sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

"Você pensa que cachaça é água?"

Frederico Mendonça de Oliveira, Fredera

Pois é; se pensa, fique sabendo: “cachaça não é água, não!”. Assim a turma da década de 1950, ainda esperançosa no futuro dessa joça que hoje habitamos no mínimo desolados, cantava nos bailes de carnaval; e ainda tinha mais: "Cachaça vem do alambique/ e água vem do Ribeirão” – alusão ao curso d’água que abastecia o Rio de Janeiro, Ribeirão das Lajes. A marchinha ainda serviu e serve para chamar a atenção de quem vai com muita sede ao pote de birita: seria como dizer ao irmão que vá de leve. Pois o panorama nacional e internacional é de tal forma assustador que a turma vai na onda pensando que bebe água, quando na verdade bebe é uma cachaça perversa. A programação da TV aberta, especialmente a da Globo, é cachaça letal. Mas não há o que temer: morreremos todos mesmo, e isso é questão de tempo. O que assusta é que todos buscam o bem estar, a serenidade, o repouso, a glória, enquanto a ditadura mundial aperta as tenazes para que não consigamos nada disso. É um absurdo, mas vale considerar o que temos de maluquíssimo pela frente. Enter.
A ditadura é total, tanto quanto completamente disfarçada para o grande e ignaro povão bobo e catatonizado. Ninguém percebeu, quando Roberto Carlos virou o “rei”, quem urdiu e realizou isso – e hoje a macacada brasilis nem tem mais idéia do que seja Roberto Carlos, esse fóssil de si mesmo, esse criador da canção regressiva e burrificante justo quando o povo brasileiro sofria outro golpe, o da instituição do mercado da canção. Era fantástico: tínhamos virado a página da música popular no mundo com a Bossa Nova, éramos o país mais vibrante cultural, artística, científica e esportivamente falando. O que somos hoje? Um país apenas lugar onde a canção foi limitada ou rebaixada a coisas como duplas emitindo miséria sonora em guais lancinantes diante de legiões de macacas de auditório guinchando como imensas cobras diante de pacóvios de chapéus, fivelão e botinaços, legiões de seres imbecilizados pela máquina da ilusão sonífera e mortífera sacudindo o rabo e cancerificando seus miolos e suas vidas com desgraça sonora produzida por bandidos de diversos matizes e carizes. O que a mídia dispara contra a população é unicamente material daninho e maligno da pior espécie, e a máquina de burrificar transformou a população quase toda, à exceção de um guetinho de resistência, em gado, em gentios mugentes, em objetos vestidos, e a perspectiva de reversão disso é mínima, irrisória, senão nenhuma. Enter.
A ditadura da beleza mostra Giseles Bundchens e os Di Caprios tupiniquins como paradigmas da beleza que todos almejam e sonham; a mídia esfrega na cara de uma gente coisificada uma galeria de “lindezas” produzidas em laboratório; os anúncios só mostram jovens ninfas e lindos moçoilos que ocupam páginas inteiras de jornais manipulados e manipuladores, e não há qualquer esboço de posicionamento do agonizante Estado, cuja estrutura operacional se transformou num covil em que a corrupção grassa desenfreada e explícita. O poviléu apenas contempla o cenário corrompido e tenta realizar desejos, embriagado pela cachaça mortífera servida em generosas doses pelo discricionário poder constituído. A ignorância é o suporte para essa horrenda “obra de arte” em que está inserido o povo brasileiro, que aceita sem qualquer questionamento tudo que se lhe enfia goela abaixo. Enter.
