Frederico Mendonça de Oliveira
Sob alegação cínica e canalha de geração de empregos temporários e/ou de arrecadação para comércios locais, vai se alastrando nessa Pindorama fadada à desgraça a praga cancerosa das micaretas, ou carnavais temporões. O poviléu, ignorantizado, bovinizado, adere como sob o berrante do vaqueiro ou o tinir da vara de ferrão. São as legiões de objetos vestidos em panos patéticos, ostentando bonés que não passam de coroas para a estupidez assumida; são as legiões dos obedientes ao “pensamento unificado” imposto pela mídia dos globalizadores. “Pensamento unificado” é tão possível quanto “burrice criadora”, ou “boçalidade fecunda”: um paradoxo. Trata-se de um “não pensamento”, algo absolutamente igual ao estado mental de um amontoado de larvas numa bicheira ou de ninfas de percevejo expostas ao mundo sobre a folha de uma planta (ou “pranta”, como dizem os bugres nas montanhas sul-mineiras). Cérebros? Não passam de um monte de aparelhos rudimentares de operação de instintos e desejos, nada mais que isso reagindo em conjunto, sendo a individualidade algo relativíssimo, até proibitivo. Pois então lá vêm os carnavais temporões, em que uma alegria postiça é manifestada como forma de desobediência estúpida a um vago “poder constituído”, postura desobediente que normalmente envereda pela bestialidade em todos os possíveis matizes: porrada acionada por álcool e outras drogas, sexo degenerado em estado orgíaco animalesco, alegria calhorda porque sem apoio em qualquer fundamento prático ou tradição. Contemplando comiseradamente esse quadro dantesco entrevemos os cornos malignos dos títeres dos globalizadores a serviço de comandantes ocultos em valhacoutos de onde emanam a perdição e a prostituição que encaminham e pavimentam o grande golpe de Estado internacional já iminente. Enter.
Esta é uma faceta do horror institucionalizado neste país-lugar hoje ermo de melodia e beleza, coisas que nos embalaram até 1964, embora hienas, chacais, serpentes e todo tipo de pragas já viessem corrompendo nossa vida coletiva desde Cabral – que trouxe em sua esquadra um certo Gaspar da Gama, monstrinho achado em Goa por Vasco da Gama em 1498. Depois de meter o calabrote no animalzinho, Vasco da Gama acabou iludido por uma suposta sabedoria sobre as Índias exibida por esse rato, e que muito agradaria a Dom Manuel, o Venturoso. O nome verdadeiro do pulhazinho de nariz adunco e curvado sobre uma pequena boca de lábios sensuais ninguém sabe, nem mesmo Solidônio Leite Filho, que o detectou na História chegando em pequena embarcação ao costado da nau São Gabriel, capitânea da frota de Vasco da Gama, ancorada em enseada no Índico. Mas o horror definitivo, a força-tarefa para nosso desmantelamento irreversível, começou com a entrada nefasta da Rede Globo no ar, como atesta o vídeo Beyond Citizen Kane, acurada análise sobre a ação do plim-plim contra a identidade sócio-política da população brasileira. Enter.
Rodamos o botão do dial no rádio e só sintonizamos miséria sonora e som de grunhidos de debilóides de todas as laias. Se o rádio, tão logo inventado, já começou sendo desvirtuado para desarticular a ação das mentes, hoje é usado como instrumento de neurotização coletiva, ou de coletivização de neurose, como você preferir. Lá pelos anos 50 instituíram a radionovela, uma desgraça que precedeu a telenovela, desgraça à enésima potência. Era a turma do Gaspar da Gama agindo lá, transformando o rádio, como disse o filósofo do neoliberalismo Cazuza, “num puteiro – porque assim se ganha mais dinheiro”. E também foi então que criaram os programas de auditório, em que se juntavam, aos guinchos, adolescentes apedeutas adoradoras de ídolos do microfone e do disco. Nestor de Holanda apelidou as infelizes de “macacas de auditório”, o que lhe renderia hoje, nestes dias de cinismo, processos por crime de racismo ou discriminação, como você quiser. E o interessante é que o nome terá sido postergado, mas as tais “macacas de auditório” de Holanda parece que são hoje quase toda a população feminina jovem do Brasil, ganindo junto com chapeludos, botinudos e fiveludos que infestam os palcos dessa cloaca entre Oiapoque e Chuí em que nos vemos metidos e confinados sem qualquer vislumbre de escapatória. Enter.
Bem pior que o rádio, a TV só mostra porcaria grossa, e exibe um verdadeiro massacre de comerciais, hoje beirando o mais primário e apelativo, sem qualquer poesia – não como até há poucos anos, quando os comerciais eram inteligentes e muito acima da quase totalidade da programação geral. Os comerciais da Brastemp, da Cofap (do cachorrinho dachshund), de Bom Brill e outros tantos eram geniais. Ultimamente, só um de um plano de saúde aí incluindo dentista deu pra curtir. O resto são enredos estúpidos e fantasiosos, como a do lagartão que reencontra seu algoz na meninice. A bosta rala é a lei na programação e nos intervalos comerciais. Só se salvam a Rede Minas e a Cultura de São Paulo. A primeira exibe uma programação visual de muito bom gosto, embora cheia de erros de Português; a segunda, mesmo sendo um patrimônio admirável, vem caindo o nível de forma assustadora, como já visto aqui. Mas, vez por outra, dá pra ver uma ou outra apresentação de sinfônica, como os concertos da OSESP – ainda que passando constrangimentos, como ter de aturar a conduta afetada e infantil da apresentadora Estela Ribeiro, absolutamente imprópria para programas de música erudita e coisas envolvidas com isso. Enter final.
Bem que Henry Kissinger, aquele degenerado secretário dos globalizadores, declarou, lá pros anos 60, a respeito do “Brizêu”: “Não queremos um tigre asiático abaixo do Equador”. Dito e feito: transformaram o Brasil num puteiro, como disse Cazuza, e numa cloaca, também num inferno. Ainda bem que não tenho mais toda uma vida nesta terra desgraçada. Ai dos que ainda estão no começo das suas... pois esse inferno vai arder todo, logo, loguinho. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Notas sobre a desigualdade degradada
Frederico Mendonça de Oliveira
Abrir a Folha Ilustrada é viver contrastes atrozes. O caderno de aminidades e informação especial da publicação – esquecendo o que era publicado nele 20 e tal anos atrás – chega a assustar pela audácia e até pela violência das loucuras que ali se exibem. Classificada pelo pessoal do Hora do Povo como “cloaca da Barão de Limeira”, a Folha impressiona por ser um jornal péssimo como todos os outros e por ser agressivo agente de desinformação, tanto quanto um atraente objeto de consumo e – bem mais importante – suporte para exibição de diversos talentos de nossa intelectualidade e mesmo de gênios nossos. Isso merece relato: falemos curto e grosso. Enter.
