sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A gracinha que é nossa Banânia

Você está “filiz”? Eu, não. Embora esteja vivendo a grata constatação de que consegui realizar tudo que pretendi pelo bem de todos e felicidade geral da “nação” – e para desespero dos que lutaram loucamente para impedir tamanha vitória –, vivo a frustração dos legalistas: choro diante de meu país estraçalhado sob o binômio corrupção-miséria, dói ver minha gente se multiplicando sem noção do que seja o país em que nascem e crescem em condição de zumbis sem horizontes. Vivo a sensação da derrota nesta vida, no que tange a meu sentimento de irmandade com meus compatriotas. Vivo o horror de ver destruído o sonho de progresso humano e social neste lugar onde hoje deveria vicejar uma Pátria livre e soberana. A Pátria virou fumaça, foi pro saco, e em seu lugar subvive uma população que só conhece sofrimento, miséria, desgraças e incerteza total. O crime é hoje parte integrante do corpo disso a que ainda chamamos Brasil. No passado, era uma presença indesejável, era um acidente em nossa história, uma ferida pequena em um grande corpo; hoje é um mal que até mesmo define o rumo desse corpo. Como ficar feliz vendo tanto horror? Se Castro Alves falou: “Senhor Deus dos desgraçados/ dizei a nós, senhor Deus/ se é verdade ou é mentira/ tanto horror perante os céus!”, você vai dizer que seus conterrâneos que se forniquem e que, se a farinha é pouca, o que importa é o seu pirão primeiro? Esta é a lei de gérson, o individualismo escroto do salve-se quem puder. E o salve-se quem puder obriga ao estabelecimento da lei da selva e do mundo cão. É possível para qualquer ser dotado de um mínimo de sensibilidade calar diante disso ou simplesmente conviver com isso como sendo “assim mesmo”, virando pro lado e dormindo? Pode ser, caso contrário isso não estaria assim tão consolidado como etapa histórica definida. Mas calar diante de um crime é cometê-lo, disse o líder cubano José Marti quando Fidel ainda estava de gatinhas. O que você acha? Enter. E temos uma ilustração para essas palavras doloridas. Deu no Cláudio Humberto: “Às moscas – Em recesso branco devido às eleições, a Câmara sequer reuniu um décimo dos deputados esta semana, número necessário para que a sessão conte como prazo para a votação de emendas constitucionais”. Talvez tenham estado naquele covil de vagabundos de carteirinha o Romário e o Tiririca. Eles já se diferenciaram do restante, e muito bem... E terão aparecido mais alguns moleques engravatados que lá estariam por alguma razão pessoal e que lá tenham ido pra encaminhar alguma porcaria para suas vidas de cafres e sevandijas lincháveis ou enforcáveis. Como podemos estar tranqüilos se pagamos regiamente esses bandidos – com raríssimas exceções. Se não fossem bandidos, não aceitariam a fortuna que recebem vinda de nossos esforços e nosso ardido suor para viverem como nababos cínicos e descarados fazendo simplesmente porra nenhuma naquele asqueroso lupanar. E agora, justo quando a Banânia ferve sob Cachoeira e mensalão, quando as eleições municipais vão mudar muita coisa do paizeco, vemos o Congresso de pulhas esvaziado, talvez porque nada a respeito de prefeitos ou vereadores tenha valor para quem vive na prostituidíssima Brasília, a desvairada capital mundial da corrupção. Ou você acha que não é? Enter. E o boneco de borracha Levandowsky, que mais parece ator do filme A Dança dos Vampiros, do Polansky – aliás, o sobrenome desses dois meio que rima...– vai manobrando com seu semblante de frieza emborrachada visando desestabilizar a imagem do “supererói” Barbosa, levantando questões de mérito para irritar o relator, e assim consegue, na manha e na picardia gélida, provocar descargas e até pitis do colega, e a qualquer revide meio quente de Barbosa vem o restante das togas em defesa da “ordem no tribunal”. E virou isso por agora o julgamento, enquanto entra em cena pegando o bonde andando outro nome pra lá de agringalhado: Teori Zavascki, menos emborrachado e amarrotado que o revisor mas levantando as orelhas da galera quanto ao que fará nessa: vota ou fica só sacando? Se quiser votar, tem que pedir vistas, e pára tudo sine die. Enfim, dá o que fazer para que a coisa não pare, e a tendência de as formalidades do tribunal darem o andamento da toada é visível. Até o momento, contudo, a turma que servia ao babalorixá biriteiro vai se ajeitando pra começar a conviver com ver o sol nascer quadrado... Enter. E rolou uma em Nova York digna de menção: um garotão de boné e tênis adentrou a principal estação do metrô da city e começou a tocar um violino lá – estojo aberto no chão com partituras –, no saguão central. Ninguém dava a mínima, todos passavam em direção a seus objetivos tratando de viver seus rumos, mas na verdade o cara tocou 45 minutos para gente totalmente distante daquilo. Só uma mulher ficou parada segurando sacolas a três metros dele ouvindo com total atenção. O cara terminou, foi cumprimentar a mulher e fim. Bem, o cara era simplesmente Joshua Bell, o maior violinista da atualidade. Ele executava o concerto para violino de Max Bruch, obra de mestre para ser executada por mestres. E o instrumento era simplesmente um Stradivarius 1723, avaliado em muuuuuuuuutos milhões. Você sacou a piada? Foi uma onda projetada e filmada, e eles pretendiam estabelecer um parâmetro: um virtuose consagrado tocando o concerto de Bruch num Stradivarius 1723 é tratado como qualquer violinista amador tocando um violino de brechó e esperando umas moedas pra levantar um troco. Eis a piada. Enter final. E rolou um estremecimento entre a alta cúpula do Exército e Dilma e seus civis. Depois do rasante dos Mirage quebrando vidraças do STF, um general ignorou o “protocolo” e ordenou a constituição de uma escolta especial para Joaquim Barbosa. Não cabia ao Exército a decisão, mas rolou, sacudindo a roseira de novo. A notícia saiu ontem na Tribuna da Internet, pelas 22 h. Hoje, abrindo para conferir, cadê? Tiraram! Sumiu! Eu, hem!! Qual é, gente? Censuraram? E viva Santo Expedito! Oremos. Inté, babes!