Frederico Mendonça de Oliveira
Recebendo de uma admirável garota já beirando os 20 um poema do Bukowski via internet, Manoel considerou e admitiu como fato consumado a boçalidade no Arraial das Bagas. O poema fala em ter estilo para tudo, até para mandar o cérebro pelos ares, como fez Hemmingway, até para morrer na cruz, como Cristo. E o autor alude a alguns cães terem estilo: “I have seen dogs with more style than men”, mas em tempo coloca esses animais estúpidos no seu devido lugar: “Although not many dogs have style”, e sentencia a bem da elegância e do estilo falando sobre gatos: “Cats have it with abundance”. Pois é: o xaroposo Rubem Alves um belo dia escreveu um batatão sobre gatos num artigo sem pé nem cabeça, em que declarou sempre ter tido desconfiança de gatos. Por que, Rubens? Por serem eles elegantes e independentes, belos e gentis em tudo que fazem? Você deve preferir um cão babante em que você tem de dar banho, de limpar a bosta, deve achar lindo a cópula deles, que os deixa depois engatados asquerosamente como baratas dando vexame até a eles mesmos, né? Bem, deixando de lado quem desconfia de gatos, vamos ao cerne dessa fala de uma vez. Enter.
É que no Arraial das Bagas há cachorros de toda sorte. Desde todos os âmbitos do poder cachorros são abundantes. Fora do poder mas atrelados a ele e mamando e dando prosseguimento às cachorradas também há cachorros vestidos de toda sorte, dando suporte e tirando proveito da podridão instituída através da corrupção escancarada, e vivendo dela como vermes e abutres na carniça. E o Arraial não passa de um grande canil, onde se criam estupidamente cães largados nos quintais e jardins, sofrendo de tédio e desamparo, cagando e mijando e dando à população o fedor de que ela parece gostar muito. E, pior: latindo em desespero, em cadeia, e isso para seus donos acachorrados deve ser música... pois para essa gentuça a Xuxa é a Rainha dos Baixinhos MESMO, o Roberto Carlos é o Rei MESMO. Enter.
Pois Manoel sempre teve gatos. Embora tenha dado uma colher de chá a um filho criando um cão para ele por questão de espaço, o Sobio, isso foi uma exceção. O cão, mesmo sendo boa gente, incomodava Manoel, pois era burro e chato como todos os cães. E no tempo do Sobio Manoel tinha seu Grude, um gato rajado gentilíssimo, soberano e digno do carinho e atenção que recebia. Pois um dia envenenaram o bicho. O autor, segundo uma vizinha que criava um montão de gatos, foi um vizinho novo no pedaço, criador de passarinhos, super mal encarado, feio, bexiguento, de barba rala por fazer e casado com uma mulher também mal encarada e mais velha que ele, tipo uma bruxa de mal com a vida. Segundo a vizinha, os gatos dela foram mortos um atrás do outro. Manoel morava por ali, e como gatos andam mundo afora, o dele terá tido o mesmo destino, só que não conseguiu chegar de volta em casa para morrer lá. Enter.
Agora, com essa praça maldita reunindo uma ralé ruidosa e estúpida e já que vieram novos vizinhos arregimentados pelo poderoso autor do crime, vem acontecendo de desaparecerem os gatos nas imediações. Sumiram gatos de vizinhos, sumiram recentemente dois gatos de Manoel – desde que ele mora no endereço definitivo, já é o sexto gato dele eliminado com veneno, e um vizinho de muro fez uma piada de mau gosto como que “advertindo” que trabalha com cianeto, depois de manifestar sua aversão por gatos – e sobrou apenas um, negro, pesadão, luzidio, belíssimo e que deve ter sobrevivido por ter horror a seres humanos, talvez por isso não caindo no ardil de ir comer em casa de desconhecidos que vão dando ração a eles e depois de acostumá-los dão uma dose de veneno junto. Canalhas imundos! Covardes abjetos! E ainda posam de politicamente corretos, ainda desfilam como se fossem gente de bem, até aparecem em “colunas sociais” no pasquinete do arraial quando nem gente sonham ser! Pulhas! E, claro, quase todos têm cães. Óbvio. Enter.
Pois Manoel estava no sai-não-sai da cama numa manhã destas, tirando cochilos de leve, quando foi acordado de um deles por um som que no sonho era emitido por um estupidozinho de uns cinco anos e de camisa verde água. No instante em que acordou da soneca e do som, verificou que a coisa vinha do cão fila do vizinho, que emitiu um longo e agudo gemido. Combina: os animaizinhos vestidos que frequentam o espaço criminosamente montado berram como se torturados, e de tudo decorre uma sinfonia de sons deletérios emitidos por seres irracionais degenerados e desamparados. O que Manoel mais contempla no bairro é o som dos pássaros, desde os gritos poderosos das cocotas até os delicados cantos dos gaturamos, tudo soando como a orquestra da Natureza. Pois um dia passa Manoel pela rua contemplando a gritaria das maritacas no fio, e de dentro da casa em frente sai um boçal ignorante gritando para espantá-las dali, pois estava “incomodado” com a cantoria delas, uma divertidíssima troca de frases palradas. Esse pitecóide não tem alma nem coração: é um objeto vestido e dependente de ter, de matéria, nem sonhando com a idéia de ser... Enter final.
