sexta-feira, 30 de setembro de 2011

“Posso ajudar?” e um país de joelhos

Frederico Mendonça de Oliveira

Você já deve ter tido essa experiência macabra de ousar entrar em qualquer loja e ser imediatamente abordado por algum (a) atendente com a boçalíssima pergunta, por sinal safada, por sinal cínica, por sinal desesperada: “Posso ajudar em alguma coisa?”. Já me vieram várias coisas à cabeça para reagir a essa escrotidão inventada – parece, ouvi dizerem isso – pela Associação Comercial. Uma vez perguntei: “No que, por exemplo?”, deixando a atendente completamente sem ação. Outra vez, disse: “Pode! Me empresta R$ 300 aí!”. Mas o extremo desconforto que essa política de pressão causa sobre o pobre diabo que entra numa loja qualquer tem explicações. Uma: dizem que, se não fizerem isso, o público reclama. Mentira canalha! O que realmente ocorre é um desespero por vender, uma vez que o comércio está em grave risco de operabilidade em sua forma convencional, ou seja, isso de lojas, empregados, impostos, aluguel, aparelhamento do espaço, tudo. Hoje as compras por internet esvaziaram as lojas. E essa fala acachorrada de “Posso ajudar”, que significa, na verdade: “Posso ser ajudado por sua compra, pra ganhar minha comissão?”, data exatamente do momento em que a internet consolidou suas vendas no plano virtual. Eu, por exemplo, quase só tenho comprado por internet. Já comprei relógios raros, instrumentos musicais, agulha para meu toca-vinil, livros, ferramentas, uma coiseira e tanto. Vou dar um presente especial para minha enteadinha: um lindo relógio Mido feminino automático para coleção. Em que loja eu encontraria isso? Hoje só se vêem relógios de quartzo e de mostradores amalucados, aquela coisa de bijuteria barata... então é internet. E quando quero comprar livros, é na Estante Virtual. Já readquiri para minha biblioteca praticamente todos os livros que maus amigos me surrupiaram. Reconstituí minha coleção do Campos de Carvalho, que não acharia em sebo nenhum! Bem, voltemos aos malucos atendentes. Ontem, dia 28/09/11, parei na calçada para olhar uma vitrine de celulares – minha filha está precisando de um. Pois foi começar a entender os preços e marcas para dar de cara com um onagro vestido que me assustara com o miseravelmente clássico “Posso ajudar em alguma coisa?” No meio da rua!! Ponte que partiu! Eu estava NA RUA, cacete!, e me vem esse asinino me importunar com seu assédio! Olhei pra ele um tanto abismado, perguntei “Como assim??”, a besta insistiu na pergunta. Fixei os olhos nas fuças do tipo e me retirei sem dizer palavra, manifestando desprezo. Já me sugeriram que, quando “atendido” por fêmea, eu peça pra ela mostrar os mamás. Eu não seria deselegante a tal extremo. Mas é uma... Vão ajudar o diabo que os carregue, infelizes! Deixem a gente em paz! Enter.
Mas é assim que funciona a coisa num país de joelhos. Sim, estamos absolutamente de joelhos. Olhem só o que vai acontecendo – aliás, demorou!!! – em nosso glorioso Judiciário: “Ao menos 35 desembargadores são acusados de cometer crimes e podem ser beneficiados caso o STF (Supremo Tribunal Federal) decida restringir os poderes de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), informa reportagem de Flávio Ferreira, publicada na Folha desta quinta-feira”. É isso: suas excelências cometem crimes e a mais alta esfera de poder do Judiciário quer protegê-los. Vejam só: “Ao criticar o corporativismo e defender a CNJ, a corregedora do CNJ, ministra Eliana Calmon, bateu firme, dizendo que há 'bandidos' que se escondem atrás da toga. Ou seja, que há juízes bandidos. O mundo caiu! Extraordinariamente, o presidente do Supremo, César Peluso, abriu a sessão da Corte na terça-feira com uma nota de 12 dos 15 conselheiros do CNJ condenando as declarações 'levianas' de Eliana Calmon, que teria colocado sob suspeição todos os juízes do país e o próprio Judiciário. É barraco ou não? E teve aquele detalhe pessoal na reação indignada de Peluso. Na entrevista bombástica à Associação Paulista de Jornais, Eliana Calmon citou especificamente o Tribunal Regional de São Paulo: segundo ela, o órgão só vai se deixar investigar 'quando o Sargento Garcia prender o Zorro'. Ih! Qual a origem do ministro Peluso? O Tribunal Regional de São Paulo!...”. Preciso dizer mais alguma coisa? Quem fala é uma autoridade, a ministra Eliana Calmon, que joga um balde de testosterona em um poder que, sabemos, está contaminado por corporativismo e corrupção. Minhas experiências na área são feíssimas... Enter final.
No dia seguinte, 30/09, a Folha estampa em primeira página: “O STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu quase metade das punições aplicadas pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a juízes acusados de cometer crimes desde a criação do organismo, informa reportagem de Flávio Ferreira, publicada na Folha desta sexta-feira. Das 33 punições impostas pelo CNJ com fundamento no poder do órgão de abrir inquérito para examinar a conduta de juízes, 15 foram suspensas por liminares concedidas por ministros do Supremo”. Bonito. Vale a declaração de um amigo: “O poder mais corrompido no País é o Judiciário. Se os ministros do Supremo são indicações do presidente da República, não há mais confiança possível na independência da mais importante instância do Judiciário”. Claro, está tudo amarradinho pra que sejamos apenas espectadores no que vale ou não vale nessa cloaca denominada Brasil. Se vimos o mensalão explodir, todas as bases do governo Lula envolvidas em grossa corrupção e se o cínico e calhorda “ex-metalúrgico” não tem nada a ver com o que faziam seus pares, continuando por aí enchendo a caveira de cachaça e proferindo suas asneiras sem qualquer sentido ou graça, que podemos esperar? O palhação cínico deveria estar no mesmo banco dos réus que o Valério, o Delúbio e caterva. Mas saiba, você não é burro: TODOS SERÃO INOCENTADOS! Somos um país de joelhos. Por isso criminalizaram a posse e o porte de armas, transformando os cidadãos honestos em gente sem possibilidade de se defender do crime que a essa altura está nas células do País. Vale olhar essa: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,verdades-ofendem-,779388,0.htm E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té a próxima, queridos!
Ah! Lembramos que estamos sob censura desde 11/04/08. A restrição vai totalizando 2134 dias. O advogado Gerardo Xavier Santiago, RJ, lembra que o artigo 5 da Constituição Federal garante a liberdade de expressão e de manifestação em local público! Abaixo a censura! E viva Eliana Calmon, brasileira de coração!

