Frederico Mendonça de Oliveira
O fantoche presidente que não governa e que não enxerga senão seus privilégios materiais como “primeiro mandatário” – cairia como luva considerá-lo desmandatário, já que não sabe de nada, não ouve, não vê nada, não trabalha, não cria senão artifícios eleitoreiros, e os pilantras que operaram sob suas asas, mal ou bem, continuam privilegiados aí, bordejando tranqüilos – deverá ter ido a dois velórios simultaneamente: o de Rutão e o de Silvinha. Rutão, que deve ter morrido de não poder sobreviver ao lado de uma abjeção viva como aquele traidor monstruoso - que aliás a traiu também, para não perder o ímpeto de trair, natural de sua personalidade: gerou em Míriam Dutra Schmidt o menino Thomás; Miriam foi transferida para a Globo de Barcelona, pra esfriar aqui o escândalo, e Thomás Dutra Schmidt, literalmente filho da mãe pelo nome, já que teria de ser Cardoso, o pobre, terá hoje quase 17, e o pai não o conhece, a julgar pelo que (não) saiu na “imprensa” –, mesmo tendo sido ela, segundo estudiosos, da tribo dos globalizadores, que não hesitam em detonar um genocidiozinho, não iria para a carreira subsolo sem que o boneco enfatiotado e roufenho comparecesse à festança com presunto e tudo, para dar tapinhas nas costas de seu antecessor devastador; afinal, é tudo a mesma ralé de ignorantes sem caráter, tudo um bando de traidores, tudo uma corja de crápulas traidores da pátria. O corpo frio lá deveria ir serenizando a fisionomia enquanto desfilava a procissão quase que só de pilantras profissionais: desmaterializada, iria se acalmando por saber que por uns tempos, no limbo, iria viver esquecida dessa cambada de engravatados tendo seu maridão traidor em todos os sentidos como host sem nenhum caráter. Enter.
Corta para o velório de Silvinha Araújo, mulher daquele Eduardo, que mudou de escolha: integrante da récua de jumentos musicais da Jovem Guarda, acabou envolvido com criação de jumentos pêga, que pensam bem melhor que a turma liderada pelo Brasa – e depois montou estúdio de gravação com nome em ingrêis. Silvinha foi cantora, cresceu como tal ao longo de uma carreira ignorada pela mídia e foi devorada por um câncer contra o qual lutou anos. Sucumbiu aos 54 ou 56, por aí. Eduardo, viuvão, deveria estar lá arrebentado, por terem sido um casal 20, coisa meio diferenciada no setor da fauna jovenguardista. O fantochão falastrão deve ter ido lá, depois de umas boas talagadas de 51, dar os pêsames ao menestrel enviuvado. Dá voto. E é um evento midiático, afinal: deu até primeironas nos jornalões. Vá em paz, Silvinha: você sempre foi elegante e composta, sempre destoou da mediocridade geral que a cercou nos tempos do calhambeque robertiano e, mesmo sendo inculta, sempre esteve acima do espírito geral dessa pinóia de música jovem. Enter.
Estagnação é isso aí: nada acontece, e quando acontece parece que é óbvio, sem importância. Mas o presidente-desacontecência gosta de um evento, e deve ter até levado – pelo menos ao velório de Rutão – Marisão, brega e sempre sem nada a dizer, a tiracolo de seu cafumango apedeuta, empacotado num armani que lhe cai como um saco de dormir, mesmo que muito bem cortado. Estagnação é isso aí: o Brasil vai em decomposição, o fedor grassa a mil, mas tudo está como se vivêssemos a paz dos que já têm a certeza do paraíso no planeta terra. Enter.
E a farra da imbecilidade prossegue a mil também: mulherada aguando passeio e rua, imbecis midiotas criando cães desamparados esquecidos ladrando em quintais para fazer crer que há defesa nos “lares” em que manda a TV e onde os cérebros não são usados. Se o pobre do Raul (Seixas) lembrava que o “ser humano” comum só usa dez por cento de seu cérebro, hoje ele seria contestado: dez??? Que dez, Raul! Seria um por cento, se muitíssimo, e olhe lá. Conversamos sobre isso, você deve lembrar: e os objetos vestidos de nossa época eram bem mais pensantes! No seu tempo não havia Tiririca, Egüinha Pocotó, maratimbas botinudos, chapeludos e fiveludos emitindo guais lancinantes e descobrindo as terças maiores e menores, não havia bondes do tigrão. Pois é, Raul: nosso tempo foi uma merda, mas era melhor, por existir uma certa relutância em mergulhar de cabeça no abismo das trevas da ignorância assumida e propalada como sendo virtude básica. Enter final.
Que dizer mais, leitor? Bem, continuamos na batalha, só pra não perder o costume. De minha parte, escolho a reclusão, e mesmo assim atacam meu refúgio: o demônio tem sede de almas provectas. Tá. Que Deus se apiede de Rutão e receba Silvinha com uma taça de champanha. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
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