Pois o amigo de Manoel que foi guitarrista do Raul anda também amuado por ter perdido dois gatos amadíssimos, o Tácito – rajado e branco, forte, gentil, há já quatro anos vivendo com seu dono – e o Bicus – abreviatura de Chimbico, um angorazinho cinzento doce, amável, dócil, elegantemente chameguento, o xodó da casa –, que de algum tempo para cá, segundo o amigo, andavam possivelmente frequentando outra casa, pois andavam menos tempo na residência do dono. Que monstros! E o que eles não sabem é que vão pagar por isso na conta cármica, irremediavelmente. Com isso vê-se como são estúpidos e ignorantes. Por isso gostam tanto de cachorros... se é que gostam: devem apenas fazer deles suporte para a personalidade que não têm, já que são objetos vestidos obedientes à TV. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
terça-feira, 25 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Manoel e os 20 anos sem Raul Seixas
Frederico Mendonça de Oliveira
Manoel é amigo do cara que foi o primeiro guitarrista do Raul Seixas. Como estamos a 20 anos do momento em que o Maluco Beleza nos deixou a ver Tchans, Bondes do Tigrão, Tiriricas, Créus, e a mídia voraz vai abocanhando (qualquer coisa serve para desviar a atenção da podridão que explode no Congresso e livrar Sarney do linchamento que tanto merece) e arrecadando (até depois de morto o Raul dá lucro aos chacais da segunda mais antiga profissão do mundo) em cima de homenagens, documentários, livros e tributos às centenas, vale parar e fazer uma reflexão entre um arroto, um peido e uma escarrada emitidos quando pensamos – o tempo todo, aliás – na cloaca parlamentar brasileira. E foi nesta pausa para meditação que Manoel topou com o velho amigo, que tocava no palco acompanhando o Raul em sua primeira temporada enquanto nosso herói tudo testemunhava da platéia, presente quase todos os dias àquele memorável show de estréia no Teatro Tereza Rachel, no Rio já conflagrado naquele já distante 1973. E foi aquilo de dois velhos amigos do peito trombando em meio à putaria instalada também nos mais remotos arraiais deste lugar degringolado chamado Brasil. Enter.
Irmanados na mesma visão crítica pela conjunta experiência haurida em anos de percurso comum, os dois se deixaram apenas ficar juntos, o amigo de braço apoiado no ombro firme de Manoel, e não era preciso praticamente dizer nada. O amigo perguntou pela Maria, mulher amada e sempre musa de Manoel, e a conversa, tácita, telepática, só foi interrompida quando o amigo informou que estaria tocando em homenagem ao Raul – não em homenagem aos 20 anos da morte do Raul, como dizem os trouxas tipo “pode vim”: não vá ninguém homenagear data de falecimento...- no exato dia em que se somam 20 anos do desaparecimento do cara. “Porra, não quero perder essa!’, exclamou entusiasmado Manoel, considerando como seria estar na platéia dessa homenagem e voltando no tempo vendo o amigo ainda de rabo-de-cavalo , cheirado e dando tudo em sua Gibson garance. O amigo ainda relatou ter composto um rock em homenagem ao finado autor de Ouro de Tolo. E esse rock alude ao ilícito que corrompeu a vida na vizinhança em que os dois se inserem, essa história de uma torpeza que trouxe com ela uma série de torpezas mais graves e abjetas ainda. Manoel, sabedor da capacidade musical e poética do velho amigo, ficou vermelho de entusiasmo, pensando consigo: “Carilha!, esse rock deve ser é bom, imagine-se o que poderá sair do coração esmagado desse músico sesquipedal!”, e os dois se despediram com forte e sentido abraço fraterno, pois o amigo estava a caminho de casa para receber a Globo, que o iria entrevistar em função do show de homenagem etc. Enter.
Pois tudo rolou, inclusive a matéria na TV, que, no conceito exigente de Manoel, deixou um gostinho de quero mais, na verdade ficando a dever ao músico e ao público – pra variar. E Manoel se divertiu muito considerando a dor-de-cotovelo, a inveja e o desapontamento dos vizinhos escrotos, covarde e sujamente organizados contra seu amigo, quando viram a viatura de externa da Globo parada na porta da casa por mais de duas horas (e tome acender e apagar refletores dentro da sala da frente)... E, como a casa do amigo está sendo observada por câmara colocada em casa de um dos moradores aliciados pelo autor intelectual do crime, esse registro deve ter causado calafrios entre os bugres estúpidos partidários do ilícito, que devem ter imaginado que vem bomba pela frente, pois fica reinstaurada no Arraial a superioridade do amigo, em termos de prestígio, frente à alcatéia que o assedia com ódio e inveja, e à população do arraial em geral, verdadeira súcia de conformistas materialistas hipócritas, senão cínicos.. Enter.