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E seguem notícias sobre o Judiciário em colapso. Vamos ver que "jeitinho" suas excelências vão dar nisso. Se em Brasília as coisas funcionarem como em certo arraial do sul de Minas, vem pizza gigante aí. E FHC não tem nada que dizer sobre isso: ele, Celso Láfer e Ronaldo Sardenberg entregaram a base de Alcântara para os gringos, são traidores notórios.
Cala essa boca disforme, FHC!

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Para esfriar crise, STF adia julgamento que pode limitar poder de corregedoria
Acordo costurado por Gilmar Mendes mantém controle externo da Justiça e tenta evitar agravamento do conflito entre Eliana Calmon e Cezar Peluso
28 de setembro de 2011 | 22h 40



Felipe Recondo / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo


Eliana Calmon abriu a crise quando apontou a existência de “bandidos de toga”

A crise no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a ameaça do Congresso de intervir no caso levaram ontem os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a buscar um acordo sobre as competências do órgão de controle externo. Pelo que foi acertado, as corregedorias dos tribunais locais terão um prazo determinado para tomar providências sobre denúncias contra os magistrados. Somente quando esgotado esse prazo, e se não houver nenhuma medida concreta, a Corregedoria Nacional terá carta branca para processar o juiz suspeito de irregularidade e cobrar responsabilidades do corregedor local.
O acordo vinha sendo discutido havia alguns dias em conversas separadas e reservadas entre ministros da corte. Mas a crise entre a corregedora nacional, ministra Eliana Calmon, e o presidente do STF, Cezar Peluso, precipitou o entendimento. Eliana, em entrevista, apontou a existência de “bandidos de toga” e foi repreendida por Peluso. A tensão máxima na cúpula do Judiciário levou ao adiamento ontem da votação da ação movida pela Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), que quer ver reduzidos os poderes do CNJ.
Quem faz as vezes de mediador é o ministro Gilmar Mendes. O acordo deverá estar expresso no voto do ministro Luiz Fux, em data ainda não definida, pois cabe ao presidente do STF decidir quando o caso voltará à pauta. Conforme as regras da corte, todos os ministros votam e expressam seus pontos de vista. Assim, Fux expressará seu entendimento do caso e marcará o “voto vencedor”.
Nessas conversas reservadas, os ministros perceberam que um meio-termo seria viável. Passaram a discutir a necessidade de estabelecer um critério objetivo para a atuação das corregedorias dos tribunais locais e do CNJ. Sem a definição de prazos, as corregedorias locais, que não funcionam, levavam a passos lentos as investigações, uma forma de contribuir para a prescrição das acusações contra os magistrados. Quando percebia a manobra, o CNJ avocava o processo, mas acabava sendo acusado de interventor pelos tribunais locais. Com a definição de critérios objetivos, o CNJ poderá cobrar responsabilidade dos corregedores locais e terá reconhecida competência para investigar juízes quando perceber que manobras corporativistas contribuirão para a impunidade.
Antes do julgamento de ontem, o ministro Gilmar Mendes já antecipava que um acordo estava próximo. Disse não haver discórdia irremediável entre os que defendem a tese de que o CNJ pode abrir processos contra magistrados, independentemente de terem sido investigados pelas corregedorias locais, e os que encampam a ideia de que só os tribunais locais têm competência para instaurar investigações contra os magistrados.
“Não vejo que haja antinomia absoluta entre aqueles que preconizam uma ação efetiva do Judiciário e os que defendem a subsidiariedade (quando o CNJ atua apenas de forma auxiliar aos tribunais). A subsidiariedade também é um conceito relativo: significa dizer que o órgão que está mais próximo, que está em condições de atuar, deve fazê-lo. Se ele não o fizer, o outro terá de exercer sua função”, afirmou Gilmar Mendes.
Acordo. O pacto informal entre os ministros pode encerrar a polêmica que culminou na reação ontem de todos os conselheiros do CNJ às declarações da ministra Eliana Calmon. Em entrevista à Associação Paulista de Jornais (APJ), ela afirmou haver na Justiça “bandidos de toga”. A reação do CNJ foi capitaneada pelo presidente do Supremo, Cezar Peluso. Em nota aprovada por unanimidade, o conselho repudiou as declarações que considerou levianas.


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FHC defende controle externo do Judiciário pelo CNJ
Atuação do CNJ resultou em 50 condenações



jnmacluf
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José Araujo

Comentado em: Peluso comanda reação de juízes contra corregedora que vê 'bandidos de toga'

30 de Setembro de 2011 | 11h48

Eu ouvi na TV, ninguem me contou, um juiz do STF dizer para outro: "...não pense que está lidando com seus capangas."
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jnmacluf
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José Araujo

Comentado em: Peluso comanda reação de juízes contra corregedora que vê 'bandidos de toga'

30 de Setembro de 2011 | 11h41

Como pode um sr. que não foi aprovado em dois concursos para juiz se tornar, por indicação, membro do Supremo ?
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saulomundimlenza
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Saulo Mundim Lenza Lenza

Comentado em: Encarregados de investigar e punir, 18 de 29 corregedores são alvos de ações

30 de Setembro de 2011 | 11h34

Aquele médico estuprador de várias pacientes, segundo notiicias, está no Líbano, país que não tem tratado de extradição com o Brasil. Vergonha? Acho que não. Se isso for verdade, é um procedimento normal aqui no Brasil. Anormal é se ele estivesse preso. Evidentemente que aqui o crime compensa.

