Frederico Mendonça de Oliveira
O Rui Castro, que você, leitor, certamente não conhece, comentou em seu livro Tempestade de Ritmos, na verdade uma coletânea de artigos dele pra não sei que jornal – isso não interessa: todos os jornais da grande imprensa formam um grande lobby escatológico, e nada têm de compromisso senão com anunciantes – publicados há um punhado de anos, que a música ficou tão ruim que hoje seria uma instituição para seres que só não voltam às árvores por terem perdido o rabo. Parece-me que há macacos arborícolas sem rabo, caso do bugio e mesmo dos chimpanzés, estes últimos cada vez mais perto dos que dizem ser descendentes deles: nós. Bem, no arraial onde me exilei há 23 anos para fugir da guerra civil carioca, os seres que andam pelas ruas bem que parecem readaptáveis às árvores por entre as quais circulam na praça central. Mas, como disse mister Castro, suprimiram-lhes os rabos. E é tarde: os que determinam a chamada “nova ordem internacional”, os abjetos e genocidas globalizadores, já conseguiram transformar aquilo a que chamávamos de Humanidade” numa horda de seres simiescos, um bando mundial de “jacks”, uma legião jamais historicamente verificada antes: zumbis ambulantes, falantes ao âmbito dos grunhidos, todos tangidos pela vara de ferrão da mídia, todos inteiramente obedientes às balizas da TV. Pois é: para conquistar definitivamente o planeta, ou o “praneta”, como se diz amiúde nestas montanhas cheias de bugres balantes, é mister fazer com que o que antes era chamado de “ser humano” (QUAQUAQUÁ!!!) seja transformado num simulacro deste, e que a ele se apresente uma dieta de horror sonoro e de imagens e de conceitos capaz de fazer um Zé Dirceu ou um Marcos Valério ficarem indignados. É isso. Enter.
Pois já estamos vivendo o inverno, e os macacos sem rabo já se apressam a envergar variados panos pesados e cheios de padrões espalhafatosos, quando não com cores de assustar um jumento já amansado. Deambulam pelas ruas exibindo com orgulho seus panos mais apropriados para espantalhos, e só fazem procurar não o elo perdido com sua condição anterior mas aprofundar mais e mais sua nova condição abissal de andróides submissos às ordens dos amos globalizadores. Nem sonham com o que os espera: o forno de que falou o Cristo, onde será jogada a erva, o joio imprestável. Nem sonham com sua verdadeira origem, o que os faz incapazes de considerar o que lhes está reservado na seqüência. Mas parece que intuem o que lhes espera, como fazem certos animais, e ateiam fogo à vegetação seca de terrenos baldios e do que possam incendiar, como que acionando as chamas do inferno de onde vieram, em que vivem e para onde vão de volta. Daí obedecerem cegamente às ordens dos senhores que os degradam e que ainda por cima lhes cobram para degradá-los. E com que obediência boçal pagam seus tributos aos algozes!... Enter.
Bem, estamos no tempo de cães e duplas. Os cães latem por ofício, especialmente porque estão a serviço de seres abissais que não sabem absolutamente o que fazer com animais serviçais que lhes abanam o rabo e avançam contra outros. Quem guardava a porta dos Infernos era um cão, de nome Cérbero, com três cabeças. Os gatos deveriam olhar lá de cima para este demônio à porta da casa de seu dono com o desprezo com que olham para os canídeos de hoje, igualmente desprezíveis, e obrigatoriamente a imagem de seus donos. Todo dia ando pelas ruas atento para não ser surpreendido por esses animais desprezíveis, que só prestam se forem devidamente educados à imagem de gente de boa índole, que use o cérebro, o raciocínio, o pensamento crítico e cultive sentimentos construtivos – não esses monstros que criam máquinas de matar como pitbulls e rotweillers, sonhando com a possibilidade de eles se libertarem de coleira ou grades e estraçalharem algum passante, seja criança, velho ou qualquer ser indefeso. De fundo para isso, as dupras sertanojentas, com aqueles ganidos espasmódicos e aquelas “canções” dignas de puteiros os mais escusos. E tome créus, para temperar essa massa cancerificada pela TV e pelo estúpido sonho de consumo. Outro dia estava eu passando em frente a um supermercado quando verifiquei um chevete bem malhado passando bem lentamente diante da portaria do centro de consumo irracional da macacada sem rabo. Ele tinha aparelho de som potente no veículo, e tocava o Créu, para todos se identificarem naquilo que vem a ser o grande hit desses dias que antecedem a grande catástrofe. A turma já se prepara: vem aí o fogaréu!... Enter final.
O Brasil estagnou geral, a podridão é a moeda corrente. A imundície jorra pelas janelas e portas do Planalto, e não há mais qualquer luz no fim do túnel. E pensar que durante a ditadura militar, entre 1964/1985, falava-se na volta dos civis ao poder como uma redenção... Qual! Os mais grossos mas menos burros que os bestuntos da fase atual até se arriscam a provocar: “Dá até saudade daqueles tempos do regime militar!”, dizem, sob olhares vacuns vendo o trem passar, e tudo acaba caindo no vazio, como convém aos globalizadores, que, sentados em suas poltronas de couro e em salões refrigerados, contabilizam seus lucros hauridos a partir da transformação dos seres humanos, especialmente os brasileiros, esses párias perdidos e obedientes, em macacos sem rabo. Que tal uma dose letal de colesterol aí, ô? Seria só pra combinar com a programação televisiva que você enfia em sua cachimônia, bicho! Que tal Ana Maria Brega, ops!, Braga, Faustão, Jornal Nacional, Malhação, que tal Sílvio Santos, que tal Raul Gil com aquela beleza comovente? Que tal aqueles filmes da Grobo à tarde durante a semana? Que tal uma dose de cianureto? Essa seria mais eficiente, mas seria muito rápido, não é mesmo? Então tá. Mas a verdade é essa: bom proveito com a “nova ordem internacional”: você está no caminho certo, bicho!! E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té a próxima, babes!