sexta-feira, 16 de julho de 2010

Manoel e a imprensa internacional amestrada

Frederico Mendonça de Oliveira

“Que coisa é essa de embaixador de Cristo? Cristo não precisa de embaixador. Cristo está no povo e nos que lutamos pela justiça e libertação dos humildes", declarou Hugo Chávez, um dos presidentes mais aclamados por seu povo nos dias de hoje, comprovadamente aceito porque eleito e reeleito de forma espetacular ao longo de dez anos, inclusive obtendo vitória atrás de vitória sob artilharia pesada do Império. Também sobrevivendo a uma tentativa de golpe de Estado para defenestrá-lo, de que saiu vitorioso e reempossado pelo povo. E, desta tentativa intervencionista participou, também, quem? Justamente a Igreja Católica, instituição perante a qual Chávez mais uma vez se encrespa, a partir de fatos recentes na Venezuela envolvendo o cardeal Jorge Urosa. Diz um dos jornais de nossa esculhambada Pindorama: “O Executivo, o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e mais representantes e outros poderes públicos vêm criticando a cúpula eclesiástica nos últimos dias depois de o cardeal Jorge Urosa, arcebispo de Caracas, ter denunciado que o presidente está conduzindo o país ao socialismo marxista”. Bem, se editores nesta cloaca brasilis bostejam essas notícias redutivas e cretinas na essência, muito no estilo da geral porcariada que se publica diariamente e que se transforma em montanhas de papel inútil e poluente, senão destrutivo, isso não quer dizer que deva ser levado a sério, nem sequer lido. Um cardeal declarar essa asneira significa apenas estar do lado do Império. As bestas daqui ainda dividem o mundo entre capitalistas e comunistas, e nada sabem quanto a tal divisão e quanto ao que falam, porque não sabem o que pensam – aliás, nem sabem mais o que significa pensar. Enter.
Chávez é estadista, o que significa estar envolvido com o corpo vivo de seu país. A globalização é um monstro de um milhão de braços, e Chávez não se mistura com essa merda, que não passa de uma forma de unificar a vítima para o golpe internacional que se agiganta, movido pelos mesmos que arrasaram o Paraguay, que arrasam o Brasil, o Peru e querem sob seu tacão simplesmente todo o planeta. O “ideal chavista” não é chavista, é bolivariano. No Brasil, uns dez seres – se muito! – que trabalham em jornais podem saber o que significa isso. Terão ouvido falar, terão lido por aí, não terão a menor idéia disso, tratarão sempre de fazer a matéria como o editor manda, e só. O mais importante é que Chávez não tem qualquer projeto de socialismo marxista. “Socialismo marxista é coisa do século passado, ó linda!”, brada Manoel um tanto emputecido: “Existe uma gama imensa de socialismos, desde o marxista até o socialismo nacionalista alemão, estes dois em radical oposição! Mas, dentre todos, o nacional socialismo alemão terá sido um dos poucos que fixaram no Estado sua essência de força e objetivo. Chávez quer a Venezuela venezuelana, um estado vivo, não soviética, tampouco marxista. E tenho comigo, pelo que trabalhei revisando copioso material sobre a Venezuela chavista, que Marx lá não tem o menor prestígio, linda!”, considera Manoel para sua Maria, que incrementa um tremendo feijão bolinha com suã. Enter.
E o que a imprensa no Brizêu diz (ou seria excreta?), por exemplo, sobre o líder bolivariano, é somente uma cantilena estúrdia de canalhices dignas dos chefões mafiosos das elites que exploram criminosamente o Brasil, canalhices essas estampadas numa imprensa completamente manietada e agrilhoada pelo capital do Império. “É somente dominação, ó Maria, somente um instrumento para manter a intervenção em marcha, enquanto os brasileiros prosseguem escravos e zumbis, incapazes de entrar em sua própria vida e História!”, comenta Manoel com sua amada depois de uma verdadeira maratona para localizar algo concreto nos webjornais sobre o assunto. Enter.
“Veja só, Maria. Abri o JBonline e eis que na página de capa aparece, na “blusa”, a cara do Chávez em plano quase de detalhe, para deformar sua fisionomia, foto encimada por uma manchete: “Chávez diz que o papa não é embaixador de Cristo na Terra”. Eles tentam com isso, dando essa bofetada nos cristãos otários de araque, incompatibilizar Chávez com o conformismo estúpido daqueles que penduram corrente e crucifixo no pescoço mas agem como fariseus safados 24 horas por dia. Como esses seres vivem de convenções, para não ter de dar trabalho e canseira ao cérebro, de repente assumem de cara um preconceito para com o estadista venezuelano. “Conheci gente, ó Maria, que dava nome de Osama ou Sadam a cães rotweiller ou pitbull, veja que feijoada de cego é a cabeça dessa macacada, cabeças mais para penicos, convenhamos!” Enter.
“E lá vai a coisa se deteriorando, como está nos planos do Império, ó Maria!”, considera Manoel. “A força do capital dos inimigos da Humanidade tem poder mais que suficiente para causar graves problemas econômicos ao programa libertador de Chávez. Quem nega isso é ‘deles’. Ou é uma besta, simplesmente. E, para engrenar a etapa definitiva de crescimento real no país, Chávez precisa sanar o atraso contido em bolsões acometidos de vícios históricos, isto é, conseguir emancipar setores atrasados já há séculos incrustados no corpo do Estado. Os agentes do Império estão lá, infiltrados, operando para radicalizar não só o atraso através de ações intervencionistas como também para tratar de sublevar essa gente ainda pouco politizada contra a política de emancipação chavista. É aquilo, minha linda: especuladores dessa mesma laia tiraram o trigo do mercado para produzir a ‘revolução francesa’, foi tudo um golpe: os agentes articuladores estavam por trás do pano!, e detonaram a reviravolta, e veio a ‘viúva’, a guilhotina que eliminou cabeças que obstavam a ação dos globalizadores de então!”, considera Manoel, já de olho nas panelas fumegantes que Maria submete aos devidos fogos, altos ou baixos, para sair um almoço no jeito. Enter final.
“Feijão bolinha com suã, arroz ao alho, batatinha salsa, jiló ao bacon, um ensopadinho de carne moída com repolho e cenoura a palito, isto é um pecado, ó linda!”, avalia Manoel prelibando o almoço (não, não vem do árabe, mas do latim admordere) cujo aroma já toma a casa toda. E nosso herói ainda considera, mesmo que já com apetite espicaçado, a verdade sobre a imprensa amestrada do Império: “Se Chávez é ou não caudilho, sabemos dizer; mas a macacada, hoje vivendo que estamos a epidemia dos humanóides, a macacada não sabe. Para eles, o que os jornais disserem é a verdade: deu na TV, é fato, é verídico. Então a imprensa é ação criminosa diariamente: vivemos o assalto constante da escamoteação de fatos pela quadrilha do Império infiltrada em tudo, mas muitíssimo ativa na imprensa. Eles são nojentos! E veja que no Brasil eles somam apenas 0,08 por cento da população... mas corrompem e mesmo mandam EM TUDO! E é deles que vem a difamação contra Chávez!... Pois que vão em frente: Deus espera. E vamos à comezaina, linda!”, conclui Manoel. E viva Santo Expedito! Oremos. Té pra semana, queridos!

Ah! Vale lembrar que estamos sob censura desde 11/04/08, a restrição já vai totalizando 809 dias. Abraço pra turma do Estadão, que também atura isso há 350 dias...