sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A besteirada do Niemeyer. E Brasília em colapso



Morreu o arquiteto comuna aos 104 aninhos, e a imprensa, mais perdida que charuto em boca de bêbado, teceu loas vazias e amestradas, quase tudo sem fundamento. Fora a dedada na ferida que o Reynaldo Azevedo soltou em sua coluna, intitulada “Metade gênio, metade idiota” falando sobre a genialidade do arquiteto e criticando as posições dele em relação ao mundo; e fora um estudioso estrangeiro que corroborou em primeira página de jornalão justo as críticas que faço à parafernália formal do arquiteto desajuizado que Niemeyer foi, somente vimos loas vãs a uma vida dedicada a essa coisa abstrusa de misturar arquitetura e comunismo. Se algum arquiteto radicalizou nos extremos conflitantes, esse cara foi o Niemeyer. Ele relativizou ao máximo o conceito arquitetura/homem. Aquela colunata do Alvorada, cacete, que coisa mais não sei quê! Rola entre conhecedores de assuntos aleatórios que as colunas simbolizam a lâmina de lança maçônica, aquela mesma que está no topo dos mastros das bandeiras. Se é isso, é KITSCH. Virou um repositório estapafúrdio em meio a outros ipissilones. Já o Congresso, há décadas percebi tratar-se de inspiração na obra de 1924 Composição K IV, de Lazló Moholy-Nagy, artista integrante da Bauhaus. E agora tem um blogueiro que por ocasião da morte do arquiteto associou – com precisão – as duas obras. Veja em http://fmanha.com.br/blogs/imaginar/category/arquitetuta/ . Então você percebe que hoje ninguém mais sabe de nada. Explico. Enter.
É tudo o resultado do “trabalho” da TV, especialmente da Globo. Entupa durante décadas o interior das residências com lixo do tipo Xuxa, Ana Maria Brega, Faustão, Tela Quente, filmes de animação matinais transmitindo pura violência, novelas, Sessão da Tarde, Trapalhões, Globo Esporte e outras merdas grossas ou ralas do tipo: o resultado é o que está aí. Acabou-se cultura, arte, filosofia, poesia, boa música, tudo. Transformaram essa colônia do Império na Banânia, o mais absurdo país do mundo, só perdendo pros Haitis da vida. Então, despidos que estamos de qualquer valor real, um Niemeyer é apenas uma extravagância que o poder manda você acatar como realidade. Não é. É factóide dos brabos. Na verdade, é o arquiteto dos monstrengos de concreto. Vá a Brasília (os idiotas da imprensa agora andam dizendo “vá À Brasília”, hehe) e observe as coisas com calma. Você verá que algo ali não se realiza, verá que há uma opressão proveniente daquela porcariada toda ela distanciada por estirões de vazio. O Vinícius de Moraes, um estróina dos infernos mas bom poeta, disse ao Tom que “Brasília é uma cidade maluca, não tem esquinas”. Bem, Niemeyer deixou uma parafernália arquitetônica de gosto pra lá de duvidoso e andou dando péssimos exemplos nas escolhas políticas, como, recentemente, dar apoio ao Zé Dirceu – e arrotar ser comunista até entregar o couro às varas. Enter.
E a Banânia surpreende o mundo com tanta insensatez e tanto surrealismo. Você não está tonto, nem lelé, nem tantã, mas vai pra cama e dorme de roncar, mesmo sabendo que o Genoíno, condenado por infringir a lei, volta à Câmara como autor de leis. Entramos no território do absurdo instituído no que a “lei permite” a retomada de ação parlamentar do Genoíno em Brasília. Esse cabra safado deveria já estar a ferros, que vá isso de “transitar em julgado” pra casa do cacete! Ah, cabem recursos, o escambau. Tudo vale para proteger canalhas mesmo que totalmente desmascarados. Segundo o filósofo Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp, “é uma contradição que uma pessoa condenada por infringir a lei seja empossada no Legislativo, na função de legislador”. Óbvio, meu! E tem mais: “É um tapa no rosto da cidadania. Ele foi condenado pela maior e mais alta Corte do país. Ao tomar posse, ele não apenas desobedece acintosamente ao juízo supremo, mas está dando um tapa no rosto de todo cidadão”. Prosseguindo na análise dessa típica aberração brasileira e brasiliense, Romano desabafa: “Perde o próprio Genoino, que deve ter sido mal aconselhado, perde o povo, perde o Parlamento, e perde o PT. Como pode editar leis alguém que foi condenado por não cumprir a lei? A ética não é uma escolha pessoal, uma questão de vontade. A ética é pública e coletiva”. No Brasil, bem? Ra ra ra! Já o professor Luís Flávio Gomes fala de desgaste geral: “Se ele tivesse sido julgado por acidente de trânsito, seria outra coisa. Mas foi um caso de improbidade na administração pública. Não é à toa que o Congresso e o poder político perdem pontos a cada dia”. Gostou, meu? E vai a pergunta: o que têm a ver entre si o Congresso e o povo brasileiro? Enter.
E o Merval Pereira disparou sem piedade: “Transformar a liberdade de expressão e de informação em instrumentos de tortura (Genoíno se diz torturado pela imprensa, o cínico descarado) mostra bem a alma tortuosa desse político equivocado, metido em bandidagens para impor um projeto político ‘popular’ ao país. Assim como entrou pela porta dos fundos da Câmara para tomar posse de um mandato que moralmente já perdeu, Genoino sairá pela porta dos fundos da História direto para a cadeia”. Bem, na cadeia ele já está, mesmo fora de uma cela. É um espectro do que já foi, está ridículo com aquela barba rala e branca aparadinha, posa de esquerdóide amestrado e comportadinho para agradar o poder oculto, que ele sabe existir e não se deixar ver. Junto com ele, outros salafrários de carreira, cafres engravatados vivendo regiamente a nossas custas, “tomaram posse”, voltando a abocanhar as gentilíssimas tetas nessa bacanal política que nos assola sabe-se lá até quando. São eles os já condenados Natan Donadon e Colbert Martins, este até já foi preso. Os prepostos do Donadon até inspecionam a “casa” pra ver se não tem por lá oficiais de justiça ou agentes da PF que lhe possam dar voz de prisão. E aí ele pode entrar... Enter final.
Espero que você tenha digerido legal a comilança e a biritança de festas. Normalmente sobrevêm caganeiras, peidorradas, que palavras!, mas isso normalmente passa. O que não passa é os bandidos ocupando o comando no País. Será que o diabo um dia os carrega e os raios os partem? E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!