“Curto e grosso” não como o impostor apedeuta Lula, claro. E vamos em frente. A página de capa da Ilustrada é uma vergonha: hipertrofia o anunciante e relativiza a matéria de capa. A página, medindo 30x56, usa 24x40 do espaço para o comercial ultra burguês. A matéria fica restrita a um espaço superior onde aparecem o título e uma eventual foto, mais um texto, que desce pelo lado esquerdo da página até o rodapé, usando exatos 4,5 cm de mancha: um pirulito. A idéia que aflora é a de vender ser muito mais importante que informar ou reportar. Abre-se a coisa, e lá está na página dois a Mônica Bérgamo, colunista das elites. E que elites! Desfila por lá na verdade um bando de ladrões e trancafiáveis, todos glamurizados como se fossem seres inatacáveis, exemplares. Numa dessas, há poucos meses, ela dedicou uma coluna inteira a uma festa em que Henrique Meireles, o “diretor” do Banco Central, era recebido em coquetel por um bando de colunáveis que parecia virem de outro país: gente desconhecida de quase todos e com sobrenomes cheios de consoantes. Meireles é sabidamente um rato, e Lula teve de “blindá-lo” – apoiado pelas forças globalizadoras – para que não conhecesse o futum de um cárcere, mesmo que soubéssemos que nada iria acontecer a esse agente dos chacais intervencionistas. Pois lá estava uma festança para apresentá~lo como candidatável à... presidência da República!!!! Puta que pariu!!!! Entre os comentários torpes, um lá citou a dificuldade de elegê-lo, já que “o povo odeia banqueiros”. Pudera... Mas o espírito globalizador era um fato. Qualquer pessoa temente a Deus sentiria o fedor de tetrametilenodiamina regendo aqueles momentos. Enter.
E teve as festas de casamento dos milionários brasileiros, a respeito de quem a coluna falou duas vezes em serem fortunas de ranking mundial. Aparecem, na edição de 16 de setembro, os casamentos de Renata Queiróz e José Ermírio de Moraes e de Daniella Sarahyba e Wolff Klabin. Além disso, pinta um outro casório como que de penetra, de Wanessa Camargo com Marcus Buaiz. Um espetáculo provocante de festança de beautiful people por um lado, uma afronta ao Brasil sob desigualdade degradada por outro, como apontou o crítico Roberto Schwarz. As fotos são de contos de fadas. Mas o que mais impressiona são os preços dos presentes. A Daslu faturou grosso nessa. De açucareiro a R$ 1410, bule a R$ 2620 até sopeira Rosenthal a R$ 19 mil e lustre a R$ 140 mil. Fora das fronteiras dessa esbanjação escandalosa, a pobreza cresce, e o País se esmaga sob a miséria resultante justamente... disso. Parabéns, lindas mulheres e noivos milionários. Hoje sabemos que o povo não marchará mais sobre os opressores. Mas a Lei não morre, e virá a resposta dos céus. É só aguardar. Pode não ser aqui, nesta vida, mas o equilíbrio universal é soberano e imutável. Deus é justiça pura. Enter.
Em gritante contraste com isso, as tiras de nossos gênios do cartum trazem uma visão contundente de tudo que nos cerca a aflige. Desde a loucura generalizada em tons sombrios e luz fatal do Angeli até a visão em plasticidade encantadora – inclusive no argumento – e hilariante do Gonsalez exibindo o Níquel Náusea, por si um peido na figura careta de Mickey Mouse. Ainda um Laerte e um Caco Galhardo apocalípticos e por vezes até herméticos, também um Glauco surrealista. E um Adão Iturrusgarai normalmente impagável com sua imperdível dupla Rock & Hudson em fundo normalmente rosa. Fecham essa plêiade, embaixo, o sempre inteligente Garfield e o já clássico Hagar. Não é preciso ir mais longe e fundo nisso: a genialidade de nossos cartunistas é um contraste feio se comparado com os fatos, para alguns, escusos, de La Bérgamo. E na coia da página de capa, registre-se um Nélson Freire, gênio brasileiro do piano reconhecido mundialmente, amassado no topo da página dentro daqueles parâmetros já verificados, aquele imenso L invertido, tendo como destaque arrebatando quase toda a página um comercial sobre não sei que Ursinho POOH, com área de 40x25. Isso aparece sob a chancela do Morumbi Shopping, e alude ao mundo mágico do tal porcaria de ursinho. A fisionomia de Nelson Freire, pendurada lá no alto, contrasta, pela seriedade e concentração, ao gigantismo do comercial, e até parece algo rejeitável em comparação com as imensas fisionomias estupidamente felizes do tal Pooh e dos imbecis que compõem a cena macabramente sorridente. Enter final.
É isso. Miséria produzida para parecer maravilha. Os gostosões e as gostosonas pululam em festanças enquanto o povão paga impostos massacrantes lutando por poder respirar e se compensando da tragédia torcendo pelo “curíntian”. Ou pelo “parmera”. Mesmo que gente limpa e adorável como Ferreira Gullar escreva nessa merda Ilustrada, falando para ninguém ouvi-lo, sentimos a faca imunda e cínica dos chacais conduzindo a “festa”. Festa de destaques como da Mônica, servil e sem qualquer caráter, instrumento dos seres abissais, dourando a orgia dos que lavam as mãos dos destinos dos próprios filhos. Um dia chegará: como disse Thomas Jefferson, nossos descendentes mijarão em nossos túmulos, porque fomos françuás e sacolões e ritas nestes dias de abjeção. A turma só quer é vectras, golfs, kias, toyotas e coisas merdais que tais para tentar minimizar a dor indescritível e insuportável das hemorróidas. E sorriem para as câmeras dos demônios travestidos em produtores de inserção no olimpo duvidoso das elites sem berço. Que viagem! Dedicamos estas linhas ao menino João Hélio, que Mônica Bérgamo não tem a menor capacidade ou sensibilidade pra saber quem seja. E ele é verdadeiramente o que importa a nós todos, por ser nossa mais pesada e lamentada perda!! A Folha prossegue empresa, jornal, até quadrilha, o que for; e João Hélio é a bofetada que atesta nossa desigualdade degradada. E vamos de Ivete Sangalo, de Leonardo, de Daniel, de Ronaldos, de toda essa merda incomensurável. Afinal, não temos só boca::também temos reto. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té mais, crianças!
Abrir a Folha Ilustrada é viver contrastes atrozes. O caderno de aminidades e informação especial da publicação – esquecendo o que era publicado nele 20 e tal anos atrás – chega a assustar pela audácia e até pela violência das loucuras que ali se exibem. Classificada pelo pessoal do Hora do Povo como “cloaca da Barão de Limeira”, a Folha impressiona por ser um jornal péssimo como todos os outros e por ser agressivo agente de desinformação, tanto quanto um atraente objeto de consumo e – bem mais importante – suporte para exibição de diversos talentos de nossa intelectualidade e mesmo de gênios nossos. Isso merece relato: falemos curto e grosso. Enter.
“Curto e grosso” não como o impostor apedeuta Lula, claro. E vamos em frente. A página de capa da Ilustrada é uma vergonha: hipertrofia o anunciante e relativiza a matéria de capa. A página, medindo 30x56, usa 24x40 do espaço para o comercial ultra burguês. A matéria fica restrita a um espaço superior onde aparecem o título e uma eventual foto, mais um texto, que desce pelo lado esquerdo da página até o rodapé, usando exatos 4,5 cm de mancha: um pirulito. A idéia que aflora é a de vender ser muito mais importante que informar ou reportar. Abre-se a coisa, e lá está na página dois a Mônica Bérgamo, colunista das elites. E que elites! Desfila por lá na verdade um bando de ladrões e trancafiáveis, todos glamurizados como se fossem seres inatacáveis, exemplares. Numa dessas, há poucos meses, ela dedicou uma coluna inteira a uma festa em que Henrique Meireles, o “diretor” do Banco Central, era recebido em coquetel por um bando de colunáveis que parecia virem de outro país: gente desconhecida de quase todos e com sobrenomes cheios de consoantes. Meireles é sabidamente um rato, e Lula teve de “blindá-lo” – apoiado pelas forças globalizadoras – para que não conhecesse o futum de um cárcere, mesmo que soubéssemos que nada iria acontecer a esse agente dos chacais intervencionistas. Pois lá estava uma festança para apresentá~lo como candidatável à... presidência da República!!!! Puta que pariu!!!! Entre os comentários torpes, um lá citou a dificuldade de elegê-lo, já que “o povo odeia banqueiros”. Pudera... Mas o espírito globalizador era um fato. Qualquer pessoa temente a Deus sentiria o fedor de tetrametilenodiamina regendo aqueles momentos. Enter.