E rolou o evento, em meio a verdadeiro furor de produção, ensaios, gravação de reportagem da Globo, e a noite ferveu de gente, um evento explosivo, e Manoel no meio com sua linda Maria – levemente maquiada ela causa deslumbramento... – exibindo seu lindo violão e ajudando com eficiência as meninas ligadas ao amigo de Manoel e ao próprio casal. E nosso herói via com os olhos úmidos o amigo já sessentão, hoje tocando sentado, com uma SG de luthier (o admirável Ronay, de Americana, SP), guitarra furiosa, uma vedete pra rock, e em torno do consagrado guitarrista que ele é mais de mil jovens, a começar pelos músicos tocando no palco, todos alunos dele, com exceção do admirável baterista.convidado para compor a homenagem. Enter final.
E a noite foi apoteótica! O filho do amigo, cantor já admirado por conhecedores e leigos, cantou Cachorro Urubu, linda faixa do Raul (procure isso na internet, possível leitor) na verdade homenageando o cacique Touro Sentado, sioux que declarou guerra aos EUA e teve sua tribo exterminada pela famigerada 7ª Cavalaria, comandada pelo genocida general Custer. A namorada desse filho do amigo, cantora, baixista e violonista, dotada de voz deslumbrante, cantou lindamente Trem das Sete e causou comoção geral cantando, junto com a voz unânime e fervorosa da platéia de jovens, Maluco Beleza. E Manoel e Maria ouviram e presenciaram, abraçados e de cabeças juntas, vertendo lágrimas de emoção, Ouro de Tolo, obra prima do Raul, que parecia dirigida à corja de bugres aliciada pelo autor intelectual do ilícito, quando fala: “É você se olhar no espelho/ se sentir humano, ridículo, limitado e que só usa dez por cento de sua cabeça, animal! /E você pensar que é doutor, padre ou policial e que está contribuindo com sua parte para este belo quadro social”, e nosso herói e sua amada se apertaram mais ainda quando ouviram “Eu é que não me sento no trono de um apartamento/ com a boca escancarada cheia de dentes/ esperando a morte chegar!”, e olhavam para o amigo músico, homem de coração livre, homem livre de desejos, trabalhando com energia e concentração a turma de pupilos no palco, e Manoel se emocionava com a figura que vira há 36 anos dando suporte ao salto do Raul. Que, na verdade, estava ali, naquele evento, porque estavam reunidos mais de mil em seu nome. O resto... depois eu conto. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Manoel é amigo do cara que foi o primeiro guitarrista do Raul Seixas. Como estamos a 20 anos do momento em que o Maluco Beleza nos deixou a ver Tchans, Bondes do Tigrão, Tiriricas, Créus, e a mídia voraz vai abocanhando (qualquer coisa serve para desviar a atenção da podridão que explode no Congresso e livrar Sarney do linchamento que tanto merece) e arrecadando (até depois de morto o Raul dá lucro aos chacais da segunda mais antiga profissão do mundo) em cima de homenagens, documentários, livros e tributos às centenas, vale parar e fazer uma reflexão entre um arroto, um peido e uma escarrada emitidos quando pensamos – o tempo todo, aliás – na cloaca parlamentar brasileira. E foi nesta pausa para meditação que Manoel topou com o velho amigo, que tocava no palco acompanhando o Raul em sua primeira temporada enquanto nosso herói tudo testemunhava da platéia, presente quase todos os dias àquele memorável show de estréia no Teatro Tereza Rachel, no Rio já conflagrado naquele já distante 1973. E foi aquilo de dois velhos amigos do peito trombando em meio à putaria instalada também nos mais remotos arraiais deste lugar degringolado chamado Brasil. Enter.
Irmanados na mesma visão crítica pela conjunta experiência haurida em anos de percurso comum, os dois se deixaram apenas ficar juntos, o amigo de braço apoiado no ombro firme de Manoel, e não era preciso praticamente dizer nada. O amigo perguntou pela Maria, mulher amada e sempre musa de Manoel, e a conversa, tácita, telepática, só foi interrompida quando o amigo informou que estaria tocando em homenagem ao Raul – não em homenagem aos 20 anos da morte do Raul, como dizem os trouxas tipo “pode vim”: não vá ninguém homenagear data de falecimento...- no exato dia em que se somam 20 anos do desaparecimento do cara. “Porra, não quero perder essa!’, exclamou entusiasmado Manoel, considerando como seria estar na platéia dessa homenagem e voltando no tempo vendo o amigo ainda de rabo-de-cavalo , cheirado e dando tudo em sua Gibson garance. O amigo ainda relatou ter composto um rock em homenagem ao finado autor de Ouro de Tolo. E esse rock alude ao ilícito que corrompeu a vida na vizinhança em que os dois se inserem, essa história de uma torpeza que trouxe com ela uma série de torpezas mais graves e abjetas ainda. Manoel, sabedor da capacidade musical e poética do velho amigo, ficou vermelho de entusiasmo, pensando consigo: “Carilha!, esse rock deve ser é bom, imagine-se o que poderá sair do coração esmagado desse músico sesquipedal!”, e os dois se despediram com forte e sentido abraço fraterno, pois o amigo estava a caminho de casa para receber a Globo, que o iria entrevistar em função do show de homenagem etc. Enter.
