quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Hienas, papagaios e mixórdia na mídia

Frederico Mendonça de Oliveira

Manoel continua atolado de pesquisas, e cumprimos nossa tarefa de cobrir com artigos-tampão essa pedida de tempo solicitada por nosso herói. E para tanto fazemos o de sempre: uma varredura nas primeiras páginas dos jornalões em busca de algo que mereça nossa atenção e empenho.
Confessamos que anda difícil. Desde o fim da Tribuna da Imprensa e o fim de publicações ainda um pouco sérias na área dos jornalões, ler coisa válida e artigos de gente lúcida vem sendo praticamente impossível. E como não vivemos atrás de blogs, embora esta vá se impor como única saída dentro de pouco tempo, ainda varremos as boçais e/ou escrotas primeiras páginas das folhas da vida, boletins descarados dos que mantêm sob torniquete este planetinha em convulsão. Este intróito pode até feder a nariz-de-cera, mas fede é mais ainda: já vem logo mostrando as carantonhas ensebadas e catinguentas de maquiagem – à la Berlusconi – dos Civita, dos Bloch, dos Marinho, desses que fazem da imprensa um meio de enriquecer às custas de bestializar e boçalizar a macacada o mais que puderem. E o assunto que escapou hoje da triagem do Império é a nova lei que Chávez submete hoje ao Congresso venezuelano, e isso aparece, claro, sob o dedo invisível do Império, dedo que aponta autoritariamente para a necessária senão imperiosa tarefa macabra de demonização do líder bolivariano. Isto para que Tio Sam, aquele monstro abjeto, reine sossegado sobre todos nós, especialmente mantendo aquela cartola sinistra, aquele dedo voltado para nossos narizes e aquele sorriso infernal. “We want you!”, diz aquele depravado yankee, sob quem toda a Humanidade hoje padece, e gente como Chávez deve ser eliminada do mapa, simplesmente porque, como Ahmadinejad, Kadhafi e outros seres refratários a submissão, o líder venezuelano se nega a se curvar ao Império e com isso mostrar a bunda aos seus patrícios. Enter.
“O departamento de Estado americano criticou na quarta-feira, 15, a tentativa do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de aprovar uma lei que lhe permite governar por decreto por 12 meses. O venezuelano respondeu com críticas à ‘arrogância do Império’. A Lei Habilitante será votada hoje em segundo turno pela Assembleia Nacional, de ampla maioria chavista”, diz a cabeça da notícia no Estadão. Bem, que o departamento de Estado americano critique o que lhe desagrada, problema deles. Quem é o departamento de Estado naquela pocilga de país onde impera o materialismo desenfreado e onde os ícones culturais são a Coca-Cola, o Jeans, o automóvel e o hambúrguer? Que vá à merda esse departamento com seus babaquaras engravatados obedientes a poderes ocultos que eles mal sonham existir - ou de que são agentes na caradura! Bem, Chávez não hesita em mandá-los à merda de barquinho, respondendo na lata dos gringos com um belo desaforo sem cerimônia. É como aquilo de a Carla Bruni, que dizem ter sido garota de programa antes se deitar com o presidente francês e que já apareceu nua na coluna social da Folha tapando com os braços e a mão os mamilos e o pelame – será que tem? – pubiano, atacar de militante em defesa da iraniana condenada pela lei e pela tradição religiosa do Irã. A resposta de Ahmadinejad foi clara: “Não damos ouvidos a prostitutas”, coisa assim. O que gente como la Bruni e outros estropícios a quem ela se curva querem é que a mulherada árabe vire esse tipo de coisa que pulula no Ocidente: uma legião de mulheres coisificadas, desfrutáveis, sem parâmetros morais, objetos assumidos de prazer, objetos vestidos – mal ou sumariamente, quase sempre – se entregando sem pestanejar para qualquer bunda-suja que lhe fizer qualquer corte (ô) “pra ver que bicho dá”, e, se vier a gravidez, bem, tem bolsa disso e daquilo e ainda a possibilidade de meter um advogado no idiota para quem ela deu para saciar o cio de ignorante sem miolos dentro da cachola. Enter.