E teve as festas de casamento dos milionários brasileiros, a respeito de quem a coluna falou duas vezes em serem fortunas de ranking mundial. Aparecem, na edição de 16 de setembro, os casamentos de Renata Queiróz e José Ermírio de Moraes e de Daniella Sarahyba e Wolff Klabin. Além disso, pinta um outro casório como que de penetra, de Wanessa Camargo com Marcus Buaiz. Um espetáculo provocante de festança de beautiful people por um lado, uma afronta ao Brasil sob desigualdade degradada por outro, como apontou o crítico Roberto Schwarz. As fotos são de contos de fadas. Mas o que mais impressiona são os preços dos presentes. A Daslu faturou grosso nessa. De açucareiro a R$ 1410, bule a R$ 2620 até sopeira Rosenthal a R$ 19 mil e lustre a R$ 140 mil. Fora das fronteiras dessa esbanjação escandalosa, a pobreza cresce, e o País se esmaga sob a miséria resultante justamente... disso. Parabéns, lindas mulheres e noivos milionários. Hoje sabemos que o povo não marchará mais sobre os opressores. Mas a Lei não morre, e virá a resposta dos céus. É só aguardar. Pode não ser aqui, nesta vida, mas o equilíbrio universal é soberano e imutável. Deus é justiça pura. Enter.
Em gritante contraste com isso, as tiras de nossos gênios do cartum trazem uma visão contundente de tudo que nos cerca a aflige. Desde a loucura generalizada em tons sombrios e luz fatal do Angeli até a visão em plasticidade encantadora – inclusive no argumento – e hilariante do Gonsalez exibindo o Níquel Náusea, por si um peido na figura careta de Mickey Mouse. Ainda um Laerte e um Caco Galhardo apocalípticos e por vezes até herméticos, também um Glauco surrealista. E um Adão Iturrusgarai normalmente impagável com sua imperdível dupla Rock & Hudson em fundo normalmente rosa. Fecham essa plêiade, embaixo, o sempre inteligente Garfield e o já clássico Hagar. Não é preciso ir mais longe e fundo nisso: a genialidade de nossos cartunistas é um contraste feio se comparado com os fatos, para alguns, escusos, de La Bérgamo. E na coia da página de capa, registre-se um Nélson Freire, gênio brasileiro do piano reconhecido mundialmente, amassado no topo da página dentro daqueles parâmetros já verificados, aquele imenso L invertido, tendo como destaque arrebatando quase toda a página um comercial sobre não sei que Ursinho POOH, com área de 40x25. Isso aparece sob a chancela do Morumbi Shopping, e alude ao mundo mágico do tal porcaria de ursinho. A fisionomia de Nelson Freire, pendurada lá no alto, contrasta, pela seriedade e concentração, ao gigantismo do comercial, e até parece algo rejeitável em comparação com as imensas fisionomias estupidamente felizes do tal Pooh e dos imbecis que compõem a cena macabramente sorridente. Enter final.
É isso. Miséria produzida para parecer maravilha. Os gostosões e as gostosonas pululam em festanças enquanto o povão paga impostos massacrantes lutando por poder respirar e se compensando da tragédia torcendo pelo “curíntian”. Ou pelo “parmera”. Mesmo que gente limpa e adorável como Ferreira Gullar escreva nessa merda Ilustrada, falando para ninguém ouvi-lo, sentimos a faca imunda e cínica dos chacais conduzindo a “festa”. Festa de destaques como da Mônica, servil e sem qualquer caráter, instrumento dos seres abissais, dourando a orgia dos que lavam as mãos dos destinos dos próprios filhos. Um dia chegará: como disse Thomas Jefferson, nossos descendentes mijarão em nossos túmulos, porque fomos françuás e sacolões e ritas nestes dias de abjeção. A turma só quer é vectras, golfs, kias, toyotas e coisas merdais que tais para tentar minimizar a dor indescritível e insuportável das hemorróidas. E sorriem para as câmeras dos demônios travestidos em produtores de inserção no olimpo duvidoso das elites sem berço. Que viagem! Dedicamos estas linhas ao menino João Hélio, que Mônica Bérgamo não tem a menor capacidade ou sensibilidade pra saber quem seja. E ele é verdadeiramente o que importa a nós todos, por ser nossa mais pesada e lamentada perda!! A Folha prossegue empresa, jornal, até quadrilha, o que for; e João Hélio é a bofetada que atesta nossa desigualdade degradada. E vamos de Ivete Sangalo, de Leonardo, de Daniel, de Ronaldos, de toda essa merda incomensurável. Afinal, não temos só boca::também temos reto. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té mais, crianças!
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
O Português dos macacos sem rabo
Frederico Mendonça de Oliveira
Ou o Português das antas vestidas, de tênis e boné, como vocês quiserem. Mesmo que alguém – ou, melhor: algo vestido à maneira de alguém – argumente que o idioma está se deteriorando porque a miséria generalizada determina essa deterioração, não podemos esquecer que um Lula, uma Hebe Camargo, um Alexandre Pires ou uma Xuxa ou todos os integrantes da fauna televisiva e da elite em geral estão cheios da grana e não passam de apedeutas bem empacotados. A estrupidez para com o Português é um estado de espírito instituído, tanto como o estelionato moral: todos compartilham essa miséria intelectual da fala grosseira e rasteira em combinação e conformidade com essa malignidade de transgredir à maneira dos mandatários. Vamos desfilar aqui para vocês uma enfiada de asneiras que os macacos sem rabo hoje palram, eructam ou bostejam com cara de paisagem, como se estivessem mesmo falando. É patético, dá a impressão de que o fim se instala sem cerimônia. Vamos a isso. Enter.
Começa com a grosseria asinina de transformar o infinitivo do verbo vir em pretério perfeito. Além de córnea como concepção de fala, é obsceno como prática. O Márcio Garcia, aquele ser gramaticalmente mulo embora até bem apessoado que toca o programa de sábado à tarde na Record, quando vai receber alguma toupeira para aumentar o contingente já ali reunido, solta o sesquipedal “Pode VIM”. Como ele, pelo menos uns 184.999.000 falam assim. Virou um hábito mecânico nessas coisas a que antes chamávamos de mentes. E está muito claro que isso de mentes não é mais necessário, como bem demonstra a personagem de Caco Galhardo que devora cérebros: quando alguém reclama de ter tido o seu devorado, o bicho argumenta que isso não é mais necessário, ou então propõe uma solução perfeita: “Ligue a TV“. E já que falamos em TV, a Rede Minas passa por ser educativa, mas pouco ou nada é. E sistematicamente joga no ar aquela vergonhosa “Você está assistindo isso”. No lugar desse isso, o nome do programa. Será que ninguém lá dentro sabe que o verbo assistir, se usado como transitivo direto, significa “dar assistência a”, ou “cuidar de”? Pois é: há anos, diariamente, rola essa bosta. O idioma que vá pro fundo do inferno, tanto quanto esse Brasil tão mais desgraçado a cada dia, esta é a lei. Enter.
