Frederico Mendonça de Oliveira
Manoel já olhava para a estrada da vida a sua frente e já se via caminhando solitário, entristecido, considerando a manifestação da sabedoria do Pai, quando assoma diante dele, olhar ardente e pleno de alegria, disposição febril pela vida e pelo amor, sua adorada Maria. E veio a explosão da verdade, a eclosão da alegria real, a manifestação do rumo saudável para a vida. “Fugi de nós por alguns momentos, ó Manoel, pela necessidade de me assumir eu mesma, considerando que tenho estado dentro de uma redoma que me vinha asfixiando já de algum tempo de maneira dolorosa. Minha solidariedade para com minha mãe, símbolo maior do sofrimento que abalou minha família, não mais significava senão um vínculo em que ambas estávamos aprisionadas. Esmagada mais e mais por isso, sofrendo sensações de abismo e desastre, fugi por momentos para me assumir eu mesma e romper esse liame na verdade neurótico. Andei por caminhos pedregosos para conquistar minha autenticidade e para alforriar minha mãe. Curiosamente, minha solidariedade para com um sofrimento já de há muito superado por ela me fazia recriar o conflito diariamente, e isso veio se concretizando e incomodando, e tive de partir para um enfrentamento para produzir a rotura que abole o irrespirável. Eis-me livre, feliz, e vejo minha mãe também livre, suave, já quase desmaterializada, serena, feliz em seu contexto, harmonizada... e tudo isso estava como que proibido, como se fosse um fanatismo pela recriação do passado já descartado há tanto tempo!”. Manoel contempla essa emersão, avalia o momento, e desce o pano, e os dois pedem licença ao mundo para retomar um amor pleno, difícil de ser compreendido pelos que vivem mergulhados em desejos. Enter.
E a loucura ferve por todo lado, vemos a corrupção galopante assolando TODAS AS INSTÂNCIAS DE PODER, vemos a guerra civil chegando às montanhas depois de completamente instalada nas capitais, vemos zumbis andando pelas ruas, vemos crianças sendo destruídas pelos próprios pais e até por projetos de lei, e nada se pode mais em relação a nada. “A reclusão é uma escolha similar à volta ao útero materno! Mas vai se manifestando através da recusa crescente dos seres dotados de princípios éticos em participar da cancerificação dos tecidos sociais no Brasil e no mundo. Não há como alguém digno se sentir tranquilo se meter a mão na merda. Não e não! A ética é fundamental, é a decorrência evolutiva do patamar estético, que vem da perfeição matemática, da Matemática vivida e assimilada!”, reflete com certa sensação de triunfo nosso herói, que retornou de uma excursão com sua Maria ao território da felicidade e que terá gerado uma penca de filhos espirituais, tal a beleza e a luz que envolveram os dois seres ligados por Deus. Enter.
As “eleições” se aproximam poluindo tudo, trazendo para as ruas e para dentro do que ainda obedece à classificação de lares uma porqueira asquerosa, um quadro de prostituição e pornografia permitido e convalidado pela população de androides (ó) que ocupa como crosta de ferida a superfície do que chamamos de sociedade. Além da normal e monumental putrefação produzida diuturnamente pelos meios de comunicação, especialmente pela TV, agora explode a miséria das campanhas movidas pelos postulantes ao chafurdar nas pústulas onde se encontra o poder dito constituído. A escrotidão agride, o cinismo e o oportunismo chocam direto, o fatalismo dos conformistas grassa como estado obrigatório de coisas. E o atual ocupante da mais alta posição nessa pocilga sócio-política prossegue bostejando suas falas surrealistas, dignas de ébrios tresloucados, de loucos de pedra, de mentes desvairadas. “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”, disse Martin Luther King. Mas Manoel questiona isso: “Bons, quem?? Onde estão os bons? Com o rabo pregado na poltrona assistindo a Mais Você, ao programa da Hebe, às novelas, aos noticiários totalmente manipulados pelo poder, aos filmes e seriados da TV? Que ‘bons’? Os que se omitem e oferecem o cachaço à canga dos bandidos travestidos em funcionários do poder constituído? Os bons de verdade são uma meia dúzia de esmagados que resistem bravamente enquanto a maioria silenciosa pratica sua adesão à miséria instituída! São os que se esquivam do convívio com sudras e porcos, são os que se negam a pegar na merda, são os que se firmam e insistem ardentemente na conduta ética, e isso não é ‘o silêncio dos bons’, como supostamente dizem ter falado Martin Luther King ou quem quer que seja ou fosse! Isso é o grito dos bons, a dura e dolorosa tarefa de resistir ao câncer, e isso é tarefa de uma meia dúzia, é bom saber que os bons são uma minoria ínfima esmagada pela pornografia que assola o bordel chamado Brasil, e o grito dos bons é ouvido só por Deus e pelos poucos dotados de consciência cósmica, os poucos escolhidos por merecimento reconhecido pelos Instrutores. As hordas de degenerados tudo arrasam, tudo devastam, parece que o fim está próximo. E a "vida" continua, vida que morre em si mesma, na busca estúpida de utopias insanas, de matéria vaga, inócua, estupidificante. O desfile de carros virou o carrossel dos desesperados e destituídos de perspectivas, e os mesmos humanóides à direção do símbolo da era da estupidez, o automóvel, vivem a vacuidade de cavalgar cavalos irreais, e seguem envolvidos em lata, ferro, aço, vidro e plástico, como alienígenas resguardados de si mesmos em casulos de luxo. Eis o cenário do começo do fim dos tempos. Enter final.
Maria chega linda, viçosa, sorridente, perfumosa, troca afagos ternos e sentidos com seu apaixonado, logo os dois se riem da loucura geral, e Manoel ilustra os novos momentos de plenitude citando o mais estúpido dentre os estúpidos, o mais grosseiro dentre os grosseiros, o mais safado dentre todos os safados: "O Holocausto foi um período obsceno na história da nossa nação. Quero dizer, na história deste século. Mas todos vivemos neste século! Eu não vivi nesse século...", eis o que certa vez estrumou verbalmente o estróina enfaixado de presidente desse hospício que virou a Pindorama. Imaginemos o gigantesco ponto de interrogação boiando sobre todas as cabeças presentes a esse momento patético. Mais: "É tempo para a raça humana entrar no sistema solar”, disse alhures o pândego pinguço ante olhares abestalhados, aparvalhados, mar de olhos bovinos salpicados da presença de alguma incredulidade vinda de parcos olhos sãos. Manoel e Maria quase gargalham – gargalhar implica certos cuidados... – considerando o grau de alopração que o sapo ébrio manda pro ar como tiros a esmo. Ainda se refazendo de rir pra não chorar, Manoel dispara a última “consideração” feita pelo bugre: “Não é a poluição que está prejudicando o meio-ambiente. São as impurezas no ar e na água que fazem isso”, e só se pode dizer “Ah!, bom.” E os olhos dos dois enamorados se penetram com ternura e encanto. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah! Vale lembrar que estamos sob censura desde 11/04/08, a restrição já vai totalizando 847 dias. Abraço pra turma do Estadão, que também atura isso há 393 dias...
