sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Os vendilhões de templo estão aí

Frederico Mendonça de Oliveira, Fredera

Acabou que eles venceram. O Cristo meteu-lhes o chicote e os expulsou do templo, realizando um ato diversificado em toda a sua trajetória descrita nos quatro Evangelhos, mas eles O condenaram e levaram os romanos a crucificarem-nO... e hoje assumiram o comando do planeta. Ele desceu o cacete nos inimigos da verdade, nos que tudo transformam em matéria, cobiça, vício e tráfico, e sentar-lhes o pau foi gesto único durante os três anos de seu percurso apostólico - mas eles não recuaram: hoje têm os homens sob seu tacão, homens convertidos à adoração do ouro e da matéria, homens vergados a todo tipo de vício. Todos temem que a Natureza desencadeie a fúria dos elementos desafiados pela estupidez destrutiva dos globalizadores, e todos sabemos: estamos também no limiar do despedaçamento final através de feia guerra mundial, em que os povos se estranharão,como disse J.K. Galbraith (ou terá sido Oppenheimer, o pai da bomba atômica, sobrinha também de Einstein?), a paus e pedras. Passou o Natal e não pudemos ouvir a voz do Cristo nos lares e alhures. Enter
Não pudemos: ouvimos a voz de Ivete Sangalo, de pagodeiros, de axezeiros, de breganojos; ouvimos a voz de animadores de programas onde seres asininos se esfregam como os asnos de que fala o ditado latino: "Asinus asinum fricat"; ouvimos as vozes televisivas morféticas e estudadas para o ludíbrio da legião de milhões de incontáveis midiotas, das dezenas de milhões de objetos vestidos que vivem como zumbis sob a vara de ferrão do peão do Império; ouvimos o som pastoso e miserável do aboio interminável daquele camelô denominado Sílvio Santos, mas na verdade Senor Abravanel - ele prefere viver camuflado para melhor concretizar sua tarefa de disseminação da miséria mental que os governos títeres do Império a ele - e a tantos outros como ele - confiam; ouvimos foi o inferno sonoro dos amplificadores prostituindo as ruas com sons antinatalinos, mesmo até sabendo que os sons tidos como natalinos já são algo muito distante do verdadeiro som que deveria embalar o dia sagrado e místico do Nascimento. As ruas viraram a baderna ideal para os vendilhões de sempre, e objetos vestidos transitavam como gado percorrendo a esmo as ruas em busca de bugigangas insignificantes. O consumismo se instalou como uma estúpida enfermidade miserabilizante. Está tudo dominado. É o país de merda preconizado pelos cartolas da finança internacional e transformado em lixo por sucessivos governos de vermes traidores submissos ao que ordenam seus amos de Wall Street. Como disse Caetano, e temos de concordar com ele, "O Haiti é aqui" - basta botar o pé na rua e contemplar a ralé brasileira aflita em busca de um sentido para a vida da coletividade estupidificada, basta contemplar o horror de uma guerra civil que cospe catarro nos cornos de qualquer instância do que as cacatuas da mídia prostituída e prostituidora chamam poder, lendo os teleprompters que seus "editores" bandidos lhes mandam ler. Enter.
Sim, sim, crianças: o Haiti é aqui. A concentração brutal de renda asfixia a multidão imbecilizada enquanto os poucos membros das elites desfilam em carrões refrigerados e à prova de balas. Balas perdidas em capitais zunem como abelhas tanáticas, e as multidões gritam GOOOOOOOLLLL! para anestesiar seu desespero através do ópio do futebol. É o Brasil dos globalizadores, o Brasil como querem os que tinham Henry Kissinger, aliás Abaham ben Elazar, como seu representante. Este demoniozinho declarou, como porta-voz dos donos do mundo, que "Não queremos um tigre abaixo do Equador". Que tigre? Explico: ele se referia ao que chamavam à época de "tigres asiáticos", ou seja, as economias emergentes dos países amarelos, China, Japão, Coréia, Taiwan, por aí. Então a tarefa dos globalizadores era obstar a marcha do Brasil em direção a um futuro de emancipação e soberania. Aos cães globalizadores interessa é tomar a Amazônia, o Aqüífero Guarani e o Pantanal, de que eles vão precisar para se manter vivos enquanto nos fazem morrer à míngua de miséria, fome e sede. E vamos dançar axé, imbecilzada, macacada sem rabo, que o Brasil já era! Enter.
Os babacas que se posicionaram a favor da proibição de venda de armas e munições nem imaginavam que merda jogavam nas próprias fuças e vidas. Eles se baseavam em subjetiva idéia de rejeição da violência, como se fossem moças virgens ingênuas, os cafumangos. Nem sonhavam que estavam engrossando a iniciativa de eliminar a tarefa de exportação de armas pelas fábricas brasileiras Taurus, Rossi, Boito, Beretta, Imbel e outras. Só pra ilustrar, os cops americanos, ou seja, os guardas de rua uniformizados, usam revólveres Taurus 38. Proibida a venda de armas em território brasileiro, estaríamos impedidos de exportar nossos produtos, porque só podemos exportar, por lei internacional, aquilo que podemos comercializar internamente no país. Entenderam, ó vocês integrantes da macacada sem rabo do Sim? Venceu esmagadoramente o Não, venceu o País, mas continuamos sob sérias restrições em relação a armas de fogo - restrição essa que não impede que o crime organizado esteja mais armado que as Forças Armadas e as polícias e que mije sobre o poder constituído sem a menor cerimônia. É o Brasil globalizado, é o Brasil de joelhos aos pés dos amos globalizadores. Não é bonito, isso? Não é encantador vermos nossa gente indo pro inferno? Enter final.
Feliz Natal e Próspero Ano Novo. No Rio, o helicóptero que levava um palhaço fantasiado de papai noel para descer no morro distribuindo presentes para as crianças faveladas levou foi bala, e teve de sair de pinote rapidinho pra não ser abatido mesmo. Os poderosos acham que basta fazer uma gracinha levando uns presentinhos pros pobres desgraçados que se comprimem como ratos ou vermes em favelas-bicheira e tudo fica azul como a tela da Globo. Não é mais assim, não. Agora o mal ganhou vida própria, e poucos sonham com o que significa o bem. Feliz Natal e Próspero Ano Novo: é o que nos desejam os globalizadores, depois de nos prostrarmos a seus pés. O Cristo é uma vaga lembrança. O que vale é a grana e fazer todo mundo comprar, comprar, comprar, sem qualquer sentido, não importa. Vem aí o 31/12. Pulem muito! Como macacos! É a alienação total! E viva Santo Expedito! Oremos. 'Té 2008, crianças!