E a macacada brasilis opta por alterar o verbo fechar em suas formas rizotônicas: usam com e tônico aberto. Fica mais estúpido, portanto é melhor. Se as cacatuas da TV bostejam assim a torto e a direito, é assim. E assim ficam sendo “compania” em lugar de companhia; “truce” em lugar de trouxe – é tão mais fácil, não é mesmo, ô capivaras? –; “peneus” em lugar de pneus, e essa é firmemente difundida pelo onagro assumido Galvão Bueno, que parece até ser um bom sujeito, mas que caiu em antipatia geral. Ele também divulga o fecha aberto: “O Atlético se “fécha” na defesa”. Só faltava dizer “O Atrético”, e só não diz porque é carioca e branco, e cariocas brancos não falam assim. Quanto a letreiros, cartazes, qualquer coisa impressa, a putaria rola solta. Aspas viraram elemento decorativo: “Só não pagam passagem crianças ‘no colo’”. Fica para o leitor a satisfação de analisar o que leva os bugres a tal atitude. Tem até coisas que acabam certas sem querer: “Casas Não Sei Quê: onde à elegância chega até você”. Eles queriam dizer que a elegância chega até você, acabaram dizendo que até você chega à elegância. A crase entrou por tacanhez, acabou certa de outra forma – e para a capivara que lê, isso não muda nada: até porque ninguém mais sabe o que seja elegância. Enter.
E tem a doença do “antes de ontem” em lugar de anteontem, sem esquecer o trágico “ônti” no lugar de ontem, agravado pelo paulistanês “ôunti”; e o abissal “antes de ônti”, que vai ao catastrófico com o paulistanês “antis di ôunti”. Antes de ontem pode ser qualquer data passada, porra!, é óbvio. E tem o “vai vim” e o “vô vim”, que passam o atestado de óbito para os integrados nesta cloaca fétida que é a Pindorama do terceiro milênio. E esses seres que começaram por dizer “teiado” em vez de telhado vieram construindo telhados desde 1500 e sabem por instinto encaixar órgãos sexuais, e chegamos aos 185 milhões de energúmenos, em sua maioria esmagadora não passando de maratimbas fazendo eco e apresentando as orelhas de abano aos guais ganibundos e lancinantes de Mirosmares e Lucianos da vida infernal de hoje. E por falar em Mirosmar, prenome de um certo capa-bode ou cafumango de nome de guerra Zezé di Camargo, vale a pena observar os prenomes nesses dias apocalípticos de bonezudos, fiveludos, botinudos, chapeludos, pneuzudas, tudo vivendo em turbilhão e atendendo por desde Zecas até Charlingtonglaevionbeecheknavares dos Anjos Mendonça, que aliás permite que o chamem de Charli. E por aí vamos pirambeira abaixo. Enter final.
Viver no Brasil hoje é o que se pode chamar de escatologia, na primeira acepção do termo. E ainda existe o drama de falar ao telefone com desconhecidos no outro lado da linha. Não é incomum receber uma chamada a cobrar e o boçal do outro lado ainda perguntar insolentemente “Queim ’tá falano?”. Pior ainda é ligar para uma empresa qualquer e aturar uma funcionária psicopata que quer arrancar informações inúteis do pobre infeliz que ligou querendo saber apenas se o patrão ou outro empregado que não ela estão. Depois de nos obrigar a dizer o nome e origem da ligação, ela diz que “Ele não está”; se for paulistana, solta um “Ele não se incountra” – o que nos faz pensar que o cara pirou. A luta quase corporal ao telefone é uma das marcas do inferno que vivemos. E se conseguimos driblar uma louquinha dessas dando o nome antes de ela perguntar, ela até eventualmente responde o que queremos e, antes de passar a chamada, pergunta: “Como é o seu nome?”, e começa tudo de novo. O ideal é mandarmos a criatura pro inferno, aliás local de onde ela veio ou onde na verdade vive. E por hoje é só. Vamos redescobrindo o Brasil. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ou o Português das antas vestidas, de tênis e boné, como vocês quiserem. Mesmo que alguém – ou, melhor: algo vestido à maneira de alguém – argumente que o idioma está se deteriorando porque a miséria generalizada determina essa deterioração, não podemos esquecer que um Lula, uma Hebe Camargo, um Alexandre Pires ou uma Xuxa ou todos os integrantes da fauna televisiva e da elite em geral estão cheios da grana e não passam de apedeutas bem empacotados. A estrupidez para com o Português é um estado de espírito instituído, tanto como o estelionato moral: todos compartilham essa miséria intelectual da fala grosseira e rasteira em combinação e conformidade com essa malignidade de transgredir à maneira dos mandatários. Vamos desfilar aqui para vocês uma enfiada de asneiras que os macacos sem rabo hoje palram, eructam ou bostejam com cara de paisagem, como se estivessem mesmo falando. É patético, dá a impressão de que o fim se instala sem cerimônia. Vamos a isso. Enter.
Começa com a grosseria asinina de transformar o infinitivo do verbo vir em pretério perfeito. Além de córnea como concepção de fala, é obsceno como prática. O Márcio Garcia, aquele ser gramaticalmente mulo embora até bem apessoado que toca o programa de sábado à tarde na Record, quando vai receber alguma toupeira para aumentar o contingente já ali reunido, solta o sesquipedal “Pode VIM”. Como ele, pelo menos uns 184.999.000 falam assim. Virou um hábito mecânico nessas coisas a que antes chamávamos de mentes. E está muito claro que isso de mentes não é mais necessário, como bem demonstra a personagem de Caco Galhardo que devora cérebros: quando alguém reclama de ter tido o seu devorado, o bicho argumenta que isso não é mais necessário, ou então propõe uma solução perfeita: “Ligue a TV“. E já que falamos em TV, a Rede Minas passa por ser educativa, mas pouco ou nada é. E sistematicamente joga no ar aquela vergonhosa “Você está assistindo isso”. No lugar desse isso, o nome do programa. Será que ninguém lá dentro sabe que o verbo assistir, se usado como transitivo direto, significa “dar assistência a”, ou “cuidar de”? Pois é: há anos, diariamente, rola essa bosta. O idioma que vá pro fundo do inferno, tanto quanto esse Brasil tão mais desgraçado a cada dia, esta é a lei. Enter.