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Manoel cede espaço para uma fala acerba
Frederico Mendonça de Oliveira
“Ó Maria, ouvi esse cara falando e cedo espaço para que o ouçam. Que haja sobreviventes!”, avisa Manoel a sua deusa, que emite luz enquanto cuida da casa, seguida pelo gato também apaixonado.
E lá vai a coisa, que há dias espera o momento para ser aberta aqui. Enter aperitivo.
“A verdade é que estamos vivendo o mais asqueroso circo da história deste país. País?? Que país??? Estamos num lugar caotizado, onde o lixo material, o lixo humano, o esgoto a céu aberto e a depravação política e social se combinam com a ostentação de um setor concentrador, e a metáfora mais contundente disso é a passação de helicópteros por sobre a miséria superlativizada em barracos aos milhões, ferida purulenta que avança por sobre espaços antes vivos, agora tomados por pus e fezes, por seres sub-humanos de todas as idades. E as tristes imagens que há mais de 50 anos doíam em nossas retinas ainda esperançosas na solução social que sanearia a desgraceira já apavorante hoje ganharam dimensão continental e profundidade abissal. E lá vem a corrida presidencial, pelos cargos de executivo estadual e pela boca rica do Senado, aliás três bocas ricas, como é boca rica todo e qualquer cargo dentro dos chamados “três poderes” e quejandos.
“‘Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí!’, cantávamos inocentemente em 1960, apenas brincando um carnaval esperançado em que essa marchinha tirava uma casca de uma personagem do programa dos Nóbrega naquela impagável praça. Éramos ainda um país em grande atividade cultural e científica, sem contar que acabáramos de abiscoitar a taça Jules Rimet, ao conquistarmos, com o melhor futebol de todos os tempos, a Copa do Mundo de 1958. E a Bossa Nova virava uma página da música popular mundial, mostrando um Brasil culturalmente vivo, pujante, vertical. Tom Jobim e João Gilberto apresentaram a mais profusa obra musical de nossa história de canção, e em torno deles explodiu uma constelação de nomes ligados a música em todas as dimensões e direções, coisa que nem o Brasil nem o mundo teriam ideia (é) de poder existir antes de acontecer Chega de Saudade. E pensar que, justo então, nossa Literatura, ostentava João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Dalton Trevisan, José Cândido de Carvalho, Mário Palmério, Rachel de Queiroz, Lígia Fagundes Telles e outros. E ainda poetas como Manoel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Mário Quintana, Cecília Meireles, que tal? E nossas artes plásticas, com (ainda) Portinari, Di Cavalcanti, Ivan Serpa, Volpi, Rebolo, Penacchi, Manabu Mabe, Yolanda Mohali, Vega Nery, os concretistas e neoconcretistas reunindo Lígia Clark, Amílcar de Castro, Iole de Freitas, Hélio Oiticica, Willis de Castro, e ainda aparecendo os Ianelli, Maria Leontina, Marcelo Grassman, Tomie Ohtake, Ferreira Gullar, putzgrila, quem sabe disso hoje?? A turma hoje sabe é de... Ivete Sangalo? Que mais? Netinho? Alexandre Pires? Duplas de agrobregas todos de cariz oligofrênico – em se tratando de manifestação de expressão, o que seria o que esses seres emitem para um público quase que inteiramente feminino e que só faz cantar junto aquela massamorda sonora miserável e regressiva e gritar histericamente como se estivesse presenciando a descida gloriosa de Cristo, em êxtase, redivivo à Terra? –, seres bizarros emitindo guais diante de plateias (é) feias (ê) de tanta ignorância e atraso mental e espiritual?
Bem, enquanto essa miséria pandêmica ocorre sob a omissão canalha de um governo cinicamente de joelhos diante das ordens dos amos do Império, enquanto se estraçalha a cultura brasileira em nome dos interesses de um tal de mercado que justifica o mais horrendo estupro a toda nossa dimensão cultural constituída, processada e evoluída ao longo de séculos de sofrimento e enfrentamentos de toda sorte, o que se revela como reflexo/gênese disso é que metade da população brasileira não dispõe de sistema de esgoto sanitário. Metade da população do “país”, segundo andam revelando nas quebradas da imprensa dos globalizadores, não tem onde depositar suas fezes e não raro usa água de rios onde, além de despejo de dejetos humanos, se desovam corpos de cães e cavalos mortos, e os ratos fazem parte do cotidiano desses “seres” beneficiados pelo Bolsa Família, segundo eles próprios revelaram hoje (19/08) em O Globo. Esse relato, com detalhes aterradores, saiu nessa publicação deletéria pela manhã, lá pelas 08h, mas logo logo, às 11h40, já saíra da primeira página, permanecendo estampadas várias notícias estúpidas, como protestos contra a magreza de Angelina Jolie, como os diamantes de Naomi causarem baixa em Fundação na África, como no Nordeste mãe ter batido em filha com vara... tudo pra desviar a cabeça dos otários que ainda abrem jornais fazendo disso um componente REAL de suas vidas.
O mundo caiu, está tudo indo para o pega entre as montanhas, o Armagedon. É isso, não temos escolha. As desencarnações em massa, milhares, dezenas de milhares, até milhão de vítimas, além de vermos o crescente desarranjo avançando contra a Natureza, o que aponta para doença generalizada no planeta, tudo revela que a coisa mai pra lá de mal, que o ser humano agrediu de forma incontornável os conteúdos básicos que constituem a essência vital da Terra. O câncer instalado na política é um sintoma claro de que o mal venceu essa etapa, que estamos enfrentando a degenerescência sem remédio. A miséria musical é outro sintoma do desastre irreversível: “A música pode destruir a civilização. Foi explicado, com minudências, o tipo de música que deveria prevalecer em ordem a manter a estabilidade e o bem-estar do Estado, bem como a felicidade, a prosperidade e o progresso espiritual de cada cidadão. Ademais, foi indicado, da mesma maneira circunstanciada, o tipo de música que deveria ser rigorosamente evitado em razão dos seus efeitos destrutivos e degenerativos sobre o homem e a nação”. Eis aí os Netinhos, os Leonardos, os asiáticos Chitãozinho e Xororó, as duplas deletérias, o rap, as formas estupidificantes porque estupidamente comerciais, eis aí o Brasil desgraçado e moribundo, terminal.
