sexta-feira, 8 de julho de 2011

Prossegue a marmelada na Justiça. E o Hermeto?

Frederico Mendonça de Oliveira

Um certo manual, alvo de muita controvérsia quanto a sua autenticidade, mas cujo teor está inequivocamente transformado em fatos desde o início do século passado, o que nos deixa certos de que é autêntico sim, fala que, ao tomar o poder mundial, a turma à qual o manual se refere – e que na verdade representa – será implacável na aplicação de penas para qualquer mínimo delito, e o rito será sempre, na melhor hipótese, sumário. Em outras palavras, a Justiça terá uma ação muito diversa, o oposto da que temos “funcionando” hoje, especialmente nessa Brazuka tresvairada. Os brasileiros lúcidos, esmagada minoria, embora boa parte da manada brasilis possa acordar do pesadelo se algo acontecer de milagroso invertendo o que está aí, perderam completamente a confiança no poder judiciário. Desde experiências pessoais até no que contemplam desolados a impunidade que impera geral e a asquerosa morosidade da desmantelada e já quase travada máquina do “terceiro poder”, os bípedes vestidos e descaudados não têm mais em que botar qualquer fé nessa geringonça. E o quadro se agrava, depois de confirmado tudo isso, quando se verifica um contrassenso inaceitável dentro dos limites do universo da Justiça: os juízes, sobre quem deveria pesar de forma extremamente mais rigorosa a mão de Têmis no caso de cometerem delitos ou crimes, são praticamente intocáveis, se não intocáveis de todo – e os desmandos de toda sorte prosseguem, sendo verificados volta e meia casos escandalosos de toda natureza envolvendo suas excelências togadas. Desde o juiz Lalau até aquele maluquete desarvorado do litoral fluminense, que toca pavor por onde passa, verificam-se desmandos e crimes praticados pelos agentes da justiça nas fuças do povo impotente. Tão desacreditada está a instituição que os próprios advogados já criaram um chiste a respeito da imagem da deusa Têmis: “Antes, peituda e vendada; hoje, peitada e vendida”. Enter.
Os réus do mensalão podem estar em polvorosa, mas nada nos faz crer que os processos movidos contra eles dêem em alguma coisa que não pizza. Vejam só a belezura: “Se o caso for julgado procedente e nenhum dos crimes prescrever, o publicitário Marcos Valério de Souza, acusado de operar o esquema, poderá ser condenado a até 527 anos de prisão. O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), chamado de ‘chefe da quadrilha’, e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, pegariam até 111 anos”. Fale sério: você acredita nisso de essas penas serem mesmo cominadas? O que você aposta? Um pirulito azul, seu cachorro que dorme com você debaixo de um viaduto ou sua Toyota Hilux? Eu aposto um palito de fósforo queimado contra o patrimônio de quem quer que seja: vai dar em nada. Você acha que vai ver o Zé Dirceu et caterva mensaleira atrás de grades??? Então me conta o que você anda adicionando à birita de cada dia, irmão. Cá pra nós, qui viagi! Vejamos: “O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) a condenação de 36 réus por envolvimento no esquema do mensalão. Somadas, as penas máximas chegariam a 4,7 mil anos de prisão”. Mas olhe só a deixa: “Se o caso for julgado procedente e nenhum dos crimes prescrever”... Mas ainda se duvida da procedência desse escândalo, que revelou a bunda suja do PT a todo o planeta??? Ora, tem paciência! E, pior: se “nenhum dos crimes prescrever” passa perfeitamente a idéia de que haverão de fazer prescrever isso tudo, a bem de manter a bicheira livre de estilhaços caso role qualquer mudança. Ou, caso contrário, aturam alguma coisa um Delúbio ou um Valério, o resto quiaba beleza e volta ao poder e à zanzação nas primeiras páginas, incluindo reportagens na Caras. Que volta a exibir aquelas bundas sorridentes em seus sítios paradisíacos ou viajando pelas oropas levando cachorrinhos poodle toy no colo. Você duvida? Eu, não. Enter.
"’Foi engendrado um plano criminoso voltado para a compra de votos dentro do Congresso Nacional. Trata-se da mais grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber’, escreveu Gurgel sobre a suposta distribuição de dinheiro em troca de apoio político ao governo do ex-presidente Lula”. Pois é, senhor procurador-geral, é isso mesmo. Só que estamos diante de uma imensa pilha de latas. Se tirarem alguma de baixo, desaba tudo. Então, vão tirar uma lá do topo visando fazer crer que a Justiça operou, e a pilha de latas prossegue em pé. Zé Dirceu em cana??? Ora, qual?! Vejam só como anda nosso heróico ex-chefe da Casa Civil: “Sobre Dirceu, ele escreveu: ‘Partindo de uma visão pragmática, que sempre marcou a sua biografia, José Dirceu resolveu subornar parlamentares federais, tendo como alvos preferenciais dirigentes partidários de agremiações políticas. (...) A força do réu é tão grande que, mesmo depois de recebida acusação por formação de quadrilha e corrupção ativa pelo pleno do STF, delitos graves, ele continua extremamente influente dentro do PT, inclusive ocupando cargos formais de relevo’, concluiu o procurador”. ’Tá aí: ninguém põe a mão no pilantraço. E tem mais: como fica o cachaceiro ex-primeiro mandatário da “nação”? Todos os réus eram seus subordinados – e ele fica de boa? É só tomar uma 51? Ora, você não nasceu ontem, nem eu... e você deve ter sua experienciazinha com o fórum de sua cidade, e deve saber o que esperar como desfecho pra tudo isso. Enter final.
Hermeto Pascoal, um dos mais importantes músicos brasileiros de todos os tempos, foi – ou caiu na besteira de? – comemorar seus 75 fazendo um show numa tenda em Realengo, bairro carioca onde ele morou por décadas e do qual fugiu por temer a violência cercando sua casa e todo o bairro. Putíssimo com a conduta do público, que bebia e falava estupidamente como se no palco estivesse um palhaço desconhecido, ele mandou a platéia tomar no c* e se retirou furioso. Precisa dizer mais alguma coisa sobre onde estamos metidos? E viva Santo Expedito! Oremos. Té pra semana, babes!
Ah! Vale lembrar: estamos sob censura desde 11/04/08, aliás mantida por Gilmar Mendes, e a restrição vai totalizando 2051 dias. Abraço pra turma do Estadão, há 707 dias também sob mordaça! E não custa citar: o advogado Gerardo Xavier Santiago, RJ, lembra que o artigo 5 da Constituição Federal garante a liberdade de expressão e de manifestação em local público! Então por que prosseguimos censurados??