E a macacada brasilis opta por alterar o verbo fechar em suas formas rizotônicas: usam com e tônico aberto. Fica mais estúpido, portanto é melhor. Se as cacatuas da TV bostejam assim a torto e a direito, é assim. E assim ficam sendo “compania” em lugar de companhia; “truce” em lugar de trouxe – é tão mais fácil, não é mesmo, ô capivaras? –; “peneus” em lugar de pneus, e essa é firmemente difundida pelo onagro assumido Galvão Bueno, que parece até ser um bom sujeito, mas que caiu em antipatia geral. Ele também divulga o fecha aberto: “O Atlético se “fécha” na defesa”. Só faltava dizer “O Atrético”, e só não diz porque é carioca e branco, e cariocas brancos não falam assim. Quanto a letreiros, cartazes, qualquer coisa impressa, a putaria rola solta. Aspas viraram elemento decorativo: “Só não pagam passagem crianças ‘no colo’”. Fica para o leitor a satisfação de analisar o que leva os bugres a tal atitude. Tem até coisas que acabam certas sem querer: “Casas Não Sei Quê: onde à elegância chega até você”. Eles queriam dizer que a elegância chega até você, acabaram dizendo que até você chega à elegância. A crase entrou por tacanhez, acabou certa de outra forma – e para a capivara que lê, isso não muda nada: até porque ninguém mais sabe o que seja elegância. Enter.
E tem a doença do “antes de ontem” em lugar de anteontem, sem esquecer o trágico “ônti” no lugar de ontem, agravado pelo paulistanês “ôunti”; e o abissal “antes de ônti”, que vai ao catastrófico com o paulistanês “antis di ôunti”. Antes de ontem pode ser qualquer data passada, porra!, é óbvio. E tem o “vai vim” e o “vô vim”, que passam o atestado de óbito para os integrados nesta cloaca fétida que é a Pindorama do terceiro milênio. E esses seres que começaram por dizer “teiado” em vez de telhado vieram construindo telhados desde 1500 e sabem por instinto encaixar órgãos sexuais, e chegamos aos 185 milhões de energúmenos, em sua maioria esmagadora não passando de maratimbas fazendo eco e apresentando as orelhas de abano aos guais ganibundos e lancinantes de Mirosmares e Lucianos da vida infernal de hoje. E por falar em Mirosmar, prenome de um certo capa-bode ou cafumango de nome de guerra Zezé di Camargo, vale a pena observar os prenomes nesses dias apocalípticos de bonezudos, fiveludos, botinudos, chapeludos, pneuzudas, tudo vivendo em turbilhão e atendendo por desde Zecas até Charlingtonglaevionbeecheknavares dos Anjos Mendonça, que aliás permite que o chamem de Charli. E por aí vamos pirambeira abaixo. Enter final.
Viver no Brasil hoje é o que se pode chamar de escatologia, na primeira acepção do termo. E ainda existe o drama de falar ao telefone com desconhecidos no outro lado da linha. Não é incomum receber uma chamada a cobrar e o boçal do outro lado ainda perguntar insolentemente “Queim ’tá falano?”. Pior ainda é ligar para uma empresa qualquer e aturar uma funcionária psicopata que quer arrancar informações inúteis do pobre infeliz que ligou querendo saber apenas se o patrão ou outro empregado que não ela estão. Depois de nos obrigar a dizer o nome e origem da ligação, ela diz que “Ele não está”; se for paulistana, solta um “Ele não se incountra” – o que nos faz pensar que o cara pirou. A luta quase corporal ao telefone é uma das marcas do inferno que vivemos. E se conseguimos driblar uma louquinha dessas dando o nome antes de ela perguntar, ela até eventualmente responde o que queremos e, antes de passar a chamada, pergunta: “Como é o seu nome?”, e começa tudo de novo. O ideal é mandarmos a criatura pro inferno, aliás local de onde ela veio ou onde na verdade vive. E por hoje é só. Vamos redescobrindo o Brasil. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Colarinhos e gravatas - e ladrões
Colarinhos e gravatas – e ladrões
Frederico Mendonça de Oliveira
De há muito não ouvia falar de um certo Orestes Quércia, tipo largamente visto como, digamos, imoral no trato da coisa pública e na coisa de saber se beneficiar através de ser político. Foi deputado, foi até governador de São Paulo, está montado em patrimônio que o aproxima da condição de um imperador. Mas sua voz como político está quase completamente calada, não se sabe se por ele mesmo ou se pelo sistema ditatorial que está aí, que o terá mandado ficar de fora se quiser viver em paz. Desde que se candidatou a presidente em 89, naquela disputa em que despontou o factóide Collor e que incluiu Brizola, Covas, Ulisses, Maluf, o tal do Afif e, claro, o pilantraço Lula, sua participação como que foi reduzida a zero na vida pública brasileira contemporânea. Mesmo o PMDB que ele integra acabou reduzido a uma panelada esdrúxula de carreiristas sem qualquer projeto, de profissionais descarados da politicagem mais reles de nossa história. Então acabou que dei de cara com a carantonha envelhecida – e até algo meio que difícil de reconhecer – de Orestes Quércia. E logo onde? Em que boca da grande imprensa prostituída haveria espaço para esse fantasma nascido nos tempos de militares, depois do abjeto Sarney e hoje uma sombra no panorama da depravação escancarada do poder constituído? Enter.
Simples: na coluna social da, como classificava o Hora do Povo, “Cloaca da Barão de Limeira”, também conhecida como Folha de São Paulo. Quem assina a coluna é uma certa Mônica Bérgamo, desarrolhada não se sabe de que diabo de garrafa repleta de poção tanática. E ocorre que as fotos são todas coloridas e em tom de luz de tungstênio, tudo muito alaranjado, quente, não se sabe se para dar a idéia de calor do sucesso, naquele ambiente do andar de cima que ela trata de retratar a lambidas e afagos, fazendo desfilar pateticamente uma fauna de bem sucedidos nesta Pindorama degenerada “no úrtimo”. As fotos da festa junina promovida pelo “ministro” da “Cultura mostrando todos os colunáveis da Folha a caráter como fingem não ser no dia a dia são de uma bizarria – nas últimas acepções – indescritível e inesquecível. Mas numa dessas, e já faz algum tempo, meses, me aparece uma foto reunindo três pilantraços cadeiáveis, ou trancafiáveis, como queira você – se é que alguém lê isso nesta cloaca em que transformaram a Terra das Palmeiras, ou República das Bananas. Pois a foto era de tal forma sugestiva que inspirou estas mal traçadas, até porque eram três homens de colarinho e gravata, um prato cheio para a Polícia Federal. Por isso estão na coluna da tal não-sei-quem da Folha. Enter.
Da esquerda para a direita, lá estavam Orestes Quércia – de terno e gravata, destacando um suéter sob o paletó. Envelhecido, parece que de cabelos pintados, não muito fácil de reconhecer de prima. Quercia, aliás, é carvalho em italiano. Não muda muito, senão porque, como se dizia no Rio há décadas, quando ele faz barba o que sai é serragem: trata-se de um tremendo cara-de-pau. A decadência escorre da imagem do cara, embora muito bem vestido e aparentemente bem saudável. Ao centro, agitado e gesticuloso, tanto quanto visivelmente falaz, adivinhem quem? Vejam só: Paulo Salim Maluf. De terno também, gravata entre vermelho vivo e garance contra uma camisa de tricoline branco possivelmente comprada na Daslu, estava feliz na festa, especialmente entre os dois com que formava um estranhíssimo trio. Saído de um xilindró pra lá de humilhante a que os globalizadores implacáveis o submeteram há alguns meses, parecia estar tão de bem com a vida naquela foto que ninguém em sã consciência poderá imaginá-lo como egresso de uma escandalosíssima sujeira federal. Oquei, mas vamos fechar o trio. À direita, sem nenhum charme, descabelado em oposição a sua linha chanel de um antanho não muito aquém, o patético rabino pop Henri Sobel. Parecia meio que transfigurado. E de gravata, ele também, o que de certa forma contraria o look da gente dele. E, interessante: se estava de quipá, não dá pra ver na foto, que o pega em ânulo de três quartos, em oblíquo. E a legenda da foto era um bloquinho de texto à direita, não só duas linhas sob a imagem, como de costume. Pois Enter.