E o Brasil é um retrato vivo disso, um país sem coerência nenhuma, sem qualquer perspectiva senão a crescente degenerescência, que se consumará em desastre generalizado a qualquer momento, desastre que já está em curso diante de nossas barbas, bastando, para a consumação final. se estabelecerem os elementos cósmicos propiciadores, e isso é fatal. O despedaçamento final vem aí. Não temos escolha mais.”
“Viste isso, ó Maria?? Ó Maria, onde estás??? Ó Maria!!!!”, e Manoel não vê mais sua linda amada, que se esfez em vazio, desapareceu dos olhos de seu apaixonado para sempre. “Ó Deus, estou só, estou só! Conceda-me forças, ó Pai, para suportar este vazio, que já se vinha insinuando há tempos, mas que agora é fato!”, lamenta-se nosso herói. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah! Vale lembrar que estamos sob censura desde 11/04/08, a restrição já vai totalizando 840 dias. Abraço pra turma do Estadão, que também atura isso há 383 dias...
“Ó Maria, ouvi esse cara falando e cedo espaço para que o ouçam. Que haja sobreviventes!”, avisa Manoel a sua deusa, que emite luz enquanto cuida da casa, seguida pelo gato também apaixonado.
E lá vai a coisa, que há dias espera o momento para ser aberta aqui. Enter aperitivo.
“A verdade é que estamos vivendo o mais asqueroso circo da história deste país. País?? Que país??? Estamos num lugar caotizado, onde o lixo material, o lixo humano, o esgoto a céu aberto e a depravação política e social se combinam com a ostentação de um setor concentrador, e a metáfora mais contundente disso é a passação de helicópteros por sobre a miséria superlativizada em barracos aos milhões, ferida purulenta que avança por sobre espaços antes vivos, agora tomados por pus e fezes, por seres sub-humanos de todas as idades. E as tristes imagens que há mais de 50 anos doíam em nossas retinas ainda esperançosas na solução social que sanearia a desgraceira já apavorante hoje ganharam dimensão continental e profundidade abissal. E lá vem a corrida presidencial, pelos cargos de executivo estadual e pela boca rica do Senado, aliás três bocas ricas, como é boca rica todo e qualquer cargo dentro dos chamados “três poderes” e quejandos.
“‘Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí!’, cantávamos inocentemente em 1960, apenas brincando um carnaval esperançado em que essa marchinha tirava uma casca de uma personagem do programa dos Nóbrega naquela impagável praça. Éramos ainda um país em grande atividade cultural e científica, sem contar que acabáramos de abiscoitar a taça Jules Rimet, ao conquistarmos, com o melhor futebol de todos os tempos, a Copa do Mundo de 1958. E a Bossa Nova virava uma página da música popular mundial, mostrando um Brasil culturalmente vivo, pujante, vertical. Tom Jobim e João Gilberto apresentaram a mais profusa obra musical de nossa história de canção, e em torno deles explodiu uma constelação de nomes ligados a música em todas as dimensões e direções, coisa que nem o Brasil nem o mundo teriam ideia (é) de poder existir antes de acontecer Chega de Saudade. E pensar que, justo então, nossa Literatura, ostentava João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Dalton Trevisan, José Cândido de Carvalho, Mário Palmério, Rachel de Queiroz, Lígia Fagundes Telles e outros. E ainda poetas como Manoel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Mário Quintana, Cecília Meireles, que tal? E nossas artes plásticas, com (ainda) Portinari, Di Cavalcanti, Ivan Serpa, Volpi, Rebolo, Penacchi, Manabu Mabe, Yolanda Mohali, Vega Nery, os concretistas e neoconcretistas reunindo Lígia Clark, Amílcar de Castro, Iole de Freitas, Hélio Oiticica, Willis de Castro, e ainda aparecendo os Ianelli, Maria Leontina, Marcelo Grassman, Tomie Ohtake, Ferreira Gullar, putzgrila, quem sabe disso hoje?? A turma hoje sabe é de... Ivete Sangalo? Que mais? Netinho? Alexandre Pires? Duplas de agrobregas todos de cariz oligofrênico – em se tratando de manifestação de expressão, o que seria o que esses seres emitem para um público quase que inteiramente feminino e que só faz cantar junto aquela massamorda sonora miserável e regressiva e gritar histericamente como se estivesse presenciando a descida gloriosa de Cristo, em êxtase, redivivo à Terra? –, seres bizarros emitindo guais diante de plateias (é) feias (ê) de tanta ignorância e atraso mental e espiritual?
Bem, enquanto essa miséria pandêmica ocorre sob a omissão canalha de um governo cinicamente de joelhos diante das ordens dos amos do Império, enquanto se estraçalha a cultura brasileira em nome dos interesses de um tal de mercado que justifica o mais horrendo estupro a toda nossa dimensão cultural constituída, processada e evoluída ao longo de séculos de sofrimento e enfrentamentos de toda sorte, o que se revela como reflexo/gênese disso é que metade da população brasileira não dispõe de sistema de esgoto sanitário. Metade da população do “país”, segundo andam revelando nas quebradas da imprensa dos globalizadores, não tem onde depositar suas fezes e não raro usa água de rios onde, além de despejo de dejetos humanos, se desovam corpos de cães e cavalos mortos, e os ratos fazem parte do cotidiano desses “seres” beneficiados pelo Bolsa Família, segundo eles próprios revelaram hoje (19/08) em O Globo. Esse relato, com detalhes aterradores, saiu nessa publicação deletéria pela manhã, lá pelas 08h, mas logo logo, às 11h40, já saíra da primeira página, permanecendo estampadas várias notícias estúpidas, como protestos contra a magreza de Angelina Jolie, como os diamantes de Naomi causarem baixa em Fundação na África, como no Nordeste mãe ter batido em filha com vara... tudo pra desviar a cabeça dos otários que ainda abrem jornais fazendo disso um componente REAL de suas vidas.