Pois tudo rolou, inclusive a matéria na TV, que, no conceito exigente de Manoel, deixou um gostinho de quero mais, na verdade ficando a dever ao músico e ao público – pra variar. E Manoel se divertiu muito considerando a dor-de-cotovelo, a inveja e o desapontamento dos vizinhos escrotos, covarde e sujamente organizados contra seu amigo, quando viram a viatura de externa da Globo parada na porta da casa por mais de duas horas (e tome acender e apagar refletores dentro da sala da frente)... E, como a casa do amigo está sendo observada por câmara colocada em casa de um dos moradores aliciados pelo autor intelectual do crime, esse registro deve ter causado calafrios entre os bugres estúpidos partidários do ilícito, que devem ter imaginado que vem bomba pela frente, pois fica reinstaurada no Arraial a superioridade do amigo, em termos de prestígio, frente à alcatéia que o assedia com ódio e inveja, e à população do arraial em geral, verdadeira súcia de conformistas materialistas hipócritas, senão cínicos.. Enter.
E rolou o evento, em meio a verdadeiro furor de produção, ensaios, gravação de reportagem da Globo, e a noite ferveu de gente, um evento explosivo, e Manoel no meio com sua linda Maria – levemente maquiada ela causa deslumbramento... – exibindo seu lindo violão e ajudando com eficiência as meninas ligadas ao amigo de Manoel e ao próprio casal. E nosso herói via com os olhos úmidos o amigo já sessentão, hoje tocando sentado, com uma SG de luthier (o admirável Ronay, de Americana, SP), guitarra furiosa, uma vedete pra rock, e em torno do consagrado guitarrista que ele é mais de mil jovens, a começar pelos músicos tocando no palco, todos alunos dele, com exceção do admirável baterista.convidado para compor a homenagem. Enter final.
E a noite foi apoteótica! O filho do amigo, cantor já admirado por conhecedores e leigos, cantou Cachorro Urubu, linda faixa do Raul (procure isso na internet, possível leitor) na verdade homenageando o cacique Touro Sentado, sioux que declarou guerra aos EUA e teve sua tribo exterminada pela famigerada 7ª Cavalaria, comandada pelo genocida general Custer. A namorada desse filho do amigo, cantora, baixista e violonista, dotada de voz deslumbrante, cantou lindamente Trem das Sete e causou comoção geral cantando, junto com a voz unânime e fervorosa da platéia de jovens, Maluco Beleza. E Manoel e Maria ouviram e presenciaram, abraçados e de cabeças juntas, vertendo lágrimas de emoção, Ouro de Tolo, obra prima do Raul, que parecia dirigida à corja de bugres aliciada pelo autor intelectual do ilícito, quando fala: “É você se olhar no espelho/ se sentir humano, ridículo, limitado e que só usa dez por cento de sua cabeça, animal! /E você pensar que é doutor, padre ou policial e que está contribuindo com sua parte para este belo quadro social”, e nosso herói e sua amada se apertaram mais ainda quando ouviram “Eu é que não me sento no trono de um apartamento/ com a boca escancarada cheia de dentes/ esperando a morte chegar!”, e olhavam para o amigo músico, homem de coração livre, homem livre de desejos, trabalhando com energia e concentração a turma de pupilos no palco, e Manoel se emocionava com a figura que vira há 36 anos dando suporte ao salto do Raul. Que, na verdade, estava ali, naquele evento, porque estavam reunidos mais de mil em seu nome. O resto... depois eu conto. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Manoel retoma a literatura em meio ao caos
Frederico Mendonça de Oliveira
Depois de viver décadas um tanto afastado de seus autores prediletos da Santa Terrinha, Manoel decide mergulhar de novo na literatura portuguesa, repleta de gênios até o começo deste século, mas impressionantemente inferior ao Brasil em poetas e prosadores desde a década de 30 passada – tirando Fernando Pessoa, última glória da terra de Camões, que abriu a grande maravilha literária portuguesa. Hoje o Saramago reergue um pouco a chama de Portugal nas letras, mas é algo bastante pálido em comparação com um passado tão admirável. Em contrapartida, no Brasil a coisa da literatura no século XX foi arrasadora: de Euclides da Cunha e Murilo Mendes a Oswald de Andrade, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, só pra citar alguns de nossos mestres do século passado, o Brasil simplesmente produziu a maior literatura do mundo! E para justificar o título, Manoel relembra um poeminha de Murilo Mendes de nome Pré-história: “Mamãe vestida de rendas/ tocava piano no caos/ Uma noite abriu as asas/ cansada de tanto som/ Equilibrou-se no azul/ de tonta não mais olhou para mim/ para ninguém/ Caiu no álbum de retratos”. Bem, o Brasil literariamente também acabou, e não só isso: acabou em tudo. Daí nosso herói se voltar para seu ícones do passado, especialmente um que fala através de seu próprio coração: Camilo Castelo Branco. Enter.
