sexta-feira, 6 de junho de 2008

TV, a divindade inquestionável

Frederico Mendonça de Oliveira

É a divindade de TODOS vocês, crianças! Sinto muito, mas seria simplesmente cínico se vocês negassem a completa submissão que exibem sem qualquer preocupação com causar espanto ou admiração a quem quer que seja. Até porque a submissão é unânime; espantar ou admirar quem, portanto? A submissão total é pública e assumida, e NINGUÉM senão uns poucos amalucados como eu se dá o direito de virar de forma radical as costas para esse aparelho mais mortífero que um gigantesco exército de dominação armado até os dentes! Não adianta chorar na rampa, se é que alguém hoje enxerga, neste agonizante brizêu, qualquer coisa além de desejos de consumo desde o mais reles R$ 1,99 até carrões importados para desfilar entre cavalgaduras vestidas do sistema perdidas pelas ruas e casas – com TV ligada, claro. Enter.
Semana passada, participei de um debate na Universidade de Alfenas sobre TV. A faixa exposta na entrada do auditório tinha os dizeres “TV e poder - o que há por trás do plimplim”. Compunham a mesa quatro debatedores/expositores: um professor de Ética da Universidade de Varginha; um professor secundário de Alfenas militante em partido de esquerda; um dono de jornaleco dado a denúncias e afagos, mas que apresenta mais erros de Portugês que denúncias ou afagos; e este que vos fustiga aos sábados dizendo o que ninguém gosta de ouvir. Na platéia, uma meia dúzia de universitários e uma legião de “manos” secundaristas naqueles trajes do tipo amontoado de panos em desordem e superpostos aleatoriamente – e quase todos envergando bonés, CLARO. Tudo arrumado, apresentados entrre si os debatedores, cordialidades já concluídas, houve subirmos ao palco do confortável auditório para começar a inana. Enter.
O primeiro a falar foi o professor de Ética, o cordialíssimo Ribas. Figuraça, corpulento, olhos claros, rabo-de-cavalo combinado meio que inusitadamente a um terno-e-gravata, carismático, Ribas fez uma exposição simpática e densa, estourando seus 25 minutos. O teor da fala, contudo, não estava lá muito dentro do tema em foco, TV e Poder. Muito aplaudido, Ribas passou a bola para o segundo orador, o professor militante Messias Telecesk. Ocorreu algo parecido com a fala anterior: falou de muita coisa importante, mas não abordou a fundo o binômio TV e poder. Aplaudido também, passou a palavra para o dono do jornaleco, que atende por Ilson, o que causa sempre problemas, porque o uso de um artigo antes o faz Wilson; então eu sempre sugiro que se diga “o – pausa – Ilson”, para não dar confusão nas pobres cabeças dos zumbis modernos. O – pausa – Ilson falou de si, para si e consigo, especialmente se louvando como jornalista, exibindo sua fantasia infantilóide de ser personagem da imprensa. Falou de seus amigos, entre os quais Pelé, faloude si, para si e sobre si; falou, mas deixou a todos com um belo ponto de interrogação sobre a cabeça: a que veio sua fala e mesmo sua presença naquele debate? Pois alegando outros “compromissos com órgãos de imprensa” (numa terça pelas 22h e em Alfenas??), ele deixou a mesa, e me foi passado o microfone. Enter.
Assestei a metralhadora giratória e abri fogo. Falei da TV devastadora como não o seria um exército de invasão e colonização, basta ver que os esbirros do abissal Bush no Oriente Médio NÃO DOBRAM DE JEITO NENHUM nem iraquianos nem afegãos – como a Globo dobra isso que ainda chamamos, talvez por falta de opções, de brasileiros. Somos, na verdade, por conta de estarmos sob a TV de forma irreversível, midiotas globotomizados – fala, Domingos Passos! –, legião de mentecaptos televisivos, batatas-de-sofá – termo que os “manos” adoraram, dando ampla e coletiva risada ao ouvi-lo –, os “da poltrona”, e NADA MAIS! Fora isso, os descamisados, os miseráveis, os massacrados, ou, em contrapartida, as elites e todos os funcionários aloprados servindo aos globalizadores. Falei da mídia como o mal, citando toda a canalhice envolvendo a verdade sobre a P-36. o vôo 402, Alcântara, o vôo 1907 – em que a mídia avalizou a versão dos globalizadores como tendo havido colisão, hipótese simplesmente impossível – e finalmente o horror do vôo 3054, escandalosamente um episódio de sabotagem. Enter final.
Falei que ninguém ali se atreveria a desligar um aparelho de TV durante a novela das oito, mesmo que ninguém estivesse prestando atenção. Que não se pode mais ir a restaurantes sem lá estar ligada a maligna e putrescente TV; que não podemos mais nem pensar na vida numa sala de espera de qualquer tipo: lá estará a sórdida TV despejando lixo nas mentes, espíritos e vidas. E falo isso aqui para não perder o costume: o que você quer? A TV ou sua vida? Quer que a TV mande em você? Acorda, cara! Você está dopado e até morto! E viva Santo Expedito! Oremos. Bye!

4 comentários:

Unknown disse...

Fredera, meu caro, há tempos que venho querendo ter acesso de novo a essas grandes reflexões que demonstram ainda existir pensamentos críticos em nossa sociedade! Em busca pelO Apito, encontro seu blog que vejo já estar há algum tempo no ar.
Infelizmente minhas idas a Alfenas tem sido poucas e muito curtas nesses últimos anos, havendo esse distanciamento indesejável.

De qualquer forma guardo sempre esse apreço especial pela sua pessoa e comento com os amigos aqui muito dessa admiração pela sua visão de mundo e pelos esclarecimentos que encontramos em seus textos.

Quanto à TV, vejo aqui em Florianópolis que a mídia local (tv, rádio e jornais) pertence ao grupo RBS do Rio Grande do Sul, filiado à Globo. O aniquilamento da cultura local (as origens açorianas, as vilas de pescadores, a culinária, etc) é evidente, dando lugar à imposição externa, seja no modo de vestir, nas gírias e na alimentação (o peixe dá cada vez mais lugar à carne que vem com o pessoal mais do sul). Se chegarmos a um velho pescador marcado pelo tempo e pelo mar, é mais fácil escutar dele os últimos acontecimentos da novela das oito do que uma bela história de pescador! Uma pena! É um pequeno relato do que se observa por aqui.

Fredera, um forte abraço! Estarei acompanhando o blog e recomendando a grandes irmãos que fiz por essas terras.

Fábio Cerávolo Oliveira- Florianópolis/SC
ceravolo@gmail.com

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

"...Na platéia, uma meia dúzia de universitários e uma legião de “manos” secundaristas naqueles trajes do tipo amontoado de panos em desordem e superpostos aleatoriamente – e quase todos envergando bonés, CLARO."

manos, realmente entrestecedor.Texto para ser debatido por muitos, mas poucos entenderiam meia dúzia de palavras escritas acima e as absorveriam para sua porca rotina de televisão e vaso sanitário.