O mundo caiu, está tudo indo para o pega entre as montanhas, o Armagedon. É isso, não temos escolha. As desencarnações em massa, milhares, dezenas de milhares, até milhão de vítimas, além de vermos o crescente desarranjo avançando contra a Natureza, o que aponta para doença generalizada no planeta, tudo revela que a coisa mai pra lá de mal, que o ser humano agrediu de forma incontornável os conteúdos básicos que constituem a essência vital da Terra. O câncer instalado na política é um sintoma claro de que o mal venceu essa etapa, que estamos enfrentando a degenerescência sem remédio. A miséria musical é outro sintoma do desastre irreversível: “A música pode destruir a civilização. Foi explicado, com minudências, o tipo de música que deveria prevalecer em ordem a manter a estabilidade e o bem-estar do Estado, bem como a felicidade, a prosperidade e o progresso espiritual de cada cidadão. Ademais, foi indicado, da mesma maneira circunstanciada, o tipo de música que deveria ser rigorosamente evitado em razão dos seus efeitos destrutivos e degenerativos sobre o homem e a nação”. Eis aí os Netinhos, os Leonardos, os asiáticos Chitãozinho e Xororó, as duplas deletérias, o rap, as formas estupidificantes porque estupidamente comerciais, eis aí o Brasil desgraçado e moribundo, terminal.
E o Brasil é um retrato vivo disso, um país sem coerência nenhuma, sem qualquer perspectiva senão a crescente degenerescência, que se consumará em desastre generalizado a qualquer momento, desastre que já está em curso diante de nossas barbas, bastando, para a consumação final. se estabelecerem os elementos cósmicos propiciadores, e isso é fatal. O despedaçamento final vem aí. Não temos escolha mais.”
“Viste isso, ó Maria?? Ó Maria, onde estás??? Ó Maria!!!!”, e Manoel não vê mais sua linda amada, que se esfez em vazio, desapareceu dos olhos de seu apaixonado para sempre. “Ó Deus, estou só, estou só! Conceda-me forças, ó Pai, para suportar este vazio, que já se vinha insinuando há tempos, mas que agora é fato!”, lamenta-se nosso herói. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah! Vale lembrar que estamos sob censura desde 11/04/08, a restrição já vai totalizando 840 dias. Abraço pra turma do Estadão, que também atura isso há 383 dias...
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Manoel, o enigma Yves Hublet... e um susto
Frederico Mendonça de Oliveira
“Ó Maria, tu te lembras das bengaladas que o Zé Dirceu levou de um belga naqueles tempos do mensalão? Pois veja, ó Maria: estamos diante de um caso absurdo, um enigma, uma loucura! Ouviste, ó Maria?? Ei! Ó Maria?? Não estás me ouvindo?? Passas mal??”, e Maria volve lentamente o olhar vazio e distante para Manoel, que estremece ao ver que ela parece não estar ali, está em outra, viajando, esquecida de quem tanto a ama. E nosso herói se estarrece diante de tamanha estranheza, a de ver sua Maria, sua tão amada Maria perdida em outros pensamentos e ignorando a presença do marido. Aturdido, Manoel fixa nela os olhos arregalados e treme ao considerar que algo se partiu entre os dois, depois de tantas loucuras vividas e enfrentadas em fidelíssima parceria, e o mundo desaba na cabeça já grisalha de um já idoso mas sempre apaixonado. “Será o começo de meu fim??”, pergunta-se o pobre, agora vendo seus alicerces totalmente em risco. “Ó Maria, pode estar faltando pouco para ficares sem mim e parece que me deixas só nesta vida a dois??”, pergunta-se Manoel em silêncio lívido, porque soa em seu coração a hora fatal quando vê nos olhos de sua amada idolatrada uma distância que jamais vira. “Será mesmo o fim, ó Deus??”, rumina em dor nosso herói, ora tonto, ora perplexo, olhar vidrado. Enter.
Yves Hublet foi-se, constatou Manoel através de e-mail que recebeu de um amigo. Chapado, tratou de aprofundar a questão, de buscar mais subsídios. Deparou com uma feia e inaceitável barreira. O curitibano Yves, conhecido até mundialmente por desferir bengaladas na cabeça do corrupto Zé Dirceu em novembro de 2005, deixou o Brasil e foi morar na Bélgica, pois tinha dupla cidadania. Foi-se daqui porque, depois do estrondoso episódio, passou a sofrer perseguição. Estava na Bélgica desde depois das muito bem desferidas bengaladas, mas eis que em maio de 2010 baixou de novo na Pindorama. Veio mexer com papéis para a realização de novo matrimônio – mesmo contando 72 anos. Pois desembarcou aqui, resolveu tudo e passou por Brasília não se sabe pra quê – se foi apenas escala, ou que diabo se deu. Não existe, até o momento, a data da passagem dele pela capital, mas o que ocorreu então é assombroso, senão impensável. Enter.
Ao chegar a Brasília foi preso, ficou incomunicável, adoeceu na cadeia, foi transferido para hospital SOB ESCOLTA (?????) e, em 27 de julho, morreu!!! MORREU!!! Pois engrossa ainda a tão sinistra história: cremaram-lhe o corpo sem obedecer a qualquer formalidade! E eis-nos diante de mais um episódio absurdo em nossa história recente, algo trágico e inexplicável, descabido! Pior: a grande imprensa não diz a respeito um A, simplesmente NADA, NADA VEZES NADA! Pois o senador Álvaro Dias denunciou o fato na tribuna do Senado, a internet registra um intenso movimento sobre a questão, o YouTube apresenta vários vídeos a respeito, e nada sai na imprensa. Estaríamos diante de mais um enigma nestes dias de trevas no Brizêu, país esfarrapado, estraçalhado, esta piada geossocial que se agrava e que a cada dia mostra uma face mais terrível como lugar, como comunidade. A pergunta que corre a rede é: “E a embaixada da Bélgica, não vai perguntar ao Itamaraty que diabo é isso??”, mas até o momento é uma pergunta que ecoa sem resposta nos negros e medonhos céus do Brasil. Também o Olavo de Carvalho abriu o verbo, denunciou o absurdo com a devida acidez em suas palavras, mas tudo leva a crer que fique tudo enrustido como está, porque aos donos da mídia interessa mais a mulher que os iranianos supostamente querem lapidar – e que o “presidente” Lula, num espetacular gesto de grandeza e magnanimidade, quer abrigar da sanha do Islã. Aliás, enquanto ficamos na escuta aguardando notícias do querido Yves, Lula manda seu avião presidencial, o Super 51, buscar no Paraguai o presidente que apresentou câncer linfático para que ele faça a químio aqui, algo que nos parece uma pantomima algo salamaleque: ele faz caridade com o dinheiro do povo, e como se no Paraguai não se fizesse químio como em outro lugar qualquer. Se não fazem, por que tanta mesura? Que pretende esse pícaro pinguço? Por que essa deferência toda ocupando primeiras páginas, transformando um ato que deveria ser cercado de discrição em algo bombástico, em estardalhaço álacre?? Enter.
