Frederico Mendonça de Oliveira
Comecemos por essa merda de gripe suína aí. Desconfiado de mais uma jogada suja contra os povos, já que, desde que se conhece, nosso herói coleciona safadezas estúpidas que ele presenciou ou veio descobrindo ao longo dos seus mais de 60 anos, Manoel considera a gripe suína como outro golpe pra alugar a macacada e vender uns bilhões de Tamiflu mundo afora, simplesmente para engordar nuns bilhõezinhos a conta do crápula genocida Donald Rumsfeld. E Manoel se pergunta se Ronaldo Peidômeno, Ana Maria Brega, Gisele Sembundchen e outras mentes “privilegiadas” nesta colônia teriam qualquer idéia sobre o que seja Tamiflu ou Donald Rumsfeld. “Essas mentes de cabaça seca devem estar é evitando comer carne de porco pra não pegar essa gripe...”, considera nosso amigo luso, e logo deixa de lado tais reflexões, porque só de pensar nessas criaturas parece que o mundo se converte num circo irremediavelmente a serviço de malabarismos de mau gosto. E considerando o que rola de boçalidade na pracita que um safado criminosamente implantou ao lado de sua casa e que todo o entorno de gente igualmente safada apoiou como se fosse uma redenção, a isso juntando a lembrança da facies imbecil dos “ídalos” do país-lugar transformado em mar de lama, nosso herói resolve mudar de assunto em sua mente lúcida e piedosa. As estatísticas da gripe suína são irrisórias em relação a outros fatores determinantes de mortalidade mundo afora, mas vamos ver que merda vai ser essa. Enter
E, abrindo o blog do Frederico Vasconcelos, na Folha, eis o petardo que atinge em cheio nosso herói: “Neste domingo (26/7), a Folha registra que dez anos depois de o jornal revelar que os patrimônios dos desembargadores Paulo Theotonio Costa e Roberto Haddad, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, contrastavam com o padrão comum dos magistrados, várias ações judiciais foram propostas contra os dois a partir daquela reportagem, mas nenhuma resultou em condenação definitiva”. “Que engraçado!”, pensa Manoel: “Por aqui está até pior: um cidadão honesto denuncia um magistrado que cometeu um ilícito público envolvendo ainda o Executivo, o Legislativo, o Ministério Público, a imprensa local e moradores – estes, as mulas de sempre, com QI comparável ao de frangos de granja –, e acaba processado, perseguido, constrangido, injuriado, agredido e discriminado, enquanto o delinquente que se beneficiou da prevaricação sumiu por aí deixando o aborto urbanístico em plena função de litígio e impacto negativo de vizinhança, crime ambiental e perturbação permanente de sossego. “Já se vão dois anos desde a implantação do ilícito nas barbas de todos e nada aconteceu, senão perseguição judicial, pessoal, de vizinhança e social – o arraial é um grande curral de bestas assumidas e aguerridas em sua estupidez – sofridas pelo cidadão legalista. Pois esses que a Folha denuncia são do barulho: um deles tem 33 carros, dentre eles três Mercedes, dois BMW e uma caminhonete Mitsubichi, mais lancha super luxo. Outro tem bloco de prédios residenciais – parece que nove – e imóveis em várias cidades, e está aí prosa, defecando e deambulando para tudo, absolutamente ciente de que nada lhe acontecerá. Indignado, Manoel quase cospe pro lado, coisa que raras vezes fez na vida, mas o engulho é tal que só uma cusparada metaforiza a ira contra a infâmia que nos acomete. Enter.
Pois é abrir a versão on-line dos jornalões e lá está a carantonha abjeta do peidante Sarney, escória da história recente da colônia Brasilis, pole position de degradação pessoal e política na Pindorama. Aquelas bochechas flácidas e aquele bigode formam um conjunto que um pobre qualquer gostaria de esbofetear sonoramente, especialmente pela facies sardônica do ignóbil politiqueiro reles e execrável, inimigo real do povo brasileiro. E, diante da explosão do escândalo no Senado, teve um senador desses de quem jamais ouvimos falar que declarou que “Se o Senado for extinto, não fará falta nenhuma ao todo institucional”. “Óbvio que não!!! Descobriste a pólvora, ó pá???”, vocifera Manoel pra dentro do cavername onde bate um coração sofrido: “Que falta poderá fazer a qualquer país um antro de ladroagem e de pouca vergonha cujas despesas faraônicas são pagas pelo suor do cidadão trabalhador???”, e de novo Manoel tem o impulso de escarrar manifestando asco, mas pensa em sua Maria, tão séria, tão bela, tão aguerrida em sua feminilidade e consciência política, esta, aliás, coisa rara em mulheres, e a compostura fala mais alto, e nosso herói engole em seco. E se pergunta:. “Como pode gente da laia desse degenerado Sarney, gente (gente??) como FHC e coisas dessa linha de putrescência permanecer viva por aí como se fossem cidadãos, quando são traidores reles, imundos, descarados, deslavados??”, e um cheiro de tetrametilenodiamina (o tão conhecido cheiro de podre) toma conta do ar, só de Manoel lembrar de FHC a reboque da imagem sórdida e desclassificada de Sarney. Enter final.
E Manoel mais uma vez reflete sobre a “Terra do Nunca”, aquela fantasia que começa em Peter Pan, passa por Michael Jackson – ambos incapazes de virar gente grande, cada um no seu estilo, mas ambos cercados de dúvidas quanto a sexo e idade – e acaba no Brasil. Oh!, o Brasiiiil!, rematada e irreversível Terra do Nunca (nunca se emancipa, nunca vence a corrupção, nunca deixa de ser colônia, nunca evolui, nunca vence problemas cruciais, nunca prende os políticos bandidos responsáveis por nossa desgraça social, e por aí vai) e que acaba sendo também a terra do “existe mas não existe”: “Isto porque, pelo visto, só nesta reflexão fica evidente que as três coisas abordadas no título não existem no Brasil: Senado, Justiça e gripe suína. No caso desta, vale lembrar que a gripe comum mata meio milhão de seres por ano. A gripe aviária matou 250 pessoas em dez anos. A suína vai matando leve pelo mundo, mas, curiosamente, mata muito mais no Terceiro Mundo! Será que existe? E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
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