Bem, Camilo é Camilo, um território de riqueza incomparável, mesmo considerando seu contemporâneo Alexandre Herculano. Guimarães Rosa acabou por digamos encerrar a literatura brasileira, que recebeu seu golpe mortal com o movimento militar de 1964 e a imediatamente posterior entrada no ar do maior flagelo que já assolou nosso país terminal: a Rede Globo. Mas o encantamento da leitura dos geniais brasileiros acabou por afastar Manoel de Camilo, Eça, Ortigão, Herculano, Castilho, Pessoa e cia. Deu-se que nosso herói, depois de enfrentar um exemplar de contos russos constante de uma coleção de contos universais, e meio que aporrinhado com o universo daqueles escritores tão torturados, sem contar que tradução mata muito do sabor e teor originais, eis que lhe veio a idéia: “Ó pá! Tu não vais ler teus compatriotas no livro de contos portugueses desta porra de coleção??”, perguntou a si mesmo Manoel, e o livro saltou célere para suas mãos. E começou uma fase de deslumbramento para compensar a miséria moral e humana que pulula na pracita próxima a sua residência, onde mentalidades de frangos de granja, de hienas, de oligoquetas e de pitecóides fazem a farra da estupidez e da corrupção... Curiosamente, se tais "seres" se desgraçam com esse mergulho na lama da podridão política no hoje depravado Arraial das Bagas, trazendo para suas vidas e para a deformação dos infelizes menores que já em tenra idade aprendem a deformidade e a corrupção pelas mãos e exemplos miseráveis dos próprios pais, pelo menos os infelizes menores se livram da ação da Rede Globo, enquanto diariamente dão vazão a seus instintos herdados de pais estúpidos, ignorantes, arrogantes e sádicos. Enter.
Então, enquanto essas bestas e bestinhas chafurdam na lama, Manoel deita e rola na delícia dos contos portugueses, que abrem o volume com a maravilha de Padre Manoel Bernardes, uma linda parábola religiosa dos tempos ainda áureos do cristianismo católico autêntico e tão belo. E logo veio Herculano com seu imperdível “O bispo negro”, e logo veio Camilo com “Uma casa triste”, que levou nosso herói às lágrimas – que ele escondeu de sua amada, para não afligi-la. Pois ao ler Ramalho Ortigão, nosso herói chegou a quase estourar de tanto gargalhar ao lado de sua linda e divinal Maria, que neste momento lia os russos, e que ria de ver a explosão de hilaridade de seu homem e acabou até atemorizada com achar que ele ia ter um troço, pois se contorcia na cama de tanto rir e lacrimejar. E nessa admirável viagem, em que até o protótipo do livro A Cidade e as Serras apareceu em conto de nome Civilização, do Eça, Manoel se renovou das agruras de viver cercado de oligóides e corruptos confessos e fanáticos, sem contar a cachorrada dessa horda de imbecis, que late infernalmente como que transmitindo ao bairro a desdita que esses energúmenos experimentam nessa vida deles tão estúpida... Enter.
Pois Manoel, um iniciado por sua própria capacidade de evoluir, aplaca o desejo de impor uma lição a essa malta de basbaques e sevandijas, pois compreende que eles estão evoluindo mesmo que aparentemente regredindo tão grosseiramente. E considera sua própria condição: enquanto essa gentuça obtusa e alarvajada, seguindo religiosa e fervorosamente a determinação de outro alarvajado patife cheio de poder, se abestalha roçando-se uns nos outros como asnos a se coçar mutuamente, aquilo de “asinus asinum fricat” (um burro esfrega o outro), ele avança a largos passos no aperfeiçoamento desde que houve de se cansar da lamurienta e deprimente literatura russa, que chega aos limites do baixo astral. “Bem, estamos no país de Lula!”, pensa nosso querido personagem, “e que se pode esperar de um pinguço que não passa de um beldroegas traidor a serviço dos globalizadores fingindo ser homem do povo??”. Enter final.
Neste exato momento, um bando de estúpidos adolescentes histéricos faz arruaça na pracita. O que era local de paz virou esse inferno. Isso rima com Sarney, com Lula, com a guerra civil, com a estupidez instituída, com Rede Globo, com Igreja Universal, com a fome, com a corrupção, com o ódio: é a calamidade social, o colapso da Humanidade em marcha e materialização, é a decomposição vertiginosa dos conteúdos, é a lama, a lama, a lama! É Belzebu assumindo a sociedade em putrefação, é a tetrametilenodiamina e seu fedor de carniça tomando conta de tudo. É o fim. Mas Manoel enfia em êxtase pelas lindas páginas de A Doida de Candal, de Camilo, e se abstrai da miséria que pulula fora, na vizinhança que em delícia delirante se emporcalha em promiscuidade obscena, e sua Maria, linda e feminina, exala perfume a seu lado, encantando mais ainda o retorno de nosso herói a seus mestres lusitanos. E o céu se instala no recesso, sacrossanto sim!!, enquanto a récua de boçais se consome em azáfama de estupidez lá fora... E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Depois de viver décadas um tanto afastado de seus autores prediletos da Santa Terrinha, Manoel decide mergulhar de novo na literatura portuguesa, repleta de gênios até o começo deste século, mas impressionantemente inferior ao Brasil em poetas e prosadores desde a década de 30 passada – tirando Fernando Pessoa, última glória da terra de Camões, que abriu a grande maravilha literária portuguesa. Hoje o Saramago reergue um pouco a chama de Portugal nas letras, mas é algo bastante pálido em comparação com um passado tão admirável. Em contrapartida, no Brasil a coisa da literatura no século XX foi arrasadora: de Euclides da Cunha e Murilo Mendes a Oswald de Andrade, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, só pra citar alguns de nossos mestres do século passado, o Brasil simplesmente produziu a maior literatura do mundo! E para justificar o título, Manoel relembra um poeminha de Murilo Mendes de nome Pré-história: “Mamãe vestida de rendas/ tocava piano no caos/ Uma noite abriu as asas/ cansada de tanto som/ Equilibrou-se no azul/ de tonta não mais olhou para mim/ para ninguém/ Caiu no álbum de retratos”. Bem, o Brasil literariamente também acabou, e não só isso: acabou em tudo. Daí nosso herói se voltar para seu ícones do passado, especialmente um que fala através de seu próprio coração: Camilo Castelo Branco. Enter.