Pois tudo isso machuca o coração de Manoel, mas agora o bicho pegou feio: o coração de nosso herói acaba de sofrer um golpe formidável, senão letal. “Ó Maria, diga-me, ó linda, que tens???”, mas a pergunta fica no ar, e indiferença é como um canhonaço no peito de nosso herói; ela prossegue como Quincas Borba, “os olhos espetados no ar”. Que estará acometendo a linda Maria?? Simplesmente terá descurtido nosso Manoel, será que estava previsto nas estrelas ela um dia se desligar sem mais nem menos de nosso herói tão apaixonado?? E Manoel tem a impressão de que seu mundo caiu, acabou-se, e que a ele restará sobrevida ao invés de colher os frutos do avanço que sua amada lhe permitiu alcançar na vida, em seus projetos, em tudo que para ele só significa se dedicado a ela e repartido com ela. Algo se quebra no peito de nosso herói, ele sente soar uma torva trombeta, que o sonho de um amor eterno de desfez como fumaça ao vento... E ele se lembra da Tosca, sua ópera do coração, e das palavras de Cavaradossi: “Svaní per sempre il sogno mio d’amore!”, acabou-se para sempre meu sonho de amor! Falta agora a chegada do carrasco informando que lhe resta uma hora de vida e que ele tem direito a um sacerdote... e ele não quer sacerdote, quer apenas que, em troca do anel que é o resto de sua fortuna, o carrasco entregue uma carta a Tosca, sua amada – que haverá de morrer também por ele. Enter final.
Pois dá-se o desfecho: tomada por um estremeção, Maria emerge do esquecimento em que mergulhara e se ergue assustada, perguntando: “Onde estou, ó meu Manoel?? Onde estou??”, e, levantando-se de súbito, abraça-se a seu querido, suave, cheirosa, tépida, fazendo cair dos olhos de nosso herói lágrimas de gratidão a Deus, depois de longos momentos de aflição que sugeriam o fim da vida! – embora para isto nosso herói já esteja pra lá de preparado, tão enojado que vive com a constatação da miséria e da cancerificação de tudo!, TUDO!!! E nossa querida Maria, graciosamente sólida, roliça, estóica, suave, depois de longos momentos ardentemente enlaçada por nosso herói, volta de novo à cadeira e responde a Manoel aquilo que ela própria perguntara: Viajei em lembranças do sofrimento de minha mãe, fui fundo, acabou que me perdi por lá, como que paralisada com tantas imagens de agruras, ó Manoel! Travei, parece!”. Manoel, lágrimas descendo pelo rosto, contempla entre rindo e chorando a dádiva de Deus que é poder viver mais alguns momentos nesta vida com sua amada. Lembrando-se de Orfeu e Eurídice, fica sem fala diante da imagem luminosa e viva de sua Maria. E deixa Yves Hublet para depois, pois para ele não há mais remédio. Agora é só viver cada fração de segundo como sendo uma eternidade feliz e luminosa ao lado de sua linda, até quando puder. E viva Santo Expedito! Oremos. Té pra semana, babes!
Ah! Vale lembrar que estamos sob censura desde 11/04/08, a restrição já vai totalizando 837 dias. Abraço pra turma do Estadão, que também atura isso há 376 dias...
“Ó Maria, tu te lembras das bengaladas que o Zé Dirceu levou de um belga naqueles tempos do mensalão? Pois veja, ó Maria: estamos diante de um caso absurdo, um enigma, uma loucura! Ouviste, ó Maria?? Ei! Ó Maria?? Não estás me ouvindo?? Passas mal??”, e Maria volve lentamente o olhar vazio e distante para Manoel, que estremece ao ver que ela parece não estar ali, está em outra, viajando, esquecida de quem tanto a ama. E nosso herói se estarrece diante de tamanha estranheza, a de ver sua Maria, sua tão amada Maria perdida em outros pensamentos e ignorando a presença do marido. Aturdido, Manoel fixa nela os olhos arregalados e treme ao considerar que algo se partiu entre os dois, depois de tantas loucuras vividas e enfrentadas em fidelíssima parceria, e o mundo desaba na cabeça já grisalha de um já idoso mas sempre apaixonado. “Será o começo de meu fim??”, pergunta-se o pobre, agora vendo seus alicerces totalmente em risco. “Ó Maria, pode estar faltando pouco para ficares sem mim e parece que me deixas só nesta vida a dois??”, pergunta-se Manoel em silêncio lívido, porque soa em seu coração a hora fatal quando vê nos olhos de sua amada idolatrada uma distância que jamais vira. “Será mesmo o fim, ó Deus??”, rumina em dor nosso herói, ora tonto, ora perplexo, olhar vidrado. Enter.
Yves Hublet foi-se, constatou Manoel através de e-mail que recebeu de um amigo. Chapado, tratou de aprofundar a questão, de buscar mais subsídios. Deparou com uma feia e inaceitável barreira. O curitibano Yves, conhecido até mundialmente por desferir bengaladas na cabeça do corrupto Zé Dirceu em novembro de 2005, deixou o Brasil e foi morar na Bélgica, pois tinha dupla cidadania. Foi-se daqui porque, depois do estrondoso episódio, passou a sofrer perseguição. Estava na Bélgica desde depois das muito bem desferidas bengaladas, mas eis que em maio de 2010 baixou de novo na Pindorama. Veio mexer com papéis para a realização de novo matrimônio – mesmo contando 72 anos. Pois desembarcou aqui, resolveu tudo e passou por Brasília não se sabe pra quê – se foi apenas escala, ou que diabo se deu. Não existe, até o momento, a data da passagem dele pela capital, mas o que ocorreu então é assombroso, senão impensável. Enter.
