sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Equilibrando a perereca

Frederico Mendonça de Oliveira

Você não sabe, mas eu descobri. Deu na Folha: Dilma Roussef acompanha a escatológica Fina Estampa. Dá pra ficarmos abestalhados, porque uma dirigente de um país, pessoa que dispõe de coisas do baú para se aperfeiçoar, joga no lixo seu tempo e sua qualidade/condição pra ficar diante da fauna global e dos enredos estrambóticos, coprológicos, de novelas das oito. Será que a tortura a fez esquecer que a Globo estava envolvida com a repressão, se não estava co-protagonizando as sevícias que ela aturou? Será que Dilma confirma, agindo como age, que “O revolucionário de hoje é o reacionário de amanhã?” Saiba, presidenta, é estranhíssimo considerá-la contemplando Torlonis e quejandos, quando poderia estar curtindo boa literatura e arte de alto nível. Ou degustando, pagando decentemente, os grandes artistas que o Brasil oculta sob o entulho de montanhas de lixo com que a mídia soterra nossas vidas. Por que a senhora não chama ao Planalto regularmente artistas maravilhosos, como faziam os aristocratas do passado – que traziam ao palácio a fina flor de seus artistas para apresentações ao vivo e, em alguns casos não raros, patrocinavam-nos? O Império “não dêssa?” Pois saiba presidenta: a senhora joga horas preciosas no lixo plantando-se numa poltrona diante dessa matéria abjeta. Ou será que a senhora se identifica com a Tereza Cristina Velmont? .. Eu, hem! Enter.
A perereca anda bambeando na boca. Há que equilibrá-la. Mas normalmente é difícil. Quando a gente pensa que a perereca tá firme, vem uma notícia dessas: a presidenta vê novela global. E confirma em evento paulistano: “Quer discutir novela comigo? É claro que eu assisto novela, minha querida!”; e, segurando o rosto da colunista (???), completa: “Esqueceu que eu estive presa?”, e ela informa que no cárcere começou a se depreciar. Gozado: ela diz que assiste novela; como? Trabalhando no set, como iluminadora, continuista, câmera? Se não é isso, madame, tem preposição: “assisto A novela”. Podemos ver claramente que não só a presidenta, mas a esmagadora maioria dos que se aboletam no poder é composta de ignorantes. Dilma é uma iletrada. Se tivesse um mínimo verniz, teria vergonha de si ao se postar diante de uma novela global. Teria muito mais vergonha ainda de declarar publicamente esse desvio. O único ser dotado de algum preparo no Planalto é justamente o paradigma da corrupção e do banditismo, o que anula seus dotes literários – que não avalizo por não me permitir lê-lo: José Sarney. Arrrrrrrrrrgh! Enter.
Por essas e outras “eles” pegaram o Brizola: ele disse, publicamente: “Se eleito presidente, garanto: a primeira medida na primeira manhã de governo será tomar uma atitude contra esse grupo”, e ele se referia à Rede Globo e sua ação deformadora sobre o povo brasileiro e contra a história deste país. Pois Dona Dilma já se deu ao mais incrível dos micos: comparecer àquela plasta reles que é o Mais Você, e talvez tenha até trocado um lero com o repulsivo “louro josé” (desculpem, mas essa miséria torpe não merece maiúsculas). A distância entre o legítimo brasileiro Leonel Brizola e a atual ocupante da cadeira nº 1 neste lupanar é de anos luz... São completamente antípodas, aliás. Primeiro, Brizola era um estadista, enquanto Dilma é uma burocrata a serviço de outras forças – que nos mostraram ser algo mais perigoso que o câncer. Estranha, por sinal, a metáfora do câncer do Lula: depois de mentir por 25 anos, inverte o jogo e passa dois mandatos eructando asnices e transfomando nossos ouvidos em penicos e a política e a estrutura de poder num verdadeiro cagafum. Pois é justamente no gogó do cara que bate a sujeira... e lá está a Marisa, sempre parecendo de borracha... Enter.
Ninguém até hoje falou sobre Marisão, senão que ela não fala. Teria ficado muda por não poder chupar todos os drops da fábrica em que trabalhou, a Dulcora (“embrulhadinhos um a um”, lembra?). Pode. Mas... teria ela o que dizer a alguém, mesmo ao maridão? Ou será mais fácil ficar em seu mundo emborrachado, o sorriso patético parecendo de mulher inflável? Aliás, quem garante que ela não é inflável, e que Lula a desinfla depois das cerimônias bestas em que ela “aparece” sorrindo sardonicamente? Enter.
E tome lixo na imprensa, vide a estúpida coisa da saída da Fátima Bernardes do JN – aliás, nem questão é, mas uma titica mais que reles. Pois saiba, babe: está nas primeiras páginas dos jornalões que a dondoca foi tirada do ar pelo HD, a alta definição da imagem, última inovação tecnológica nisso. Começou mal, pois logo revelou que a carinha de santinha já apresenta perigalhos ou indícios de. E isso é contra a caradebundice global em telejornais. Gostou? Pois eu pergunto: “E NÓS COM ISSO, PÔ??? Eeeeeeeenter! Final, por sinal!
Fumaça no Judiciário: “O Conselho Nacional de Justiça informou em seu site que a Corregedoria Nacional realiza inspeções em diversos tribunais estaduais, trabalhistas, federais e militar para verificar movimentações financeiras atípicas de magistrados e servidores”. E mais essa: “Repórter da Folha revelou que a corregedoria iniciou uma devassa nos registros do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para investigar supostos pagamentos ilegais a magistrados e a eventual evolução patrimonial de desembargadores incompatível com suas rendas”. Mais ainda: “Um grupo formado por 17 integrantes da cúpula do Tribunal de Justiça de São Paulo que está sob investigação do CNJ pode ter recebido ilegalmente R$ 17 milhões dos cofres públicos em 2010, informa reportagem de Flávio Ferreira, publicada na Folha em 8/12”. E a inatacabilidade de suas excelências? Pau na máquina, CNJ! E viva Santo expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah!, você sabe: estamos censurados desde 11/04/08. São 2204 dias sob abjeta mordaça. E repetimos as palavras do ministro Carlos Aires de Brito: “NÃO HÁ NO BRASIL NORMA OU LEI QUE CHANCELE PODER DE CENSURA À MAGISTRATURA”.