seguida perguntar o nome do rapaz, arrancando o crachá do seu pescoço. Demitindo ele sumariamente do estágio onde fazia no STJ!
O rapaz em questão, Marco Paulo dos Santos entrou com um Processo contar esse Ministro do STJ, que NITIDAMENTE abusou da sua função FORA do seu alcance de Juiz. Prevalecendo da velha "carteirada" em cima de um cidadão comum.
Isso aconteceu à três anos atrás, onde esse Processo permaneceu esperando um parecer do procurador-geral Roberto Gurgel, onde ele pediu o ARQUIVAMENTO do processo, por não ter visto nada de errado no comportamento desse truculento Ministro.
Mesmo com a agência repleta de câmaras, onde se podia provar todo relato do Marco Paulo dos santos; jamais foi pedida as imagens como prova nesse Processo.
Para Roberto Gurgel o Ministro ARRANCAR o crachá desse estagiário, não caracterizou algo para humilhar esse rapaz. Mas, para o Ministro poder LER o nome dele!
A demissão do rapaz na concepção do Roberto Gurgel?
Sem relevância alguma!
FALAR MAIS O QUE???
PAÍS DIFÍCIL DE SE VIVER !!
( Raquel Santana )
Vamos em socorro do idioma:
Por que "jovem rapaz"? Ou é jovem ou é rapaz! Ou seria um jovem menino ou um jovem senhor? Prosseguindo: não era preciso ponto antes de "enquanto espera". Adiante: "distância limite" pede hífen. Logo depois: "O rapaz relembra": o certo é "o rapaz lembra", e o ideal seria o verbo "comunicar", porque não havia esquecimento, mas conduta desviante consciente. Na seqüência, uma construção desastrada: "ele permaneceu dentro do seu direito em aguardar sua vez"; seria correto: "ele permaneceu onde estava, aguardando sua vez, o que era seu direito". Depois: "O senhor irritado com o rapaz": esse "irritado com o rapaz" é aposto, deve estar entre vírgulas. Continuando, "para depois dizer quem ELE era": quem é esse ele? O rapaz ou o juiz? Bastava suprimir o pronome pessoal. "...arrancando o crachá do seu pescoço" - do pescoço de quem? Dele próprio ou do rapaz? E assim vai: "Demitindo ele", depois de ponto, quando seria caso de vírgula, pois prosseguia o relato do mesmo fato, em cima. E ainda existem, salvo prova em contrário, pronomes oblíquos, que o caso pediria: "demitindo-o"; mesmo assim, mal escrito: seria melhor "informando ao rapaz que estava demitido". Pasmem: "do estágio ONDE fazia no STJ"; onde fazia o quê?? O pronome é "que", relativo também, mas correto para o caso específico. Pior: "O rapaz em questão, Marco Paulo dos Santos entrou": falta a vírgula depois do nome do pobre, já que é aposto para "o rapaz em questão". Mesmo assim, bastaria dizer "O estagiário entrou". E lá vem outra besteira: "Ministro" é com minúscula, por não ser nome próprio. Adiante, "abusou de sua função fora do seu alcance de Juiz": bastava dizer "praticou abuso de autoridade" ou "de poder", e não cabe maiúscula em juiz, que não é nome próprio. Pra piorar: "Prevalecendo da velha "carteirada" em cima de um cidadão comum". Além de abrir a nova oração com ponto, quando deveria ser aberta com vírgula, por ser uma reduzida de gerúndio adverbial modal, não se justifica o "da": seria um "a"; o ponto seria justificável se usado particípio passado: "Prevaleceu A velha carteirada". Agravando a coisa: "Isso aconteceu À três ANOS ATRÁS, ONDE esse Processo" - o verbo haver foi substituído por a craseado, atentado ao pudor idiomático; não bastasse, um atrás depois do que seria "há três anos", ênfase errônea, inadequada; e lá vem outro onde em lugar do que seria "tempo em que", porque não se trata de lugar, mas de tempo. Chegando ao limite do feio e do errado, vem "um parecer do procurador-geral, ONDE ele pediu o arquivamento do processo"; de novo um onde no lugar de, digamos, um falar simples e correto: "um parecer do procurador-geral, QUE arquivou o processo". E logo adiante aparece outro "Ministro", como se fora marca de alguma porcaria. E tome doideira idiomática, um verdadeiro território de neologismos: "Mesmo com a agência REPLETA de câmaras" é surto, porque repleto de câmaras fica um espaço onde se realize alguma tarefa incomum de registro de fato, depoimento do tipo bomba, aparição de algo muito incomum ou raro. Ali estavam as câmaras (e) de praxe, três ou quatro, para registrar ângulos diversos, nada mais. E lá vem outro "onde", quando poderia ser um "que", isto é: "câmaras que poderiam registrar os fatos envolvendo o juiz e o estagiário"; e ainda aparece um "todo relato", quando seria, mesmo que impropriamente, "todo o relato". Para começar a finalizar, veja essa: "jamais FOI PEDIDA AS IMAGENS como prova nesse Processo", um petardo de concordância e outro episódio de maiúscula para nome comum. É mole?? Pois vamos aos finalmente. Alá: "Para Roberto Gurgel o Ministro arrancar o crachá desse estagiário, não caracterizou algo...", e vemos que falta a vírgula depois da expressão de aposto circunstancial antecipando a oração; também prossegue o "Ministro", como se fosse marca; e lá vem a "nova descoberta ortográfica" à brasileira, a vírgula entre sujeito e predicado, pérola apaixonadamente assumida pelos apedeutas que se aventuram no território da escrita. Chegando à reta final, temos "Mas, para o Ministro poder ler o nome dele": uma vírgula aloprada e a maiúscula firme lá, seguramente pra não perder o costume. Finalizando a viagem pelo idioma sob agressão - ou incúria, vá lá -, uma chave de ouro: "Falar mais o QUE???", dispensando solenemente o acento circunflexo no "que" finalizando oração.
Você gostou? Eu fico apenas penalizado, com desculpa da paronímia... mas o que nos resta é sugerir à autora do texto que solicite um revisor para seus escritos. O teor da inserção é imperdível, indispensável como relato de mais uma atitude tirânica doentia por parte de magistrados - que têm nas tripas o mesmo que um morador de rua sob viaduto, e cujo corpo será, como para com qualquer ser humano desencarnado, comido por vermes depois de sepultado. Ponho-me à disposição do Revoltados on Line para revisar suas intervenções no Facebook, sem ônus qualquer. Apenas pela credibilidade que um texto limpo adquire perante leitores lúcidos - e também pela importância do que essa turma positiva denuncia na rede.
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