Ao chegar a Brasília foi preso, ficou incomunicável, adoeceu na cadeia, foi transferido para hospital SOB ESCOLTA (?????) e, em 27 de julho, morreu!!! MORREU!!! Pois engrossa ainda a tão sinistra história: cremaram-lhe o corpo sem obedecer a qualquer formalidade! E eis-nos diante de mais um episódio absurdo em nossa história recente, algo trágico e inexplicável, descabido! Pior: a grande imprensa não diz a respeito um A, simplesmente NADA, NADA VEZES NADA! Pois o senador Álvaro Dias denunciou o fato na tribuna do Senado, a internet registra um intenso movimento sobre a questão, o YouTube apresenta vários vídeos a respeito, e nada sai na imprensa. Estaríamos diante de mais um enigma nestes dias de trevas no Brizêu, país esfarrapado, estraçalhado, esta piada geossocial que se agrava e que a cada dia mostra uma face mais terrível como lugar, como comunidade. A pergunta que corre a rede é: “E a embaixada da Bélgica, não vai perguntar ao Itamaraty que diabo é isso??”, mas até o momento é uma pergunta que ecoa sem resposta nos negros e medonhos céus do Brasil. Também o Olavo de Carvalho abriu o verbo, denunciou o absurdo com a devida acidez em suas palavras, mas tudo leva a crer que fique tudo enrustido como está, porque aos donos da mídia interessa mais a mulher que os iranianos supostamente querem lapidar – e que o “presidente” Lula, num espetacular gesto de grandeza e magnanimidade, quer abrigar da sanha do Islã. Aliás, enquanto ficamos na escuta aguardando notícias do querido Yves, Lula manda seu avião presidencial, o Super 51, buscar no Paraguai o presidente que apresentou câncer linfático para que ele faça a químio aqui, algo que nos parece uma pantomima algo salamaleque: ele faz caridade com o dinheiro do povo, e como se no Paraguai não se fizesse químio como em outro lugar qualquer. Se não fazem, por que tanta mesura? Que pretende esse pícaro pinguço? Por que essa deferência toda ocupando primeiras páginas, transformando um ato que deveria ser cercado de discrição em algo bombástico, em estardalhaço álacre?? Enter.
Pois tudo isso machuca o coração de Manoel, mas agora o bicho pegou feio: o coração de nosso herói acaba de sofrer um golpe formidável, senão letal. “Ó Maria, diga-me, ó linda, que tens???”, mas a pergunta fica no ar, e indiferença é como um canhonaço no peito de nosso herói; ela prossegue como Quincas Borba, “os olhos espetados no ar”. Que estará acometendo a linda Maria?? Simplesmente terá descurtido nosso Manoel, será que estava previsto nas estrelas ela um dia se desligar sem mais nem menos de nosso herói tão apaixonado?? E Manoel tem a impressão de que seu mundo caiu, acabou-se, e que a ele restará sobrevida ao invés de colher os frutos do avanço que sua amada lhe permitiu alcançar na vida, em seus projetos, em tudo que para ele só significa se dedicado a ela e repartido com ela. Algo se quebra no peito de nosso herói, ele sente soar uma torva trombeta, que o sonho de um amor eterno de desfez como fumaça ao vento... E ele se lembra da Tosca, sua ópera do coração, e das palavras de Cavaradossi: “Svaní per sempre il sogno mio d’amore!”, acabou-se para sempre meu sonho de amor! Falta agora a chegada do carrasco informando que lhe resta uma hora de vida e que ele tem direito a um sacerdote... e ele não quer sacerdote, quer apenas que, em troca do anel que é o resto de sua fortuna, o carrasco entregue uma carta a Tosca, sua amada – que haverá de morrer também por ele. Enter final.
Pois dá-se o desfecho: tomada por um estremeção, Maria emerge do esquecimento em que mergulhara e se ergue assustada, perguntando: “Onde estou, ó meu Manoel?? Onde estou??”, e, levantando-se de súbito, abraça-se a seu querido, suave, cheirosa, tépida, fazendo cair dos olhos de nosso herói lágrimas de gratidão a Deus, depois de longos momentos de aflição que sugeriam o fim da vida! – embora para isto nosso herói já esteja pra lá de preparado, tão enojado que vive com a constatação da miséria e da cancerificação de tudo!, TUDO!!! E nossa querida Maria, graciosamente sólida, roliça, estóica, suave, depois de longos momentos ardentemente enlaçada por nosso herói, volta de novo à cadeira e responde a Manoel aquilo que ela própria perguntara: Viajei em lembranças do sofrimento de minha mãe, fui fundo, acabou que me perdi por lá, como que paralisada com tantas imagens de agruras, ó Manoel! Travei, parece!”. Manoel, lágrimas descendo pelo rosto, contempla entre rindo e chorando a dádiva de Deus que é poder viver mais alguns momentos nesta vida com sua amada. Lembrando-se de Orfeu e Eurídice, fica sem fala diante da imagem luminosa e viva de sua Maria. E deixa Yves Hublet para depois, pois para ele não há mais remédio. Agora é só viver cada fração de segundo como sendo uma eternidade feliz e luminosa ao lado de sua linda, até quando puder. E viva Santo Expedito! Oremos. Té pra semana, babes!
Ah! Vale lembrar que estamos sob censura desde 11/04/08, a restrição já vai totalizando 837 dias. Abraço pra turma do Estadão, que também atura isso há 376 dias...
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Manoel, Hiroshima e parada gay
Frederico Mendonça de Oliveira
“É duro lembrar, ó Maria, hoje contam-se 65 anos de uma das maiores brutalidades de todos os tempos: a bomba sobre Hiroshima. O comandante do Boeing B-29, batizado de Enola Gay, lançou a bomba atômica sobre a cidade no dia 6 de agosto de 1945. O piloto, coronel Paul Tibbets Jr., 30 anos, comandava o 509º Grupamento Aéreo dos Estados Unidos, que desde fevereiro de 1945 preparava a missão. E veja a ironia, minha linda: esse Tibbets escolheu pessoalmente uma B-29, batizando-a com o nome Enola Gay em homenagem à que o pariu. Isto é o que podemos chamar de um útero maldito!”, considera Manoel vendo os olhos de Maria quase arregalados, até com um tiquinho de lágrimas marejando-os, fazendo-os ainda mais lindos e ternos. E nosso herói lê algo sobre a monstruosidade: “O número de mortos varia entre 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagazaki, mas estimativas outras garantem um número muito maior, contabilizando as mortes posteriores devido à exposição a radiação. A maioria dos mortos eram civis”. “Vês tu, ó minha linda?, a maioria dos mortos eram civis! E os mandantes e autores disso não enfrentaram tribunais como autores de crimes contra a Humanidade, e, mais ainda, contra a condição humana e a vida possível no planeta! Pois é: fica aí essa propaganda escrota há décadas falando de atrocidades praticadas na Segunda Guerra, uma jeremiada sem pé nem cabeça, invencionice sórdida, e foram enforcados (!!!!) todos os membros do estado-maior do III Reich como punição a uma controversa chacina por eles conduzida... mas Hiroshima e Nagazaki ficaram assim: 220 mil japoneses pulverizados como formigas, e os donos do mundo calam cinicamente. Onde vamos parar, minha linda??”, discorre nosso herói, que resiste vivo e lúcido a mil mesmo prosseguindo encarapitado entre montanheses retardados e sujos de alma e espírito na aldeia em tudo degenerada, salvo as raras exceções de praxe. “Pimenta no cu dos outros é refresco, minha querida! Por que não se puxou a iniciativa de responsabilizar e punir os Aliados, na verdade um bando de milhões de estúpidos comandados por monstros depravados e desnaturados que odeiam a Humanidade e se dizem escolhidos de Deus??? Então é isso: o mundo vagamente se recorda do genocídio japonês, encoberto desde que se instituiu a propaganda ardente e infindável contra o nazismo. E nem quero entrar em outro terreno, ó linda, não entro a falar no massacre de Dresden, em que foram fritos e torrados mais de 330 mil, TODOS CIVIS!!! Não falo por estar hoje em reflexão profunda diante deste aniversário macabro...”, perora Manoel enquanto considera detalhes da orquestração de uma sinfonia que toca no rádio. Enter.