Pelo que dá pra deduzir, esse encontro se deu pouco tempo depois do episódio da prisão do rabino pop na Flórida, quando o líder israelita foi flagrado roubando gravatas de grife de uma loja lá. A foto dele divulgada pela polícia da Flórida mostrava um ser em visível desespero, até com aspecto de doente mental, o que aliás foi alegado como defesa para livrá-lo de coisa pior. Mas então, ali, naquele encontro, ele aparecia com os cabelos organizadamente desalinhados, como se fosse um novo visual mais pra selvagem que pra chanel. Asqueroso, de qualquer forma. O textículo ao lado era uma pérola de subserviência, de desfaçatez ou de um escárnio cínico: “À esquerda, o encontro de Orestes Quércia (PMDB-SP), Paulo Maluf (PP-SP) e Henry Sobel na noite de segunda-feira; ‘O senhor tem a solidariedade de todo Brasil (sic)’, disse Maluf para Sobel; ‘Eu sou o rabino mais mimado do Brasil’, respondeu o religioso; antes de começar o evento, e assim que acabou o hino brasileiro, Quércia e Maluf saíram da sala e só pararam próximo da porta, para ouvir o final do hino norte-americano”. Detalhe: tratava-se da festa pelo 231º aniversário da independência dos EUA, que reuniu aqui uma razoável caçarolada de figurões tocáveis e intocáveis. Os três tocáveis foram os personagens desta inserção no blog, e não sabemos se havia outros tocáveis por lá, onde estiveram nomes como o do banqueiro Josef Safra, cujo irmão foi assassinado há alguns anos, e o anfitrião da festança, o embaixador Clifford Sobel – que curioso! Xará de sobrenome do “rabino mais mimado do Brasil”!... Será que tem carne debaixo desse angu? –, o menos badalado nas fotos da coluna de La Bérgamo. Enter final.
Moral da história: de picante na coluna da “Cloaca da Barão de Limeira” havia somente a foto de Quércia, Maluf e o rabino Sobel, três trancafiáveis dos quais dois já provaram na prática o sabor das grades. Quércia parece que fica ainda só na idéia de como seria. De qualquer forma, estavam lá, comemorando o “aniversário da independência” dos yankees três gatunos: dois de colarinho branco; o terceiro, de gravatas. A associação é irresistível: colarinho e gravatas, não colarinho e gravata. Que Deus se apiede de nós todos! E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té pra semana, queridos!
Em tempo: que independência é essa que foi comemorada?
Frederico Mendonça de Oliveira
De há muito não ouvia falar de um certo Orestes Quércia, tipo largamente visto como, digamos, imoral no trato da coisa pública e na coisa de saber se beneficiar através de ser político. Foi deputado, foi até governador de São Paulo, está montado em patrimônio que o aproxima da condição de um imperador. Mas sua voz como político está quase completamente calada, não se sabe se por ele mesmo ou se pelo sistema ditatorial que está aí, que o terá mandado ficar de fora se quiser viver em paz. Desde que se candidatou a presidente em 89, naquela disputa em que despontou o factóide Collor e que incluiu Brizola, Covas, Ulisses, Maluf, o tal do Afif e, claro, o pilantraço Lula, sua participação como que foi reduzida a zero na vida pública brasileira contemporânea. Mesmo o PMDB que ele integra acabou reduzido a uma panelada esdrúxula de carreiristas sem qualquer projeto, de profissionais descarados da politicagem mais reles de nossa história. Então acabou que dei de cara com a carantonha envelhecida – e até algo meio que difícil de reconhecer – de Orestes Quércia. E logo onde? Em que boca da grande imprensa prostituída haveria espaço para esse fantasma nascido nos tempos de militares, depois do abjeto Sarney e hoje uma sombra no panorama da depravação escancarada do poder constituído? Enter.
Simples: na coluna social da, como classificava o Hora do Povo, “Cloaca da Barão de Limeira”, também conhecida como Folha de São Paulo. Quem assina a coluna é uma certa Mônica Bérgamo, desarrolhada não se sabe de que diabo de garrafa repleta de poção tanática. E ocorre que as fotos são todas coloridas e em tom de luz de tungstênio, tudo muito alaranjado, quente, não se sabe se para dar a idéia de calor do sucesso, naquele ambiente do andar de cima que ela trata de retratar a lambidas e afagos, fazendo desfilar pateticamente uma fauna de bem sucedidos nesta Pindorama degenerada “no úrtimo”. As fotos da festa junina promovida pelo “ministro” da “Cultura mostrando todos os colunáveis da Folha a caráter como fingem não ser no dia a dia são de uma bizarria – nas últimas acepções – indescritível e inesquecível. Mas numa dessas, e já faz algum tempo, meses, me aparece uma foto reunindo três pilantraços cadeiáveis, ou trancafiáveis, como queira você – se é que alguém lê isso nesta cloaca em que transformaram a Terra das Palmeiras, ou República das Bananas. Pois a foto era de tal forma sugestiva que inspirou estas mal traçadas, até porque eram três homens de colarinho e gravata, um prato cheio para a Polícia Federal. Por isso estão na coluna da tal não-sei-quem da Folha. Enter.
Da esquerda para a direita, lá estavam Orestes Quércia – de terno e gravata, destacando um suéter sob o paletó. Envelhecido, parece que de cabelos pintados, não muito fácil de reconhecer de prima. Quercia, aliás, é carvalho em italiano. Não muda muito, senão porque, como se dizia no Rio há décadas, quando ele faz barba o que sai é serragem: trata-se de um tremendo cara-de-pau. A decadência escorre da imagem do cara, embora muito bem vestido e aparentemente bem saudável. Ao centro, agitado e gesticuloso, tanto quanto visivelmente falaz, adivinhem quem? Vejam só: Paulo Salim Maluf. De terno também, gravata entre vermelho vivo e garance contra uma camisa de tricoline branco possivelmente comprada na Daslu, estava feliz na festa, especialmente entre os dois com que formava um estranhíssimo trio. Saído de um xilindró pra lá de humilhante a que os globalizadores implacáveis o submeteram há alguns meses, parecia estar tão de bem com a vida naquela foto que ninguém em sã consciência poderá imaginá-lo como egresso de uma escandalosíssima sujeira federal. Oquei, mas vamos fechar o trio. À direita, sem nenhum charme, descabelado em oposição a sua linha chanel de um antanho não muito aquém, o patético rabino pop Henri Sobel. Parecia meio que transfigurado. E de gravata, ele também, o que de certa forma contraria o look da gente dele. E, interessante: se estava de quipá, não dá pra ver na foto, que o pega em ânulo de três quartos, em oblíquo. E a legenda da foto era um bloquinho de texto à direita, não só duas linhas sob a imagem, como de costume. Pois Enter.