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Peluso comanda reação de juízes contra corregedora que vê 'bandidos de toga'
Presidente do STF reagiu às declarações da ministra Eliana Calmon sobre desvios da magistratura e afirmou que nunca leu uma coisa tão grave
27 de setembro de 2011 | 22h 41


Felipe Recondo / BRASÍLIA


A corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon

Na véspera do julgamento que pode restringir o controle externo do Judiciário, o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Cezar Peluso, comandou a reação às críticas feitas aos juízes pela corregedora nacional, Eliana Calmon. Uma reunião convocada às pressas por Peluso atrasou em mais de duas horas o início da sessão de ontem do conselho e gerou uma crise sem precedentes no órgão.
Peluso chegou carregando uma cópia das declarações feitas por Eliana Calmon em entrevista à Associação Paulista de Jornais (APJ), na qual ela afirmou que a magistratura hoje “está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga”.
Logo que os conselheiros se sentaram e os servidores deixaram a sala contígua ao plenário, Peluso disse: “Se os senhores não leram, leiam, porque em 40 anos de magistratura nunca li uma coisa tão grave.” E prosseguiu, conforme relatos dos conselheiros presentes: “É um atentado ao Estado Democrático de Direito”.
No texto, declarações da ministra que, na visão de Peluso e dos demais conselheiros, punham todos os magistrados brasileiros sob suspeita. “Acho que é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura”, afirmou a ministra sobre a proposta de restringir o controle externo do Judiciário. Em seguida, na mesma entrevista à APJ, publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, ele citou os “bandidos”.
Enquanto o texto passava de mão em mão e alguns conselheiros diziam já ter conhecimento da entrevista, Peluso questionou em voz alta e desferindo uma palmada na mesa: “Eu quero saber o que o conselho vai fazer”. E aguardou uma reação.
Eliana Calmon pediu a palavra. Disse que ainda não havia lido a entrevista e afirmou desconhecer sua repercussão. Reafirmou o que pensava, que na sua opinião há de fato juízes que se valem do cargo para cometer crimes. Peluso reagiu. “Então a senhora cumpra sua função, traga os nomes, monte o processo e traga as provas e nós punimos todos eles.” Eliana então disse que enfrenta problemas na corregedoria que atrapalham em certos momentos as investigações. Peluso altercou novamente. “Então diga quais são os problemas.”
À noite, a corregedora afirmou ao Estado que não falava de toda a categoria: “Falei de alguns poucos que estão querendo se esconder atrás da toga, para causar esse estrago absurdo”. Ela se disse “preocupada com o esvaziamento da corregedoria, com a dificuldade que temos de investigar”. E que considera o CNJ “uma luz no fim do túnel para fazer as devidas correções de rumo”.

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Verdades ofendem
30 de setembro de 2011 | 3h 06

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, acabou dando uma boa contribuição ao debate sobre a correção geral de condutas, ao reagir com rudeza, corporativismo e autoritarismo à constatação da corregedora-geral da Justiça, Eliana Calmon, sobre a existência de "bandidos de toga" no Judiciário.
A declaração da juíza nem teria alcançado tanta repercussão não fosse o desejo do ministro de humilhá-la com a admoestação grosseira e a exigência de uma retratação, de resto não atendida numa demonstração de que Eliana Calmon na condição de corregedora é a pessoa certa no lugar certo.
Resultado: a contrarreação de solidariedade à ela e à preservação dos poderes do Conselho Nacional de Justiça impediu que o Supremo votasse na quarta-feira ação da Associação Brasileira de Magistrados (AMB) que, se aprovada como previsto, poria fim à razão do CNJ.
Em resumo, a AMB pede que o conselho perca a atribuição de investigar e punir magistrados antes que sejam julgados pelas corregedorias dos respectivos tribunais onde estejam lotados.
Por analogia, tanto essa ação quanto a atitude de Peluso e mesmo o aval da maioria do CNJ à nota de repúdio do presidente do STF à declaração da juíza, remetem ao posicionamento majoritário do Legislativo contrário a punições a desvio de condutas de seus integrantes.
Poder-se-ia comparar também ao pensamento predominante no Executivo, segundo o qual uma limpeza em regra nos critérios para preenchimento de cargos na administração pública faria mal à saúde do governo de coalizão.
Ou seja, a norma não escrita que as excelências de todos os Poderes parecem dispostas a adotar é a da impunidade como pressuposto para que reine a paz na República.
As verdades ofendem, assim como a realidade enunciada pela corregedora ofendeu os brios do presidente do Supremo e as punições aplicadas nos últimos anos pelo CNJ calaram fundo no espírito do corpo da Associação dos Magistrados.

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Supremo suspende metade das penas impostas pelo CNJ

DE SÃO PAULO

Hoje na Folha O STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu quase metade das punições aplicadas pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a juízes acusados de cometer crimes desde a criação do organismo, informa reportagem de Flávio Ferreira, publicada na Folha desta sexta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Das 33 punições impostas pelo CNJ com fundamento no poder do órgão de abrir inquérito para examinar a conduta de juízes, 15 foram suspensas por liminares concedidas por ministros do Supremo.