E nosso herói pára e considera o céu, azul e pacífico, céu bom sobre um arraial em franca degenerescência, e eis que ouvem-se pássaros cantando, as “aves do céu” de que fala o Cristo, e os cães ladrando estupidamente como que trombeteando para fora de onde são confinados a deformidade e infelicidade de seus donos maus, e fica patente o divórcio entre céu e terra nessa comunidade mais e mais cancerificada pela corrupção e pela má índole generalizada. “Neste arraial, ó Maria, ocorre o que jamais foi registrado em lugar nenhum do mundo: pais induzem os filhos inocentes a prática de corrupção, de apoio a crimes de autoridades, e ainda os aperfeiçoam na miséria e na imundície de perseguir os que não aceitam canalhice!”. Sim, a Humanidade parece descontrolada em sua marcha firme e já considerada irreversível em direção ao abismo da História. São chegados os tempos de que o Cristo falou, tempo de choro e ranger de dentes. E Manoel tenta se desviar das constatações que o deixam condoído, e a casa respira um silêncio prenhe de amor e sensibilidade. Silentes, Manoel e Maria voltam seus pensamentos para as vítimas das duas cidades japonesas, e vai chegando a hora do almoço, e o gato preto prossegue pro meio da rua, enquanto o laranjão e branco, doce felino, lindo, prossegue apagado e esparramado na cama do casal, em paz e encanto, sorvendo, diverso dos miseráveis cães dos vizinhos, o amor no doce lar. Enter.
Toca o telefone. Manoel atende, sua fisionomia se acende: “É o Fox, Maria. Está vindo para cá, tem novidades sobre o arraial”, avisa nosso herói, cheio de alegria. E minutos depois toca o sino na varanda, chega Fox com o aspecto de sempre. Parece vergado ao peso da consciência, tem no semblante afixada a expressão típica da lucidez irredutível. Abraços, obas e olás, “como vais tu?” e “tudo bem” e tal, e logo Fox abre o discurso: “Manoel, você precisava estar ontem lá no terminal rodoviário urbano... Está rolando lá, naquele corredor tão impróprio para eventos sonorizados, um encontro que já vai reunindo para um tira-gosto da parada gay os ‘entendidos’ de todos os matizes. Estava eu tomando uma latinha e esperando o ônibus e chegavam e saíam os protagonistas dessa exibição tão controversa. Vocês sabem, me abestalho diante dessas cenas, e o desfile das figuras diferenciadas, ai!, não há como não surpreender e chocar. Em dado momento chegou uma figura enorme, gordalhufa, toda empetecada como mulher, pernas de fora, seios de pura banha balofa, e quando abriu a boca veio aquele som característico, os circunstantes não ‘entendidos’ se atoleimaram contemplando aquilo, e vi olhares apunhalantes lançados de vários pontos. Querem saber? Vi um filme – quando perdia meu tempo com isso – sobre o mundo gay, rodado em San Francisco. Seria o Pacino ou o De Niro, sempre confundo. O que deu firmeza foi a maneira como os caras vivem seu gheto, sem se misturar com os ‘não entendidos’. Era uma comunidade viva e religiosamente coesa em seus códigos e costumes. O local de encontro era uma imensa fábrica abandonada, e lá dentro rolava de tudo. Bonito, o filme, muito boa direção, tudo convence. Mas o mais positivo é que o ‘reduto’ não dava pala: vivia em seu território, longe dos seres por eles chamados de ‘bofes’, que somos nós. Andavam a caráter pelas ruas mas em horários adequados, pela madrugada; circulavam por parques, bocas do ramo. No fim, o personagem central, policial infiltrado no meio deles para investigar crimes que iam acontecendo com certa constância, acaba ‘saindo do armário’. Bem, ficou uma boa lição, o oposto do que vivemos aqui: eles não se misturavam, não havia a promiscuidade que rola aqui, isso de tentar enfiar a diversidade goela abaixo dos não diversos”. Maria e Manoel ouviam a fala de Fox, viajando nas imagens. Enter final.
“Pois vejam: o ônibus já saía quando começava uma apresentação de uma drag queen sob aquele techno infernal, e explodiu uma bomba violenta lá no meio da bagaça. Foi feio, deu aquele susto, mas os caras não se abalaram: retomaram a zoeira, e vim pra casa doído. Pensei em Deus, claro, repeti as palavras do Cristo na cruz: ‘Perdoai-os, Pai: eles não sabem o que fazem’. Me aliviou o espírito. Mas confesso: não sei lidar com isso”. E chegou o gato preto, e a atenção virou para ele, que, puro e sob Deus, pedia rango. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah! Vale lembrar que estamos sob censura desde 11/04/08, a restrição já vai totalizando 830 dias. Abraço pra turma do Estadão, que também atura isso há 369 dias...
