E você nem aí, né, meu? Você corre um certo risco se encarar
ler o que vem a seguir, especialmente porque isso o atinge em cheio, e
naturalmente você tentará fugir da verdade pra adiar a consumação da tragédia
que nos espera. Você lembra do tsunami no Japão? Faz uns dois anos, e os caras
se reorganizaram como gente, dividindo a tragédia sem pânico e sem a avidez dos
desgraçados como nós. Se tinha comida, faziam fila organizada, não a horda de
loucos desesperados se matando pra ganhar o seu passando por cima dos outros.
Se faltava alimento, todos se organizavam para que todos se beneficiassem do
que pudessem receber igualmente. Isso é gente. Imagine se rola um tsunami no
Brasil... Pois é. Então, só nisso você vê quem nós somos. E o que nos espera em
qualquer hora adversa... mas hoje o assunto é o Brasil que acabou. E você
trabalhou bem nesse sentido, não é mesmo? Ou você vem resistindo como os heróis
anônimos soterrados pela massa de merda grossa que a mídia despeja diariamente?
Ou vem peitando o desgoverno generalizado que vai plasmando um povo que vai se
assumindo louco? Mão na consciência, meu! Enter.
Saio pra rua e a primeira coisa que vejo é uma maluca de
mangueira na mão “aguando passeio”. Essa, seguramente, não goza. E compensa seu
complexo de castração – o complexo de não ter um pinto mas uma perereca –
manuseando seu falo imaginário em abundante sessão de mijada e ejaculação. Meia
hora de função diária de desperdício de água tratada é o que essas dementes
praticam desafiando todos os seus semelhantes, já que a água não é propriedade
exclusiva dessa mentecapta, mas da Humanidade. Pois piores que essa doida são seus
patrões, que não acompanham o trabalho dessa semiescrava desmiolada e que na
verdade vivem só pra satisfazer seus desejos de classe média emergente e
defecam e deambulam pra qualquer coisa fora disso. Acresça-se a estas cenas a
presença crescente de cães de rua, às vezes engatados depois da cópula, às
vezes atacando em bando quando, “cortejando” a fêmea no cio, estranham alguém
que venha andando pela rua. Assim se constrói um belo cenário para um começo de
um dia brasileiro. Enter.
Se você abre os jornais, só vê caganifâncias combinadas a
tragédias. Estas, quando estão ganhando o interesse público de momento:
tragédia vende pra cacete. Mas toma só dez por cento da primeira página. O
resto, só merda grossa: Lady Gaga, Madonna, Ronaldo Peidômeno, Ivete Sangalo,
Luciano Hulk, BBB, A Fazenda, Neymar, técnicos no entra e sai desse futebol que
já virou futebosta faz tempo. E mais: disputas no tênis, carrões, “restorantes”
chiques com pratos lindos, decoração de apês, cachorro que visita dono doente
porque o hospital abriu o precedente; alguma notícia bem filtrada sobre os
ladrões de gravata condenados e que jamais vão em cana; um juiz dizendo algo
que não muda nada; constatação de desvio de milhões das verbas para hospitais
públicos; notícia fria sobre alguma medida sem conseqüência tomada pelo
“governo”; nota sobre o começo do julgamento de um crime praticado há mais de
cinco anos; fotos combinadas dos novos estádios e de engarrafamentos,
inundações, desabamentos, desastres nas estradas esburacadas... e eis você...
do mesmo tamanho? Não: a cada dia você fica menor. Enter.
Os que trabalham para desativar o Brasil venceram de
goleada. Não há mais instituições operantes, ingressamos na era do “salve-se
quem puder”. Não há mais como controlar trânsito, por exemplo. Realizado o jogo
de vender carro até pra gato e cachorro, as ruas que se danem, o tráfego que se
fornique, você que se arrebente. Especialmente porque escravizado, agora que
está motorizado, ao ônus que um veículo individual traz. Começa pelo IPVA e
pelo combustível. Vá você pro inferno, porque as multinacionais já drenaram
para suas matrizes nosso rico dinheirinho. Vá também o Brasil pra casa do
cacete, porque desde o século XVII já ouvíamos os invasores dizerem que “o que
nos interessa é a exploração lucrativa desta terra, não trabalhar por seu
desenvolvimento em qualquer direção”. Isso foi a justificativa que deram para
levar para a Holanda de volta o príncipe Maurício de Nassau, que começava a se
encantar com nossa linda Pindorama e com a bondade que havia no ar daqui
naqueles tempos, desde que esquecidas as muriçocas, os ratos e as baratas, sem
contar piolhos, carrapatos, pulgas e quejandos, claro. Enter.
Agora tem o beijo gay do ator Bruno Gagliasso “bombando na
internet”. Falaram que a bombada anterior foi da Fernanda Montenegro... e eu
não sabia que ela gostava... Está tudo perdido, meu. Não há mais como
reorganizar, como reformar, como revolucionar. Especialmente no país que
manifesta a maior crueldade para com seu povo, mais ainda considerando que a
situação aqui é de tal forma crítica e conflitada que o próprio povo se tornou
perverso consigo, exibindo uma descomunal parcela da população transformada em
verdadeiro exército do crime e lidando patologicamente com a situação
desgraçada em que se encontra. Fatalismo, conformismo, desespero, e todos se
empanturrando de TV e futebol. Todos ansiando por ter carro. Todos submissos à
completa miséria imposta à nossa canção popular e a nosso patrimônio musical.
Os monstrinhos sem cérebro que pululam ganindo diante de legiões de milhões de
energúmenos ocuparam o lugar que já coube a Tom Jobim e João Gilberto, que
encantaram o mundo com sua maravilha sonora. Agora vivemos sob duplas que
proliferam estupidamente como coelhos e a uma fauna canora que deveria estar
cantando para satanás no inferno, esses que vivem despejando canções deletérias
quando não vis, torpes, miseráveis. E a classe mérdia calada... Enter final.
Você aposta na prisão dos mensaleiros condenados? Por que o poder
judiciário não age? A que poder cabe encarcerar esses canalhas? Ao povo via
internet? Que utopia!... Conta outra! E fique certo: o “governo” está
protegendo os corruptos e refém da corrupção. E nós? Forniquemo-nos? E viva
Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
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