Ministros do STF buscam acordo para limitar ação do CNJ
CNJ diz que 35 desembargadores são suspeitos de crimes
Ministro do STF diz que corregedora 'não merece excomunhão'
O poder do órgão de fiscalizar e punir magistrados está no centro da controversa que provocou uma crise no Judiciário nesta semana.
Uma ação da AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) no Supremo quer limitar essa atribuição do conselho. A associação alega que o CNJ interfere na independência dos tribunais.

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28/09/2011 - 19h02
Ministro do STF diz que corregedora 'não merece excomunhão'
DE SÃO PAULO

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello defendeu nesta quarta-feira (28) a corregedora-geral de Justiça, Eliana Calmon. Ele é relator da ação que analisará a competência do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) de julgar e punir juízes,
A expectativa era de que a ação, proposta pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), fosse discutida na sessão plenária da Corte desta quarta-feira, mas não entrou na pauta de julgamentos.
Impedir atuação do CNJ será prejudicial para o país, diz AGU
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CNJ classifica como 'levianas' declarações de sua corregedora
Associação critica fala de corregedora sobre 'bandidos de toga'
Segundo Marco Aurélio, a declaração em que a ministra diz que a Justiça esconde "bandidos de toga" não merece grande repreensão.
"A nossa corregedora cometeu um pecadilho, mas também não merece a excomunhão maior. Ela tem uma bagagem de bons serviços prestados à sociedade brasileira. É uma juíza de carreira, respeitada. Uma crítica exacerbada ao que ela versou a rigor fragiliza o próprio Judiciário e o próprio conselho", disse o ministro durante intervalo da sessão plenária desta tarde.
Em recente entrevista, Calmon fez duros ataques a seus pares ao criticar a iniciativa de tentar reduzir o poder de investigação do CNJ.
"Acho que é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga", declarou em entrevista à APJ (Associação Paulista de Jornais).
Nesta quarta-feira em São Paulo, o ministro Gilmar Mendes também saiu em defesa de Eliane Calmon ao dizer que é preciso fazer uma Justiça melhor em vez de ficar analisando a declaração de cada um.

REAÇÕES

A fala da ministra causou reação de entidades relacionadas ao Judiciário.
Além dos ministros, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apoiaram a ministra.
"Se o Brasil necessita de parlamentares com 'ficha limpa', não é crível que o drama pessoal dos cidadãos seja apreciado e julgado por juízes com ficha suja ou com fundados apontamentos de desvio ético", afirmou.
Para ele, a decisão a favor da AMB fará que "haja um retorno às trevas e à escuridão no Judiciário".
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, também disse que a decisão pró-AMB pode ser um "prejuízo para o país".
Do outro lado, entidades de juízes criticaram Eliana Calmon.
"A AMB não pretende, como apontam alguns críticos, esvaziar ou cercear o trabalho do CNJ. Ao contrário, entende que tal resolução, inspirada nos antigos decretos, é que tenta amordaçar os magistrados, ao afetar a independência de julgar", afirma o presidente da associação, Henrique Calandra.
No mesmo sentido, divulgaram notas o Tribunal de Justiça de São Paulo, Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), Apamagis (Associação Paulista de Magistrados) e Anamages (Associação Nacional dos Magistrados Estaduais).
As exceções na categoria foram a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) e a AJD (Associação Juízes para a Democracia),
"Entende a Anamatra que o CNJ, ao contrário de interferir na independência da magistratura, cuida justamente de preservá-la, estabelecendo políticas gerais e estratégicas da Administração Judiciária e avaliando socialmente a sua atuação, sem qualquer interferência na atividade jurisdicional."
A AJD, por sua vez, considera "equivocada" a proposta da AMB. De acordo com nota da associação, reações "corporativas, animadas por interesses particulares", e manifestações das cúpulas dos tribunais que, "a pretexto da preservação de suas atribuições, objetivam garantir seus poderes arbitrários", não podem prevalecer sobre o "relevante" papel desempenhado pelo CNJ na apuração de desvios de conduta.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sobre a era da ilusão e do embuste