“É duro lembrar, ó Maria, hoje contam-se 65 anos de uma das maiores brutalidades de todos os tempos: a bomba sobre Hiroshima. O comandante do Boeing B-29, batizado de Enola Gay, lançou a bomba atômica sobre a cidade no dia 6 de agosto de 1945. O piloto, coronel Paul Tibbets Jr., 30 anos, comandava o 509º Grupamento Aéreo dos Estados Unidos, que desde fevereiro de 1945 preparava a missão. E veja a ironia, minha linda: esse Tibbets escolheu pessoalmente uma B-29, batizando-a com o nome Enola Gay em homenagem à que o pariu. Isto é o que podemos chamar de um útero maldito!”, considera Manoel vendo os olhos de Maria quase arregalados, até com um tiquinho de lágrimas marejando-os, fazendo-os ainda mais lindos e ternos. E nosso herói lê algo sobre a monstruosidade: “O número de mortos varia entre 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagazaki, mas estimativas outras garantem um número muito maior, contabilizando as mortes posteriores devido à exposição a radiação. A maioria dos mortos eram civis”. “Vês tu, ó minha linda?, a maioria dos mortos eram civis! E os mandantes e autores disso não enfrentaram tribunais como autores de crimes contra a Humanidade, e, mais ainda, contra a condição humana e a vida possível no planeta! Pois é: fica aí essa propaganda escrota há décadas falando de atrocidades praticadas na Segunda Guerra, uma jeremiada sem pé nem cabeça, invencionice sórdida, e foram enforcados (!!!!) todos os membros do estado-maior do III Reich como punição a uma controversa chacina por eles conduzida... mas Hiroshima e Nagazaki ficaram assim: 220 mil japoneses pulverizados como formigas, e os donos do mundo calam cinicamente. Onde vamos parar, minha linda??”, discorre nosso herói, que resiste vivo e lúcido a mil mesmo prosseguindo encarapitado entre montanheses retardados e sujos de alma e espírito na aldeia em tudo degenerada, salvo as raras exceções de praxe. “Pimenta no cu dos outros é refresco, minha querida! Por que não se puxou a iniciativa de responsabilizar e punir os Aliados, na verdade um bando de milhões de estúpidos comandados por monstros depravados e desnaturados que odeiam a Humanidade e se dizem escolhidos de Deus??? Então é isso: o mundo vagamente se recorda do genocídio japonês, encoberto desde que se instituiu a propaganda ardente e infindável contra o nazismo. E nem quero entrar em outro terreno, ó linda, não entro a falar no massacre de Dresden, em que foram fritos e torrados mais de 330 mil, TODOS CIVIS!!! Não falo por estar hoje em reflexão profunda diante deste aniversário macabro...”, perora Manoel enquanto considera detalhes da orquestração de uma sinfonia que toca no rádio. Enter.
E nosso herói pára e considera o céu, azul e pacífico, céu bom sobre um arraial em franca degenerescência, e eis que ouvem-se pássaros cantando, as “aves do céu” de que fala o Cristo, e os cães ladrando estupidamente como que trombeteando para fora de onde são confinados a deformidade e infelicidade de seus donos maus, e fica patente o divórcio entre céu e terra nessa comunidade mais e mais cancerificada pela corrupção e pela má índole generalizada. “Neste arraial, ó Maria, ocorre o que jamais foi registrado em lugar nenhum do mundo: pais induzem os filhos inocentes a prática de corrupção, de apoio a crimes de autoridades, e ainda os aperfeiçoam na miséria e na imundície de perseguir os que não aceitam canalhice!”. Sim, a Humanidade parece descontrolada em sua marcha firme e já considerada irreversível em direção ao abismo da História. São chegados os tempos de que o Cristo falou, tempo de choro e ranger de dentes. E Manoel tenta se desviar das constatações que o deixam condoído, e a casa respira um silêncio prenhe de amor e sensibilidade. Silentes, Manoel e Maria voltam seus pensamentos para as vítimas das duas cidades japonesas, e vai chegando a hora do almoço, e o gato preto prossegue pro meio da rua, enquanto o laranjão e branco, doce felino, lindo, prossegue apagado e esparramado na cama do casal, em paz e encanto, sorvendo, diverso dos miseráveis cães dos vizinhos, o amor no doce lar. Enter.
Toca o telefone. Manoel atende, sua fisionomia se acende: “É o Fox, Maria. Está vindo para cá, tem novidades sobre o arraial”, avisa nosso herói, cheio de alegria. E minutos depois toca o sino na varanda, chega Fox com o aspecto de sempre. Parece vergado ao peso da consciência, tem no semblante afixada a expressão típica da lucidez irredutível. Abraços, obas e olás, “como vais tu?” e “tudo bem” e tal, e logo Fox abre o discurso: “Manoel, você precisava estar ontem lá no terminal rodoviário urbano... Está rolando lá, naquele corredor tão impróprio para eventos sonorizados, um encontro que já vai reunindo para um tira-gosto da parada gay os ‘entendidos’ de todos os matizes. Estava eu tomando uma latinha e esperando o ônibus e chegavam e saíam os protagonistas dessa exibição tão controversa. Vocês sabem, me abestalho diante dessas cenas, e o desfile das figuras diferenciadas, ai!, não há como não surpreender e chocar. Em dado momento chegou uma figura enorme, gordalhufa, toda empetecada como mulher, pernas de fora, seios de pura banha balofa, e quando abriu a boca veio aquele som característico, os circunstantes não ‘entendidos’ se atoleimaram contemplando aquilo, e vi olhares apunhalantes lançados de vários pontos. Querem saber? Vi um filme – quando perdia meu tempo com isso – sobre o mundo gay, rodado em San Francisco. Seria o Pacino ou o De Niro, sempre confundo. O que deu firmeza foi a maneira como os caras vivem seu gheto, sem se misturar com os ‘não entendidos’. Era uma comunidade viva e religiosamente coesa em seus códigos e costumes. O local de encontro era uma imensa fábrica abandonada, e lá dentro rolava de tudo. Bonito, o filme, muito boa direção, tudo convence. Mas o mais positivo é que o ‘reduto’ não dava pala: vivia em seu território, longe dos seres por eles chamados de ‘bofes’, que somos nós. Andavam a caráter pelas ruas mas em horários adequados, pela madrugada; circulavam por parques, bocas do ramo. No fim, o personagem central, policial infiltrado no meio deles para investigar crimes que iam acontecendo com certa constância, acaba ‘saindo do armário’. Bem, ficou uma boa lição, o oposto do que vivemos aqui: eles não se misturavam, não havia a promiscuidade que rola aqui, isso de tentar enfiar a diversidade goela abaixo dos não diversos”. Maria e Manoel ouviam a fala de Fox, viajando nas imagens. Enter final.
“Pois vejam: o ônibus já saía quando começava uma apresentação de uma drag queen sob aquele techno infernal, e explodiu uma bomba violenta lá no meio da bagaça. Foi feio, deu aquele susto, mas os caras não se abalaram: retomaram a zoeira, e vim pra casa doído. Pensei em Deus, claro, repeti as palavras do Cristo na cruz: ‘Perdoai-os, Pai: eles não sabem o que fazem’. Me aliviou o espírito. Mas confesso: não sei lidar com isso”. E chegou o gato preto, e a atenção virou para ele, que, puro e sob Deus, pedia rango. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah! Vale lembrar que estamos sob censura desde 11/04/08, a restrição já vai totalizando 830 dias. Abraço pra turma do Estadão, que também atura isso há 369 dias...
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