“A oposição venezuelana acusa Chávez de tentar aprovar a lei às pressas para se sobrepor à nova legislatura, que toma posse em janeiro, na qual o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) perderá a maioria qualificada de dois terços”. Bem, a nova legislatura é resultado de investimento pesado norte-americano infiltrando insatisfação em setores atrasados da população, sobre os quais se opera um tipo de populismo assistencialista para compra eleitoral - leia-se, em outras palavras, intervenção em assuntos internos venezuelanos. A oscilação de opinião pode ser resultado de muitos fatores, mas um dos mais eficazes é a velha e depravada compra de votos. E a vida econômica na Venezuela não é nenhum paraíso. Então os agentes do Império infiltrados no país podem agir com alguma certeza de sucesso fazendo uso do que aqui, nesta maravilha de cloaca em que nos fazem chafurdar, é tradição de mais de século para eleger os montes de pulhas que vemos ocupar cadeiras no Congresso desde que Deodoro e Floriano foram sucedidos por civis. Até aí, tudo certo, ou erradíssimo, mas não é o que nos interessa. O que vale registro, por exemplo, é a opinião emitida por leitores, em sua maioria uns equinos, que não se vexam de exprimir asneiras como a que se segue: “Gostaria de ver o chavez como mussulini, de ponta cabeça”. Quem assina esse primor de psicopatologia é um certo – ou incertíssimo – Caetano Santos. Primeiro, não é chavez nem mussulini, é Chávez e Mussolini; segundo, esse psicopata não tem a menor idéia do que sua boca bosteja: simplesmente porque ele nem suspeita de quem terá praticado uma das mais horrendas manifestações de monstruosidade como o que foi feito contra um líder nacionalista. E essa besta não fareja um grãozinho que seja da podridão que ele proferiu: Mussolini não é acusado de massacres, a ele não se imputam crimes de guerra, nada. Por que matar e pendurar de cabeça pra baixo um líder que integrou uma aliança nacionalista internacional e só fez mobilizar a Itália para uma ideologia como outra qualquer? Esse suposto Caetano Santos parece um ser doentio com fantasia de genocídio em seu espírito infernizado. Simplesmente porque NÃO SE TRATA DISSO o caso de Chávez nem tem sentido a execução monstruosa de Mussolini – nome que o maluquete nem sabe escrever... Mas é isso que o Império quer: imbecis votando contra Chávez, imbecis defendendo a intervenção internacional anti nacionalista, bocós palrando como papagaios imitadores o que a mídia do Império defeca nas populações destas américas latrinas... Enter final.
Bem, Chávez, que não é um Tiririca nem um Jáder Barbalho, dispara sem contar até dois: “Em resposta às críticas dos EUA, Chávez acusou Washington de tramar um complô para desacreditá-lo. ‘Temos que nos proteger da arrogância imperial’, disse. Eles repetem o discurso da ultradireita e de seus lacaios daqui’”. Ora, encerramos com uma colocação inequívoca: se os que acusam Chávez de ditador são os mesmos que massacram o povo palestino, submetem o Afeganistão e o Iraque, intervêm em qualquer estrutura social que não se dobre a eles, que valor terá o que esses seres opinem a respeito do quê? Vão comer hambúrgueres e beber cocacola, seus loucos sanguissedentos! E saibam que os que pensam não duvidam de que de vocês só pode vir monstruosidade e destruição... E viva Santo Expedito! Oremos. Té pra semana, babes!
Ah! Vale lembrar: estamos sob censura desde 11/04/08, aliás mantida por Gilmar Mendes, e a restrição vai totalizando 953 dias. Abraço pra turma do Estadão, há 504 dias também sob mordaça...