Frederico Mendonça de Oliveira

Se você acredita em carochinha e Papai Noel, nesses dias em que urubu é chamado de “meu louro”, boa sorte. A era que enfrentamos pode ser chamada de “era do salve-se quem puder”. E é assim que vemos despontar no horizonte visual um fato que assusta há décadas, aliás meio século: a possibilidade de a Palestina se autodeterminar como Estado e conseguir fazer parte da grande farsa que é a ONU. Os jornalistas a soldo do capital que domina o planeta, e que tem em Israel e EUA seus dois polos de manifestação de fato e aquilo a que podemos chamar de referência de domínio planetário, já estão boquejando como asnos zurrando para uma lua artificial. Um deles, não sei mais em que jornalão, manda que “Os critérios da decisão serão um pouco mais democráticos. "Em vez de socos e chutes, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, terá como arma os votos dos membros do Conselho de Segurança da ONU.” Palhaçada, seu babaquara! Você quer fazer que os que possam lê-lo pensem que a Autoridade Palestina é que dá “socos e chutes”? Então procure, no YouTube, Collateral Murder, véio, pra ver quem é o agressor genocida naquela encrenca do Oriente Médio! É claro que você é pago pela turma de aliados de Israel, então você tem que ser contra os palestinos, senão você perde o emprego. Mas tem outra coisa: tem o caráter e a índole. Tem gente que se vende para enriquecer, para subir na carreira, às vezes apenas para sobreviver. Seria o seu caso? Pois olhe bem quem tem medo nessa história: “No ringue dos conflitos mundiais, a ONU recebe, nesta sexta-feira 23, adversários já conhecidos. A Palestina, no canto direito, tenta vencer com a admissão de seu Estado como membro das Nações Unidas, enquanto, no canto esquerdo, Israel tenta fazer de tudo para impedir”. Tá com medo, Israel? Por que a Palestina não pode existir como Estado? Porque Deus, que elegeu vocês como povo, não quer, segundo pacto que os gentios não alcançam? Pois bem: esperamos que se faça a justiça há tanto esperada. A Palestina foi invadida, seus territórios tomados, existe uma grande complexidade nessa história, mas as coisas não estão mais tão fáceis para os Sharon e os Netanyahoo da vida. O último aí até trocou umas figurinhas com o Robertão (Carlos), nas quebradas desse show do “rei” da mediocridade e do mau gosto. Se o Robertão “acontece” por lá, é sinal de que o mal já está encravado naquilo. O que, aliás, não é novidade pra ninguém..., até porque a música popular deles é de um primarismo cavernal. Enter.
Pois é, você deve saber, ou nem sonha saber. Hoje é assim. Pergunto aos jovens teen já chegando aos 20 se conhecem Tom Jobim – e ninguém tem a menor idéia sobre quem seja. Ou “seje”, como dizem os montanheses daqui. A sorte é que também escaparam ao mal: também não conhecem o Brasa, com sua voz fanhosa e lúgubre, suas canções míseras e falseadas, medíocres, quando não estúpidas, remetendo a situações banalíssimas e a estados de espírito de grave atraso. Não há qualquer vestígio de estética em Roberto Carlos, há, sim, o maior embuste já urdido nesse pobre desgraçado Brasil... e a Globo tratou de alçar esse fantoche canoro à condição de “rei”, e na terra de Tom Jobim!! E Tom ainda era vivo!, e produzindo, então, maravilhas como Matita Perê, enquanto o “Brasa” “compunha” aquela torpe “Us botão da brusa/ que você unzava”... Que afronta ao mestre e ao País!!! Mas é assim: isso rima com Fernandinho Beira-Mar, com balas perdidas, com É o Tchan e com a depredação do idioma – que está aí ainda vivo, embora estertorando, e é bom acabar com ele logo, acabar com pronomes oblíquos, conjugação de verbos, concordância verbal, com crase, pra ficar todo mundo falando como aquele pilantraço a quem entregamos a faixa presidencial em 2003. Enter.
Pois é, falei em depredação do idioma e, dando uma geral nas primeiras páginas dos jornalões, topei com essa pérola: “Cidadão que pagou a conta da Copa vai assistir à ela pela TV”. No clichê, a carinha sorridente do Nelson Mota. Deveria estar rindo da pedrada no idioma dada justo em sua coluna no Estadão. Pois os erros de gramática nos jornalões avançam como peste em povo desnutrido, e isso combina perfeitamente com os R$ 11.545,00 que pagamos por minuto para manter parlamentares sevandijas chafurdando em delícia no mar de lama que é o “Congresso”. Você sabe do que eu estou falando? Sabe, sim. O pior É (tem esse é, sim) que os brasileiros são tão estúpidos que só fazem se lamentar por não poderem desfrutar dessa mamata... e é por isso que a mamata continua. E voltemos à questão do idioma, pra fechar esse parágrafo: você seria capar de conjugar verbos da mesma forma que um menino fazia há 50 anos? Claro que não, né? Bem, deixemos isso pra lá: tem uma coisa nova aí, que vale a pena comentar. Enter final.
Tenho visto, desolado, a conduta de “crianças” por aí. Parecem uns bugrezinhos ouriçados, e basta olhar para os pais deles pra entender. Filhos de bugres bugrinhos são. E com isso de não contrariar esses infelizezinhos, vamos constatando que eles vão ficando muitíssimo mais infelizes do que eram quando podiam levar uns safanões ou umas reprimendas. A felicidade é um estado de espírito, independente do que possamos querer ou fazer. Tem gente que se contenta com pouco, tem gente a quem nada satisfaz. Mas os bugrezinhos vão se perdendo a olhos vistos. E agora vem a notícia do aluno que atirou na professora e suicidou depois. Bonito. Um jornalão disse que ele deu dois tiros de 38 na cabeça. Você pode experimentar: tente dar DOIS TIROS DE 38 em sua própria cabeça... Bem, essa loucura já tem bullying como justificativa. Estamos todos perdidos... mas pelo menos a “fessora” não morreu nessa. E viva Santo Expedito! Oremos. ’Té pra semana, queridos!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Homofobia e desarmamento