Meu filho afetivo – não o adotei oficialmente, mas sempre tivemos o vínculo pai-filho – está na batalha em Poços de Caldas, cidade sul-mineira quase metrópole. Estuda na PUC, batalha na captura de um emprego para pagar as despesas apertadas, já que voltou das férias cortado do estágio que fazia e lhe rendia um troquinho. Para circular pela city, cobrindo grandes percursos, tinha sua moto 125 ajeitada, e com ela conseguia dar conta dos trampos e do estudo. Desempregado, cogitava até de trabalhar de motoboy, pra segurar as despesas. Pois no que fazia um atalho no percurso PUC-Centro para economizar uns mililitros de gasola, eis que dois bandidos o abordam também de moto, metem-lhe um 38 na costela e, generosissimamente tomam-lhe a moto e o deixam largado na rua erma. Podemos até dizer que foram piedosíssimos: deixaram meu valoroso garoto com documentos, celular, relógio, dinheirinho e a vida: queriam e levaram só a moto. A notícia caiu como se um cofre pesadão nos atingisse a cabeça vindo do 13º andar. O consolo de ele ter sido deixado ileso é um fato, embora imoralíssimo: a atual prática de roubar pobres é um fato asqueroso, mostrando uma sociedade em estado terminal, com seu tecido social irreversivelmente cancerificado. Consola não ter sido pior, mas nos vemos meio cúmplices, pelo conformismo cínico e no mínimo subserviente. O que temos de fazer, seguros de que o país de Lula e Globo só vai piorar, é rezar para que a desgraça atinja o outro, e agradecer se ela nos pega menos pesado: é sujo, isso. Parabéns a nossos políticos e dirigentes, parabéns à nossa estrutura de defesa social, parabéns ao nosso digníssimo fantoche dos Conquistadores do Mundo aboletado na presidência depois de ganhá-la clamando por mais de 20 anos pelos direitos do povo e pautando seu “discurso” na denúncia da corrupção e do entreguismo. Jamais sofremos com cinismo tão escroto!, mesmo depois de aturar o cão FHC por oito anos!! Lembranças ao (ou à?) seu filhinho (a) “Lurian”, presidentezinho safado e curvado aos donos do mundo! Ele (a) não será vítima dos desgraçados filhos/dejetos do sistema odioso e maligno em que o senhor e sua primeiradama ex-Dulcora deitam e rolam como dois descarados novos ricos ignaros. Vocês não têm alguma classe mínima suficiente sequer para ter um gato... Enter final.
Valeu, minha gente. Viva a horda de babacas sempre sorridentes e de dentaduras alvíssimas que desfilam na mídia como vetores da ditadura imunda que nos desgraça. Só nos resta levantar os olhos para o céu e pedir pelos infelizes que não têm escolha senão o crime. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té pra semana, crianças!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Saiu gato no Haiti, mas ele continua aqui

Frederico Mendonça de Oliveira, Fredera

Causa tamanho engulho tomar conhecimento do que andam fazendo os sudras aboletados no poder que cheguei a meter um gato no título da coluna da semana passada. Saiu “O Hiti é aqui”. O impacto que sofremos ao tomar conhecimento das “medidas” que SEMPRE, SEMPRE nos lesam e desgraçam sordidamente leva a pequenos escorregões técnicos, coisa como omitir uma letrinha num texto. Antes assim: pior é se escorregássemos, por mínimo que fosse, no plano moral, coisa que essa corja de degenerados embicheirados em Brasília e na rede de “poder” nem mais sonha o que possa ser. “Moral?? Ora, isso é coisa pra zé povo que vive iludido com andar direitinho pra ir pro céu – que os pobres diabos que nos sustentam acreditam que exista...”, devem comentar entre si os Zedirceus, Marcosvalérios, Guidomantegas, Zegenoínos, Waldomirodinizes, todos aí nadando de braçada garantidos até pelo poder Judiciário – especialmente quando protegidos pela ação vil e criminosa de um Nelsonjobim –, que hoje fornece mil saídas para um white neckband thief não ter de enfrentar as conseqüências de sua ação como saqueador do erário. Enter.