Bem, Camilo é Camilo, um território de riqueza incomparável, mesmo considerando seu contemporâneo Alexandre Herculano. Guimarães Rosa acabou por digamos encerrar a literatura brasileira, que recebeu seu golpe mortal com o movimento militar de 1964 e a imediatamente posterior entrada no ar do maior flagelo que já assolou nosso país terminal: a Rede Globo. Mas o encantamento da leitura dos geniais brasileiros acabou por afastar Manoel de Camilo, Eça, Ortigão, Herculano, Castilho, Pessoa e cia. Deu-se que nosso herói, depois de enfrentar um exemplar de contos russos constante de uma coleção de contos universais, e meio que aporrinhado com o universo daqueles escritores tão torturados, sem contar que tradução mata muito do sabor e teor originais, eis que lhe veio a idéia: “Ó pá! Tu não vais ler teus compatriotas no livro de contos portugueses desta porra de coleção??”, perguntou a si mesmo Manoel, e o livro saltou célere para suas mãos. E começou uma fase de deslumbramento para compensar a miséria moral e humana que pulula na pracita próxima a sua residência, onde mentalidades de frangos de granja, de hienas, de oligoquetas e de pitecóides fazem a farra da estupidez e da corrupção... Curiosamente, se tais "seres" se desgraçam com esse mergulho na lama da podridão política no hoje depravado Arraial das Bagas, trazendo para suas vidas e para a deformação dos infelizes menores que já em tenra idade aprendem a deformidade e a corrupção pelas mãos e exemplos miseráveis dos próprios pais, pelo menos os infelizes menores se livram da ação da Rede Globo, enquanto diariamente dão vazão a seus instintos herdados de pais estúpidos, ignorantes, arrogantes e sádicos. Enter.
Então, enquanto essas bestas e bestinhas chafurdam na lama, Manoel deita e rola na delícia dos contos portugueses, que abrem o volume com a maravilha de Padre Manoel Bernardes, uma linda parábola religiosa dos tempos ainda áureos do cristianismo católico autêntico e tão belo. E logo veio Herculano com seu imperdível “O bispo negro”, e logo veio Camilo com “Uma casa triste”, que levou nosso herói às lágrimas – que ele escondeu de sua amada, para não afligi-la. Pois ao ler Ramalho Ortigão, nosso herói chegou a quase estourar de tanto gargalhar ao lado de sua linda e divinal Maria, que neste momento lia os russos, e que ria de ver a explosão de hilaridade de seu homem e acabou até atemorizada com achar que ele ia ter um troço, pois se contorcia na cama de tanto rir e lacrimejar. E nessa admirável viagem, em que até o protótipo do livro A Cidade e as Serras apareceu em conto de nome Civilização, do Eça, Manoel se renovou das agruras de viver cercado de oligóides e corruptos confessos e fanáticos, sem contar a cachorrada dessa horda de imbecis, que late infernalmente como que transmitindo ao bairro a desdita que esses energúmenos experimentam nessa vida deles tão estúpida... Enter.
Pois Manoel, um iniciado por sua própria capacidade de evoluir, aplaca o desejo de impor uma lição a essa malta de basbaques e sevandijas, pois compreende que eles estão evoluindo mesmo que aparentemente regredindo tão grosseiramente. E considera sua própria condição: enquanto essa gentuça obtusa e alarvajada, seguindo religiosa e fervorosamente a determinação de outro alarvajado patife cheio de poder, se abestalha roçando-se uns nos outros como asnos a se coçar mutuamente, aquilo de “asinus asinum fricat” (um burro esfrega o outro), ele avança a largos passos no aperfeiçoamento desde que houve de se cansar da lamurienta e deprimente literatura russa, que chega aos limites do baixo astral. “Bem, estamos no país de Lula!”, pensa nosso querido personagem, “e que se pode esperar de um pinguço que não passa de um beldroegas traidor a serviço dos globalizadores fingindo ser homem do povo??”. Enter final.
