Frederico Mendonça de Oliveira
Sim, sim, isso vem de outros tempos, quando ainda, como classificou Cazuza, o filósofo do caos já neoliberal, nesse puteiro em que transformaram o País, se amarravam cachorros com lingüiça. Coisas de gente que nasceu antes do século XX. Era aquilo: a vida ainda incluía o cavalo no cotidiano do povo carioca imiscuído no qual estavam muitos portugueses, e a educação no lar era, em considerável dimensão, em muito recheada com ditados trazidos da "santa terrinha". Mas vamos direto à vulva: a queda a que nos referimos é aquela do vôo 1907, provocada por algum fator que não o winglet daquele Legacy na cínica e estupidamente fantasiosa versão dos chacais que nos impõem a miséria da globalização. Foram massacrados centena e meia de seres, entre passageiros e tripulação, e ainda nos vêm impingir uma versão criminosamente falsa e onírica, perfeitamente encaixável na centena e meio de milhão de mentes estupidificadas por Leonardos, Sangalos, dupras de debilóides ganibundos, pagodeiros calhordas, axezeiros boçais e depravados e tantos outros horrores que devastam diuturna e incansavelmente a população brasileira. Isso aí já se nos apresenta como queda e coice. Mas se observarmos como somente queda, o coice viria onze meses depois, quando da tentativa de pouso de um Airbus 350 da TAM em Congonhas. Apertem os cintos, babes. Enter.
Impensável tudo o que aconteceu naquele começo de noite em São Paulo: seria um bom filme de terror, aliás, porque não passa de fantasia pura admitir que um aparelho magnífico e sofisticado como aquele Airbus pudesse apresentar uma falência múltipla de controles e entrasse em colapso tão logo encostou – perfeitamente, por sinal – na pista de Congonhas. É óbvio que os monstros que transformam o Brasil nesse inferno teriam de estender um manto de obscurecimento sobre o fato, aliás, inadmissível, considerando-se que o touchdown (toque do aparelho no chão) não só foi perfeito como exatamente dentro do limite de 300 pés. Mas... por que os pilotos não conseguiram frear o avião? Primeiro, o reversor direito estava “pinado” (travado, porque inoperante), mas isso não traz problema nenhum em pousos normais: abre-se o outro e pronto, fica de perfeito tamanho. Mas o diabo é que a manete direita do throttle (console dos aceleradores manuais) travou (?) em near idle (aceleração média, acima do ponto morto), o que não tem qualquer explicação plausível e é considerado tecnicamente impossível – a menos que encartada a opção de sabotagem, o que tornaria o fato perfeitamente aceitável. Pra piorar, não funcionou o freio aerodinâmico (??), os chamados spoilers, que pressionam o aparelho para baixo por pressão do ar contra anteparos. Diante disso, um dos pilotos falou: “Spoilers, nada”, ao que o outro suspirou: “Aaaaiii!”. Correndo pela pista sem conseguir reduzir a velocidade – em torno de 180 km/h – eles tentaram o freio hidráulico a pedal, que também não funcionou (???). Daí, virou horror: um dos pilotos gritava “Vira! Vira! Vira!”, ao que o outro respondia: “Não dá! Não dá! Não dá!”. É o comando da bequilha, situada ao lado esquerdo do comandante, também não respondia (????). O resto, todos sabemos: o aparelho se chocou contra o próprio prédio da companhia, depois de passar sobre a avenida, e foi aquilo. Enter.
Interessantíssimo foi o fato de um link da Record chegar ao local em poucos minutos e encontrar, contemplando o espetáculo trágico, um comando israelense anti terror (?????), e ainda mostrar isso no ar como se fosse algo muito relevante. Não é do conhecimento da população brasileira que comandos israelenses – ou de qualquer outra nacionalidade – operem em território nacional, já que temos a nossa Inteligência, as nossas Forças Armadas, a nossa polícia e tudo o mais. Tanto quanto seria impensável comandos brasileiros anti terror funcionando em Israel ou em outros países quaisquer, não se justifica esse comando estrangeiro interferindo em nossos assuntos. Além de suspeitíssimo – por que estariam eles ali, por qual motivo e por que tão estranha coincidência? –, o fato deveria gerar uma grave questão diplomática: operação indevida de grupos estrangeiros em território nacional. Mais: com ou sem o conhecimento de nossas autoridades? Se com, estaria completamente fora de nossas leis; se sem, pior ainda: seria invasão de território nacional. Mas o que mais intriga é o fato de eles estarem ali no exato momento da queda do aparelho, depois de uma seqüência absolutamente absurda de panes conjugadas. Isso lembra um fato anterior: o agente que estava ao lado do motorista no carro policial em que era conduzido preso Paulo Maluf tinha um boné com os dizeres “Israel Army”, ou seja, Exército de Israel. O que é isso? Um boné de outro exército na cabeça de agente nacional em missão?? Ou o Exército de Israel opera em nosso território e participa de nossos assuntos políticos e jurídicos, aparecendo até em fotos de primeira página da Folha?? Ué!... Enter final.
E assim morreram mais de duzentas pessoas na maior tragédia da história da aviação comercial brasileira, e os objetos vestidos continuam vendo novelas de TV e pulando e balançando a bunda no carnaval definitivo a que estamos condenados pela ação dos meios de comunicação. É uma verdadeira maravilha. O que se pode ouvir dito por essa legião de midiotas ignorantizados pela mídia – e com o total consentimento de sucessivos “governos” desde 1964 – é o clássico: “Morreu? Antes ele do que eu!”. Assim se comportam nossos compatriotas, seres transformados em cavalgaduras insensíveis, amputadas de sensibilidade social e nacional, deambulando sem rumo como bestialidades vivas vestidas e palradoras. Que tal, amigos? Não é uma belezinha? Não é um luxo, tudo isso? Pois é. Vamos cruzar os braços e esperar pelo próximo “acidente”, que vai ser admirável, seguramente. Depois do vôo 402, do acidente da P36, de Alcântara, do vôo 1907 e dessa maravilha em Congonhas, algo muito espetacular nos espera. Voltaremos ao assunto na próxima semana. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té a próxima, babes...
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