Quando aquele militar deputado Bolsonaro falou, ainda na década de 90, que FHC deveria ser fuzilado, foi tachado de maluco, louco de pedra ou, para a grande imprensa prostituidora “manter a linha editorial” – vejam só! –, “polêmico”. Realmente, injuriado com tanta ação maligna abertamente desfechada contra o País e o povo – a Folha não usa a palavra “povo”, vá a pobre macacada trabalhadora saber por quê... –, Bolsonaro exagerou. FHC tinha de enfrentar uma perpétua. Fuzilado seria se estivéssemos em tempo de guerra, como consta no código do Superior Tribunal Militar. Mas não estamos em guerra. Não mesmo?? Ah, não, contra outro país, não. Não mesmo?? Se alguém parar pra pensar, estamos sim!! Mas aceitemos os valores que os invasores querem: estamos “apenas” em guerra civil... A pena seria prisão perpétua, por crime de lesa-pátria. E que crime foi esse? Revelamos, já que o Brisêu nunca é informado pela imunda imprensa que nos emporcalha a vida: FHC, Celso Láfer e Ronaldo Sardenberg (com coisas dessas, pra que enfrentarmos outro país? O trio já representa país inimigo...) doaram a Base de Alcântara aos yankees, e isso é enquadrado, na Justiça Militar, como crime de lesa-pátria, ficando quem o pratica sujeito a fuzilamento, se em tempo de guerra, ou prisão perpétua, se em tempo de paz. Em outra ocasião relato essa sordidez, esse crime praticado pelo cínico e calhorda traidor FHC e seus comparsas, já que Láfer e Sardenberg não eram propriamente subalternos do traidor abjeto, eram funcionários diretos dos amos dele. Quanta escatologia!... Enter.
Bem, vale lembrar o porquê do gato. É que no apagar das luzes de 2007, tendo sido revogada a CPMF, imposto com que financiávamos as “necessidades” da grande quadrilha que nos expropria criminosamente, um dos porta-vozes da horda governista informou que não haveria aumento de impostos para compensar a eliminação do imposto imoral e covarde. Pois entra 2008, e o ET Guido Mantega, no que vimos a “compensação” através de outro golpe na carga tributária sobre nós para que os white neckband thiefs não perdessem seus privilégios, vem a público, cínica e deslavadamente, revelar que eles falaram que não haveria aumento de carga tributária compensatória, mas isso era em 2007. Em 2008, a história já é outra. E tchau. Com essa cusparada de catarro verde nas fuças, o povão trabalhador fica ainda mais convencido de estar chegando a hora de este país terminal morrer de vez ou de haver uma convulsão apocalíptica ou um armagedon que reverta o marasmo mantido há décadas através da ação da TV, especialissimamente da Globo. E a macacada anda acordando em relação ao explícito aliás escandaloso e escancarado fato de que o governo de fato é a Globo e quejandos, é ainda a imprensa em geral, pois o Brasil não despencaria no abismo em que despencou não fosse a ação verdadeiramente devastadora de instrumento invasor e contracultural e intervencionista que é a TV desde 1964 contra todos nós. Enter.
O que se almeja desde sempre, seja PT ou PSDB, seja a Igreja Católica ou a IURD, seja o comunismo ou o capitalismo, o que se almeja desde sempre é o poder. E poder implica, desde sempre, em violência, implica em o direito residir na força, estando esta força mascarada na lei. Não adianta espernear nem chorar sob o cobertor: enquanto as forças cósmicas não inverterem esse quadro, limpando a Terra da ação dos Conquistadores que tudo degeneram para que se viabilize para eles o dia do golpe de Estado internacional, de que a globalização é a última etapa preparatória, já era, meninos. O horror avança, e Lula não é mais nem menos que Bush ou qualquer governante títere dos que avançam contra a soberania dos povos: todos cumprem a planilha que vem do poder discricionário avassalador. Somente Chávez, Fidel, Evo Morales, Armadinejad (o som é esse, aportuguesado) e outros resistentes aturam o enfrentamento contra essa força maligna implacável. Enter final.
E para que essa força diabólica, amplamente descrita no Antigo Testamento, se faça real e praticamente operante, é necessário que somente traidores subservientes estejam no poder em seus países, a serviço delas. FHC foi o maior paradigma dessa traição vil, e não há na história do País verme mais imundo que o sociólogo da abominação, discípulo de Baphomet e Babalon, servo de Mefistófeles, par de Belphegor, o demônio cagão (quem associou FHC a Belphegor foi o Sebastião Nery, numa Tribuna na década passada). Concluímos nos posicionando junto ao Salvador, fiéis a Ele e negando veemente e irreversivelmente a ação dos cães globalizadores. O resto é com Deus, que nos quer livres e felizes. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té pra semana, queridos!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O Hiti é aqui, gente!