Neste exato momento, um bando de estúpidos adolescentes histéricos faz arruaça na pracita. O que era local de paz virou esse inferno. Isso rima com Sarney, com Lula, com a guerra civil, com a estupidez instituída, com Rede Globo, com Igreja Universal, com a fome, com a corrupção, com o ódio: é a calamidade social, o colapso da Humanidade em marcha e materialização, é a decomposição vertiginosa dos conteúdos, é a lama, a lama, a lama! É Belzebu assumindo a sociedade em putrefação, é a tetrametilenodiamina e seu fedor de carniça tomando conta de tudo. É o fim. Mas Manoel enfia em êxtase pelas lindas páginas de A Doida de Candal, de Camilo, e se abstrai da miséria que pulula fora, na vizinhança que em delícia delirante se emporcalha em promiscuidade obscena, e sua Maria, linda e feminina, exala perfume a seu lado, encantando mais ainda o retorno de nosso herói a seus mestres lusitanos. E o céu se instala no recesso, sacrossanto sim!!, enquanto a récua de boçais se consome em azáfama de estupidez lá fora... E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Manoel, a pizza e a vizinhança deformada
Frederico Mendonça de Oliveira
Por algum tempo, e impelido pelo fato de nutrir asco profundo pela imagem repulsiva de José Sarney, Manoel andou seguindo os jornalões on-line pra ver se esse refinado delinquente engravatado ia mesmo começar a amargar seu ostracismo sob pesado e justificadíssimo opróbrio e mergulho em desgraça pessoal e política. Pois as coisas foram esquentando contra o biltre, deu-se o episódio de um desembargador impor censura ao Estado de São Paulo impedindo o jornal de prosseguir denunciando o filho do sujeito, também encalacrado em falcatruas homéricas, e eis que veio a virada. Depois de o Estadão fixar em primeira página uma imagem reunindo o tal desembargador mais duas mulheres, mais um qualquer lá, mais o Sarney e mais aquele senador trêfego do caso dos bois e da secretária que depois posou nua pra Playboy, o peralta descarado Renan Calheiros, o jogo virou. Aliás, que turma! Só Sarney e Calheiros têm broncas metidas em corrupção que somadas dariam mais de 500 anos de prisão! E ficam aí, posando sorridentes para a macacada trabalhadora que lhes sustenta o vidão e recebe de volta nas fuças os escândalos de um processo político de corrupção que já virou o estado de coisas político irreversível no Brasil. Parece até que a turma gosta disso... Pois eis que, depois de mais de semana acompanhando o agravamento da situação do bigode mais escroto de nossa história – tanto que inspirou a figura de Justo Veríssimo, aquele político louco idealizado por Chico Anísio –, eis que, depois do apoio do governo ao corrupto e além da censura imposta ao Estadão, rolou o pior: inacreditavelmente desapareceu dos jornalões o assunto Sarney, e Manoel ficou a ver navios! Pizza!!! “Só mesmo no Brasil!! Só mesmo nesta terrinha terminal!!!”, bufa e resfolega Manoel em surto de indignação! Enter.
“Pois não mais me verão tentando acompanhar qualquer assunto político em jornais de merda!”, impreca nosso herói, desligando o computador e indo ter com sua linda Maria, a quem relatou a constatação e que de pronto respondeu: “Pois é por isso que você não me vê mais interessada em nada de política, e nem só no Brasil! Acabou-se tudo! Tudo! Só nos resta vivermos cada um para si e um para o outro, o resto acabou-se!”, ao que Manoel sente grande emoção estética, vendo a linda fisionomia de santa indignação de sua Maria... e nosso herói pensa em sua arte, que não tem mais público, em sua cultura tão apaixonadamente adquirida e que hoje é absolutamente imprestável em meio a essa miséria mental que reina aqui e alhures, e só lhe passa pela cabeça uma atitude a tomar: uma cerveja bem gelada para aplacar sua indignação, enquanto Maria prossegue cuidando religiosamente do lar, com cuidado mitológico para com cada detalhe, com carinho e dedicação que só se encontra na mais refinada literatura. As formas lindas ganham mais beleza ainda nessa atividade... Enter.
Pois para engrossar a tremenda sopa de sapos que nosso herói vai engolindo, eis que a vizinhança, histérica para com o novo espaço de lazer criminosamente criado no bairro por uma autoridade da linha Sarney e Renan, e que aliás promoveu prevaricação, deformação, corrupção, litígio e desordem pública sendo regiamente pago para justamente agir em defesa da justiça, resolveu promover também o estado de desobediência civil praticando ostensivamente a perturbação do sossego no entorno da obra maligna. E Manoel só pode contemplar com nojo e engulhos os desgraçados filhos menores desses imbecis deformados assumidos. É que, para hostilizar o morador que peitou a obra com base na lei, os vizinhos que se derretem com adular a otoridade corrupta usam os filhos, aliás até crianças que engatinham, para constranger e sacanear DIARIAMENTE o morador. Teve uma louca varrida que, vendo chegar a sua casa o morador resistente, virou para seu filho, de menos de dois anos, e ficou dizendo: “Grita! Faz barulho!”, e ficou repetindo isso para o pobre desgraçado, aliás projeto de delinquente, porque desde cedo sendo incentivado pela própria “mãe” a praticar desordem! “Um dia, quando este infeliz abraçar o crime e a corrupção, ou quando esbofetear a estúpida que o pariu, ela seguramente se perguntará: ‘Onde será que eu errei pra sofrer isso?’”... Enter final.
E Manoel, que não liga TV senão pra raramente ver um vôlei quando rola a Liga, recebe um telefonema de um amigo que o informa de um fato bizarro: a Marginal Tietê, em São Paulo, está parada e engarrafada em quilômetros por conta de um caminhão de caixas de fósforos que pegou fogo. “Pois é”, pensa nosso herói, “fogo assim só nos corações meu e de Maria, e enquanto as mães deformam seus filhos desgraçados nesse espaço criminoso, o amor entre nós ferve! As bestas se depravando e nós nos amando! Vão pro diabo, alimárias! E viva Santo Expedito! Oremos. Bye!
