Frederico Mendonça de Oliveira
Pois é. Foi em 1996, horrorizou geral e foi o segundo maior acidente da história de nossa aviação comercial. Segundo a mídia dos globalizadores, a causa do acidente teria sido a abertura do reversor direito durante a decolagem. Um funcionário de terra testemunhou a loucura enquanto o Number One decolava. O aparelho estava voando pintado especialmente de azul, diferente do restante da frota, para comemorar a conquista do prêmio de melhor empresa regional do mundo, conferido pela Air Transport World recentemente à TAM. O aparelho decolava rumo ao Rio levando quase que exclusivamente executivos de alto coturno a bordo. Pois foi aquilo: o reversor se abre na decolagem, e o aparelho se agüenta no ar por 25 segundos, acabando por espatifar-se contra prédios residenciais, resultando disso mais de 100 mortes, entre passageiros e algumas pessoas em terra. Enter.
Os papagaios da mídia montaram as reportagens dentro dos rígidos limites impostos pelas editorias, e só especialistas em assuntos jornalísticos e/ou aeronáuticos verificaram que a abertura daquele reversor seria algo realmente impensável, a menos que se apontassem as indagações em direção a... sabotagem. Logo viria a grita dos “sensatos” acusando os denunciantes de “adeptos de teorias conspiratórias mirabolantes”. E a imprensa está aí para qualquer coisa, menos trabalhar em cima da verdade. O negócio é trabalhar de acordo com os interesses empresariais das grifes jornalísticas e dos que anunciam nelas. Assim, a hipótese de sabotagem, única opção para justificar tamanha aberração, foi ignorada – especialmente para que prossiga o estado ditatorial da informação, responsável pela estupidificação da maioria esmagadora da população brasileira. Somente alguns tímidos toques foram dados a respeito da absoluta impossibilidade técnica da abertura do reversor em decolagem, e ficou nisso. A Veja, em edição especial do dia seguinte ao acidente, fez a seguinte menção:”Se a turbina foi de fato revertida na decolagem, como indicam os testemunhos, surge um novo mistério. O que pode ter acionado o mecanismo de reversão?”. A partir disso, poucas indagações: primeiro, poderia ter havido quebra da trava do reversor. Segundo, um dos trinta e quatro computadores de bordo teria cometido um “erro de leitura”, acionando o reversor. Em ambos os casos, estamos diante de uma grosseira fantasia: começa que a quebra da trava não acionaria o reversor, que só abriria depois de uma série de procedimentos e operações mecânicas, tudo isso operando em condições rígidas de absoluta segurança. A liberação do travamento, além disso, não faz abrir o reversor: ele só entra em operação quando a manete de aceleração passa por idle (ponto morto) e vai ao oposto da posição que estava em decolagem (climb), ponto denominado maximum reverse. Mais: se um computador falhasse, os outros 33 entrariam em defesa do sistema – o aparelho, a correta operabilidade e as vidas envolvidas – e corrigiriam a pane. E nada mais se falou, senão que, num comentariozinho de canto de página de edição da Folha mais de um mês após o acidente, seria tecnicamente impossível a abertura de um reversor em decolagem, especialmente o do Fokker 100: era um comentário de um especialista da própria Fokker, editado sem qualquer destaque. Enter.
A coisa engrossa mais ainda quando se verifica a possibilidade de o avião poder ainda retornar ao aeroporto caso o piloto conseguisse fechar o reversor. Mas, já que é impensável que ele se abrisse, como o piloto poderia fechá-lo se estava com toda a potência a frente, o que obrigaria incondicionalmente todo o mecanismo a estar harmonizado para a decolagem, e não para a etapa final de pouso, quando já teriam sido cumpridas todas as etapas que, então, permitiriam a abertura do reversor? Seguramente o piloto José Antônio Moreno e o co-piloto Ricardo Gomes estariam incapacitados para diagnosticar a causa da indirigibilidade do aparelho – avião não tem retrovisor – e devem ter morrido sem imaginar que aquele reversor tenha entrado em operação. O fato é que, se houve a abertura do dispositivo, não haveria como fechá-lo, até porque isso não faz qualquer sentido tecnicamente, o que impede que se tomem medidas para reverter a situação. Poderia ter havido um alerta luminoso na cabine, indicação de que estaria liberada a reversão, mas mesmo assim não haveria como interceder, porque não há alternativas para uma situação impossível e que contraria radicalmente TODA A ARQUITETURA E ENGENHARIA do aparelho. Enter.
As mentes dos midiotas não alcançam operar esse grau de ilação, não só por serem todos absolutamente ignorantes em relação a aviação, como por serem cordeiros balantes que repetem estupidamente tudo o que a mídia dos globalizadores publica. Então as coisas acontecem, recebem o tratamento midiático de acordo com os interesses dos globalizadores, estes, na época, recebidos e tratados com festas e loas pelo abjeto traidor FHC, e vai ficando tudo por isso mesmo, para que se possa consumar a tomada gradativa do País sem maiores problemas. Intrigados e encafifados ficarão para sempre os envolvidos diretamente com a questão, sejam parentes de vítimas, sejam profissionais e envolvidos com a área, estes últimos talvez obrigados a calar o bico diante da clara trama que levou o Vôo 402 a terminar em tragédia, sabendo que as retaliações nestes casos podem ser fatais. E ninguém quer acabar como acabaram, por exemplo, as dez testemunhas do assassinato de John Kennedy: todas foram pro beleléu por caminhos diversos e... inexplicáveis. “Quem tem c* tem medo”, diz o adágio popular. E ninguém quer aparecer de repente com boca cheia de formigas. Enter final.
Tratar dessa questão a fundo nos levaria a produzir uma obra alentada, e seguramente rolariam cabeças, inclusive a do autor da investigação. Então vale simplesmente revolver o assunto e deixar que mentes abertas disponíveis se dêem conta de que tem carne podre sob esse angu azedo. De qualquer forma, solidarizamo-nos com as famílias das vítimas desse crime hediondo e atroz, porque também a nós, gente envolvida com aviação durante décadas, essa tragédia dói e não sara nunca. E o pior é que outras vieram e virão. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té a próxima, queridos!
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