Frederico Mendonça de Oliveira
Você há de convir comigo: alguém com um mínimo de lucidez acreditará num país em que José Sarney, “honorável bandido”, seja um cacique e que mande no Senado depois de anos e anos indigitado como corrupto notório e assumido? Ou, por outra: que a corrupção seja, como diz o advogado Antenor Batista, o quinto poder sobre nossas carcaças doídas de tanta bordoada? Se você responde: “Nãããão, claro que nãããão”, dá pra tocar o bonde. Mas o fato é que vivemos engolindo esses e tantos outros sapos amazônicos, daqueles dendrobatas peçonhentos que mandaram pro beleléu em 1986 o ambientalista Augusto Ruschi. Lembra dele? Andou até com o rosto em notas de quinhentos cruzeiros. Ambientalista rigoroso, Ruschi peitou o governador Élcio Álvares quando este tentou criar uma plantação de palmito devastando parte da Reserva Biológica de Santa Lúcia para favorecer amigos. Ruschi, responsável pela instituição, ameaçou o governador de morte. Isso ocorria nos anos Geisel, em 1977. Em plena ditadura militar um ambientalista trava um político do colarinho branco e ainda ganha efígie em nota de 500. Hoje estamos sem força e sem homens. Estamos no começo do inferno. E desçamos aos subterrâneos escusos do poder que nos esmaga e que se jacta de sua força e chafurda na corrupção. Enter.
Bem, você sabe que Lula começa a lutar contra o câncer de laringe. Muito já se falou sobre isso, inclusive que ele deveria se tratar pelo SUS. Você acha que um cara que chora num programa de TV por causa dos pobres e que depois vai para um restaurante beber vinhos de R$150 a garrafa, como foi noticiado na imprensa, vai agir diferente na hora de se valer de seus direitos de homem da mais alta elite neste “puteiro” de que falou Cazuza? E isso mostra apenas nossas grosseiras e gritantes contradições. Se é verdade o papo de o governo estar dando o tal auxílio-prisão, coisa de R$750 pra cada filho de presidiário, enquanto o ensino, do fundamental ao universitário, despenca sob perda de qualidade e com salários míseros, somos, como disse um leitor da Folha, um Titanic navegando em mar de lama e prestes a naufragar. É claro: a corrupção, hoje aceita por todos como o quinto poder, vai corroendo nossas instituições e valores – tanto materiais como sociais e morais – e não seleciona mais onde atacar. É estarrecedor verificar que o Judiciário esteja hoje na mira da imprensa combativa por causa dos escândalos envolvendo juízes em todos os níveis, desde enriquecimento ilícito através de venda de sentenças até ladroagem louca, vide o juiz Lalau, e conduta inaceitável incluindo abuso de autoridade, aplicação de censura a quem denuncia juízes de conduta inadmissível. Sem contar o maluquete do Rio que dá ordem de prisão a integrante de blitz que o parou e constatou estar ele sem documentação e estar o carro sem placa. Esse mesmo tipo mandou abrir o comércio de um navio atracado em Santos porque queria fazer compras. O comandante pisou na trouxa e não obedeceu a Sua Excelência. É isso: agora o Judiciário entra na dança da corrupção. Quer ver? Então enter.
Saiu na Folha: “Órgão do Conselho Nacional de Justiça amplia alcance de investigações contra acusados de vender sentenças. Corregedores têm apoio de órgãos federais para examinar declarações de bens e informações de contas bancárias. O principal órgão encarregado de fiscalizar o Poder Judiciário decidiu examinar com mais atenção o patrimônio pessoal de juízes acusados de vender sentenças e enriquecer ilicitamente.
A Corregedoria Nacional de Justiça, órgão ligado ao Conselho Nacional de Justiça, está fazendo um levantamento sigiloso sobre o patrimônio de 62 juízes atualmente sob investigação”. E aí entra o jogo de empurra, porque suas excelências são intocáveis a partir do próprio sistema político, e estão carregados de poderes especiais, que os tornam seres intangíveis pelas próprias leis que aplicam. Mas tem mais! “‘O aprofundamento das investigações pela corregedoria na esfera administrativa começou a gerar uma nova onda de inconformismo com a atuação do Conselho’, afirmou Eliana Calmon. Esse trabalho é feito com a colaboração da Polícia Federal, da Receita Federal, do Banco Central e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que monitora movimentações financeiras atípicas. Os levantamentos têm sido conduzidos em sigilo e envolvem também parentes dos juízes e pessoas que podem ter atuado como laranjas para disfarçar a real extensão do patrimônio dos magistrados sob suspeita. Todo juiz é obrigado por lei a apresentar anualmente sua declaração de bens ao tribunal a que pertence, e os corregedores do CNJ solicitam cópias das declarações antes de realizar inspeções nos tribunais estaduais.” Mas... o melhor é não botar fé em qualquer consequência. O poder hoje está de tal forma corrompido em todas as suas instâncias e departamentos que o único vislumbre de mudança no horizonte é a ocorrência do colapso, pra ver no que dá. Assim os donos do mundo querem, assim o Império quer, assim será, você sabe. Enter final.
Bueno, agora sai essa: “A escolha de um novo ministro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) deflagrou uma guerra de lobbies de partidários dos integrantes da lista tríplice levada à presidente Dilma Rousseff. O mais aberto parte do presidente do tribunal, ministro Ari Pargendler, que é cunhado de uma das candidatas, a desembargadora Suzana Camargo, al Regional Federal) da 3ª Região, com sede em São Paulo. A Folha procurou Pargendler e Suzana para se manifestarem sobre evidências de lobby do ministro em favor de sua cunhada, mas nenhum dos dois respondeu às perguntas até a publicação da notícia”. Eis aí. O câncer pegou Lula e todos os poderes da “República”. Só que para o câncer nos “quatro poderes” não há remédio... E viva Santo Expedito! Oremos. Té a próxima, babes!
Ah!, você sabe: estamos censurados desde 11/04/08. São 2190 dias sob abjeta mordaça. E repetimos as palavras do ministro Carlos Aires de Brito: “NÃO HÁ NO BRASIL NORMA OU LEI QUE CHANCELE PODER DE CENSURA À MAGISTRATURA”.
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