sexta-feira, 4 de julho de 2008

Afinal, existimos ou não?

Frederico Mendonça de Oliveira

Tenho convivido com tanta maluquice nisso a que chamam de sociedade, e em todas as suas acepções e concepções, que sinceramente começo a me perguntar se estou fora do penico geral. Por exemplo: estou proibido por liminar de falar em meu blog ou em público sobre um determinado assunto. Então não falo, porque não quero aturar as penas decorrentes disso. Calo o bico, portanto. Quem perde e quem ganha? Sei lá! Mas a pergunta é a seguinte: a Consitiuição Federal não postergou a censura prévia a meios de comunicação e não estabeleceu o livre direito à expressão do pensamento? Sim e sim. E aí é que a coisa piora mais ainda: é democracia, com direito a todos se expressarem, ou é ditadura, com cerceamento à livre manifestação de pensamentos e idéias? Pra constar, vivemos na primeira hipótese, ou seja, no que está na Constituição; mas pra valer estamos vivendo, especialmente no que venho enfrentando, na segunda. Bem, convenhamos que fica mais “rico” vivermos um jogo em vez de uma realidade simples e objetiva, o que seria chato e monótono. Então o negócio é “relaxar e aproveitar, se a curra for inevitável”. Por isso é que o Brasil é o país do futebol: porque tudo depende da cuca do árbitro... Enter.
Pois abro uma mensagem sobre um fórum de imprensa, e o entrevistado declara que “temos que usar a imprensa para construir o Brasil”. Porra! O Brasil tem 508 anos de vida completos e ainda tem de ser construído? Cacete! Temos tudo que os países ditos avançados ou civilizados têm, e ainda temos que construir o Brasil?? Que diaabo! Então estamos há 508 anos fazendo o quê? Temos universidades, hospitais, aeroportos, portos, navios, aviões, casas, arranha-céus, sistema de transportes transcontinentais nos conectando com o mundo todo santo dia e temos de construir o país? Então que merda é essa que está aí? A existência de Ouro Preto e Olinda como patrimônios da Humanidade, a existência da Brasília arquitetonicamente sem paralelo no planeta, a torcida do Flamengo, o Cristo Redentor, um Congresso de sudras, essas coisas são o quê? Falácias? Fantasias? Imagens? Enfim: existimos ou não? Somos o quê? Um bando de peidados fingindo que existimos pra dar consistência a um país ilusório ou abstrato ou imaterial? Chegamos a um ponto em que duvidamos de nós mesmos – isto no caso de sermos os que ainda usam a titica posta por Deus em nossas cavidades cranianas, aquilo a que a ciência chama de cérebro e que foi inventado para ser usado, mas que é hoje substituído pela programação da Grobo. Enter.
Ah!, ah! É que eles falaram errado – pra variar. Eles queriam dizer “reconstruir”!! Puxa, mas não somos obrigados a tecer adivinhações! A coisa é a seguinte: desde que os “colonizadores” puseram os cascos ferrados nesta terra desgraçada, só vimos ser, a própria, detonada, escorchada, pisoteada por crápulas de todos os matizes, e disso não poderia resultar um país, mas uma ruína. Pra todos os efeitos, temos de questionar se o Brasil pode mesmo ser considerado país em algum momento do que dizem ter sido a “nossa história”. Bem que eu sempre desconfiava da autenticidade das matérias do curso primário... Aquela “História do Brasil” nunca me convenceu! Mas, voltando: temos de reconstruir o país... Que piada! Porque, a bem dizer, quem o destruiu? Deus? O diabo? Os árabes? Os palestinos? Os iraquianos? Os iranianos? Os norte-coreanos? Os afegãos? Os venezuelanos? Os bolivianos? Os paraguaios? Os que derrubaram as torres gêmeas? Os japoneses? Os italianos? Os negros? Os índios? Os portugueses? Os nazistas? Os fascistas? Os católicos? Os cristãos? Os evangélicos? Os umbandistas? Os candomblecistas? Os espíritas? Os esoteristas? Os militares? Os civis? Os artistas? Os instrumentistas? Os sambistas? AFINAL, QUEM DESTRUIU ESSA PINÓIA DE PAÍS PARA QUE TENHAMOS DE VIVER NA TAREFA INTERMINÁVEL DE RECONSTRUÍ-LO? Enter final.
Hahahaha! Eu sei, crianças, eu sei! Mas não digo! Não digo, não digo e não digo, e pronto!! Não digo, aliás, porque aprendi isso com censurados como eu, aprendi com grandes brasileiros deletados da história porque disseram verdades. Um deles, por diversas vezes presidente da Academia Brasileira de Letras – que hoje encarta em seu quadro de imortais uma escória de paulocoelhos, robertomarinhos e pitanguis –, está banido de nossos cursos superiores de História, porque disse a verdade sobre o que realmente se passou com a pinóia brasilis desde que pisou aqui com Cabral um certo Gaspar da Gama. Então, em solidariedade a esse mestre dentre mestres, não digo e não digo. E pronto. Para encerrar, dedico essas bem traçadas a todas as mulheres que diariamente águam passeio de botas e bobs ou não; a todos os que cultivam hemorróidas sentados diante da TV desgraçando suas vidas e dando lucro aos globalizadores; aos que perambulam sem rumo ou objetivo pelas ruas fazendo a pantomima patética dos “consumidores” de R$ 1,99. Aos que diariamente se embebedam do veneno midiático achando lindo. E especialmente aos que não só se omitem diante da corrupção generalizda, mas especialmente aos que a apóiam, pobres seres miseráveis que vão à missa e professam catolicismos hipócritas enquanto cospem nas chagas do Cristo Salvador! E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!

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