Frederico Mendonça de Oliveira

O sujeito calhorda que ocupa a presidência da República já deixou de ser apenas um metalúrgico fajuto, um líder de partido que brandia a bandeira do decoro em meio à putaria que sucedeu o militarismo escroto ao longo de 20 anos, um sucedâneo para a orgia indecorosa senão putíssima que nos emporcalhou a vida na seqüência Sarney-Collor-FHC: esse cara de pau sem qualquer caráter, esse macunaíma garanhunense depois são-bernardense mas na verdade um pilantra de quatro costados sem origem e que navega ao sabor da imposição de um golpe irreversível no tão capaz e laborioso povo brasileiro precisava ser deposto a bofetões e encarcerado em masmorra nada especial, indo com ele para o xilindró também Sarney e FHC. Collor, pensando bem, é um nada. Esse cabra não tem nada de pernambucano, é apenas um ladrãozinho reles como qualquer parlamentar safado com quem ele faz acordos imundos pra se manter mamando e nadando de braçada na folia presidencial enquanto o zé-povo rala crescentemente comendo merda e o pão que o diabo amassou na surubada em que se transformou o poder constituído. Caetano e Gil acertaram: o Haiti é aqui. Enter.
Bem, o ministro da Cultura, parceiro de Caetano em diversas canções que desnudam o horror que vivemos, especialmente naquele rap genial Haiti, denuncia mas também mama, com a mesmíssima cara, hoje desfigurada parecendo um coco seco e de cabeleira rala e esparsa. Parece que anda se assemelhando a Babalon ou Baphomet. Agora deu pra sair na Mônica Bérgamo, aquela coisa de coluna fedendo a carniça. Gilberto Gil, com quem toquei durante todo o ano de 1974 num show em que os sucessos eram Maracatu Atômico e Xodó, aponta as cobras desde Aquele Abraço, mas sabe muito bem comer no mesmo cocho que elas. E o Brasil vive sonorizado a duplas ganibundas e sob toda sorte de misérias “musicais”, enquanto nosso bom – não tanto, não tanto – baiano desfila de ministro e deve possivelmente dispor de um cartão corporativo. Se não, me desculpe o compadre, erramos. Mas que ele deita e rola no fuá, mesmo que enxergando claramente a cor do sangue dos explorados, isso é fato. E a cultura no Brasil prossegue sob absoluto controle das multinacionais, e assim foi pro saco nossa identidade. Gil é inteligente e talentoso, mas perdeu a vergonha na cara. E ele sabe muito bem disso. Um guitarrista que me sucedeu no trabalho com ele falou curto e grosso: desde Parabolicamará o cara virou estrela e subiu pro andar de cima. Detalhe: ele não acrescenta mais porra nenhuma a nada: apenas colhe dividendos da indústria de extração que montou. Não é diferente com Chico, Caetano, Milton e caterva: todos enriqueceram à custa de detonar a cultura nacional com pactuar com as multinacionais da canção e do disco. Enter.
Grande merda! Hoje são um resto de um período sombrio regado a ilusão, quando a macacada acreditava que a canção salvaria o país. A macacada também achava que o retorno do poder civil, apoiado pela canção emepebê, salvaria esse penico em que estamos enfiados desde 1964. Mas os espertos entreviam que Simones, Wagner Tisos, Paulos Bettis e caterva, aboletados em palanques, davam o sinal de que algo ia muito mal. Aliás, cito o medíocre pianista mineiro não porque ele seja algo, mas porque é o exemplo vivo do embuste e da trapaça. Ele se acha digno de glorificação, quando não passa de um megalomaníaco descarado e um usurpador. Simone, essa é de doer: anteontem o rádio tocava enquanto eu trabalhava, e eu sofria com ouvir a desafinação doentia da maluca no que “entoava” Um Novo Tempo, aquela beleza do Ivan, que ela pisoteou com sua desafinação de gambá. Eu sofria mas não queria deixar o texto que elaborava, pra não perder o fio da meada e o calor: deixei que aquilo passasse para dar lugar a algo menos lúgubre e porco. Quanto a Paulo Betti, bem, coitado do Lamarca, representado por ele naquele filme ridículo. Lamarca foi gente, embora tenha cometido os erros que todos os que abraçaram o torpe bolchevismo cometeram de alguma forma. Essa turma toda apenas se adapta ao que ocorrer. Simone, cantora execrável como Betânia, chega a tentar não sair de cena gravando aquela versão rasteira de Noite Silenciosa, calcando no sotaque baiano fajuto no que pronuncia Noite feliz (é), transformando a linda canção em homenagem ao Salvador em algo do tamanho dela. É a velha história: precisa faturar... Enter final.
