quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ei, você no sofá: atenção!! Ou adeus...

Frederico Mendonça de Oliveira

O linguista “estadunidense” Noam Chomsky – nasceu na Filadélfia, ninguém é perfeito... –, filho de imigrantes russos, elaborou a lista das “Dez estratégias de manipulação” através da mídia. Cabe listá-las e descer a alguns aspectos, mas quem tem consciência de estar respirando e do que está respirando sabe perfeitamente disso. O diabo é que essa turma que sabe é um grão de areia na praia onde essas regras incidem perversa e desumanamente. O negócio de quem impõe isso é fazer do ser humano uma besta, e, você sabe muito bem, eles conseguiram. O que nos resta? Bem, Deus está vendo tudo, e achamos que a saída é entregar a Ele, embora o dever de resistir se imponha e acabemos peitando isso de alguma forma. Então tratemos de analisar o jeito deles de transformar seres humanos em bestas. Parece que isso consta de certo manual proibido em todo o planeta, porque nele fica dito quem são os responsáveis por essa merda toda. Chomsky não arrisca dar os nomes dos bois, que não é besta, embora corra sério risco do mesmo jeito. Vamos ao lance das estratégias. Enter.
A primeira é a da distração: “O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes”. Bem, você deve perceber que até em bunda de cachorro de rua já tem televisão, pra você não entender ou tentar entender que bicho é aquele. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”. Dá pra sacar, não? Quer fazer um teste? Então, quando estiver na sala de espera do que quer que seja, peça para desligarem a televisão. Vai dar uma confusão dos diabos. Um dono de restaurante, indagado sobre por que deixava a enorme TV ligada enquanto os bugres com a cara no prato enchiam o rabo de pizza, respondeu: “Um dia eu desliguei, porque ninguém estava olhando. Pois protestaram todos, tive de ligar de novo”. É a prova cabal de que a TV já é grande parte do cérebro das “pessoas”, e as aspas indicam tratar-se de zumbis, mortos-vivos. Ponto pros dominadores. Enter.
Depois vem a coisa de “criar problemas e depois oferecer soluções”, método também chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, como, por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público se envolva com leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos. Depois, em terceiro, a estratégia da gradação. Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, a longo prazo. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram vidas decentes, mudanças que provocariam uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez. É mole? E tem a “estratégia do deferido”, item quatro, outra maneira de se impor uma decisão impopular: apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo aceitação pública imediata, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço fica adiado. Depois, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento. Enter.
E a quinta. Você, como a maioria dos brasileiros, deve ter Rede Globo até nas células e na cédula de identidade, e deve lembrar daquela voz em off de apresentador de chamadas para programas ou novelas. A entonação do cara é a de quem fala com imbecis ou crianças ainda incapazes de discernir entre o bom e o ruim. O Chomsky alerta para o fato de que a mídia “utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você (a mídia) se dirige a alguém como se esse alguém tivesse 12 anos ou menos, então, pela sugestão, ela tenderá, provavelmente, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”. Que tal? Bem, semana que vem abordo os outros cinco itens do decálogo. É bom trabalhar com gente como Chomsky... Enter final.
E Mr. Chomsky sabe quem está por trás dessa tarefa macabra de dominação. Não pode falar, você entende. Mas, assim como o Jean Ziegler, autor de “A Suíça Lava mais Branco” – que esteve no Brasil e declarou que a fome no Brasil é ação de genocídio premeditado –, o Chomsky já veio aqui. O cara é linguista mundialmente consagrado, e gostaríamos que ele falasse sobre a cartilha distribuída pelo Ministério da Educação e que afirma que dizer “nós vai” não é erro, e que apontar erro nisso é “preconceito de elite”. Não sei se você fala “Ele não chamou eu”, mas você poderia nos ajudar dando sua opinião sobre essa porcaria que o ME distribuiu. Talvez possamos fazer alguma coisa juntos pelo idioma... E viva Santo Expedito! Oremos. Té pra semana, babes!
Ah! Vale lembrar: estamos sob censura desde 11/04/08, aliás mantida por Gilmar Mendes, e a restrição vai totalizando 2058 dias. Abraço pra turma do Estadão, há 714 dias também sob mordaça! E não custa citar: o advogado Gerardo Xavier Santiago, RJ, lembra que o artigo 5 da Constituição Federal garante a liberdade de expressão e de manifestação em local público! Então por que prosseguimos censurados??

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