Por algum tempo, e impelido pelo fato de nutrir asco profundo pela imagem repulsiva de José Sarney, Manoel andou seguindo os jornalões on-line pra ver se esse refinado delinquente engravatado ia mesmo começar a amargar seu ostracismo sob pesado e justificadíssimo opróbrio e mergulho em desgraça pessoal e política. Pois as coisas foram esquentando contra o biltre, deu-se o episódio de um desembargador impor censura ao Estado de São Paulo impedindo o jornal de prosseguir denunciando o filho do sujeito, também encalacrado em falcatruas homéricas, e eis que veio a virada. Depois de o Estadão fixar em primeira página uma imagem reunindo o tal desembargador mais duas mulheres, mais um qualquer lá, mais o Sarney e mais aquele senador trêfego do caso dos bois e da secretária que depois posou nua pra Playboy, o peralta descarado Renan Calheiros, o jogo virou. Aliás, que turma! Só Sarney e Calheiros têm broncas metidas em corrupção que somadas dariam mais de 500 anos de prisão! E ficam aí, posando sorridentes para a macacada trabalhadora que lhes sustenta o vidão e recebe de volta nas fuças os escândalos de um processo político de corrupção que já virou o estado de coisas político irreversível no Brasil. Parece até que a turma gosta disso... Pois eis que, depois de mais de semana acompanhando o agravamento da situação do bigode mais escroto de nossa história – tanto que inspirou a figura de Justo Veríssimo, aquele político louco idealizado por Chico Anísio –, eis que, depois do apoio do governo ao corrupto e além da censura imposta ao Estadão, rolou o pior: inacreditavelmente desapareceu dos jornalões o assunto Sarney, e Manoel ficou a ver navios! Pizza!!! “Só mesmo no Brasil!! Só mesmo nesta terrinha terminal!!!”, bufa e resfolega Manoel em surto de indignação! Enter.
“Pois não mais me verão tentando acompanhar qualquer assunto político em jornais de merda!”, impreca nosso herói, desligando o computador e indo ter com sua linda Maria, a quem relatou a constatação e que de pronto respondeu: “Pois é por isso que você não me vê mais interessada em nada de política, e nem só no Brasil! Acabou-se tudo! Tudo! Só nos resta vivermos cada um para si e um para o outro, o resto acabou-se!”, ao que Manoel sente grande emoção estética, vendo a linda fisionomia de santa indignação de sua Maria... e nosso herói pensa em sua arte, que não tem mais público, em sua cultura tão apaixonadamente adquirida e que hoje é absolutamente imprestável em meio a essa miséria mental que reina aqui e alhures, e só lhe passa pela cabeça uma atitude a tomar: uma cerveja bem gelada para aplacar sua indignação, enquanto Maria prossegue cuidando religiosamente do lar, com cuidado mitológico para com cada detalhe, com carinho e dedicação que só se encontra na mais refinada literatura. As formas lindas ganham mais beleza ainda nessa atividade... Enter.
Pois para engrossar a tremenda sopa de sapos que nosso herói vai engolindo, eis que a vizinhança, histérica para com o novo espaço de lazer criminosamente criado no bairro por uma autoridade da linha Sarney e Renan, e que aliás promoveu prevaricação, deformação, corrupção, litígio e desordem pública sendo regiamente pago para justamente agir em defesa da justiça, resolveu promover também o estado de desobediência civil praticando ostensivamente a perturbação do sossego no entorno da obra maligna. E Manoel só pode contemplar com nojo e engulhos os desgraçados filhos menores desses imbecis deformados assumidos. É que, para hostilizar o morador que peitou a obra com base na lei, os vizinhos que se derretem com adular a otoridade corrupta usam os filhos, aliás até crianças que engatinham, para constranger e sacanear DIARIAMENTE o morador. Teve uma louca varrida que, vendo chegar a sua casa o morador resistente, virou para seu filho, de menos de dois anos, e ficou dizendo: “Grita! Faz barulho!”, e ficou repetindo isso para o pobre desgraçado, aliás projeto de delinquente, porque desde cedo sendo incentivado pela própria “mãe” a praticar desordem! “Um dia, quando este infeliz abraçar o crime e a corrupção, ou quando esbofetear a estúpida que o pariu, ela seguramente se perguntará: ‘Onde será que eu errei pra sofrer isso?’”... Enter final.
E Manoel, que não liga TV senão pra raramente ver um vôlei quando rola a Liga, recebe um telefonema de um amigo que o informa de um fato bizarro: a Marginal Tietê, em São Paulo, está parada e engarrafada em quilômetros por conta de um caminhão de caixas de fósforos que pegou fogo. “Pois é”, pensa nosso herói, “fogo assim só nos corações meu e de Maria, e enquanto as mães deformam seus filhos desgraçados nesse espaço criminoso, o amor entre nós ferve! As bestas se depravando e nós nos amando! Vão pro diabo, alimárias! E viva Santo Expedito! Oremos. Bye!
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