O governo de sudras comandado por Lula prossegue apodrecendo. Agora tenta até livrar a cara do demônio FHC. São todos discípulos de Mefistófeles. O Brasil não merece o Brasil que está aí. E o povo, ignorantizado e miserabilizado ao cúmulo, nada pode mais. A fantasia de um levante, de uma sublevação, isso é carochinha pura. Estamos morrendo à míngua, e isso não vai mudar. Vai tudo minguar, minguar, minguar, enquanto a macacada no andar de cima se esbalda na suruba com o dinheiro público. O diabo há de carregá-lo, mas a nós ele já vai carregando ou já carregou. Quero ver como é que vai ser nas próximas encarnações. “Bem aventurados os que sofrem”, disse o Cristo. A gente entende e abraça – mas a contragosto, que ninguém nasceu pra masoquismo. Agora, que os que desgraçam o povo e o país hão de pagar, disso ninguém duvide: “Quem com FERRO fere, com FERRO será ferido”. Deus não brinca. Veremos um dia a coisa feder. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té a cervejada final, gente!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Carnaval 2008: a estupidez em festa

Frederico Mendonça de Oliveira, Fredera


Quem pensa em Carnaval nestes dias de retrocesso histórico vertiginoso é no mínimo um pateta ou um desmiolado de quatro costados. Ou alguém que é mais para algo que para alguém mesmo. Os que hoje se interessam por Carnaval são algo classificável como os macacos sem rabo de que falou Ruy Castro em seu Tempestade de Ritmos, livro aliás imperdível por sua demonstração clara da decadência irreversível da arte popular a partir dos valores do século XX. Mas desde décadas até agora, neste já de todo descaracterizado tríduo momesco de 2008, ninguém ousou dizer ou alcançou entender o porquê desse fenômeno de esvaziamento da mais popular e unânime festa popular brasileira: alguns se regozijam com o refluxo do movimento que os incomodava outrora; outros ficam com cara de vaca perdida sem entender por que não ocorre mais o movimento de anos antes; outros apenas seguem bovinamente a procissão tocada pela mídia, querem ir à Marquês de Sapucaí para conviver o maior Carnaval do mundo, com aquele cacetérrimo desfile de escolas de samba todas iguais e com um samba que não muda do início ao fim, com raras exceções para inovações do Salgueiro ou do Império Serrano, se muito; outros esperam o Carnaval para faturar algum a mais, coisa hoje muitíssimo relativa; outros, para se beneficiar da possibilidade de praticar crimes em maior escala, aproveitando o auê geral - e por aí afora. Mas o pulo do gato para entender o porquê do refluxo da alegria social, isso ficou sem uma explicação lógica até agora. Então vamos a isso. Enter.