Pelo que dá pra deduzir, esse encontro se deu pouco tempo depois do episódio da prisão do rabino pop na Flórida, quando o líder israelita foi flagrado roubando gravatas de grife de uma loja lá. A foto dele divulgada pela polícia da Flórida mostrava um ser em visível desespero, até com aspecto de doente mental, o que aliás foi alegado como defesa para livrá-lo de coisa pior. Mas então, ali, naquele encontro, ele aparecia com os cabelos organizadamente desalinhados, como se fosse um novo visual mais pra selvagem que pra chanel. Asqueroso, de qualquer forma. O textículo ao lado era uma pérola de subserviência, de desfaçatez ou de um escárnio cínico: “À esquerda, o encontro de Orestes Quércia (PMDB-SP), Paulo Maluf (PP-SP) e Henry Sobel na noite de segunda-feira; ‘O senhor tem a solidariedade de todo Brasil (sic)’, disse Maluf para Sobel; ‘Eu sou o rabino mais mimado do Brasil’, respondeu o religioso; antes de começar o evento, e assim que acabou o hino brasileiro, Quércia e Maluf saíram da sala e só pararam próximo da porta, para ouvir o final do hino norte-americano”. Detalhe: tratava-se da festa pelo 231º aniversário da independência dos EUA, que reuniu aqui uma razoável caçarolada de figurões tocáveis e intocáveis. Os três tocáveis foram os personagens desta inserção no blog, e não sabemos se havia outros tocáveis por lá, onde estiveram nomes como o do banqueiro Josef Safra, cujo irmão foi assassinado há alguns anos, e o anfitrião da festança, o embaixador Clifford Sobel – que curioso! Xará de sobrenome do “rabino mais mimado do Brasil”!... Será que tem carne debaixo desse angu? –, o menos badalado nas fotos da coluna de La Bérgamo. Enter final.
Moral da história: de picante na coluna da “Cloaca da Barão de Limeira” havia somente a foto de Quércia, Maluf e o rabino Sobel, três trancafiáveis dos quais dois já provaram na prática o sabor das grades. Quércia parece que fica ainda só na idéia de como seria. De qualquer forma, estavam lá, comemorando o “aniversário da independência” dos yankees três gatunos: dois de colarinho branco; o terceiro, de gravatas. A associação é irresistível: colarinho e gravatas, não colarinho e gravata. Que Deus se apiede de nós todos! E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té pra semana, queridos!
Em tempo: que independência é essa que foi comemorada?
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Fatos do grotesco e do canhestro
Fatos do grotesco e do canhestro
Frederico Mendonça de Oliveira
Seriam até engraçados, não contivessem os fatos adiante o toque do horrendo, sem contar que entram pelo grotesco e pelo canhestro. Se Drummond um dia escreveu que “O mundo não vale o mundo, meu bem”; e se Guimarães Rosa cunhou em outro dia, mas na mesma época ainda feliz, que “Viver é perigoso”, imagine-se hoje o que poderemos dizer... As cenas a seguir pedem que tiremos crianças e pessoas sensíveis da sala, mas as crianças de hoje são apenas, com raríssimas exceções, projetos dos bugres de amanhã, então não há temer deixá-las na sala. Quanto a pessoas sensíveis, ninguém mais poderá estranhar nada, desde que se considerem os 20 anos de ditadura militar, os anos Sarney, os trágicos oito anos sob FHC e o que se seguiu a esta catástrofe histórica atual, o petismo no poder, e tudo isso junto, aliás, é capaz de matar de susto um bando de tiranossauros. Enter.
Ganhei um celularzinho meio antigo mas excelente para o de que preciso: ser localizado onde estiver. Então entrei numa loja da Telemig Celular para tentar habilitá-lo. Foi como entrar na ante-sala de um puteirinho sofisticado e cheio de vermelhos na decoração: uma bichalda visitante fazendo um “outing” para os “jovens” que trabalhavam na loja, estes dividindo com ele uma pantomima de gestos assemelhados e com um rol de imbecilidades e, ao alto, uma TV mostrando DVD de um show breganejo do qual escorria o pus abundante da estupidez galopante em estado coletivo de graça. Era uma “dupra” de maratimbas cantando uma desprezível merdinha sonora enquanto uma legião de seres acéfalos gritava desesperadamente diante dos dois cafumangos ungidos pelos globalizadores. Salvei-me em tempo: o “sistema” não estava no ar, e não havia como habilitar o celularzinho. Saí daquele inferninho para a praça apinhada de capivaras vestidas que roncavam surdamente entre si entrando e saindo de lojas de bugigangas, o consumo sem objetivo prático mantendo os seres em estado de hipnose, os cérebros em ponto morto. Enter.
Uma amiga aniversariava, e eu ia ajudar na compra de uma sandália. Entrei na loja de calçados para escolher a coisa e tive de me haver com três moças atendentes. Aí, chegou a hora de pagar. Ao tirar o talão do bolso, a atendente perguntou se era meu o cheque. Fiquei com cara de bunda e com o talão no ar. Como?? Seria de quem, se eu o tirei do bolso? Mesmo que fosse de outrem, o que seria possível no caso de eu o ter roubado, como eu iria assinar se não fosse meu? Aí, vendo o meu constrangimento, a moça perguntou se o cheque era de Alfenas – quando o talão era de um banco a dez metros da loja. Aí, vendo que a coisa fedeu, alegou que era para consultar o cheque, e que iria demorar. A pessoa que estava comigo, ser civilizado, resolveu a parada com o cartão, e eu botei de volta o talão no bolso com cara ainda abundeada, cara de ladrão assustado com essa inesperada e fortuita condição. Foi algo muito inusitado em minha vida, e acabei achando que valeu a pena sair de casa para viver essa estranhíssima emoção. Mas acabou que me lembrei de um fortificante que era vendido ainda nos anos 50, de nome Capivarol. Essa turma deve andar tomando isso, porque são pessoas fortes e de uma estupidez simplesmente indescritível, ou imensurável. Dá até gosto ver tamanha obtusidade grassando por aí, é como se estivéssemos em outro país ou dimensão, o que nos livra de aeroportos, navios, aviões, passaportes, horas e horas em deslocamento e a canseira natural de viagens quaisquer. Enter.
Deixei uma peça em argila numa fundição de bronze e metais, daquelas que fazem estatuetas e adereços para túmulos, números para casas, placas comemorativas e coisas afins. A obra, um abstrato, acabou que não foi fundida, sob alegação do “rapaz” que não houve como, pois havia arestas difíceis, que impediam a feitura do molde, chamado de shell. Quando ficou certo que não seria mais tentado o molde, aleguei que mandaria outra obra e tal. Mas o diabo foi conseguir falar com esse tal “rapaz” – e você entenderá por que foi tão difícil. É que atendeu uma garota lá, dizendo “Poliarte, boa tarde”. Daqui eu expliquei que queria falar com o rapaz que faz as fundições. Ela me perguntou se era o fulano ou o beltrano, dois nomes bastante difíceis. Disse que falei apenas com um rapaz, novinho. Ela me perguntou se ele era japonês. Eu disse que não, ao que ela falou um nome lá: “Ah, então é o ASÇSDÇFLG!”, algo assim. E aí não resistiu: “Como é o seu nome?”, ao que eu, já em processo de impaciência, respondi: “Juvenildo”. Ela foi lá chamar, e voltou: “Seu Juvenildo, ele não pode atender agora. O senhor liga daqui a 15 minutos?”. Bem, liguei dali a 15 minutos, ela foi chamar e voltou dizendo que ele ainda estava fundindo. Então liguei no dia seguinte. Ela atendeu e perguntou, depois que eu revelei ser a mesma pessoa de ontem, que não conseguira falar com o ASÇSDÇFLG, ao que ela perguntou: “Como é mesmo o seu nome?”. Depois de repetir o Juvenildo de ontem, ela foi chamar o rapaz, que veio atender. Aí eu perguntei o nome dele, e ele me revelou: “Ismáile”. “Como??”, perguntei, e ele: “ISMÁILE”. Enter final.
