sexta-feira, 20 de abril de 2012

Você é burro? Eu sou burro? Vamos a isso...

Frederico Mendonça de Oliveira

Você é burro? O que é “ser burro”? Segundo o Houaiss (você sabe o que é isso? Ele não é “famoso”...), “que ou aquele que é falto de inteligência; estúpido, tolo”. Então vamos a um questionamento sobre isso, e virão conclusões inesperadas. Sempre me pergunto se sou burro, por vários motivos. Vejo os semelhantes andando e correndo atrás de seus interesses, às vezes me bate que eles são burros. Às vezes dá-se o oposto: vendo “o outro”, acho-me burro eu mesmo. Tudo são ilações, claro, mas sempre há algo de concreto como saldo. Se Hamlet (aquela personagem de Shakespeare, você conhece um e outro? Pois nem um nem outro diziam “vou vim”) mandou aquela de “Ser ou não ser, eis a questão”, posso acrescentar algo a esse dilema: “Ser burro ou não ser burro, eis a questão”. Considerando os dias em que navegamos nessa grossa titica nada olorosa, temos de admitir: o contraste entre os seres começa no conjunto. De um lado, os corruptos; do outro, você e eu, e mais a esmagadora maioria dos seres que deambulam neste lugar que já foi país mas continua com o nome um tanto maluco de Brasil (você sabe o que significa isso?), que vivem do trabalho ou da árdua busca de um. E a pergunta é: quem é inteligente e quem é burro quando dividimos a população entre corruptos (755.799 deve ser o número de corruptos instalados na coisa pública e no comando do crime) e os quase 190 milhões restantes, que são os que carregam o “lugar” nas costas e vertendo o suor do trabalho. Enter.
Por exemplo: pegaram os juízes do Tribunal de Justiça de São Paulo recebendo grana grossa – que o suspeitíssimo, antipaticíssimo, arrogantíssimo e narcisistíssimo Ivan Sartori diz ser pagamento devido. Hmmmm... –, e agora, descoberta a farra, cai a turma de corregedorias e o escambau em cima. Quem é inteligente nisso, e quem é burro? Segundo uma advogada professora de uma universidade particular sulmineira, inteligente é quem rouba, burro é quem é roubado. Essa criatura é um exemplo de conduta desviante, chegando ao cúmulo de se evadir pulando a janela do escritório da defensoria onde trabalhava quando lá chegou, para tomar satisfações, um cliente que ela traíra (sem trocadilho) informando aos que o lesaram que ele estava indo tomar medidas através de polícia e o cacete. Para esses estropícios, inteligente é quem se dá bem, não importando como: os fins justificariam os meios. E burro é quem se dá mal, mostrando ser um incauto. Um certo outro advogado, que traiu seus clientes numa hora crucial de uma disputa política, dizia sempre que “o Brasil é um país de malandros e otários”. Burro seriam os otários e inteligentes, os malandros. Bem, isso está pra lá de filosófico. Vamos a fatos concretos, envolvendo excelências e pilantraços. Enter.
Saiu no Estadão: “TJ-SP bloqueia novos pagamentos a desembargadores”, voltando às primeiras páginas o escândalo dos togados deitando e rolando em gordas somas. “O documento atribui aos magistrados desvios de conduta, desmandos, favorecimento à (sic!) apaniguados – inclusive assessoras, motoristas e outros servidores –, pagamentos de verbas vultosas em próprio benefício e graves violações aos princípios da moralidade e da impessoalidade, aos quais a Constituição exige obediência irrestrita”. Serão esses magistrados e seus atrelados inteligentes? Será inteligente isso de meter a mão na cumbuca e ser pilhado nisso como cães depois da cópula, que ficam indefesos porque engatados vergonhosamente aos olhos de todos? Meu pai me contava sobre como se pegavam orangotangos em tempos idos: punham um coco (acentuação no primeiro “o”, fechado) seco e oco preso por uma corda e com arroz dentro dele. Tinha um buraco por onde poderia entrar a mão do macaco. O bicho sentia o cheiro do arroz, ia lá e “metia a mão na cumbuca”. No que fechava a mão com o punhado de arroz, ela não mais saía do coco. E o pongídeo não se toca de que teria de abrir a mão para se livrar. Pois chega lá o homem, inteligente, e enjaula o orangósio, burro. Isso me lembra gente como Maluf, Pita, Severino, os anões do orçamento, os mensaleiros, os cachoeiróides desde Demóstenes até não se sabe quem isso vai atingir. Quem é burro nessa história? Parece que tanto você como eu estamos fora disso... e não seremos burros por submeter nossas vidas a esse desvio do qual, perante o universo, não há retorno. Sob a lei do karma, ou a lei da ação e reação, você rouba nessa e é roubado de alguma forma no outra vida ou nessa mesmo. Afinal, ficar marcado como larápio é muito prejudicial perante Deus... e será um burro quem desrespeitar o oitavo mandamento. Viu só? É melhor usar a cabeça do que bancar um louro josé... Enter.
Burro é quem destrói a própria vida se metendo em falcatruas, mamatas, golpes contra o alheio, trapaças, corrupção de todo tipo. O que equivale a ver que TODO O PODER CONSTITUÍDO, salvas raras exceções, de praxe, é uma bela de uma récua – você sabe: récua é coletivo de burros. É burro quem se envolve nesse mundo corrompido, é burro quem delinqüe, é burro quem quer ter mais do que pode e deve. É inteligente quem não tem desejos, quem não senta à roda dos escarnecedores, quem não se mistura com gente depravada ou corrompida, quem não dedica sua vida à posse de matéria. É inteligente quem sabe ser e não busca o ter. É inteligente quem sabe viver bem com pouco – o “vivere parvo” que Diógenes praticava: viver do mínimo – e não sonha com porcarias passageiras que pedem outras porcarias, pois assim se vai a vida do coitado... do burro. Enter final.
Ser burro não é só falar como um bugre coisas como “vai vim”, seje, esteje, “quer que eu faço”, “de vez em quanto”: é viver essa dimensão de cagar o seu idioma como paradigma de estupidez grosseira. Isso é uma clara manifestação de burrice. Ser burro in totum é pior: é não enxergar Deus e achar que você se basta com sua cuquinha e seus desejos. Mas a turma opta por ligar a TV todo dia na Globo e se deixar emporcalhar com a Anamariabrega e seu porquíssimo lourojosé e manter a sintonia diariamente no plimplim. É cocô na certa! Se você quer ser fimícola... boa sorte. E sonhe com Carlinhos Cachoeira lhe enviando uma bolada... E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes...

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