Homofobia e desarmamento

Frederico Mendonça de Oliveira

Você até poderá ter assistido ao vídeo em que o “senador” Magno Malta, em inflamado discurso parlamentar, diante de um plenário repleto de hienas sonolentas, soltou os cachorros contra o kit gay distribuído pelo “ministério da educação” para alunos do curso fundamental no país inteiro. Parece que, depois de cometerem esse ato de teor no mínimo questionável, voltaram atrás. E parece que até o momento do discurso desse parlamentar não teria havido a recueta do “governo”. Essa recueta ocorreu talvez depois de algum consenso entre os engravatados e os adeptos da onda de morder a fronha. Claro, eles enfiaram pra ver o bicho que dava. Veio uma grita do cacete, eles se encolheram e mandaram recolher a nojeira. Vamos descer a esses meandros. Enter.
Bem, o “senador” – confesso que não sei de onde surgem esses tipos que vivem em outra dimensão que não a nossa, e o mais importante é que nós é que os elegemos – abriu uma séria diatribe condenando a distribuição nas escolas do tal “kit gay”, entrando, a partir de interpelar a atitude do “governo”, na essência da questão da homofobia. Disse Magno Malta que “a distribuição do kit nas escolas fará delas verdadeiras academias de homossexuais”. Você deve ter ouvido que o kit ensina inclusive como praticar sexo anal. Nas escolas, como parte da educação. Mas o que deveria conter o tal kit? Talvez camisinha, vaselina, um consolo, um manual ilustrado de como queimar a rosca ou roçar aranha de forma satisfatória, sem doer, coisa assim. Disse o “senador” que “Deus fez macho e fêmea, e essa casa (o “Senado”) não fará um terceiro sexo com uma lei”. A todo momento o cara se dirige ao que seria o presidente da mesa, um vaguíssimo “senador” que atende por Blairo Maggi. Que, claro, também não sabemos de onde vem. E prosseguiu o tal Magno: “E uma minoria barulhenta jamais se sobreporá a uma grande maioria que é a família neste país”. Resta lembrar que o cara é pastor evangélico. E medíocre no manejo do idioma, revelando uma origem de formação intelectual pobre. Enter.
Bem, não vou ficar expondo o que você pode encontrar no You Tube – basta pedir “Magno Malta kit” – ou no Google – basta pedir “kit gay” – e tudo aparecerá. Com filminhos, uma cena de dois meninos entre oito e dez anos se beijando apaixonadamente na boca... e uma verdadeira APOLOGIA ao homossexualismo em diversas categorias, revelando um feixe de opções para... você. Também para seus filhos. Especialmente para crianças entre sete e dez anos, público alvo do kit. Pois o kit gay conteria “um DVD com uma história de um menino que vai ao banheiro e, quando entra um colega, ele se diz apaixonado pelo mesmo e assume sua homossexualidade, se dizendo Bianca”. Você há de convir comigo: tem carne debaixo desse angu. Que aconteça isso, é admissível. Que homem tenha atração por homem, isso é universal e vem de tempos imemoriais. Mas resta lembrar que o demonizado deputado Jair Bolsonaro (RJ) reage de forma veemente, em plenário, “a essa vergonha que foi firmada em um convênio entre o Ministério da Educação (MEC), com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e a ONG Comunicação em Sexualidade (Ecos)”. Ou seja: a campanha é paga com dinheiro público. O tal senador Malta denuncia isso também. E você? O que acha? É contra ou a favor? Enter.
E caímos na essência da questão, que é uma trapaça. Sob o pretexto de prevenir a violência contra a turma do bafo no cangote, estão promovendo o homossexualismo até entre crianças de sete a dez anos. E o termo que define a campanha, homofobia, puxa uma campanha de duplo sentido: homofobia é a violência contra gays & cia. ou simplesmente você se manter fora disso e não querer conversa? Você gosta de ver a turma da coluna do meio? Essa visão agrada? Pois ninguém é obrigado a curtir isso. A graaaaaaaaaaande maioria sente mal-estar, por considerar – ou apenas sentir – tratar-se de desvio de natureza. E a graaaaaaaaaande maioria também sente asco ao ver aqueles seres se bolinando e beijando na boca. Você não é bobo, enxerga as coisas... Enter.
A filha pergunta: “Papai, se uma menina quiser me beijar na boca eu devo deixar?”, e o pai fica em apuros. Porque, se essa menina for heterossexual, ela estará querendo que o pai diga: “Nunca!”; mas... e se essa menina estiver esperando uma resposta positiva, pelo fato de já estar trocando uns beijinhos furtivos ou públicos com alguma (s) colega (s)? Neste caso, seguramente o pai será também homo, embora viva com mulher e tenha a filha. Vale estudar isso, você vai gostar de saber como funciona. Mas isso tudo é sinal do fim dos tempos. Essa confusão generalizada sobre tudo aponta um processo de fechamento de era, e todas as eras chegaram a limites para entrada de outras em estado de caos. É o que vivemos hoje: uma completa mistura de significados temperada por uma violenta inversão de valores. O Armagedon vem aí, gente. Tá chegando a hora... Enter final.
Pior do que isso é o desarmamento e a criminalização de posse e porte de arma. Toda essa baboseira usando o monstro da Dinamarca, o massacre de Realengo e Columbine não passa de canalhice pura, ação de pulhas e safardanas. Episódios não são generalizáveis. Os ditadores de armário vão impondo as coisas e a macacada vai engolindo fácil. Você já pensou se criminalizarem a faca de cozinha porque um louco usou uma para matar e esquartejar um gay que namorava? Ou se criminalizarem a motosserra porque o Hildebrando – que os macacos vestidos chamam de “HiDELbrando” – esquartejou meia dúzia de desafetos usando uma? A propósito, por que não criminalizar a motosserra pela desgraça que causa no ambiente? Bem, os autores do “desarmamento” devem temer é a turba enfurecida partindo pra cima deles no dia em que Deus descer aqui... E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes!
Ah! Lembramos que estamos sob censura desde 11/04/08. A restrição vai totalizando 2120 dias. O advogado Gerardo Xavier Santiago, RJ, lembra que o artigo 5 da Constituição Federal garante a liberdade de expressão e de manifestação em local público! Abaixo a censura!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Enfim, um protesto legítimo rompe nossa inércia