Entendi: sorriso, em inglês. Ele então me explicou o problema da fundição, e prometi mandar algo menos barroco. E desliguei lembrando dos nomes de hoje: Thaiane, Rahiane, Deiviane, Deivisson, Dêivid, Daíse, Ruan, Tuane, Williene Cristiane e coisas como Maiqueljéquisson, sem contar um caso raro daqui: Winterson Panther Cleveland... da Silva. Podia ser do Arizona, ou do Wisconsin, mas... da Silva?? Que sacanagem com o rapaz... Bem, minha filha nascida no Japão passa pelo mesmo problema: o nome dela é Nastassja Sugie Nakayama de... Oliveira! Pobre menina! Que Oliveira mais fora do penico! Mas vá. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té a próxima, queridos!
Frederico Mendonça de Oliveira
Seriam até engraçados, não contivessem os fatos adiante o toque do horrendo, sem contar que entram pelo grotesco e pelo canhestro. Se Drummond um dia escreveu que “O mundo não vale o mundo, meu bem”; e se Guimarães Rosa cunhou em outro dia, mas na mesma época ainda feliz, que “Viver é perigoso”, imagine-se hoje o que poderemos dizer... As cenas a seguir pedem que tiremos crianças e pessoas sensíveis da sala, mas as crianças de hoje são apenas, com raríssimas exceções, projetos dos bugres de amanhã, então não há temer deixá-las na sala. Quanto a pessoas sensíveis, ninguém mais poderá estranhar nada, desde que se considerem os 20 anos de ditadura militar, os anos Sarney, os trágicos oito anos sob FHC e o que se seguiu a esta catástrofe histórica atual, o petismo no poder, e tudo isso junto, aliás, é capaz de matar de susto um bando de tiranossauros. Enter.
Ganhei um celularzinho meio antigo mas excelente para o de que preciso: ser localizado onde estiver. Então entrei numa loja da Telemig Celular para tentar habilitá-lo. Foi como entrar na ante-sala de um puteirinho sofisticado e cheio de vermelhos na decoração: uma bichalda visitante fazendo um “outing” para os “jovens” que trabalhavam na loja, estes dividindo com ele uma pantomima de gestos assemelhados e com um rol de imbecilidades e, ao alto, uma TV mostrando DVD de um show breganejo do qual escorria o pus abundante da estupidez galopante em estado coletivo de graça. Era uma “dupra” de maratimbas cantando uma desprezível merdinha sonora enquanto uma legião de seres acéfalos gritava desesperadamente diante dos dois cafumangos ungidos pelos globalizadores. Salvei-me em tempo: o “sistema” não estava no ar, e não havia como habilitar o celularzinho. Saí daquele inferninho para a praça apinhada de capivaras vestidas que roncavam surdamente entre si entrando e saindo de lojas de bugigangas, o consumo sem objetivo prático mantendo os seres em estado de hipnose, os cérebros em ponto morto. Enter.
Uma amiga aniversariava, e eu ia ajudar na compra de uma sandália. Entrei na loja de calçados para escolher a coisa e tive de me haver com três moças atendentes. Aí, chegou a hora de pagar. Ao tirar o talão do bolso, a atendente perguntou se era meu o cheque. Fiquei com cara de bunda e com o talão no ar. Como?? Seria de quem, se eu o tirei do bolso? Mesmo que fosse de outrem, o que seria possível no caso de eu o ter roubado, como eu iria assinar se não fosse meu? Aí, vendo o meu constrangimento, a moça perguntou se o cheque era de Alfenas – quando o talão era de um banco a dez metros da loja. Aí, vendo que a coisa fedeu, alegou que era para consultar o cheque, e que iria demorar. A pessoa que estava comigo, ser civilizado, resolveu a parada com o cartão, e eu botei de volta o talão no bolso com cara ainda abundeada, cara de ladrão assustado com essa inesperada e fortuita condição. Foi algo muito inusitado em minha vida, e acabei achando que valeu a pena sair de casa para viver essa estranhíssima emoção. Mas acabou que me lembrei de um fortificante que era vendido ainda nos anos 50, de nome Capivarol. Essa turma deve andar tomando isso, porque são pessoas fortes e de uma estupidez simplesmente indescritível, ou imensurável. Dá até gosto ver tamanha obtusidade grassando por aí, é como se estivéssemos em outro país ou dimensão, o que nos livra de aeroportos, navios, aviões, passaportes, horas e horas em deslocamento e a canseira natural de viagens quaisquer. Enter.
Deixei uma peça em argila numa fundição de bronze e metais, daquelas que fazem estatuetas e adereços para túmulos, números para casas, placas comemorativas e coisas afins. A obra, um abstrato, acabou que não foi fundida, sob alegação do “rapaz” que não houve como, pois havia arestas difíceis, que impediam a feitura do molde, chamado de shell. Quando ficou certo que não seria mais tentado o molde, aleguei que mandaria outra obra e tal. Mas o diabo foi conseguir falar com esse tal “rapaz” – e você entenderá por que foi tão difícil. É que atendeu uma garota lá, dizendo “Poliarte, boa tarde”. Daqui eu expliquei que queria falar com o rapaz que faz as fundições. Ela me perguntou se era o fulano ou o beltrano, dois nomes bastante difíceis. Disse que falei apenas com um rapaz, novinho. Ela me perguntou se ele era japonês. Eu disse que não, ao que ela falou um nome lá: “Ah, então é o ASÇSDÇFLG!”, algo assim. E aí não resistiu: “Como é o seu nome?”, ao que eu, já em processo de impaciência, respondi: “Juvenildo”. Ela foi lá chamar, e voltou: “Seu Juvenildo, ele não pode atender agora. O senhor liga daqui a 15 minutos?”. Bem, liguei dali a 15 minutos, ela foi chamar e voltou dizendo que ele ainda estava fundindo. Então liguei no dia seguinte. Ela atendeu e perguntou, depois que eu revelei ser a mesma pessoa de ontem, que não conseguira falar com o ASÇSDÇFLG, ao que ela perguntou: “Como é mesmo o seu nome?”. Depois de repetir o Juvenildo de ontem, ela foi chamar o rapaz, que veio atender. Aí eu perguntei o nome dele, e ele me revelou: “Ismáile”. “Como??”, perguntei, e ele: “ISMÁILE”. Enter final.
Entendi: sorriso, em inglês. Ele então me explicou o problema da fundição, e prometi mandar algo menos barroco. E desliguei lembrando dos nomes de hoje: Thaiane, Rahiane, Deiviane, Deivisson, Dêivid, Daíse, Ruan, Tuane, Williene Cristiane e coisas como Maiqueljéquisson, sem contar um caso raro daqui: Winterson Panther Cleveland... da Silva. Podia ser do Arizona, ou do Wisconsin, mas... da Silva?? Que sacanagem com o rapaz... Bem, minha filha nascida no Japão passa pelo mesmo problema: o nome dela é Nastassja Sugie Nakayama de... Oliveira! Pobre menina! Que Oliveira mais fora do penico! Mas vá. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té a próxima, queridos!
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