quinta-feira, 2 de julho de 2009

Manoel e a náusea incontida

Frederico Mendonça de Oliveira

Morador no arraial sul-mineiro tido outrora como pólo (com ou sem acento agora, porra??) cultural desde os bons tempos em que no Brasil se amarrava cachorro com linguiça (agora sem trema, que merda!), Manoel assiste a uma degenerescência visível atingindo a comunidade e as instituições, considerando até que se institui uma assustadora babel entre os munícipes. De dois anos para cá, a corrupção praticada abertamente por autoridades dos três poderes revela coisas estarrecedoras, como perseguição a um cidadão digno que denunciou crimes de prevaricação, crime de responsabilidade e improbidade administrativa envolvendo todas as instâncias de poder por conta de uma obra criminosa no bairro em que mora. O tal cidadão está, vejam só, sob censura por liminar, PROIBIDO DE MENCIONAR O NOME DO AUTOR DE UMA IRREGULARIDADE CRIMINOSA de que discordou e que denunciou. Manoel sente engulhos quando contempla a carantonha do responsável por uma das mais escandalosas atitudes de corrupção e abuso de autoridade já verificadas no arraial, que ainda é comparado a cidade da Grécia antiga por ter muito movimento intelectual décadas atrás. Piração à parte, houve mesmo cultura e arte no arraial no passado, mas hoje só se vê decadência, retrocesso e ruína aflorando pelas ruas, através da ação dos munícipes, quase todos corrompidos e deformados, e das autoridades, todas elas envolvidas com o mais deslavado e sórdido pragmatismo. Enter.
Revelando essa monstruosidade a amigos de outras cidades, eis Manoel informado de que TUDO ESTÁ ASSIM PRA TODO LADO. Perplexo com tomar conhecimento dessa pandemização da corrupção, Manoel se pergunta por que não volta para sua Lisboa, para romper de vez o elo com a nação que ele conheceu em dias luminosos de antanho e que agora mergulha nas trevas da corrupção e do retrocesso político, social, histórico e humano. “Sim, temos feijoada, temos tutu á mineira, temos vatapá e caruru, temos frango ao molho pardo, bebe-se uma cerveja boa como o diabo... mas de que vale toda essa curtição quando vemos que tudo se deteriora de forma galopante no arraial e no país? Por exemplo: como pode a maioria dos moradores da área onde se realizou a obra escandalosamente ilegal apoiar a obra e ainda por cima promover uma perseguição covarde e asquerosa contra o único cidadão digno que brandiu o respeito á lei e às instituições que protegem justamente esse monte de estúpidos deformados? E ampliando o foco dessa teratologia estúpida que se desenrola no arraial, como pode um presidente trêfego e álacre, desprovido de qualquer vínculo com moralidade e probidade – temos visto que a corrupção explodiu em seu governo envolvendo membros de seu partido e até seus familiares – e ainda por cima enchendo o caveirão de pinga direto e reto além de bostejar cretinices a respeito de tudo sobre o que ousa opinar, apoia (agora sem acento, essa porra, e agora isso faz lembrar outra palavra, poia, que os cariocas usam para representar monte de merda; na acepção original significa broa grande de trigo) o hoje completamente repudiado “José Sarney” – as aspas se devem ao fato de esse homem ainda se atrever a expor sua carantonha sardônica e imoral e sua história repulsiva como homem “publico”, e neste último caso as aspas registram o fato de que ele jamais foi algo parecido com gente que se dá conta de poder existir povo –, símbolo cabal da desgraça e da miséria em que a política desse país mergulhou de cabeça. É merda pra ninguém botar defeito! Enter.
E de Brasília, a bocada mais depravada desse país terminal, vêm as imagens do que fizeram com o repórter do CQC Danilo Gentili, reprimido por seguranças desse “homem” que hoje se vê alvo da repulsa de toda a população decente desse grande arraial em retrocessão. O repórter apenas perguntava, sem importunar verdadeiramente ninguém, se “Com a sua saída (de Sarney) vai mudar alguma coisa ou os escândalos vão continuar?” e “Como é não ser mais tão poderoso assim?”. O asqueroso objeto de execração popular prosseguia em seu percurso hoje sem qualquer conteúdo que não o da abjeção explicitada por sua conduta corrompida, símbolo dos mais visíveis de uma era sodômica na história do País. Enter final.
E, enquanto essas considerações visitam a cachimônia de Manoel, da cidade lá no outro morro vêm os eflúvios nada sutis da parada gay a que agora os arraialeiros são submetidos, com direito a contemplar com asco homens se bolinando e se amassando publicamente, mandando pro inferno qualquer preocupação com ética ou estética. Que esses seres se sintam bem fazendo isso, problema deles; mas submeter os não “iniciados” a essa visão de libidinagem agressiva, isso Manoel se nega a aceitar. “Que façam o que bem entenderem onde quiserem, mas me poupem de ver essas cenas! Primeiro não nasci para ser voyeur; segundo, meu negócio é uma linda mulher com curvas, fluidos e aromas feminis, tendo aquela máquina magnífica que endoida os machos e um par de seios para encantar os que neles puderem encostar o quengo sedento de paz. Maria é meu ideal nisso, minha linda bem servida, e quero homens cabeludos e suarentos bem longe de mim!’ Verificando que a sodomia não só se multiplica e se promove mas que também parece querer se impor, Manoel já começa a considerar o risco de, assim como fizeram com tantas outras loucuras, baixarem lei impondo que qualquer cidadão tem também que praticar relação homossexual, o que o leva a aumentar sua já pesada sensação de náusea. “Puta merda, será que uma geladézima cura esses engulhos que me assaltam??”, se pergunta nosso herói, que se define em nada homofóbico, mas heterofílico, considerando ser legítimo seu direito de ser o que é e ignorar essa coisa que jamais teve qualquer importância em sua vida. E,sem demora, contemplando as belas curvas de sua Maria, abraça-a com ternura, abre a geladeira e lava o gorgomilo com um fluxo de sacaromices cerevisae, lavando também sua alma de tanta náusea imposta. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!