Frederico Mendonça de Oliveira

Pois é, você viu: o dia da “independência”, patacoada que se repete pelo menos há mais de meio século, para festejar o que não é realmente o sentimento e a realidade dos brasileiros, acabou que nos trouxe uma surpresa. Tidos como bovinos assumidos, os brasileiros parece que acordaram para sua condição de seres capazes de intervir na História. E foram desafinar o coro dos poderosos contentes. Sim, os poderosos contentes que ocupam o poder nessa pinóia de Brasil e que deitam e rolam no dinheiro público sem mover uma palha pelo povo que, para todos os efeitos, representam. Foi uma lição e tanto para todos, tanto para os que querem gritar e não podem, como para os que chafurdam na podridão do poder, e ainda para os que já desiludidos de ver algo ser alterado nessa massamorda de vida que levamos a duras penas, parecendo conformistas pusilânimes. Enter.
No palanque, a impermeável e enigmática madame presidente. Com filha e netinho a tiracolo, muito família. Lacônica, a misteriosa primeira mandatária apareceu ostentando faixa com as cores de “nossas” matas – que vão virando desertos – e de “nosso” ouro – que já está devidamente confiscado e guardado em segurança em cofres de além-mar. Se La Roussef esperava “acontecer” ao pisar o palanque na condição de primeira mulher presidente nesse país hoje lupanar, saiu frustrada. Porque o que ela presidiu foi uma velha encenação vazia, em que o sentimento pátrio é tão furado e vago quanto o repertório do Roberto Carlos ou as letras de axé. Robertão fazia, concomitante e muito significativamente, uma aparição global em Israel, metaforizando sua condição de “apolítico” e acontecendo em luxuoso mico e aproveitando para ser o que sempre foi: mensageiro do nada em estado de mau gosto. Dessa vez o mico rolou em Jerusalém. Dilma estava lá, no palanque em Brasília, de branco e faixa assistindo ao desfile patético de forças militares totalmente debilitadas e desagregadas como instituição. Roberto no palco em Jerusalém cantando o hino da ocupação de parte da cidade, Jerusalém de Ouro, depois de aparecer no muro das lamentações ostentando quipá com os símbolos da bandeira de Israel. E, tão patacoada como o desfile em Brasília, Robertão encerrou seu “show” com aquela chocante “Jesus Cristo eu estou aqui”, brado de um ignorante alçado à condição de “rei” da canção de um país devastado. Devastado ele, também, um arauto do vazio espiritual e da vacuidade social que nos impingem. Enter.
Ficaremos sem saber por que o “rei” foi cantar suas besteiras em Israel. Seu repertório é musicalmente chulo, seus temas são odes à mediocridade, elogios da estupidez. O mais interessante é o fato de ele se emocionar com as titicas que faz, é ele transmitir suas emoções pessoais aos otários que pagam para ouvi-lo. Masoquistas, claro, os que se submetem a tamanha porcariada. Para seres lúcidos, as emoções do artista só interessam a ele, são intransferíveis. Para os lúcidos, o que traz emoção é a obra do artista. E aquele toleirão com aquela voz tão feia fica vertendo lágrimas diante de sua produção titica, reles, mísera, paupérrima, inócua. Talvez seja porque ele sabe da merda que produz. E chora de pena de quem acredita naquilo... mas parece que morreremos sem saber o que o Brasa foi fazer em Israel. Talvez a Dilma saiba... e não será motivo de estranhamento a criação de um novo ministério: ganha um pirulito azul quem inventar o nome de uma pasta para o embaixador de Jerusalém no “brasil”. Já pensaram o Roberto ser o embaixador da paz no Oriente Médio, “apaziguando” o Hamas e o Hezbolah? Enter.
Voltemos ao “brasil”. Você viu: rolou um saldo positivo nesse tão fajuto sete de setembro: os que já apostavam na inércia definitiva da população ganharam um presente. É, um presentão: foi rompida a inércia. Nós já estaríamos condenados a nossa inépcia histórica e social, já seríamos cornos assumidos e de carteirinha, não fosse a espetacular virada nesse dia da “independência”. A mídia fala em 25 mil protestando em Brasília contra a corrupção. Caras pintadas não acionados por nenhuma globo saíram no grito contra os corruptos nesse dia maior da hipocrisia nacional. Realmente fantástico: uma iniciativa espontânea, não puxada pelos agitadores de sempre, foi o que vimos acontecer de forma sensacional nesse dia furado, falso. E aí a coisa tomou rumo: de farsa instituída, impingimos aos safardanas o sinal do possível advento de uma era da participação política não encabrestada. Não teve marxista, não teve o dedo invisível da globo ou do sistema, não teve aquilo de agitadores fazendo a multidão pedir a libertação de Barrabás e a condenação do Cristo. A coisa partiu de dentro de nossos corações, e a passeata somou cinco vezes o público presente à “comemoração”. Pelo menos foi o que vimos na mídia. Enter final.
Você gostou disso? Ou preferia estar aplaudindo o “rei” da farofa musical em Israel? Você suspira pelo Roberto? Você gosta daquela mísera “Emoções”, tributo à boçalidade, ode à miséria da filosofia e da arte no país do Tiririca? Bem, tenho a acrescentar que no arraial onde estou recluso desde 1984 ocorreu algo interessante: a única fanfarra que participou da “parada”, ao chegar diante do palanque, parou de tocar e passou em silêncio diante das autoridades. Que “mensagi” eles quiseram passar eu não sei; mas o gesto chamou muito a atenção. Pois que signifique ou não o silêncio da fanfarra. Se me pedirem para interpretar o episódio, lá vai: acho que foi um protesto por causa da absolvição da boazuda e corrupta assumida Jaqueline Roriz, ocorrida semana passada. Vai ver que foi isso. Só não entendi por que pairou um silêncio sepulcral...a menos que fosse um minuto de silêncio pela morte da honestidade no Brizêu.. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes...
Ah! Lembramos que estamos sob censura desde 11/04/08. A restrição vai totalizando 2113 dias. O Estado de São Paulo já se livrou desse absurdo, aliás, inconstitucional. O advogado Gerardo Xavier Santiago, RJ, lembra que o artigo 5 da Constituição Federal garante a liberdade de expressão e de manifestação em local público! Abaixo a censura!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Pindorama, reino da pilantragem e dos cães em geral