Primeiro, o Carnaval perdeu completamente seu sentido a partir do declínio da importância da igreja católica. Nos tempos que antecederam o neoliberalismo, mesmo que já sendo bombardeados pela TV, que ao longo de décadas veio estupidificando a população brasileiro de forma irreversível, o Carnaval estava inserido no e dependia do calendário católico, sendo o tríduo de folia consentida, que consistia em festejos populares e em manifestações sincréticas oriundas de ritos e costumes pagãos, como as festas dionisíacas, as saturnais, as lupercais, e se caracterizava pela alegria desabrida, pela eliminação da repressão e da censura, pela liberdade para atitudes críticas e eróticas. Era a liberação para uma espécie de descarga de instintos animalescos reprimidos durante todo o ano pelo respeito aos ditames da Igreja. Se a macacada fazia às escondidas sempre tudo, no Carnaval era lícito manifestar, explicitar isso. Na quarta-feira o bicho pegava, e a tristeza invadia os corações que viveram três dias de liberação. Mas a volta à disciplina religiosa era fato, e a polícia prendia os eventuais blocos que tentavam sair na quarta-feira. Segundo, isso era ainda a cultura cristão-católica, era também cultura pura e simples, pelo fato de gerar atividades várias além da liberação de costumes: formou-se toda uma arte em torno da festa pagã, vindo isso desaguar no rico e variado universo do samba, da machinha de salão, das fantasias, até de uma literatura e uma poesia especiais, sem contar a abordagem da música popular não carnavalesca SOBRE o Carnaval – coisas, só pra citar duas delas, como Marcha da Quarta-Feira de Cinzas, de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes, ou A Felicidade, de Tom e Vinícius. E olhem que falo apenas de referências cariocas, sem bater ainda em carnavais outros, como o da Bahia, o de Pernambuco, o do Maranhão, etc. Portanto, até um boneco de Olinda entende que sem cultura e sem o fundamento cristão-católico o Carnaval perde sua essência e sua razão de ser. E os evangélicos, que se multiplicam como coelhos enquanto a Igreja de Paulo encolhe e não seguem o calendário cristão-católico, jogam sem querer a pá de cal no Carnaval. Enter.
E já que fomos estraçalhados em simplesmente TODOS os nossos valores, também o Carnaval foi estraçalhado. Até mesmo porque a patologia infernal da índole dos globalizadores promoveu, para desaculturar o Brasil quanto a costumes, o carnaval temporão, para que se consolide a lei do nada cultural que já se perpetua nas "mentes" dos objetos vestidos que vegetam no Brizêu neoliberalizado, a "festa pela festa", para pulverizar qualquer vestígio de uma cultura baseada nas festas em louvor a santos católicos – ou de outras religiões, como o candomblé. Nestes turvos dias que antecedem o despedaçamento final da civilização, a festa virou apenas promoção de encontros para troca de interesses de toda sorte, para libar por libar, para buscar cegamente o prazer, a coisa unicamente pela coisa. Enter final.
E como as ruas não são mais do povo, a quem apenas se permite que as entulhe sem rumo querendo comprar sem saber o quê – e para isso inventaram o R$ 0,99, depois R$ 1, 99 –, e como o sentido do social histórico e religioso está sepultado pela ditadura dos meios de comunicação, e como ao povo cabe apenas um sofrer sem sentido, sem objetivo, eis que tudo se acaba, inclusive a alegria carnavalesca, que hoje ainda resiste em redutos mesmo que deformada em profundidade, mas tudo se acaba, sim. E de forma patética, senão pífia ou ridícula. Parabéns ao globalizadores: eles sempre visaram destruir os povos, e conosco já conseguiram. Mostraram que são gente dos diabos. Aos diabos eles, pois. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Pickles
1 - O episódio do impedimento judicial do carro da Viradouro sobre o Holocausto mostrou o quão ignorante é a turma de hoje: o carnavalesco nem sabe o que pensa ou faz, tenta adular congêneres das vítimas do Holocausto, aliás hoje negado por Armadinejá e outras feras mundo afora – coisa que o carnavalesco ignora ou faz que nem está aí –, leva um impedimento pelas fuças e chora em público por ter perdido essa "oportunidade". Vá estudar História recente, cara!
2 – Esse negócio de mestiças de afrodescendentes com brancos sambando nuas em carros alegóricos já ficou mais corriqueiro e sem impacto que risco de o Corinthians cair pra segunda divisão. A falta de imaginação é a moeda corrente na anti cultura imposta pelos demônios globalizadores. E a plebe ignara chafurda nisso indefesa. Como será o fim do Brasil, hem? Ou já estamos nele e não nos tocamos? Parabéns, globalizadores! Vocês FAZEM mesmo!