Frederico Mendonça de Oliveira

Você nem deve ter ideia do que significa Pindorama. Essas coisas são privilégio de um passado que incluía perspectivas históricas. Falei meio bonito, meio complicado, mas explico: os brasileiros, até 1964, sonhavam o Brasil crescido e emancipado, e tinham razões para isso. Pindorama significa, em tupi-guarani, “terra das palmeiras”. Falando meio difícil de novo, trata-se do nome que os ando-peruanos e populações indígenas pampianas dão ao Brasil. E isso era tema de estudo para o verdadeiro nome Brasil, que, em síntese, seria “terra prometida”. Bonito. Isso pra você pode parecer nariz de cera – introdução desnecessária e palavrosa a qualquer texto jornalístico – ou blablablá de sessentão nostálgico. Não é nariz de cera, mas saiba que qualquer sessentão dotado de sensibilidade será, obrigatoriamente um nostálgico. Quer saber por quê? Então arrisque-se a ler o que se segue. Você pode se arrepender, mas a tentativa é válida. Enter.
Em 1958 vivemos várias experiências magníficas. Pra começar pelo menos consistente, em 29 de junho conquistamos a Copa do Mundo com o mais espetacular elenco de esportistas já reunido até então. O mundo se curvou. “Aplaudidos por toda a platéia, que celebrava como se fosse a Suécia a campeã, nossos craques desfilaram pelo gramado do Rasunda carregando um estandarte do país-sede. O rei Gustavo VI estava lá, mas a verdadeira majestade era o futebol do Brasil”. Pois dias depois, exatamente em 10 de julho, João e Tom gravavam Chega de Saudade, inaugurando a Bossa Nova, e o mundo se curvou perplexo ante a maravilha brasileira. Mais: tínhamos a melhor arte do mundo, pintura, literatura, até cinema. E o mais importante centro mundial de pesquisa científica, em Washington, era dirigido por um brasileiro, César Lates. Nós éramos felizes, e sabíamos. Naqueles dias ditosos, os bandidos famosos e crimes hediondos causavam espanto, porque isso era exceção à regra do equilíbrio social e do Brasil que se mostrava admirável. Enter.
E hoje? Bem, hoje nos resta viver administrando um vexame, quando não sucumbindo ao desastre social generalizado. Desastre? Pode-se dizer desgraça... A seleção de futebol não tem praticamente mais brasileiros, tem profissionais globais e mercenários. A canção não é mais nossa, é um lixo sem contornos sonoros protagonizado por uma fauna canora com hábitos e estética assemelhados às leis da selva, das cavernas... Não temos mais artes, temos consumo neurótico e patológico de descartáveis, temos uma mídia prostituidora devastando o dia a dia do cidadão. E temos uma classe ainda considerada política e que opera a contrapelo da História, da governabilidade, da moral, da probidade, da eficiência, até de uma estética humana – já que todos são uns bonecos empacotados em panos caros ostentando fisionomias grotescas e estranháveis, e, com raríssimas exceções, agem abertamente como pulhas. Tudo isso temperado com balas perdidas, arrastões, desastres ecológicos aterradores – deslizamentos, enchentes, incêndios –, e temos de viver misturados à “classe dissidente”, a bandidagem hoje instituída como sendo um componente normal do que ainda chamamos de comunidade social brasileira. Quer mais? Ligue a TV. Você verá o que há de mais sórdido e mais reles desfilando 24 horas por dia ante nossos narizes. Diante do massacre televisivo, não há Educação que resista: ingressamos irremediavelmente na era do “nós vai”, do “pode vim”, essa podridão canalha e obscena que chegou a ser avalizada pelo ministério da Educação. Educação? Ora, todos os ministérios são redutos de conchavo político. Quer ver? Enter.
Peça ao ministro da Defesa para explicar a diferença entre um rifle e uma carabina. Ele não saberá. Peça a ele para falar sobre a função de uma corveta e a de uma fragata. Ele não saberá. Peça a ele para dar uma instrução de tiro a soldados das três armas, explicando o funcionamento dos equipamentos adequados para cada contingente. Nem pensar... Mas esse cara comanda nossa mais cara e mais preciosa instituição, a que nos defende e defenderá em caso de guerra ou qualquer transtorno. Pode? Ou somos palhaços? Ou é um palhaço o paisano sem caráter, descarado reles que se permite a desfaçatez de ter sob suas ordens de leigo profissionais especializados competentes, com vidas dedicadas à função militar? E o ministério da Pesca? Será que o ministro saberá a diferença entre um pacu e um matrinchã? Será que saberá botar uma minhoca num anzol? Não: é tudo barganha “política”; para que o presidente possa “continuar governando”, tem de premiar os pulhas. E você quer que isso funcione? Não: o negócio é acochambrar e dilapidar o erário. Enter.
Você viu a canalhice: Jaqueline Roriz, há algum tempo flagrada recebendo dinheiro escuso para sua caixa dois, acaba de ser absolvida sob a alegação porca e cínica de que cometeu o delito antes da atual legislatura. Mais cínico só o Tiririca dizer que “dei sorte” quando soube do aumento canalha concedido pelos pulhas do Congresso a eles mesmos, caso escandaloso da prostituição de nossas instituições. Pois as lindezas engravatadas, agindo como cães organizados em matilha de predadores, votaram secretamente inocentando a Jáqui Roriz, alegando terem todos espírito de corpo. Inverta as sílabas do termo em negrito, aí você entenderá. “A política de ‘premiar quem é ruim e punir quem é bom continuará”. Eu mesmo estou sob censura há anos por denunciar corrupção. “Os bons parlamentares continuarão à mercê dos ruins. Os presidentes à mercê do ‘péssimo clero congressual’. A sociedade à mercê dos espertos. Todos nós com a alma no balcão”. Enter final.
Enquanto a matilha no Congresso premia os corruptos notórios, no bairro onde vivo os cães ladram em desespero 24 horas por dia. Um inferno... Os donos nem estão aí: deve ser a música aprazível para eles. E viva Santo Expedito! Oremos. Bye, babes...
Ah! Lembramos que estamos sob censura desde 11/04/08. A restrição vai totalizando 2106 dias. O Estado de São Paulo já se livrou desse absurdo, aliás, inconstitucional. O advogado Gerardo Xavier Santiago, RJ, lembra que o artigo 5 da Constituição Federal garante a liberdade de expressão e de manifestação em local público! Abaixo a censura!